deus

⋅⋆⭑✧⭑⋆⋅

O lago estava estranhamente silencioso. Apenas o som distante das cachoeiras preenchia o espaço ao redor, e a água ondulava suavemente, como se ninguém além dela estivesse ali.

Aery franziu a testa.

— Leo?

Nenhuma resposta.

Lumy soltou um som baixo e curioso, as orelhas se mexendo enquanto olhava ao redor.

Aery mordeu o lábio.

— Não… Ele não teria simplesmente ido embora.

Ela girou no lago, os olhos percorrendo a margem e os arredores. Nada.

Então, percebeu algo.

A água ao seu redor estava muito calma. Nenhuma ondulação recente, nenhuma bolha subindo… o que significava que ele não havia saído do lago.

Aery estreitou os olhos.

— Ah, entendi…

Ela nadou lentamente, varrendo o olhar pela água, atenta a qualquer movimento. Se ele queria brincar desse jeito, então tudo bem.

— Tudo bem, guerreiro sem coração… — Ela sorriu de canto. — Vamos ver quem vence esse jogo.

Aery fechou os olhos por um instante, respirando fundo.

Se Leo queria brincar de rastreador e caça, então ela usaria outros métodos.

Com os dedos, tocou levemente a superfície da água, canalizando um sopro de magia para sentir a movimentação ao redor. Pequenas ondas se formaram, espalhando-se como círculos invisíveis, tentando captar qualquer perturbação estranha.

Lumy observou com as orelhas atentas, sentindo a energia sutil se espalhar pelo lago.

Nada.

Aery franziu a testa.

"Ele deve estar se escondendo mais fundo…"

Ela concentrou-se um pouco mais, expandindo sua percepção mágica. Dessa vez, sentiu algo movendo-se abaixo da superfície.

Seus olhos se estreitaram.

— Te achei…

Ela nadou para frente devagar, sem fazer barulho. Lumy pulou para um tronco boiando ao lado, observando atentamente.

Aery mergulhou sem pressa, deslizando a mão pela água para enxergar melhor. Havia uma sombra abaixo… uma forma grande e imóvel.

Ela sorriu.

Aery preparou-se para agarrá-lo de surpresa.

Mas então…

A sombra desapareceu.

Aery arregalou os olhos.

Antes que pudesse reagir, algo agarrou seu tornozelo.

Rápido.

Preciso.

Antes que pudesse reagir, foi arrastada rapidamente pela água.

Ela se debateu, mas era inútil.

Leo a puxou de vez, prendendo-a contra seu peito.

— Te peguei.

Aery engasgou em um riso nervoso.

— Isso foi golpe baixo!

Leo segurava sua cintura com força, marcando, como se não tivesse a menor intenção de soltá-la.

— Você usou magia. Eu me adaptei.

Aery bufou, ainda tentando escapar.

— Isso foi trapacear!

Leo apertou um pouco mais.

— E agora? Vai fugir?

Aery percebeu que não conseguiria.

Então, riu.

Riu alto, jogando a cabeça para trás. O som leve ecoou pelo lago, e logo Leo riu junto.

Foi um riso rouco, curto… mas genuíno.

Aery piscou, surpresa.

Era a primeira vez que ouvia uma risada verdadeira dele.

Por um instante, não existia nada além dos dois ali.

As risadas foram diminuindo aos poucos… até que pararam completamente.

O silêncio que se instalou foi diferente.

Aery respirou fundo, sentindo o calor do corpo de Leo queimando através da água fria.

Os braços dele ainda estavam ao seu redor, firmes, mantendo-a próxima… próxima demais.

Seu peito subia e descia devagar, e Aery percebeu o quanto estava colada a ele.

Seus peito estava espremido contra o dele, e o calor da pele contra a dela era inebriante.

Leo percebeu isso também.

Ele xingou mentalmente.

Ele não deveria estar reparando em como o corpo dela moldava-se ao seu.

Mas estava.

Ele sentia o peso macio dos seios dela pressionando sua pele nua.

Sentia o roçar das coxas dela entre as suas.

Sentia a água fria ao redor contrastando com o calor absurdo entre eles.

Aery piscou lentamente, os olhos brilhantes e curiosos fixos nele.

Leo nunca tinha reparado nas sardas suaves espalhadas pela pele pálida dela.

Nunca tinha visto seu rosto assim, tão perto, tão angelical… tão tentador.

A respiração dela era leve, mas quente, e quando seus lábios entreabertos soltaram um suspiro quase inaudível…

Leo apertou a mandíbula.

"Eu deveria soltá-la."

Mas não soltou.

Em vez disso, seus dedos se moveram por conta própria.

Lentamente, ele ergueu a mão e deslizou os dedos molhados pelo rosto de Aery, afastando uma mecha ruiva colada em sua bochecha.

Aery fechou o olho com o toque, o sentindo como um rastro de fogo em sua pele.

Seus olhos brilharam mais, e Leo viu quando suas pupilas dilataram levemente.

Ela estava sentindo também.

Leo abriu a boca, mas nada saiu.

Aery inclinou-se milímetros para frente, os lábios úmidos e entreabertos.

Leo segurou o ar nos pulmões.

Então, ela sorriu suavemente.

— Você está me olhando como se fosse me beijar.

Maldição.

Leo soltou um suspiro pesado, soltando-a no mesmo instante.

Aery piscou quando o contato foi quebrado, mas não recuou completamente.

Leo passou a mão molhada pelo rosto, respirando fundo.

Ele precisava recuperar o controle.

Aery, no entanto, parecia se divertir.

Ela inclinou a cabeça, e mordeu o lábio suavemente.

— Você está fugindo, Leo?

Leo fechou os olhos por um segundo, se forçando a ignorar a voz sedosa dela.

— Cala a boca, Aery.

Aery sorriu.

Ela levou as mãos à cabeça, fechando os olhos dramaticamente.

— Oh, não! Minha inocência está manchada! — exclamou, jogando a cabeça para trás, os cabelos se espalhando sobre a água. — Nunca estive tão perto de um homem antes! Agora quem vai querer se casar comigo?!

Leo revirou os olhos, mas sua boca tremeu, quase sorrindo.

— Você é insuportável.

Aery soltou um riso malicioso.

— E você é tão honrado, Leo. O certo seria você me pedir em casamento agora.

Leo bufou, nadando para longe dela.

— Não quero te ouvir.

— Então pare de me ouvir e me peça em casamento logo!

— Aery.

Ela gargalhou.

— Ah, será que vão dizer que fui desonrada? Ou talvez—

Leo simplesmente saiu da água.

Aery perdeu o fôlego.

Leo subiu à margem com movimentos fortes e firmes, ignorando completamente sua provocação.

Aery não conseguiu evitar.

Seus olhos deslizaram lentamente pelo corpo dele.

As gotas de água desciam preguiçosas por seus cabelos negros, escorrendo pelo pescoço largo e descendo pelo peito definido.

A luz do sol destacava cada detalhe de seus músculos, a pele bronzeada reluzindo com os reflexos dourados da água.

Os ombros largos e esculpidos contraíram conforme ele movia os braços, e os músculos do abdômen, apesar de definidos, tinham uma camada de gordura que o tornava ainda mais tentador.

"Ele parece... um deus."

Aery se esqueceu de respirar.

Leo parecia uma divindade esculpida em carne e ossos.

Os músculos das costas se flexionaram quando ele passou os dedos pelos cabelos, afastando-os do rosto.

Aery não conseguia desviar o olhar.

Ele pegou sua capa e jogou-a sobre o ombro, sem se importar com o couro encharcado agarrando seu corpo.

Leo era… forte, bruto, quente.

E Aery se perguntou como seria ser puxada contra aquele peito novamente.

"Não. Não pense nisso."

Ela piscou algumas vezes, tentando recuperar a compostura.

Mas, quando Leo se virou para encará-la, os olhos dourados a pegaram no flagra.

Ele percebeu.

Aery sentiu o rosto esquentar. Ela desviou o olhar rápido demais.

Mas era tarde.

Ele percebeu o jeito que os olhos dela desceram por seu corpo e se demoraram um pouco mais do que deviam. Percebeu como as bochechas dela coraram mesmo com a pele já quente pelo sol.

Ela olhou para o lado, mas não disse nada.

E isso, por si só, já dizia tudo.

Leo segurou um sorriso.

Mas, em vez de provocá-la, ele fingiu que não viu nada.

Virou-se devagar e pegou sua espada, verificando os fechos da bainha, como se não tivesse acabado de flagrá-la devorando-o com os olhos.

Aery, ainda dentro do lago, respirou fundo e continuou nadando.

— Lumy! Volte aqui!

O pequeno animal pulava animado na água, afastando-se dela, e Aery o seguiu, como se estivesse completamente focada no bichinho.

Ela estava tentando disfarçar.

E isso, de alguma forma, deixou Leo irritado.

Ele sentou-se sobre uma rocha, a espada apoiada contra o joelho, e continuou observando-a.

Os cabelos flutuavam sobre a água, o sol refletindo-se nos fios como ouro líquido. Os braços cortavam a superfície com delicadeza, e o riso dela era leve, puro, como se o mundo não fosse perigoso.

"Ela é estúpida."

Leo apertou a empunhadura da espada.

Estúpida por baixar a guarda, por não ver o perigo real ao seu redor.

"Estúpida por me olhar daquele jeito e depois fingir que nada aconteceu."

Ela ria.

Brincava na água como se pertencesse àquele lugar.

E talvez… pertencesse mesmo.

Ela combinava com aquilo.

O sol, a água límpida, o vento balançando as folhas das árvores, as flores espalhadas… ela parecia ter saído de uma lenda antiga.

Uma criatura mágica. Indomável.

E ele…

Era apenas o intruso que não sabia o que fazer com ela.

Leo desviou os olhos para a espada sobre o joelho.

Mas não conseguiu parar de ouvir a risada dela ecoando pelo lago.

Ela ria baixinho enquanto Lumy subia em um tronco flutuante, tentando manter o equilíbrio. Ela parecia tão despreocupada.

Tão inocente.

Tão estúpida.

"Ela realmente não tem noção do efeito que causa?"

Leo estreitou os olhos.

Ou será que tem?

Aery era imprevisível.

Ela poderia ser apenas uma garota ingênua, brincando na água como se estivesse sozinha no mundo. Ou poderia estar brincando com ele.

E isso era o que mais o incomodava.

Ele não conseguia decifrá-la.

Leo soltou um suspiro baixo, passando a mão pelos cabelos ainda molhados.

Ela o deixava louco.

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Comments

Gelcinete J. Rebouças

Gelcinete J. Rebouças

Vamos lá Leo, atitude 🔥

2025-02-20

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