O lago

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Aery afastou a última folhagem densa e prendeu a respiração ao ver o que havia do outro lado.

O mundo pareceu ficar em silêncio por um momento.

Diante deles, um lago imenso e cristalino se estendia até onde os olhos alcançavam, refletindo o céu azul como um espelho encantado. Ao fundo, cachoeiras colossais desabavam em queda livre de penhascos altos, rugindo como trovões suaves, formando névoas cintilantes que se dissipavam sob a luz dourada do sol. A espuma branca da água se misturava ao brilho de pequenos arco-íris, criando uma cena tão irreal que parecia saída de um sonho.

— Uau… — Aery sussurrou, os olhos brilhando.

Leo permaneceu ao lado dela, os braços cruzados, observando o cenário com atenção. Seus olhos dourados analisavam cada detalhe, como se esperasse alguma ameaça oculta em meio àquela beleza avassaladora.

— Isso é... grande — ele finalmente disse, o tom neutro, mas carregado de algo que Aery não conseguiu decifrar.

Ela riu baixinho.

— Isso é mágico, Leo. Olha esse lugar!

Aery caminhou alguns passos à frente, sentindo a brisa fresca vinda do lago acariciar sua pele.

O cheiro era limpo, fresco e levemente adocicado, como flores silvestres misturadas ao perfume da água pura. O calor do dia contrastava com o frescor do vento, tornando o momento ainda mais perfeito.

Leo a observou, sua expressão fechada como sempre, mas os olhos brilhando de um jeito diferente.

"Ela sempre reage assim às coisas bonitas."

Aery girou nos calcanhares, o rosto iluminado de empolgação.

— Precisamos entrar nessa água!

Leo arqueou uma sobrancelha.

— Precisamos?

— Sim! Olha isso! — Ela apontou para o lago cristalino. — Como não aproveitar um lugar desses? Você já viu algo tão lindo?

— …Já vi coisas assim antes.

Aery revirou os olhos.

— Claro que já viu, senhor "nada me impressiona".

Leo bufou, mas manteve o olhar fixo na água.

Ele sabia que não conseguiria impedir Aery de fazer o que quisesse.

E ele também sabia que, se entrasse naquela água com ela, não sairia ileso dessa vez.

Aery não esperou por Leo.

Com um sorriso empolgado, ela se livrou do cinto e da parte externa do vestido, que agora repousava em uma pilha ordenada ao lado da capa. Ela estava com uma fina anágua branca que lhe chegava até os joelhos, transparente o suficiente para permitir que o sol desenhasse delicadas sombras sobre sua pele.

A luz do sol filtrava-se pelas folhas, iluminando a pele dela como se fosse feita de porcelana. Seus cabelos caíam livres, dançando com o vento.

Leo ficou imóvel, claramente desconcertado.

Ele desviou o olhar, pigarreando, mas não conseguiu evitar que seu olhar voltasse.

– Você perdeu o juízo? Estamos no meio de uma floresta, e você resolve se despir como se estivesse em casa?

Aery virou-se para ele, rindo com leveza.

– Ah, relaxa, Leo! Não tem ninguém aqui além de nós... E Lumy, claro.

O pequeno animal mágico correu ao redor dela, dando pequenos saltos de empolgação como se aprovasse completamente a ideia.

– E eu só vou me refrescar um pouco! – continuou ela, enquanto dava passos em direção à água.

Leo tentou manter a compostura, mas era impossível ignorar a forma como a luz do sol atravessava a figura dela, deixando ainda menos espaço para a sua paz de espírito.

"Isso é um problema."

Aery, no entanto, parecia completamente alheia ao efeito que causava nele.

— Aposto que a água é geladinha…

Leo deveria desviar o olhar. Ele sabia que deveria.

Mas, em vez disso, permaneceu parado, observando cada detalhe do movimento dela.

O modo como seus quadris balançavam levemente quando caminhava…

O contraste dos cabelos ruivos contra a pele brilhando…

O tecido branco grudando perigosamente em suas coxas…

"Isso definitivamente é um problema."

Aery tocou a água com a ponta dos dedos, sorrindo ao sentir a temperatura fresca.

— Hmmm… está perfeita.

Antes que Leo pudesse dizer qualquer coisa, ela mergulhou de uma vez, desaparecendo sob a superfície cristalina.

A água se agitou ao redor, pequenos círculos se espalhando conforme Aery nadava para mais longe.

Quando emergiu, ofegante e rindo, os cabelos molhados grudavam em sua pele, junto do tecido.

Leo sentiu um calor desconfortável subir por seu peito.

Ele já havia visto mulheres nuas antes. Muitas vezes.

Mas nenhuma delas era Aery.

E isso era diferente.

Aery passou as mãos pelos cabelos molhados, afastando-os do rosto, e se virou para ele com um sorriso travesso.

— O que está esperando?

Leo continuou parado, os braços cruzados sobre o peito.

— Não estou com vontade.

Ela revirou os olhos, nadando um pouco mais para trás.

— Ah, vamos, Leo. Até você não pode resistir a um lugar desses.

Ele não respondeu. Porque, na verdade, ele já estava resistindo a outra coisa.

Aery riu suavemente e ergueu os braços, girando na água como se dançasse.

— Você realmente consegue ser um rabugento em qualquer situação, não é?

Leo continuou impassível, mas seus olhos brilhavam de um jeito perigoso.

— E você consegue ser irritante em qualquer situação.

Aery gargalhou, nadando de costas.

Leo percebeu que precisava sair dali agora.

Ele já sentia a paciência se esvaindo, e sabia que, se entrasse naquela água, as coisas sairiam do controle de um jeito que ele não estava pronto para lidar.

Aery sorriu maliciosa, nadando um pouco mais perto da margem. Então, ela ergueu as mãos e jogou um jato de água em sua direção, acertando a camisa dele e parte de seu rosto.

— Ou será que você está com medo de mim?

A provocação e risada de Aery pairou no ar como uma faísca em meio a pólvora.

Leo fechou a expressão no mesmo instante.

Ele arrancou a fivela da capa com um puxão seco, jogando-a ao chão sem paciência.

Começou a desfazer os fechos de sua armadura com uma brutalidade que fez até o pequeno Lumy recuar para trás de uma pedra.

Peças de metal e couro caíam ao chão com estalos pesados, revelando o torso musculoso de Leo. A lâmina foi retirada das costas e largada no chão, sem paciência. Em seguida, ele puxou a camisa de linho de uma só vez, jogando-a de lado.

Aery, que até então estava rindo, sentiu a boca abrir ligeiramente em choque.

– O que você está fazendo?!

– Exatamente o que você pediu – respondeu ele, com um sorriso afiado enquanto arrancava as botas e começava a desabotoar o cinto.

"Ele está mesmo fazendo isso…"

Ela queria rir, queria provocá-lo mais. Mas então, o ar simplesmente desapareceu de seus pulmões.

O sol bateu direto contra sua pele bronzeada, revelando cada músculo rígido e marcado por algumas cicatrizes.

Seu peito largo e definido se expandiu em uma respiração lenta, como um predador que finalmente decidia atacar.

Os cabelos negros caíram sobre seus ombros, bagunçados, selvagens.

Aery não conseguiu se mexer.

"Por todos os deuses…"

Ela já havia sentido a força dele antes, quando ele a segurava ou a protegia. Já havia notado os ombros largos, os braços fortes.

Mas vê-lo assim, sem nada cobrindo seu corpo… era outra coisa.

Leo ignorou completamente o impacto que estava causando nela.

Ou talvez não estivesse ignorando coisa nenhuma.

Ele ainda usava as calças escuras, o couro pesado moldando-se ao corpo esculpido com uma perfeição injusta. O tecido agarrava suas pernas grossas, marcando cada linha de seus músculos conforme ele se movia.

E então… ele começou a andar.

Aery engoliu em seco.

Leo avançava como se não houvesse nada de extraordinário naquilo, como se não parecesse um deus da guerra emergindo da luz dourada do sol, cada passo marcado por pura confiança masculina e domínio do próprio corpo.

O olhar dourado não desgrudava dela.

Aery sentiu o rosto queimar, mas não conseguiu desviar os olhos.

Os músculos de Leo se flexionavam a cada passo, a água fria do lago banhando seus pés e subindo lentamente por suas pernas.

Ele avançava como se não estivesse apenas entrando na água.

Estava indo direto até ela.

O lago subiu ao redor de suas pernas, o couro molhado colando-se ainda mais ao seu corpo.

Aery prendeu a respiração, os olhos deslizando para onde não deveriam estar.

Ele não parecia incomodado com a temperatura fria. Parecia feito para aquilo. Para a água, para o sol, para o perigo e para qualquer coisa que o desafiasse.

Aery sentiu o coração acelerar.

Seus instintos gritaram, e ela começou a se afastar devagar, brincando, como se ele não fosse uma ameaça real.

— Olha só, Leo, você até que fica bem molhado — ela provocou, nadando um pouco para trás.

Leo não sorriu.

Ele apenas continuou avançando, seu olhar fixo nela, intenso, como um lobo que finalmente decidiu caçar.

O peito forte cortava a superfície da água, as gotas escorrendo por cada linha rígida dos músculos, descendo pelo contorno da barriga até desaparecer no cós das calças.

Aery engoliu em seco.

"Isso não é justo."

— Vai continuar fugindo, branquinha? — A voz de Leo veio baixa, grave, arrastada, e Aery sentiu.

Não só ouviu. Sentiu.

O som pareceu deslizar pela sua pele como a própria água ao redor.

Aery piscou algumas vezes, tentando ignorar a sensação estranha no peito.

— E-eu não estou fugindo — retrucou, forçando um sorriso travesso. — Estou te dando um desafio.

Leo arqueou uma sobrancelha, parando no meio do lago.

A água agora batia em sua cintura, revelando todo o seu torso forte e moreno, as gotas escorrendo preguiçosamente pelos contornos perfeitos.

Aery desviou o olhar rápido demais.

Mas Leo percebeu.

Claro que percebeu.

Seu sorriso foi lento, perigoso.

— Então corra, Aery. — A voz dele era pura provocação, carregada de um desafio que ela sabia que não poderia vencer.

Aery sentiu o estômago revirar de um jeito novo.

Mas, ao invés de obedecer, ela jogou um punhado de água no rosto dele e mergulhou.

"Se ele quer brincar, então vamos brincar."

O riso de Aery ecoou pelo lago mais uma vez.

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Comments

tuktuk

tuktuk

mds como ela eh linda

2025-01-26

1

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