A Elfa Branca

A Elfa Branca

O encontro na floresta

A floresta estava calma, o som das folhas balançando suavemente com a brisa era a única companhia de Aery enquanto ela caminhava por entre as árvores altas e antigas. O chão coberto por uma manta de musgo macio fazia com que seus passos fossem quase silenciosos.

Ela sorria, sentindo-se em casa e cheirando cada flor. O mundo parecia vasto e cheio de possibilidades, e ela, com sua energia jovial e brilho no olhar, estava determinada a explorá-lo.

Aery sempre foi vista como uma elfa rara, não apenas por ser uma elfa branca diferente, mas por seus longos e ondulados cabelos ruivos, a cor que os outros raramente viam entre sua raça.

Para muitos, ela era uma visão deslumbrante. Sua pele pálida parecia brilhar à luz do sol filtrada pelas copas das árvores, enquanto seus olhos, de um azul esverdeado quase etéreo, pareciam refletir a essência pura da floresta ao seu redor.

Seu corpo, de curvas e graciosidade, andava com a leveza característica das elfas, mas seu espírito? Ah, esse era uma tempestade, repleto de curiosidade e um toque de travessura.

Ela passava os dedos por uma flor silvestre ao lado do caminho, sentindo a textura das pétalas, quando uma estranha sensação a fez parar.

Algo estava errado.

O ar ao redor dela, normalmente fresco e perfumado, parecia mais denso.

Um arrepio percorreu sua espinha, e, sem hesitar, ela começou a murmurar palavras mágicas.

Sua mão se iluminou com uma aura suave enquanto ela invocava a energia da floresta para se proteger.

Foi então que ela o viu. Não estava sozinha.

Um elfo negro estava parado à frente, com a postura rígida e imponente de um guerreiro.

Seu cabelo negro e longo era como uma obsidiana, e seus olhos dourados brilhavam com um olhar feroz e desconfiado.

Ele a observava de forma intensa, como se ela fosse uma ameaça, embora sua expressão permanecesse indiferente.

— Você... — A voz do elfo negro era grave, cheia de desdém. — Está sozinha na floresta, elfa branca? Você não percebe o perigo que corre?

Aery não recuou. Em vez disso, seus lábios se curvaram em um sorriso travesso.

— Ah, que charme! Um elfo negro tão perto do território dos elfos brancos... Isso não é exatamente uma boa escolha, não é? — Ela deu um passo à frente, seu olhar desafiador.

Leo, o elfo negro, estreitou os olhos, aparentemente irritado com a tranquilidade de Aery. Ela o provocava de maneira desafiadora, sem medo, e isso só aumentava sua raiva.

O que ela achava que estava fazendo, enfrentando-o dessa maneira? Ele, que havia sido treinado para ser um guerreiro implacável, um imã de tensão e poder.

Um sorriso irônico se formou em seu rosto enquanto ele recuava um passo, colocando a mão na espada pesada em suas costas.

— Você parece esquecer sua posição, branquinha. — Ele a chamou com um tom irônico, utilizando o apelido para diminuí—la, um termo que ela achou tão engraçado quanto irritante.

— Branquinha? — Ela riu com a ironia, sem se deixar afetar. — Se você acha que pode me intimidar com essas palavras, talvez precise de mais prática.

Leo olhou para ela com desdém, mas algo mais estava lá, algo que ele não conseguia entender. Essa elfa branca, com sua aparência diferente e postura despreocupada, estava mexendo com sua paciência.

Não deveria, mas estava. E isso o fazia sentir-se inquieto.

Antes que ele pudesse responder, um rugido cortou o ar.

Algo estava se aproximando rapidamente.

Aery arregalou os olhos.

— Tente não atrapalhar! — Leo cuspiu, já colocando-se em posição defensiva, sua espada pesada agora em mãos, pronta para a batalha.

Aery não hesitou. Ela levantou as mãos, sua magia se intensificando, criando uma aura luminosa que a cercava.

Ela sabia que não era apenas a floresta em perigo, mas também ela mesma. E Leo, embora fosse uma presença intimidadora, era mais um aliado agora do que inimigo.

— Vamos ver quem realmente precisa de ajuda aqui, — Aery murmurou, concentrando-se enquanto as criaturas corrompidas surgiam, envolvendo a área com uma aura de magia.

Leo não falou mais nada, mas seu olhar era de pura determinação.

As criaturas mágicas corrompidas surgiram como uma onda turbulenta, suas formas grotescas distorcidas pela magia negra que as controlava.

Aery não teve tempo para pensar. Com um gesto rápido, ela lançou um feitiço de proteção ao redor de si mesma, criando uma barreira luminosa.

Leo, já com sua espada pesada em mãos, se preparou para o combate, seus músculos tensos e prontos para agir.

— Cuidado, branquinha. — Leo gritou com um sorriso sarcástico, girando a espada com destreza enquanto avançava para o primeiro monstro.

Aery revirou os olhos, mas se concentrou, estendendo a mão para frente.

Chamas surgiram em suas palmas, criando uma rajada de energia mágica que atingiu duas das criaturas com uma explosão de luz e fogo.

Leo, observando a força de Aery, usou sua espada para cortar uma criatura que se aproximava por trás dela. O golpe foi preciso e mortal, mas ele não perdeu tempo, já mirando em outro alvo.

— Impressionante para uma elfa branca. — Ele comentou, mas não sem um toque de sarcasmo. Ao mesmo tempo, seu olhar permaneceu alerta, seus reflexos rápidos, protegendo ambos de mais ataques.

Aery, rindo, rapidamente recuou um passo para se afastar de uma das criaturas que tentava pegá-la.

Com um movimento grácil, ela se virou e lançou uma rajada de energia pura, desintegrando o monstro em uma explosão de luz.

— Você está achando que essa simples provocação vai me desestabilizar? — Ela provocou, jogando o cabelo para trás, o brilho em seus olhos desafiador.

— Não subestime o que não entende, — Leo respondeu com um olhar penetrante, desviando de um golpe de uma criatura que atacava de frente. — Você pode até ser rápida, mas não está pronta para a selvageria de uma verdadeira batalha.

Aery estava prestes a responder quando uma horda de criaturas avançou rapidamente em sua direção, empurrando-a para trás.

Ela tentou conjurar outro feitiço de defesa, mas a quantidade de inimigos era demasiada.

Foi então que Leo entrou em ação.

Com um grito de guerra, ele avançou com sua espada, cortando e destruindo as criaturas que cercavam Aery. A espada pesada cortava o ar com facilidade, derrubando monstros um após o outro. Ele estava em seu elemento, e sua força brutal parecia emanar dele como uma tempestade, e uma sombra parecida com magia emanava de sua espada.

Aery se surpreendeu ao vê-lo lutar com tanta habilidade, a maneira como ele controlava a batalha com confiança.

Ela sabia que eles eram famosos por sua luta, mas o impacto de ver um elfo negro tão ferozmente dedicado foi algo que ela não esperava.

Enquanto as criaturas eram derrotadas uma a uma, o campo de batalha começou a se acalmar. O último monstro foi abatido por um golpe certeiro de Leo, e o silêncio tomou conta da floresta novamente.

Aery, ofegante, olhou para Leo, seus olhos azuis brilhando com uma mistura de respeito e curiosidade.

— Aery. — Ela se apresentou com um sorriso, o rosto ainda iluminado pela adrenalina da batalha. — Aery da Floresta Branca. E você?

Leo limpou a lâmina da espada, encarando-a com um olhar sério, mas sem perder seu toque de arrogância.

— Leo. — Ele respondeu, o tom de sua voz carregado de autoridade. — Leo D'Arkam. Elfo negro, como você já deve ter notado.

Aery riu suavemente, sem se deixar intimidar.

— Não é todo dia que se encontra um elfo negro com uma espada tão grande. — Ela brincou, piscando para ele, e seu tom leve contrastava com a violência que ainda pairava no ar.

Leo a observou, uma expressão desafiadora ainda em seu rosto, mas uma ponta de algo que ele não poderia identificar estava ali. Ele estava, de alguma forma, impressionado, mas não ia admitir isso facilmente.

— Não se acostume com isso. Não somos aliados. — Ele disse, mas a maneira como seu olhar se manteve fixo nela revelou que, de alguma forma, ele já começava a aceitar essa parceria temporária.

Aery sorriu com satisfação, percebendo que, embora ele tentasse manter a distância, ele sentiu interesse.

— Claro. Não se preocupe, Leo. Eu não sou tão ingênua assim.

Eles ficaram em silêncio por um momento, apenas observando o campo de batalha agora tranquilo.

Mas algo, uma energia mútua, começava a surgir ali, algo que nenhum dos dois poderia negar, mesmo que ainda estivessem relutantes em admiti-lo.

As árvores ao redor pareciam respirar com uma energia mais densa, como se a luta tivesse deixado uma marca invisível no ambiente.

Aery olhou para Leo, ainda com a adrenalina da batalha circulando pelo corpo, e sentiu uma mistura de respeito e uma curiosidade crescente.

— Vamos seguir? — Ela perguntou, tentando quebrar o gelo, seu tom mais leve do que o usual, como se tentasse desarmar a tensão que ainda flutuava entre eles.

Leo, ainda com o olhar fixo nas sombras ao redor, deu um aceno curto com a cabeça.

— Temos que ir. As criaturas não apareceram por acaso. Algo mais está acontecendo aqui. — Sua voz estava mais grave agora, e Aery percebeu que ele estava mais cauteloso do que parecia inicialmente.

Aery assentiu, mas não se afastou imediatamente.

Ela ainda estava fascinada com a facilidade com que Leo havia lutado, com a forma como ele parecia ser tão imponente e ao mesmo tempo calculista. Não era um guerreiro qualquer, e ela sabia que havia muito mais nele do que ele queria mostrar.

— Você sempre é tão reservado assim, Leo? — Ela perguntou, com um sorriso travesso, tentando arrancar um pouco mais da sua fachada de indiferença.

Leo olhou para ela, seus olhos dourados brilhando sob a luz fraca da floresta.

— Você fala demais, branquinha. — Ele respondeu seco, mas havia algo mais suave em sua resposta agora.

Aery sorriu, sabendo que ele estava começando a se soltar, mesmo que fosse apenas um pouco.

Ela o acompanhou enquanto ele avançava pelo terreno acidentado, com passos largos e firmes.

O clima estava pesado, e a sensação de que algo mais sombrio se aproximava não saía da cabeça de Leo.

As criaturas que haviam enfrentado não eram comuns, e ela sabia que havia algo mais por trás disso.

Eles seguiram por horas, com Aery usando sua magia para iluminar o caminho em áreas mais escuras e Leo os protegendo de qualquer outra ameaça que surgisse. O silêncio entre eles era confortável agora, como se ambos soubessem que, por mais que fossem diferentes, suas habilidades estavam perfeitamente alinhadas.

Enquanto caminhavam, Aery finalmente falou, quebrando o silêncio.

— Eu não entendo. Por que você não gosta dos elfos brancos? — Sua pergunta veio direta, sem rodeios, mas cheia de curiosidade genuína.

Leo olhou para ela, com um olhar que parecia querer medir a profundidade da pergunta.

Ele não estava pronto para revelar tudo, mas uma parte dele queria. Algo em Aery, talvez sua inocência ou a forma como ela parecia desarmá-lo com a sua ousadia.

— Porque vocês se acham superiores. — Ele respondeu com uma frieza calculada. — Sempre com esse sorriso no rosto, como se nada no mundo pudesse te ferir. Vocês vivem em suas torres douradas enquanto o mundo lá fora queima.

Aery sentiu o peso das palavras, mas não se deixou abalar. Ela sabia que Leo estava sendo impulsivo, repleto de rancor, mas também percebia que sua visão estava distorcida por algo maior.

Ela não ia deixá-lo se esconder por muito tempo.

— Acho que você está errado, Leo. Nem todos os elfos brancos são assim. Eu, por exemplo, só quero ver o mundo. Eu quero mudar as coisas. — Ela disse com um brilho nos olhos, a chama de sua determinação visível.

Leo olhou para ela com uma mistura de surpresa e ceticismo.

— Mudar? — Ele riu baixinho, com desdém. — Acha que uma elfa branca como você vai mudar alguma coisa?

Aery se aproximou dele, decidida.

— Acredite, posso ser mais do que uma "elfa branca". — Ela disse, seu tom firme. — Agora, se não se importar, podemos continuar nossa jornada. Eu não sou fã de monólogos.

Leo a observou por um momento, seu olhar fixo e analisador. Algo no comportamento de Aery o irritava de maneira que ele não sabia explicar.

Ele suspirou, dando um passo à frente.

— Vamos. E fique longe das criaturas... ou você pode acabar se tornando parte delas. — Ele disse, seu tom mais baixo, mas com um toque de preocupação que ele não tentou esconder totalmente.

Aery o seguiu, sorrindo para si mesma, sabendo que, apesar das provocações, havia algo mais entre eles.

A caminhada continuou por mais algumas horas, o som de suas botas se misturando ao leve farfalhar das folhas secas que cobriam o chão da floresta.

O clima, que antes parecia tranquilo, estava agora mais denso. Aery podia sentir uma pressão crescente no ar, algo que fazia seus sentidos ficarem alerta. Leo, sempre em sua postura rígida, parecia tão atento quanto ela, mas não deixava transparecer o que pensava.

De repente, a luz mágica que Aery conjurava para iluminar o caminho começou a enfraquecer. A árvore ao lado dela, com seu tronco coberto de musgo, parecia absorver a energia da floresta de maneira incomum.

— Isso não está certo. — Aery murmurou, com a testa franzida, olhando para Leo.

— Aconteceu alguma coisa com sua magia? — Leo perguntou, seus olhos dourados fixos na floresta à frente, em alerta.

— Não sei... — Aery respondeu, desconfortável com a sensação crescente de que algo os observava. Ela tentou aumentar a intensidade da luz de sua magia, mas não conseguiu. Algo estava bloqueando sua energia. — Alguma coisa está interferindo. Algo... sombrio.

Antes que ela pudesse reagir, uma sombra se moveu rapidamente entre as árvores, e uma risada baixa, quase um sussurro, cortou o ar.

Leo imediatamente sacou sua espada pesada, a lâmina reluzindo à luz da magia de Aery.

— Nosso descanso acabou. — Ele disse com uma voz grave, já preparado para o que quer que fosse se aproximando.

De repente, uma série de formas distorcidas emergiram das sombras, criaturas de aparência alienígena, com peles escuras e olhos brilhando com uma luz maligna. Seus corpos estavam deformados, como se fossem vítimas de algum tipo de magia corrompida.

— Criaturas corrompidas pela magia negra... — Leo grunhiu, reconhecendo a origem das criaturas com um olhar sombrio.

Aery, por sua vez, não hesitou. Suas mãos se elevaram, conjurando uma barreira de luz, mas sentiu a resistência da magia, a dificuldade crescente de controlar seu poder.

As criaturas, no entanto, não pareciam ser afetadas por sua luz como ela esperava.

Elas avançaram, rápidas e implacáveis, com garras afiadas e dentes vorazes.

— Acho que vou precisar de ajuda. — Aery disse, olhando para Leo, sua voz mais tensa do que o habitual.

Leo sorriu em diversão, seus olhos brilharam com uma feroz determinação.

— Eu já estava esperando por isso. — Ele disse, antes de avançar com um movimento rápido, sua espada cortando uma das criaturas com facilidade. — Você cuida das que estão na sua frente, eu cuido das minhas.

Com um aceno de cabeça, Aery se posicionou, focando em sua magia para conter as criaturas que se aproximavam.

Ela tentou usar feitiços de luz e proteção, mas algo parecia anular parte de seu poder. Mesmo assim, ela se manteve firme, conjurando raios de energia para explodir em chamas puras, queimando as criaturas que ousavam se aproximar.

Leo estava imbatível, seu estilo de combate brutal e eficiente. Ele usava sua espada com precisão, cortando as criaturas que surgiam em seu caminho com facilidade, mas Aery sabia que isso não duraria por muito tempo. Eles estavam em desvantagem, o número das criaturas era grande, e a cada momento mais surgiam das sombras.

— Aery, precisamos sair daqui! — Leo gritou, lutando ao lado dela, mas claramente preocupado com a situação.

Aery balançou a cabeça, seu olhar determinado.

— Não podemos. Eu... Não podemos deixar eles aqui. — Ela se concentrou mais uma vez, sua magia agora lutando contra a resistência da escuridão.

Um brilho intenso surgiu de seus dedos, envolvendo as criaturas em uma explosão de luz. Algumas recuaram, mas outras se tornaram mais agressivas, atraídas pela magia da elfa.

Leo, vendo o desgaste da magia de Aery, fez algo inesperado. Ele avançou, se colocando entre ela e as criaturas, usando seu corpo como escudo.

Seu rosto estava impassível, mas Aery podia ver a tensão em seus olhos.

— Você vai me fazer proteger você? — Ele disse, com um leve sorriso de escárnio, embora sua expressão revelasse a seriedade da situação.

Aery, sem perder tempo, conjurou uma poderosa barreira de luz ao redor de Leo e dela, impedindo que mais criaturas se aproximassem. Ela então usou toda sua força para amplificar sua magia, criando um campo luminoso ao redor deles, que fez as criaturas gritarem de dor e recuar, dando tempo para o elfo cortá-las ao meio.

Quando o último grito ecoou na floresta, o silêncio voltou. Aery e Leo estavam exaustos, suados e sujos pela batalha, mas aliviados por estarem vivos.

— Impressionante. — Leo disse, virando—se para Aery com um olhar calculador. — Você não é como pensei.

Aery, ofegante e com um sorriso cansado, respondeu:

— E você, Leo... não é tão ruim assim também.

A jornada deles estava apenas começando, e, apesar das diferenças, ambos sabiam que algo mais estava se formando entre eles — algo mais forte do que a simples rivalidade.

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Comments

tuktuk

tuktuk

muito interessante e os personagens são lindos

2025-01-26

1

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