Amante Por Acaso!

Amante Por Acaso!

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PRÓLOGO.

É noite de sexta feira. Após várias semanas fatídicas de muito trabalho finalmente eu e meu sócio Renato podemos comemorar nossa vitória, afinal conseguimos fechar negócio com uma das maiores redes de telecomunicações do país, um imensurável avanço para a Fênix, nossa pequena agencia publicitária que dá seus primeiros passos rumo ao progresso.

Estamos em um clube na Lapa, sentados ao bar, observando a pista de dança repleta de pessoas agitando-se ao ritmo frenético da musica.

-- Daqui a alguns anos seremos os maiores do país. – Renato fala, eufórico, ingerindo um grande gole do seu uísque.

-- Talvez do mundo meu amigo. – Não posso conter meu otimismo. É muita sorte, ou excesso de competência dois jovens recém formados em inicio de carreira como nós conseguirmos um negócio tão grande como este.

Uma garota de pele morena e cabelos negros, usando um mine vestido colado ao corpo, senta-se ao meu lado, fitando-me profundamente nos olhos. Como não correspondo ao seu olhar, pergunta:

-- V ocê pode pagar uma bebida pra mim gato?

-- Claro. Pode pedir o que quiser. – Respondo, embora sabendo quais são suas intenções e não estando de acordo com elas, seria muita falta de educação da minha parte recusar-lhe a bebida.

Ela pede vodka com água, após ingerir o primeiro gole, vira-se de frente para mim, cruzando as pernas sensualmente diante do corpo, insinuando-se, deixando claro o que quer.

Renato por pouco não deixa seus olhos saltarem sobre a garota, é linda, porém, quanto a mim, não tenho olhos para outra que não minha Rafaela, a mulher por quem sou perdidamente apaixonado, a dona de cada pensamento meu.

Apesar de estarmos casados há dois anos, a paixão continua acesa no nosso coração, o tesão continua o mesmo de quando nos conhecemos, somos plenamente felizes juntos, embora nesses últimos meses não tenha encontrado muito tempo para ficar com ela.

-- Quer dançar gatinho? – A morena pergunta, insinuando-se, apesar de já ter lhe dado sinais claros de desinteresse.

-- Não estou afim. Mas meu amigo aqui adoraria dançar como você.

Ela bufa, me encara com indignação, depois afasta-se, com passos largos e apressados.

Renato cai na gargalhada.

-- Cara, eu queria ter essa sorte pra mulheres que você tem. Não deixaria escapar uma.

-- Não existe outra mulher pra mim que não seja Rafaela.

-- Acho lindo o amor de vocês, mas sair da rotina de vez em quando faz bem.

Uma loura começa a me encarar da pista de dança, movendo seu corpo sensualmente. Finjo que não vejo, mas não escapo do seu bote, logo ela aproxima-se, sentando-se na banqueta ao meu lado.

-- Oi gato. Sabia que passaria a noite toda beijando essa tua boca linda? – É mais direta que a morena.

-- Pena que esta boca já tenha dona.

– Respondo.

-- Tudo bem, não sou ciumenta.

Penso em algo a dizer para me livrar dela sem parecer grosso ou mal educado, quando meu telefone toca. O numero é desconhecido.

- - Por gentileza, com quem eu falo? – Pergunta a voz masculina, ligeiramente ansiosa, do outro lado da linha.

-- Sou Neil O’connell, com quem falo?

- - Sou o detetive Luiz Mendonça.

Você conhece uma mulher chamada Rafaela O’connell?

-- Sim, é minha esposa. O que tem ela? – Tenho um mau pressentimento e meu coração aperta no peito.

- - Encontramos um corpo cujas características batem com as dela.

Precisamos que o senhor venha até o necrotério do centro da cidade para fazer o reconhecimento.

Me recuso a acreditar no que acabo de ouvir.

-- Como é? O que você disse?

- - Não se assuste, pode não ser ela. Só podemos afirmar ao certo após o seu reconhecimento.

Estamos o aguardando aqui. – E desliga o telefone.

Tenho dificuldades em puxar o ar para meus pulmões, é como se o chão se abrisse sob meus pés e eu mergulhasse num abismo profundo e sombrio.

Imediatamente, ligo para o celular de Rafaela, está fora de área de cobertura ou desligado.

Provavelmente ela se esqueceu de colocar o aparelho para carregar, não é muito de se preocupar com esses detalhes.

-- O que foi cara? V ocê está mais branco que algodão. – Renato fala.

-- Estão achando que aconteceu algo com Rafaela. Precisamos ir ao necrotério fazer um reconhecimento.

Mas não é ela. Não pode ser.

Renato fita-me em silencio por um instante, digerindo minhas palavras.

-- Claro que não irmão, fica calmo.

Ele paga a conta do bar com pressa e deixamos o estabelecimento.

Renato acredita que eu não estou em condições de dirigir, então toma o volante do meu carro e nos conduz até o necrotério localizado no centro do Rio de Janeiro.

Durante todo o trajeto, tento ligar para Rafaela, mas o telefone não chama.

Chegando lá, nos identificamos na portaria e somos conduzidos por um funcionário uniformizado através de um imenso corredor, enquanto uma tempestade silenciosa acontece dentro de mim.

Pegamos o elevador, subimos três andares, atravessamos outro corredor e por fim entramos numa sala pequena, com a tintura da parede descascada e um cheiro fétido impregnado no ar, onde dois homens nos aguardam.

-- Olá, sou o deteve Luiz. Qual de vocês dois é Neil? – Fala um dos homens, um afro descendente, obeso que usa uma camisa menor que seu tamanho.

-- Sou eu. Onde está a mulher a quem você se referiu no telefone? – Tento parecer o mais firme possível, o receio corroendo-me por dentro.

-- V enham comigo. – Ele gesticula para que o sigamos.

Nos conduz através de uma porta dupla localizada nos fundos da sala, a qual dá acesso a um amplo cômodo bem iluminado, onde um cheiro de podre está impregnado no ar. Embutidas nas paredes há muitas gavetas de metal enferrujadas, imagino que seja onde guardem os corpos.

O seguimos até os fundos do imenso salão, quando ele abre uma das gavetas.

Minhas pernas tremem, meu coração bate mais devagar. Tenho receio de olhar para o corpo que ele me expõe.

-- Então, essa mulher é sua esposa?

– O detetive pergunta, com espantosa frieza.

Sufoco o medo dentro de mim e olho para ela, logo vejo seus densos cabelos louros, seu rosto perfeito completamente desfigurado, sem cor, coberto por pequenos cortes e um buraco de bala na testa. É Rafaela, não tenho duvidas. Está completamente nua, o corpo coberto por hematomas, os mamilos arrancados. Quem faria uma monstruosidade daquelas?

De súbito não sinto mais minhas pernas e a gravidade me puxa para o chão, só não caio porque Renato e o detetive me seguram um de cada lado.

-- Quem fez isso com ela? – Pergunto, esforçando-me para manter-me lúcido.

-- Ainda não sabemos. A encontramos há poucas horas em um terreno baldio na Baixada Fluminense. É a terceira mulher que encontramos assim, toda machucada e com os mamilos cortados esse ano.

Parece que foram vitimas do mesmo assassino, mas não temos idéia de quem seja.

-- E por que não investigam e pegam esse miserável?! – Eu grito, desesperado. Gostaria de fugir de tal realidade, da certeza de que perdi minha Rafaela para sempre e de maneira tão sórdida.

-- Tenha calma amigo. – Renato fala.

-- Como posso ter calma?!

Pagamos milhões de impostos e esses miseráveis não conseguem pegar um maldito assassino de mulheres!

-- Calma lá, companheiro. – O detetive intervêm. – Estamos trabalhando no caso. Mas assassinos em serie geralmente são pessoas muito inteligentes, dificilmente deixam pistas para trás.

Observo o rosto da minha amada por mais algum tempo, chocado, desesperado. Se não tivesse passado tanto tempo trabalhando e me dedicado mais a ela talvez aquilo não tivesse acontecido, talvez ainda estivesse viva.

Mais tarde, quando deixo o necrotério estou decidido: se a policia não encontrar o assassino eu mesmo o encontrarei e o farei pagar caro por me tirar aquilo que eu tinha de mais preciosos na vida.

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Comments

Mara Lessa

Mara Lessa

Começando a ler 19/9/24

2024-09-19

0

luh mattos

luh mattos

tomare que ele encontre o assassino

2023-11-05

13

Claudia Ferreira

Claudia Ferreira

ele vai pegar quem foi

2023-09-21

3

Ver todos

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