Casamento

~ 4 meses depois ~

Luísa abriu os olhos minimamente, ainda sonolenta, enquanto Daniel a acariciava e disparava alguns beijos pela cabeça.

- Eu juro que preciso dormir. – Ela balbuciou fechando os olhos novamente.

- Mas é que eu tenho uma boa notícia. – Ele tirou os cabelos dela que cobriam o ouvido e se aproximou sussurrando. – Eu consegui o juiz de paz para o casamento. Seu marido não é o melhor?

A mulher gemeu sorrindo e virou com dificuldade para abraçá-lo.

- Que bom, amor, você é o máximo. Te amo, mas me deixe dormir mais quinze minutos.

- Ok, mas daqui a pouco venho te acordar de novo porque você ainda precisa comer. Sua mãe já está aqui e provavelmente dormiu no sofá. Eu a escutei roncar. – Daniel falou já levantando e Luísa riu escondendo o rosto no travesseiro.

Após um mês de internação para se recuperar o médico a deixou voltar para casa, porém precisou ficar mais quinze dias de repouso absoluto, levantando apenas para ir ao banheiro.

Vendo que sua saúde se fortificava e os bebês se desenvolviam normalmente o médico pediu que Luísa fizesse pequenas caminhadas para se exercitar e não prejudicar a saúde. Laura se dispôs a acompanhar e vinha cedo para a casa do casal para caminhar em volta de casa e as vezes pelo quarteirão quando a gestante estava mais disposta.

Quanto a casa, enquanto a mulher ainda estava internada, Daniel resolveu se mudar mais para o centro, ficando mais perto da família. Mostrou fotos de casas para Luísa para que o ajudasse a escolher o melhor ambiente para criar os filhos e juntos decidiram por uma casa menor, mas com área ampla no quintal para as crianças e o cachorro terem espaço.

Luísa não conseguia mais dormir direito, agora com sete meses, suas crianças chutavam suas costelas, a fazendo ficar incomodada. Jonas entrou no quarto de mansinho, subiu na cama e com o focinho foi abrindo caminho por baixo do cobertor até chegar perto da barriga grande da mulher e começar a fungar, lhe fazendo cócegas.

- Ok, ok, já vou. – Luísa fez carinho na cabeça de Jonas que a observava quieto. – Por que você não está mais agitado como antes? Está cuidando de mim?

Sorriu e tentou dar um beijo na cabeça do cachorro, mas desistiu assim que percebeu que não alcançaria por conta da barriga. Lentamente e se sentindo um pinguim, Luísa levantou, fez massagem na barriga que crescia mais rapidamente e se dirigiu à cozinha. Antes passou pela sala, onde sua mãe realmente estava dormindo de boca aberta no sofá.

- Amor, você prefere as frutas ou esse negócio ruim aqui que parece madeira? – Daniel perguntou assim que a mulher entrou na cozinha.

- Não tem jeito, eu tenho que comer torrada integral com grãos, lembra que o médico disse para não exagerar na sacarose?

Daniel colocou pedaços de queijo no meio de duas torradas e um pouco de uva no prato para ela.

- Comer duas torradas nem de longe vai alimentar vocês três. – Ele deu a volta no balcão, deu um beijo na bochecha de Luísa, que se sentou para comer. – Vou chamar sua mãe para tomar café.

Logo que Daniel saiu a campainha tocou e Laura acordou assustada.

- Sua amiga chegou. – Daniel riu para a cara confusa que a sogra fez ao acordar de sobressalto e apontou para a porta enquanto ia até lá abrir.

Berta cumprimentou Daniel como sempre, o deu um abraço, um beijo e entrou já colocando os olhos em Laura que abriu um sorriso.

- Pelo jeito você não vai fazer caminhada hoje. – Daniel disse voltando para perto de Luísa e a abraçando por trás.

- Berta já chegou? Que horas são?

- Já passou das nove da manhã.

- Então acho que não vou mais sair, o sol já está forte.

- Tudo bem. – Daniel abaixou e virou Luísa em sua direção para ver a barriga. Levantou a camiseta que ela usava e começou o grande volume enquanto acariciava os lados. – Olha, o que é isso? Um pé?

- Não sei. – Ela sorriu e lhe acariciou os cabelos escuros. – Ai, isso dói! – Exclamou quando sentiu um chute mais forte. – Sim, acho que é um pé.

- Hey, meus bebês, peguem leve com a mamãe. – Daniel a deu um selinho. – Já que não vai caminhar podíamos sair para ver um vestido para você.

Luísa fez careta e relaxou os ombros.

- Não adianta fazer essa cara. Você não pode casar usando minhas roupas, que aliás, vou ter que comprar mais porque você está usando todas elas e estou ficando sem ter o que vestir.

- Mas eu não vou achar nada do meu tamanho. – Falou desanimada apontando para a barriga.

- Vai sim e se você gostar de alguma coisa podemos comprar um número maior e a Berta ajusta para você.

- A Berta ajusta um vestido de noiva? – Perguntou mais contente.

Daniel deu de ombros.

- Ela pode fazer qualquer coisa, não sabia que ela tem mil e uma utilidades? Por que acha que ela está comigo até hoje? Eu não sobreviveria sem dona Berta.

A campainha tocou novamente e Berta foi atender. Eram Felipe e Patrícia, esta última com cara de poucos amigos.

- O que aconteceu? – Luísa perguntou indo para a sala com Daniel e se juntando aos outros. – Por que estão juntos essa hora da manhã?

- Esse doido foi lá em casa me acordar, francamente, hoje é sábado e eu queria dormir até mais tarde.

- Caramba, está gamado mesmo. – Daniel falava em tom zombeteiro sentando-se no braço do sofá ao lado de Luísa.

- Ah, olha quem diz, não é mesmo, Daniel? – Felipe fez careta.

- Mas Daniel é compreensível, já você realmente surpreendeu. – Berta disse rindo e bateu a mão na de Daniel em cumplicidade, fazendo um hi five no ar.

- Vocês estão confundindo as coisas, nunca fui um cafajeste.

- Entretanto, nunca teve compromisso sério e nunca o vimos tão hipnotizado. Explique o que fez com ele cunhada.

- Quem me dera eu soubesse, assim poderia desfazer esse feitiço. – Patrícia cruzou os braços e foi sentar longe dele.

- Que isso, amor? Não me trata desse jeito. Eu te amo e só queria passar mais tempo com você.

- Mas ontem vocês já passaram a tarde e a noite juntos, o mínimo que podia fazer era deixá-la dormir. – Laura explicou paciente. – Olha, de Patrícia eu entendo e seu pior erro foi acordá-la. Agora vai ficar boa parte do dia de mau humor.

- E o que eu faço para consertar isso? – Ele sentou ao lado da namorada fazendo-se de triste enquanto a outra ainda estava de rosto virado para o outro lado.

- Ainda não aprendeu? Comida é a solução de tudo. A alimente e isso rapidamente acaba.

- Mãe? – Patrícia chamou indignada, mas acabou sorrindo, se rendendo ao beijo voador que Felipe mandou.

Daniel bateu palmas e chamou a atenção de todos.

- Bom, já que estão todos aqui vai ser mais fácil para informá-los que meu casamento com a mulher da minha vida vai finalmente acontecer mês que vem. Consegui o horário com o juiz e vou precisar da colaboração de todo mundo para organizar a festa.

Daniel já havia conversado antes com Luísa e combinaram realizar um casamento íntimo, entre a família no quintal de casa. A mulher também não podia fazer muito esforço, então em casa, onde pudesse ficar confortável foi a melhor opção. Luísa até queria esperar que os bebês nascessem para depois casar, mas Daniel, ansioso e apressado do jeito que era, a convenceu a se unirem formalmente o mais rápido possível.

~ Dia do casamento ~

No mês seguinte Luísa já atravessava os oito meses de gestação e também fazia os preparativos do casamento. Conseguiu encontrar um vestido de noiva que não precisou de muitos ajustes. Ele era justo no busto e de renda, a saia de chiffon descia leve por sua barriga até o chão e ainda se arrastava em uma bela cauda curta.

Enquanto Patrícia ajudava a arrumá-la não cansava de dizer que parecia uma boneca grávida. Sua pele estava perfeita, o vestido lhe caía bem, não precisou de muita maquiagem e até o tempo ensolarado ajudou nesse dia especial.

Luísa não chegou a ver a decoração no jardim, Daniel decidiu fazer surpresa para ela. Enquanto isso estava ansiosa para vê-lo, estava desde cedo trancada no quarto com a irmã para que o noivo não a visse antes da hora.

Faltando dez minutos para as onze da manhã finalmente Patrícia a ajudou a sair do quarto para a entrada do jardim atrás da casa. Passava sorridente pelo corredor e cozinha, observando que mesmo por dentro da casa havia decoração de rosas brancas, pequenas velas decorativas eletrônicas para que não houvessem acidentes e toda aquela coisa típica de casamento.

Ninguém a viu, a não ser Patrícia que estava a seu lado o tempo inteiro. A irmã a maquiou e fez o penteado, era boa nisso. Assim que as duas chegaram nas portas corrediças que davam para a área externa Patrícia a fez aguardar de pé atrás de cortinas brancas improvisadas enquanto ia chamar Felipe, que entraria com a noiva.

- Uau, cunhada. Você está linda. – O rapaz disse assim que apareceu.

- Obrigada. – Luísa sorriu se sentindo de pernas bambas e ansiosa.

Apesar de ser uma festa íntima dentro da própria casa, ela não podia deixar de lado o nervosismo de estar finalmente casando com o homem de sua vida.

- Se te serve de consolo, Daniel também está nervoso e já me xingou umas três vezes.

- Imagino. – Disse ansiosa e respirando fundo, segurando um buquê pequeno de rosas brancas.

Tinha a sensação de que se não controlasse as emoções poderia parir naquele instante. Um garotinho de terno e gravata borboleta se aproximou timidamente e ficou à frente de Luísa segurando um cesto de pétalas.

Podia-se ouvir o som de violinos iniciando a marcha nupcial e Luísa olhou diretamente para Felipe.

- É, Daniel não brincou em serviço. Isso está melhor que um casamento num salão luxuoso, e olha que é só o quintal de vocês.

As cortinas finalmente se abriram e revelaram quase a imagem de um paraíso. Havia o tapete vermelho no chão, onde Luísa poderia pisar descalça, já que não encontrou sapato que fosse confortável para seu estado e muitas flores diversas rodeando o quintal. Um grande tecido fino rodeava o alto para proteger a todos do sol, mas ao mesmo tempo deixar a luminosidade entrar, dois fotógrafos capturavam tudo que podiam. Enquanto andava de braço dado com Felipe pôde reparar que de cada lado do tapete vermelho haviam cadeiras cobertas com tecido de seda de cor branco perolado e mais convidados do que imaginava, dentre eles até seu médico, a enfermeira que se tornou sua amiga e a família de Berta. Era o neto desta última quem jogava as pétalas para a mulher atravessar e no final do caminho o noivo esperava com uma expressão séria no rosto.

Luísa acabou sorrindo ao perceber que Daniel tentava segurar as lágrimas no meio de toda aquela seriedade. Ele estava lindo de terno preto, esperando no altar improvisado todo em madeira branca, circular e cheia de flores coloridas e brancas como decoração. Nas primeiras cadeiras Laura e Berta estavam com os olhos vermelhos de tanto chorar.

Assim que Felipe entregou a noiva Daniel a abraçou forte. O amigo argumentou:

- Ei, contatos físicos só após o casamento.

- Cala a boca. – Daniel disse sorrindo e recebendo tapinhas no ombro do melhor amigo.

Ele deu um beijo na bochecha de Luísa e pegou sua mão para ficar em frente ao Juiz que esperava para dizer algumas palavras.

- Perfeita. - Sussurrou para ela que sorriu.

Não foi nada muito demorado, o Juiz fez o casamento como se eles tivessem ido a um cartório. Enquanto dizia algumas palavras os quatro músicos ao lado esquerdo da nave tocavam uma música suave e baixa. O homem fez uma brincadeira e pediu que os padrinhos testemunhassem e assinassem o livro de registros assim como os noivos. Os padrinhos eram Patrícia e Felipe e assim que terminou o falatório o Juiz pediu que os noivos ficassem de frente para o outro para fazer os votos. Cada um fez sua promessa repetindo as palavras que o juiz ditava.

Na hora das alianças Patrícia, que havia sumido após assinar o documento de testemunha, apareceu trazendo pela coleira Jonas com uma gravatinha preta presa no pescoço e no dorso uma almofadinha com as alianças. Luísa e Patrícia não conseguiram conter as lágrimas, se abraçaram e sussurraram um “eu te amo" uma para a outra.

Entre tantos choros e gargalhadas, a hora do sim chegou e com ele a hora em que finalmente Luísa e Daniel se tornaram marido e mulher oficialmente.

- Agora sim, pode beijar a noiva. – O juiz pediu rindo depois que Daniel ficou travado sem saber o que fazer.

Embaixo de muitas palmas os recém casados trocavam beijos carinhosos para as fotos e então puderam ficar mais à vontade para curtir a festa.

Daniel pediu que os músicos parassem de tocar para comer, assim como os fotógrafos e quem mais estivesse trabalhando. Jonas também não perdeu a oportunidade de atacar o que conseguia na menor distração das pessoas. Luísa conheceu toda a família de Berta e tirou foto com todas as pessoas presentes, inclusive com os próprios fotógrafos. Passaram uma tarde gostosa juntos até a gestante ter que se retirar para descansar a pedido de todos que estavam preocupados com sua tamanha energia, comendo de tudo e brincando depois que o médico a liberou por aquele dia.

Os convidados começaram a ir embora um pouco antes das seis da tarde e somente a família ficou para conversar, jantar e ajudar a limpar um pouco da bagunça.

- Como está se sentindo? – Daniel perguntou se jogando na cama ao lado da esposa e lhe oferecendo um docinho.

- Bem. – Ela dispensou o doce. – Acho que eles dormiram de tanto que balancei a barriga. Estão quietinhos. – Ela acariciava a barriga pesada.

Daniel ainda vestia a camisa branca e a calça do terno de casamento, só deixou de lado o paletó e a gravata. Luísa ainda estava com o vestido de noiva encostada na cabeceira da cama.

- Não é melhor tomar um banho e colocar uma roupa confortável? Descanse um pouco e qualquer coisa nós ligamos para o médico.

A mulher afirmou.

- Sabe, normalmente essa seria nossa noite de núpcias. – Luísa falou desviando o olhar e sorrindo maliciosa.

- Saber, eu sei, o problema é machucar sua pançona.

- Nossa, que maldade. Me aguarde depois que essas crianças nascerem.

- Ansioso. – Ele riu, engoliu o doce e levantou rapidamente. – Venha, pelo menos podemos tomar banho juntos.

Ele ajudou Luísa a levantar e também tirou seu vestido. Foram juntos para o banho e trocaram alguns beijos embaixo do chuveiro. Só não puderam namorar porque Felipe entrou no quarto gritando e perguntando o que os dois faziam.

- O que você acha que estou tentando fazer com a minha esposa dentro do banheiro? – Daniel gritou para Felipe ao lado de fora.

- Ok, já fui embora, perdão. – O outro saiu apressado.

Os dois riam do amigo e tentavam adivinhar que expressão ele devia ter feito quando Daniel lhe disse aquilo.

Enquanto anoitecia Luísa dormia um pouco ao lado do marido. Não teve sonhos, apenas descansou o necessário até acordar duas horas depois com o carinho do marido em seus cabelos. Estava tudo apagado e só a televisão do quarto deles estava ligada no mudo.

- Todo mundo já foi? – Luísa perguntou e bocejou.

- Sim, eles não queriam atrapalhar, quer dizer, exceto o Felipe, mas foram e te deixaram um beijo. – Daniel a atacou de beijos, fazendo-a rir. – Minha bolinha de leite quer jantar? Ainda tem bastante coisa da festa.

- Não, estou sem fome. Você não quer dormir um pouco? Soube que está acordado desde cedo, deve estar cansado.

- É, estou um pouco cansado, mas ainda não vou conseguir dormir. Pensando em muitas coisas, sabe.

Luísa o observou em silêncio por algum tempo.

- Você foi ao cemitério levar flores para ele, não é?

- Sua irmã contou? – Luísa afirmou. – Sim, na verdade, levei para os dois. Antes de começar a organizar tudo por aqui eu fui agradecer ao meu pai por ter me ajudado, apesar de tudo, se não fosse por ele eu não estaria vivo para esse dia e também fui dizer à minha mãe que eu estava bem, que encontrei a mulher da minha vida e que estava prestes a me casar e ser pai.

Luísa ser levantou um pouco para conseguir sentar e abraçou o marido, fazendo carinho em sua nuca. Trocaram um selinho.

- Vamos cuidar um do outro. Estarei sempre aqui por você assim como você esteve por mim. Eu te amo. – Luísa disse olhando nos olhos dele, que sorriu e acariciou seu rosto, avançando para mais um beijo, dessa vez mais profundo e carinhoso.

- Eu também te amo. – Falou Daniel entre o beijo.

Luísa se afastou um pouco.

- Espere um pouco, esse beijo está muito bom, mas eu preciso ir ao banheiro. Acho que o xixi vai escapar.

Daniel riu, pois era frequente as escapadas de xixi por causa da gestação avançada.

- Quer ajuda? – Ofereceu.

A mulher só meneou a cabeça e tentou ir o mais rápido que pôde até o banheiro. O alívio foi imediato quando sentiu a bexiga esvaziar, o duro era ter que levantar do vaso sanitário com todo aquele peso. Antes que pedisse ajuda a Daniel, que com certeza ia rir dela e chamá-la de lutador de sumô, ela sentiu algo estranho acontecer. Foi mais um menos como o barulho de uma bolha estourando dentro de sua barriga.

Tentando permanecer calma ela esperou alguns segundos, só para ter certeza de que não era sua imaginação. Mais uma vez começou a fazer xixi, mas pelo lugar errado, não tinha controle muscular para prender o líquido e também não parava de descer.

- Daniel? – Chamou.

O homem apareceu rindo e encostou na porta.

- O que foi, minha bolinha?

- A bolsa estourou.

- Está falando sério? – Ele perguntou consertando a postura depois de ver que a esposa estava com a expressão assustada. – Isso não é brincadeira, não é?

- Daniel, eu não terminei de arrumar as coisas deles. – As sobrancelhas de Luísa se modificavam para chorar.

- Droga, Luísa, isso é o de menos. – Ele correu do banheiro para buscar o celular e ligar para o médico.

Luísa só estava em seu oitavo mês e ocupada com o casamento não sabia que sua gravidez gemelar correria o risco de se adiantar tanto.

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Comments

Angelica Pacheco

Angelica Pacheco

preciso.de mais cap por favor

2020-03-26

1

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