Daniel se divertia com a expressão chocada da esposa.
- Não, eu não sou gay. – Ele ria. – Só fiquei ocupado demais focando nos estudos e no trabalho, ainda mais depois que minha mãe morreu. Sou assim mesmo e não pareço tanto com meu pai porque minha mãe era japonesa.
- Então seus olhos puxados e sedutores são da sua mãe, se bem que nem é tanto assim, você parece mais um ocidental comum com um charme a mais no olhar. – Ela olhava bem para ele observando atentamente os detalhes. Ela o notou ficar sem jeito e mudou de assunto. – Então seu pai está interessado no perdão de Franco? Acho difícil. Meu padrasto sabe cobrar e joga na cara tudo que faz. E por que você aceitou participar dos problemas do seu pai?
- Ele estava há anos sem me ver, nem falava comigo direito. Acredita? Eu achei que seria bom eu me aproximar do meu pai e ajudá-lo. Mas veja onde me meti. – Daniel deu um beijo na testa da mulher. – Vamos dormir agora? Já passou a chuva e você está cansada. Boa noite.
O rapaz andou lentamente até a porta.
- Daniel? – Ela o chamou antes que abrisse a porta. – Você não me disse do que tem medo.
Ele riu.
- Isso você nunca vai saber, pode usar contra mim.
O marido se retirou e uma fagulha crescia no coração de Luísa, podia se acostumar a ele, quem sabe até se deixar levar pela paixão, mas era impossível. Seu padrasto caçaria os dois até o fim do mundo e os mataria. Ela devia mantê-lo seguro.
“Isso está ficando pior do que imaginei, agora tenho mais pessoas a quem devo proteger de Franco, não posso deixar que ele use mais Daniel e Berta em seus planos.” Ela pensava. O sono foi embora e Jonas rolava na cama de um lado para o outro agitado.
- Menino, o que você tem? – Luísa ficou de pé esperando o cachorro se acalmar.
Ele correu em volta dela e tentava subir em seu colo. O cão era tão grande que de pé chegava a quase sua altura. Jonas latiu e correu para a porta fazendo um estardalhaço. Luísa abriu e ele correu em direção a outra porta, a de Daniel.
O rapaz saiu do quarto dando de cara com os dois no corredor.
- O que houve?
- Não sei, ele ficou agitado de repente, acho que agora quer ficar com você.
O cachorro correu para a cama do dono e a garota se despediu.
O corpo ainda estava cansado das várias noites sem dormir, mas não era aquela noite que conseguiria descansar. Ela sabia que era Daniel batendo a sua porta. Lá estava novamente o cachorro pulando na cama dela.
- Eu acho que ele quer brincar, mas a essa hora é difícil. – Falou Daniel entrando e fechando a porta. – E eu juro que preciso dormir para conseguir trabalhar amanhã.
Os dois sentaram na cama e o cachorro se colocou no meio deles, descansando a cabeça nas patinhas e olhando de relance.
- Você está brincando, não é Jonas? – Daniel agarrou o enorme cão, o pegou no colo e levantou.
- O quê? – Perguntou Luísa confusa.
- Ele quer dormir em grupo.
- Sério? Ele quer todos dormindo juntos?
Daniel deu de ombros e se dirigindo a porta.
- Nós somos casados, não é? – Luísa deu de ombros.
Daniel não achou que a mulher fosse sugerir dormirem juntos novamente, mas não teve alternativa, o cachorro só sossegaria desse jeito e ele precisava dormir para conseguir trabalhar no dia seguinte.
Não foi tão ruim, Jonas dormiu no meio dos dois na cama de Luísa e mesmo tensos, os dois também pegaram no sono devido ao cansaço.
[...]
Daniel sentiu dormir apenas quinze minutos. O celular tocou baixo no bolso da calça do pijama e ele atendeu rápido para não acordar a mulher que dormia com a cabeça repousada em seu braço esticado. Com cuidado ele retirou o braço e atendeu a ligação ao lado de fora.
Justino ligou extremamente cedo, cinco da manhã, para avisar que Franco passaria na casa dele no fim de semana e talvez levasse Luísa embora.
- Você está brincando, não é, pai? E o contrato de dois anos?
- Não sei, filho. Mas parece que a coisa está ficando ruim.
O rapaz finalizou a ligação e deu uma olhada em Luísa, que ainda dormia com o cachorro em suas pernas. Ele fechou a porta e foi para o quarto se arrumar.
Ele não sabia o que fazer, deixar Luísa ir embora com Franco ou fazê-la ficar. Ele queria a segunda opção, mas sabia que a esposa não concordaria. Ela protegeria a mãe e a irmã mesmo que significasse sua morte, o que foi comprovado por ele quando tentou suicídio.
Outra questão que chamou a atenção do rapaz foi o pai chamá-lo de filho daquela forma preocupada. Há quantos anos ele não ouvia essa palavra da boca de Justino. Ou o homem estava muito assustado ou estava com dó de ter metido Daniel nessa situação. Ele não sabia dizer.
Berta chegou mais cedo que o normal preocupada em não deixar Luísa sozinha. Daniel atualizou Berta sobre as notícias.
[...]
Daniel encontrou o melhor amigo no serviço. Os dois eram sócios de uma empresa e precisavam resolver alguns problemas de contratos vencidos e dobrariam as horas de serviço durante a semana.
- E sua esposa? Como vai o casamento? – Perguntava Felipe rindo. Sabia do casamento falso de seu amigo.
- Estava indo bem até meu sogro querer levá-la de casa.
- Iiii, você já desonrou a filha dele?
- Não, acho que é outra coisa e sinto que não é bom.
- Daniel, é sério? – Felipe sorria, mas falava sisudo. – Você disse que a mulher é linda, estão casados de verdade e não rolou nada? Homem, eu até entenderia se os dois vivessem separados, mas estão sob o mesmo teto. Você não é de se jogar fora, é bonitão. Dane-se o sogro. Faça essa mulher feliz, rapaz.
- Eu não tenho o porquê falar disso com você. Não entenderia. – Falou Daniel carrancudo.
[...]
Luísa finalmente parou para pensar sobre o fato de Daniel tê-la visto nua. Estava tão atordoada que não ligou no momento, mas agora se sentia extremamente envergonhada, mesmo notando que o marido não demonstrasse pensar sobre isso.
O rapaz também chegava tarde em casa por causa do serviço e não sobrava mais tempo para conversar com a esposa, inclusive confiou em deixá-la sozinha nos poucos minutos em que levava para chegar em casa. Mas antes disso, fez Luísa prometer não fazer besteiras nesse intervalo.
Era inegável que Luísa sentisse falta de ter o marido mais perto. Mesmo contra seus princípios de mantê-lo longe, ela sentia a necessidade de ficar próxima a ele. Estava se apaixonando, ou já estava há muito tempo.
Ela ia dormir sem ganhar um boa noite, tinha apenas a companhia do cachorro. Não queria atrapalhar Daniel que se trancava no quarto ou ficava na cozinha revisando papéis e atualizando contratos pelo computador.
Quando encontrava com ele raras vezes na cozinha, tinha o impulso de abraçá-lo por trás, lhe dar um beijo assim com ele fez com ela algumas vezes, mas ficava com medo de ser rejeitada.
Em uma dessas vezes não aguentou ficar sem atrapalhar. Adentrou a cozinha e o viu mandando e-mail e falando com Felipe ao telefone. Ao vê-la, ele desligou a ligação.
- Desculpe, eu só vim perguntar se posso ficar com ele. – Inventou uma desculpa na hora apontando para Jonas que estava deitado aos pés do dono. Porém, o cachorro não parecia motivado a sair do lugar. – Mas acho que ele não quer. – Completou sem graça.
- Está com insônia?
Ela deu de ombros. O marido estava com aparência de cansado.
- Se quiser ajuda para alguma coisa... Fico com dó de vê-lo trabalhando tanto.
- Já estou acostumado. Eu só chegava em casa mais cedo por sua causa.
Agora ela não sabia se sentia vergonha ou culpa. Daniel levantou e emendou:
- Acabei de terminar o que estava fazendo. Quer alguma coisa?
Ele foi até a geladeira, Luísa negou. Não sabia se era por estar cansado e atarefado, mas sentiu o marido um pouco frio. Acabou se despedindo e voltando para a cama. Não passou muito tempo e Daniel entrou no quarto da esposa. Ela estava deitada e acordada, mas não se mexeu, ouvia também as patinhas do cachorro arrastando no chão.
- Não faça barulho. – Luísa o ouviu sussurrar para o cachorro.
O homem deu tapinhas na cama para que o cachorro subisse. Fez um carinho no amigo e esperou que ele se ajeitasse aos pés da esposa. A garota continuou imóvel. E então, Daniel se aproximou e deu um beijo na cabeça de Luísa e confessou baixinho:
- Estou apaixonado por você.
Ela não teve coragem de se mexer, apenas deixou que Daniel saísse enquanto seu coração disparava.
Depois disso, não conseguiu dormir. Ficou acordada até amanhecer e ouviu quando Daniel acordou e saiu para o trabalho ainda antes do sol nascer. Ela não ia conseguir mais enxergar ele do mesmo jeito. O que aconteceria se ela também confessasse seus sentimentos?
Passaram-se mais alguns dias sem que Luísa visse a sombra de Daniel. Segundo Berta, ele estava resolvendo todas as pendências para passar mais tempo em casa, só não explicou qual a necessidade de ficar. Ela também não ouvira mais notícias do que acontecia a sua família, mas torcia para que estivessem bem e sua sensação era positiva, embora estivesse preocupada. Franco também quase não dava notícias ou alguma ordem, sinal de que aprontava algo muito maior. Torcia para que ele tivesse morrido, mas não tinha tanta sorte assim.
Para passar o tempo, desde que conseguiu ter mais confiança em Berta, Luísa ajudava nas tarefas domésticas. Não gostava de ser um peso na vida de alguém, essas pessoas não tinham culpa do que seu padrasto fazia.
Quando a sexta feira chegou Luísa finalmente se animou sabendo que Daniel estaria em casa no fim de semana. Ele chegou tarde mais uma vez. A esposa não o esperava por ficar envergonhada, não sabia como encará-lo após a confissão. Para não se sentir só dormia com Jonas todos os dias, provavelmente o cão também se sentia solitário com a falta do dono e se apegara a mulher.
Passava da meia noite e Luísa foi ficando sonolenta. Dormiu após muitos bocejos e acariciando os pelos do cão que estava com o focinho perto de seu pescoço também quase adormecendo. Despertou assustada quando sentiu alguém abraçá-la.
- Ai, que susto você me deu. – Ela levou a mão esquerda até a testa. – Achei que fosse Franco.
Daniel se enfiou em baixo dos cobertores e deitou no peito da esposa. Surpresa, ela não disse nada, mas o acolheu. Ele continuou calado ouvindo as batidas do coração de Luísa normalizarem após o susto. Estava difícil manter os batimentos tranquilos com o marido deitado ali, tão próximo.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou preocupada passando uma das mãos pelos cabelos dele e acariciando.
- Desculpe. Franco mandou um recado dizendo que vem buscá-la amanhã.
- O quê? – Ela ouviu bem, mas sussurrou essas palavras mais para si mesma.
O outro ainda ouvia os batimentos de Luísa e ergueu a cabeça para olhar nos olhos dela.
- Você fica muito nervosa. Isso não é normal. Já pensou na possibilidade de síndrome do pânico. Ataques de ansiedade? Parece que seu coração para e volta a bater muito rápido quando ouve o nome dele.
Luísa não respondeu. Se colocou sentada, encostada na cabeceira para tentar por os pensamentos em ordem.
- Eu mandei que Berta venha amanhã para ficarmos os três juntos. Se você não quiser ir, é claro.
- Eu não tenho escolha, não posso fazer nada sem saber se as duas estão seguras. – Falou tristonha.
Ele não queria deixá-la mais tensa do que já se encontrava, então deu um fim a conversa. O clima de ficarem juntos também foi cortado e cada um ficou em seu quarto.
Aquela foi mais uma noite em que Luísa não dormiu. De manhã já estava pronta, esperando quando o padrasto chegasse. Durante a noite pensou muito em conseguir arrancar informações de Franco e depois dar um jeito de fugir, lutaria com todas as forças.
As horas se passavam e ela aguardava, sentada no sofá da sala enquanto era observada por Daniel e Berta.
- Minha querida, venha almoçar, assim você vai ficar fraca. – Berta insistia mais uma vez.
- Desculpe, Berta, mas estou realmente sem fome. A comida não vai descer.
- Não faz mal, pelo menos três garfadas ou uma fruta. Você consegue.
Luísa finalmente largou o sofá, com as nádegas adormecidas, e acompanhou a babá até a cozinha. Daniel foi fazer companhia em silêncio.
- Desculpem por isso. Não queria dar problemas. – Luísa falou de cabeça baixa revirando uma maçã nas mãos.
- Não precisa se desculpar. – Daniel passou a mão no topo da cabeça da esposa.
Houve mais silêncio, todos estavam igualmente tensos.
- Foi ótimo conhecer vocês, por incrível que pareça, aqui foi o lugar onde eu mais me senti bem depois desses dezesseis anos de tortura.
- Você está falando como se fosse morrer. Calma, minha flor. Vai ficar tudo bem. – Berta a abraçou.
A garota se agarrou ao abraço de Berta e sorriu enquanto lágrimas desciam por seu rosto.
- Sabe, era difícil ganhar um abraço da minha mãe. – Disse ainda sorrindo depois que Berta a soltou. – Ela sempre fugia de abraços com a desculpa de que parecia uma despedida e que nunca mais ia me ver. – Luísa deu uma risada e completou. – Acho que é verdade.
- Sua mãe não abraçava você? – Daniel perguntou.
- Não. – Respondeu limpando as lágrimas do rosto. – Mas eu tinha minha irmã. Nós somos muito ligadas. A gente brincava tanto e se abraçava tanto que Franco surgiu com a ideia de que éramos lésbicas. Então ele separou nós duas. Ficávamos em cômodos diferentes da casa, não podíamos ficar a cinco metros uma da outra, mas quando ele não estava a gente se abraçava, eu a enchia de beijos e ela ficava muito brava porque odiava quando eu era grudenta. Eu a amo muito. Como nunca tive muitos amigos, ela é minha melhor amiga. Por isso eu preciso protegê-la.
Os dois ficaram em silêncio, sem saber o que dizer, comovidos com todas as desgraças de Luísa.
O celular de Daniel tocou, fazendo Luísa e Berta se sobressaltarem.
- Fiquem calmas, é Felipe, meu sócio. – Ele saiu para atender e voltou em seguida.
As horas passavam, eles conversavam sobre suas vidas e finalmente a noite chegava.
- Acho que esse monstro não vem mais hoje, minha querida. Durma tranquila. – Berta se despedia. Precisava ir embora.
Daniel acompanhou a babá até a porta.
- Cuide dela, a pobrezinha está muito assustada de ter que ir com esse monstro horrível. Nossa, minha vontade é de xingá-lo e fuzilá-lo em seguida.
- Vou ficar de olho e também vou ligar para meu pai e perguntar o que houve.
- Faça isso.
Berta se despediu e finalmente se foi, deixando os dois sozinhos.
- Vá descansar, Luísa. Ele não vem mais.
- Ah, de Franco eu posso esperar qualquer coisa, até que venha de madrugada.
- Fique na sua cama. Se ele chegar eu atendo.
Luísa subiu, sem discutir. Estava cansada da noite anterior mal dormida e também da ansiedade de ter que aguardar a chegada do padrasto que a levaria para sempre. Porém, tentava manter na cabeça o pensamento positivo de que logo toda a tortura acabaria. Daniel bateu na porta e entrou.
- Ele chegou? – Perguntou Luísa com seu olhos grandes.
- Não. Só vim ver como estava. Vai dormir de calça jeans?
- Eu não vou dormir, vou esperar. Além disso, já guardei todas as minhas coisas.
- Espere um minuto. – Daniel saiu e voltou rapidamente com roupas dele, uma camiseta branca e a mesma calça de moletom que Luísa dormira na outra vez. – Vista isso.
- Obrigada, mas é melhor não. Se Franco chegar e me vir com essas roupas vai matar a nós dois. – Disse sorrindo.
- Se ele chegar eu passo aqui antes para avisá-la. – Daniel colocou as peças na cama e saiu.
Luísa pegou as roupas e as observou, revirou entre as mãos e cheirou. O cheiro dele a anestesiava. Lentamente se despiu e vestiu as roupas do homem.
“Ele é meu marido, e queria que fosse para sempre, de verdade.” Pensava sorrindo.
Novamente Daniel bateu na porta e Luísa abriu.
- Liguei para meu pai e pelo visto Franco não vem mesmo. Teve alguns problemas na empresa. E amanhã também não vem porque tem a festa anual das empresas e ele é uma peça importante e não pode faltar.
- Ah, é verdade. Eu não sabia que já estava na época da festa. Perdi a noção do tempo.
- Mas isso não tem lógica. As pessoas só desconfiariam de alguma coisa se a família não fosse.
- É que nunca fomos nas festas da empresa dele. Lá acontecem muitas orgias que ele não quer que minha mãe saiba. Bom, eu descobri. Sei até que ele beijava um travesti que os donos de outra empresa contratavam. Esse travesti é presença marcada em todas as festas e faz par com Franco, mas minha mãe nunca soube disso.
- Quem entende esse homem? Ele parece tão preconceituoso.
- Mas ele é, ou pelo menos finge. Porque ele faz discursos de ódio contra gay, mas escondido faz dessas coisas. Eu nunca vou entender isso e nunca vou compreender porque ele me quer desse jeito.
Daniel levou a mão ao rosto de Luísa, escorregou os dedos entre os cabelos e a trouxe para um abraço. A apertou forte e ficou assim um tempo. A mulher tentou sair três vezes, mas ele continuava a apertá-la contra o corpo, com o nariz na curvatura de seu pescoço. Vencida, ela também se agarrou a ele. Perderam minutos no abraço.
- Isso é porque eu disse que não recebia abraços?
Ele a soltou, mas ainda a segurava pela cintura com uma das mãos enquanto a outra estava pousada em seu pescoço, acariciando a lateral de seu queixo.
- Eu gosto desses seus olhos grandes e brilhantes. Te faz parecer uma menina inocente, carente.
- Isso está parecendo uma despedida – Ela deduziu.
- Não, não é. – Ele a trouxe para um abraço mais sensível. Encostou a cabeça dela no peito e deu um beijo no topo da cabeça. – Não vou deixar você ir com ele, não posso deixar isso acontecer.
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Atualizado até capítulo 21
Comments
Dalva Reges
não tô mais aguentando o sofrimento dessa menina tá demais
2023-05-31
0
Elaine Cantieri Ferreira
já passou da hora de começar um romance com o marido e esse padastro se ferrar né autora
2022-10-14
2
Juliana Oliveira Da Silva
Esse Daniel é muito devagar afff....😤😤😤😤😤😤😤😤😤😤
2020-10-04
1