A Bailarina Da Perna De Pau

A Bailarina Da Perna De Pau

Prólogo

Quando as luzes da arena se apagaram pela segunda vez, Letícia sentiu seu coração vibrar de emoção e expectativa, segurando inconscientemente a mão de Julho Cezar, que retribuiu o gesto em uma forma de conforto. Embora ela não tenha tido a chance de conhecer a moça que dançava no centro daquela arena, estava feliz em vê-la. Maria Teresa era linda e graciosa, ela dançava melhor do que qualquer outra bailarina, deslizando através do palco com tanto poder e naturalidade que até parecia fazer parte dele, e o mais incrível de tudo era que ela também usava uma prótese de perna, elas eram iguais, mas quando encerrou-se um ato, e os refletores foram delegados, Letícia se viu perdida. A escuridão que cobria todo o local, junto aos murmúrios que viam da multidão, despertavam todos os tipos de lembranças embaraçosas em sua mente; ela detestava o escuro mais do que qualquer coisa, porque o escuro a fazia se lembrar do quartinho do respeito, local onde ela era trancada de tempos em tempos. Se a senhora Fernanda não existisse, se ela não trabalhasse em um orfanato, haveriam muitas crianças órfãs que não teriam traumas com o escuro, talvez sua infância tivesse sido um pouco mais fácil. Fernanda não era o tipo de pessoa que aceitava ser provocada por uma criança, mesmo quando ela coava o café em um coador sujo, quando roubava a comida das crianças, ou quando batia em seus braços e pernas com o cabo da vassoura. Sempre que uma criança erguia a voz, sempre que uma criança fazia sujeira, sempre que uma criança era malcriada, ela iniciava o seu macabro processo de “correção"; Fernada a agarrava pelo braço, com aquela mão cheia de calos, enquanto suas unhas grandes e quadradas, como pequenos cutelos, pareciam querer cortar a carne de Letícia. Ela a arrastava por todo o saguão (às vezes, aos berros), levando-a até o corredor e jogando-a, sozinha, no quarto onde ficavam as tralhas e ferramentas do orfanato, todas jogadas pelo chão, formando uma pequena montanha de bagunça; a poeira fazia com que seus pulmões ardessem, e sua garganta coçava de dentro para fora. Naquela época, aos dez anos, Letícia ainda tinha as duas pernas, ela escalava o monte de bagunça e conseguia espremer o seu rosto pela fresta do telhado, onde podia ver um pouco da luz alaranjada do pátio, e ouvir o burburinho distante das outras crianças; mas havia uma sensação sufocante que ficava para trás, uma sensação que trazia um arrepio à sua nuca, como se alguma coisa espiasse das trevas, esperando o momento certo de dar-lhe o bote. Essa sensação foi se tornando mais pertinente no decorrer dos anos, de modo que, em qualquer lugar escuro que ela estivesse, ali estava o par de olhos, espiando-a dos cantos da sala, esperando o momento certo de lhe abocanhar.

Foi em uma manhã nublada de 1992, que Letícia decidiu que era hora de fugir do orfanato de Santa Luzia, que ficava localizado na Praça Seca, em Florianópolis. Ela fugia de Fernanda, depois de passar correndo com os pés sujos pelo refeitório. Como Fernanda era responsável pela limpeza do orfanato, nada a irritava mais do que sujeira e bagunça.

— Letícia, sua vagabunda, quando eu pegar você, eu vou fazer você limpar esse chão com a língua, cê tá ouvindo?! — ela dizia, conforme se aproximava com o seu corpo largo e corcunda, deformado pelas decepções da vida.

— Não, foi sem querer, foi sem querer — ela berrava, conforme corria para longe, deixando suas pegadas de lama pelo piso molhado. Seu desespero vinha, principalmente, da ideia de ter que enfrentar, mais uma vez, o quartinho do respeito, ela não se importava em receber mais algumas pancadas com o cabo da vassoura, nem de ter a sua orelha puxada até que ficasse inchada e vermelha, seu medo real era daquele quarto.

— Sem querer? Você sabe muito bem, não venha com essa, não — Fernanda disse, enquanto elas passavam pela cozinha.

— É sério, eu não vi que tava molhado — ela gritou com a voz chorosa, correndo para a saia Fátima, a senhora que cozinhava para as crianças do orfanato, que, ao contrário de Fernanda, sabia ser amável às vezes.

— Fernanda, deixa a menina, por favor, ela já disse que foi sem querer — Fátima disse, não como quem estava disposta a enfrenta-la, mas com um tom de súplica. Ninguém ousava enfrentar Fernanda, porque ela era louca, havia um brilho doentio em seus olhos verdes, um brilho que se manifestava todas as vezes que alguém a tirava do sério.

— Nem vem, Fátima, não defende essa moleca, não, por favor — Fernanda disse, agarrando no braço de Letícia e arrancando-a de Fátima. Letícia gritou e lutou contra o puxão, mas seu esforço foi inútil, e enquanto era arrastada, tudo que ela podia fazer era gritar pela intervenção de Fátima; mas ela não o fez, apenas ficou lá, olhando-a com uma expressão penosa e resignada no rosto.

— Fernanda, por favor, eu prometo que nunca mais faço isso — ela implorava, chorando e se esperneando, enquanto Fernanda a arrastava para dentro do quarto.

— Não, não, você sempre promete e sempre faz de novo — Fernanda disse, apática, empurrando ela para o meio das ferramentas e se movendo com agilidade para fora do quarto. Letícia correu para tentar alcançar a saída, correu para a fresta de luz que lhe restava, mas a porta foi rapidamente fechada, e seu estrondo seco ecoou pelas paredes do quarto.

— Não! — Letícia gritou, batendo na porta repetidas vezes, os passos de Fernanda foram se afastando, pesados, furiosos, e ela estava novamente sozinha naquela escuridão congelante, sem nada, sem ninguém. O cheiro de graxa logo alcançou as suas narinas, e a fez querer vomitar; não havia saída dali, não havia trégua. Quando sua visão se acostumava com o escuro do depósito, as coisas ficavam ainda mais aterrorizantes, uma vez que as ferramentas e móveis que foram esquecidos por Deus ali, ganhavam formas fantasmagóricas em meio às trevas, visíveis, mas indescritíveis. Letícia chorou, batendo na porta, com medo de olhar sobre o ombro e dar de cara com o que quer que estivesse espiando-a dos cantos inexplorados das trevas. Em todo o seu medo, naquele abandono, ela amaldiçoou, pela  milésima vez, a sua mãe e o seu pai, ou quem quer que a tenha deixado naquele orfanato quando ela ainda era um bebê. Todas as outras crianças que cresceram com ela foram adotadas, Paula, sua melhor amiga, que brincava de boneca com ela quando elas ainda eram crianças, foi levada por uma família que morava em Barra da Tijuca; Joãozinho, que sempre roubava flores do Jardim para presenteá-la em seus aniversários, foi adotado duas semanas antes, e até o cachorro do orfanato, Guga, um vira lata que sempre passava por lá para comer os restos de seu almoço, aparecera morto recentemente, na calçada. Ninguém sabia o motivo, mas o coração de Letícia lhe dizia que aquilo era obra de Fernanda, isso e o fato de ela o ter jurado de morte umas trintas vezes no decorrer do ano.

Cerca de meia hora depois de ela ter sido trancada no depósito, Letícia ouviu o som da porta sendo destrancada. Ela enxugou as lágrimas (que estiveram escorrendo esse tempo todo) e se levantou, sabendo que não era Fernanda do outro lado, ela sempre a deixava ali por umas três ou quatro horas, quando voltava, Fernanda simplesmente a olhava, como se soubesse que fez algo que não devia, e dizia, com uma voz quase branda: Eu espero que isso não se repita, ouviu? Mas "isso" sempre se repetia. Quem estava do outro lado era a senhora Fátima, com a saia toda molhada pela louça que lavou, e os olhos baixos e penosos.

— Silêncio — Fátima sussurrou, pondo um indicador à frente dos lábios; Letícia apenas assentiu em resposta.

O expediente de Fernanda acabava às seis da noite, mas os dormitórios eram limpos pela manhã, por tanto, eram um local seguro depois do meio dia, quando ela estaria limpando os pátios e refeitórios. Assim que Fátima a libertou de sua prisão, Letícia correu para o quarto de número quatro, que ela dividia com mais três garotas, Maria, Socorro e Lídia (seus nomes estavam gravados na porta). Letícia abriu a porta rapidamente e se jogou em sua cama, ficando ali, coberta, enquanto esperava pacientemente que o dia acabasse para ela poder circular normalmente sem ter que se preocupar com aquela bruxa; mas enquanto ficava ali, ponderando sobre a sua vida, ela se lembrou de sua infância, de como nunca fora adotada pelas famílias que passavam por ali, muitas, muitas famílias; alguns até chegavam a conversar com ela, fazendo perguntas sobre sua vida cotidiana, e ela se esforçava para parecer apresentável, mas no fim das contas, acabavam escolhendo outra garota. Letícia sempre achou que havia algo de errado nela, que aquele ali não era o seu lugar, e, em devaneios, ela chegou à pior decisão de todas, Letícia decidiu que fugiria do orfanato.

Assim que chegou a noite, e Fernanda foi embora dali, ela pôs o seu plano em ação, furtando dois pães franceses, um bolinho de cenoura, um quebra cabeças manchado e uma revista de verão, e colocando tudo junto em uma sacola. Ela atravessou o pátio, deixando o burburinho das outras crianças para trás, e atravessando os portões no momento em que o porteiro Jurandir saiu para o banheiro (ele saía a cada uma hora, e ficava uns dez minutos fora, o resto do tempo, ele passava cochilando). Quando saiu daquelas grades negras, respirando o ar da liberdade, Letícia não tinha ideia de qual seria o seu destino, ou se ela ainda voltaria para aquele orfanato algum dia, ela estava com a cabeça cheia de planos, e o coração cheio de ressentimento; mas a sua fuga teve pernas curtas, porque, no momento em que atravessava a praça da seca, beirando o asfalto, em frente da padaria São Tiago (local de onde vieram os pães e o bolo que ela pegou), um Volkswagen Gol vermelho surgiu em seu campo de visão, desgovernado, e subiu encima da praça. Letícia viu o olhar desesperado no rosto do motorista, viu as pessoas correndo para todos os lados, e viu quando o carro passou ao lado de uma das árvores, perdendo o espelho retrovisor esquerdo. Dias mais tarde, ela pensou que se ele estivesse uns trinta centímetros mais para esquerda, teria ficado no caule na árvore, e uma tragédia não teria acontecido, mas ele passou direto por ela, atingindo Letícia. Uma explosão de dor atravessou a sua perna no momento em que o impacto aconteceu, sua mente ficou nublada, como se alguém tivesse apagado o interruptor de seu cérebro, e ela bolou por cima do capô, caindo ao outro lado e vendo as pessoas correrem para todas as direções, ela ouviu os estrondos deixados pelos outros impactos que o gol encontrou em seu caminho. Letícia se arrastou pelo chão, tentando se levantar, mas quando olhou para a sua perna direita, viu que a única coisa que prendia a canela ao que restou do joelho, era um nervo esbranquiçado, os músculos de sua panturrilha haviam sido esmagados, e se assemelhavam a carne moída, seu sangue escorria caudalosamente, formando uma poça enegrecida sob seu corpo. Letícia sentiu sede, tontura e enjoo, mas não sentiu dor. As pessoas se juntaram ao seu redor, com olhares e vozes preocupadas. Apesar da agonia que era grande o bastante para fazê-la desejar a morte, Letícia sentiu que aquela foi a primeira vez que haviam pessoas preocupadas com ela, e aquilo a deixou um pouco feliz. Depois disso, tudo se apagou.

A sensação de morte era uma coisa curiosa, como um abraço gélido, um mergulho para as profundezas do oceano, muito além de onde a luz do sol era capaz de alcançar. Quando abriu os seus olhos, Letícia estava em um quarto de hospital, com paredes brancas e maquinas cinzentas, as coisas ainda estavam um pouco borradas em sua mente, seus pensamentos estavam desfocados, ela apagou novamente em questão de segundos. Quando acordou pela segunda vez, ela não sabia por quanto tempo esteve no vazio, mas havia se lembrado, em sonhos, da figura de sua perna, toda estraçalhada naquela praça, das pessoas a cercando com olhares preocupados. Ela ainda estava sozinha no quarto, mas podia ouvir um burburinho vindo dos corredores, havia uma agulha na articulação de seu cotovelo, ligada, por um pequeno tubo, à uma bolsa de sangue, preso em um cabide, haviam várias letrinhas miúdas na bolsa, mas ela só conseguiu ver a maior, em destaque: "B+". Letícia olhou para os lençóis que cobriam o seu corpo, sentindo uma pontada de ansiedade e desespero latente que a fizeram sentir vontade de urinar, e ela quase não segurou, no momento em que, em uma lufada de coragem, puxou-os para o lado. Sua perna direita já não existia, de alguma forma, fora ceifada de seu corpo, e o seu grito de desespero ecoou pelas paredes do quarto e corredor, atraindo os enfermeiros, que vieram como um enxame de abelhas para perto dela.

— Minha perna, m-minha perna!! — ela gritava.

Letícia recebeu uma prótese da Brasilegs, uma empresa especializada em próteses de pernas, e foi aí que ela conheceu o doutor Julho Cezar. Sua estadia no hospital de Florianópolis durou pouco mais de um mês, ela passou por duas cirurgias nesse período, uma para remover os fragmentos de ossos dos músculos de sua coxa, e a outra para corrigir o formato de seu coto, que se via completamente deformado. Quando voltou ao orfanato, uma semana antes de receber a prótese, Letícia usava duas muletas para caminhar, e toda a sua alegria, toda a sua vontade de viver, pareceram se esvair dela. Aos finais das tardes, Letícia se sentava na calçada do pátio, deixando suas muletas de lado, e ficava observando as outras crianças brincando, desejando nunca ter tido a ideia de fugir. Ela olhava para as crianças correndo e se machucando, e desejava estar com elas, mas não havia nada para ela ali, agora, ainda menos do que antes. Até mesmo Fernanda deixou de incomoda-la depois do acidente, no fundo, ela sabia que tinha culpa no cartório. Às vezes, ela apenas chegava onde Letícia estava sentada, balançando a vassoura e arrastando a poeira (fosse no pátio, nos dormitórios ou no refeitório).

— Eu vou varrer aí, dá licença — Fernanda disse, sem muita suavidade, mas também não havia a agressividade habitual em sua fala.

— Tá — Letícia dizia, pegando as muletas e se arrastando para fora do caminho.

— Tá doendo alguma coisa? — Fernanda perguntava secamente, tentando demonstrar preocupação.

— Não — Letícia respondia, indo para o mais longe possível dela.

Aquele foi o último diálogo que elas tiveram, cerca de uma semana depois, Letícia foi até o consultório do doutor Julho Cezar, acompanhada por Diane Souza, a diretora do orfanato, uma mulher que só dava as caras por ali uma vez por mês, ou em ocasiões especiais. Ela sempre usava vestidos formais, e seus cabelos já estavam ficando grisalhos. O orfanato havia conseguido uma doação e encomendado uma prótese por meio de uma corporação privada, o que a impedia de esperar por meses pelo atendimento público. O Doutor Julho Cezar era um homem alto, calvo, com olhos castanhos e a barba bem aparada. Quando ela entrou no consultório, junto de Diane Souza, ele sorriu gentilmente e indicou os pufes que haviam em frente ao seu gabinete. Letícia se sentou desconsertadamente no pufe vermelho, recolhendo suas muletas e as deixando de lado, e Diane se sentou no branco.

— Bom dia, Letícia, tudo bem? — Julho Cezar a cumprimentou com um sorriso bobo no rosto, como se falasse com uma criança.

— Tudo — ela respondeu, um pouco resignada.

— Olha, eu sei que isso é difícil no começo, você se sente um pouco perdida, parece que as coisas não vão mais voltar a ser como eram, mas você vai treinar com a prótese, vai ter o acompanhamento de uma fisioterapeuta, e você vai voltar a andar normalmente, tá bom? — ele disse, e ela viu algo além de sinceridade e gentileza nos olhos dele, algo que ela jamais tinha visto nos olhos de um adulto. Nos olhos dele, haviam uma estranha e (ao menos para ela) desconhecida disposição. Letícia assentiu com um ar sonhador.

— Certo — ela disse.

— Certo, então... — ele fez uma pausa, inclinando o corpo abaixo do balcão, ficando ali por alguns segundos, procurando alguma coisa, e, por fim, ele se ergueu, segurando um embrulho de plástico bolha com o formato de uma perna. Letícia conseguia ver a cor rosa que formava a coxa, e uma haste metálica representando uma canela. Não era tão parecida com uma perna humana, mas parecia ser relativamente funcional.

— Ela vai poder caminhar normalmente com isso? — Diane perguntou de forma apática, e ao desviar os olhos de Julho Cezar para ela, Letícia sentiu o contraste dos tipos de adultos completamente diferentes que eles eram.

— A prótese transfemural tem algumas limitações, porque o joelho dela é feito de fibra metálica, e não tem o movimento perfeito de um joelho, mas olha, tem muita gente que consegue levar uma vida normal com isso — ele disse, ganhando um brilho no olhar, enquanto sua mente provavelmente se enchia de exemplos. Julho Cezar levou um tempo até escolher o seu modelo, e quando falou, Letícia não pôde acreditar — Tem uma menina, Maria Teresa, que usa uma prótese igual a essa, e ela dança ballet. Ela vai se apresentar esse fim de semana, lá na Arena Carioca, conhece?

— Não conheço, não — Diane disse, sem muito interesse.

— Que dia vai ser? — Letícia perguntou, se inclinando em direção a Julho Cezar, que sorriu para ela, entregando a prótese nas mãos de Diane.

— Vai ser no sábado, dia dez — Julho Cezar disse — Você quer assistir? Eu posso te levar — ele emendou, pondo as mãos sobre o gabinete e se inclinando de forma sonhadora em sua direção. Havia uma questão muito forte em jogo naquele momento, porque uma bailarina que usava uma prótese de perna, sem dúvidas, era algo surreal em sua mente, mas ao mesmo tempo, a ideia de que alguém assim poderia existir, por si só, gerava uma espécie de atração em seu coração, como se vê-la dançar, vê-la rodopiar e pular em um palco, fosse tudo que Letícia precisava para se sentir inteira novamente, para se sentir capaz.

— O nome dela é Maria Teresa, né? — ela perguntou, e ele assentiu. Maria Teresa, uma bailarina de prótese, que tipo de pessoa ela deveria ser?

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Comments

Edione Souza

Edione Souza

Como é importante o olhar do outro qdo necessitamos. Toda dor que Letícia sentiu n'alma, passou para o físico, porém todas as dores da alma e do corpo vai passar. Sinto que esse olhar HUMANO vira do doutor. Ela vai ser uma vencedora?

2024-06-09

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