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Amanda

A noite está quente e abafada. Rolo de um lado para o outro da cama e não consigo dormir. Sinto-me solitária sem a presença de Douglas.

Há muito tempo ele não saía de casa à noite, mas arrumou outra amante e há poucos dias tem saído todas as noites, produzido e perfumado, com a falsa desculpa de que vai encontrar alguns amigos. Mas já estou acostumada, desde que nos casamos há três anos ele vem mantendo relações com outras mulheres. Não são relacionamentos muito duradouros, quando acaba ele passa meses sem sair à noite e de repente tudo começa de novo, como agora.

Desisto da cama, levanto-me e vou até a sacada, recostando-me à mureta de madeira, observando a escuridão da noite lá fora, onde o silencio é quebrado apenas pelos burburinhos dos insetos. Sinto-me completamente solitária. Se pelo menos minha irmã Rebeca estivesse em casa, poderia me fazer companhia, mas ela sai todas as noites, retornando apenas ao amanhecer, geralmente bêbeda, com um cara diferente a cada semana.

Apesar de ser um ano mais velha que eu, não sabe o que quer da vida, não estuda, não trabalha, não tem um relacionamento serio, sempre foi problemática.

Quanto a mim, sempre fui uma pessoa perfeita. Fruto de uma família tradicional da alta sociedade carioca, na escola era a melhor aluna da sala, sempre tirando notas boas, sendo popular; como filha, jamais recebi queixa dos meus pais, pois sempre fui bem comportada e obediente. Aos dezenove anos de idade me formei na faculdade de Filosofia e como não podia ser diferente, me casei com o homem perfeito. O solteiro mais cobiçado do Rio de Janeiro, que encantava as mulheres com seus lindos olhos verdes, seu porte atlético e sua imensurável fortuna. Porém nem tudo é o que parece, de perfeito Douglas não tem nada, me obriga a viver neste lugar isolado da sociedade; é frio, distante; me trata com indiferença e o que é pior: me trai com suas amantes. Por vezes penso em deixá-lo, mas isso acarretaria um escândalo na alta sociedade e uma grande decepção para meus pais que acreditam que sou plenamente feliz, já que vivo uma vida de aparências.

Uma tempestade começa a se formar no céu, relâmpagos seguidos de estrondosas trovoadas iluminam a escuridão da noite, por segundos, revelando a floresta obscura diante de mim.

Sinto-me cada minuto mais só, abandonada, isolada. Preciso sair, ver pessoas, conversar, me divertir.

Decidida a procurar alguma distração em Teresópolis, troco a camisola por um vestido de linho preto, esportivo, escovo bem os cabelos, deixando-os soltos ao longo das costas, ponho um pouco de rimel e gloss labial. Passam das dez horas da noite quando vou até a garagem e deixo a residência com meu Land Rover Discovery, presente de Douglas pelo meu vigésimo segundo aniversário.

Sigo pela estrada estreita sem asfalto, em baixa velocidade, sem saber exatamente o que estou fazendo, ou para onde ir, jamais antes cometi uma loucura daquelas, sair de casa esta hora da noite, sozinha, sem Douglas ou Rebeca, apenas estou farta de ficar sozinha.

Quando alcanço a estrada asfaltada, a chuva começa a cair, grossa, incessante, embaçando-me a visão.

Tento dirigir o mais lentamente possível, mas a estrada está derrapando e entro em pânico. Outro veículo passa por mim, no sentido oposto, obstruindo-me completamente a visão, quando me dou conta estou fora da estrada, descendo morro abaixo, precisando de muito esforço e concentração para me desviar das arvores no caminho, mas acabo batendo em uma delas e o carro se detém. Por sorte estou usando cinto de segurança e não me machuco, embora o pânico tome conta de mim.

Demoro alguns segundos para me recuperar do choque. Olho ao redor, tentando descobrir onde estou, mas não vejo nada que não a negra penumbra da noite, sendo iluminada de vez em quando pelos relâmpagos, quando posso enxergar a consecução de arvores no terreno declinado e nada mais.

Chego à conclusão de que preciso pedir ajuda e só então me dou conta de que deixei o celular em casa, junto com a bolsa, os cartões de créditos e meus documentos. Que espécie de aventureira sou eu que saio despreparada para minha primeira aventura?

É assustador pensar em deixar o interior do carro, mas é minha única alternativa, não posso passar a noite ali, preciso pedir ajuda, ligar para um reboque ou para Douglas. É a oportunidade ideal de falar com ele, interromper seus momentos de luxuria ao lado da sua amante.

Decidida a voltar para a estrada e parar um carro qualquer, cujo motorista possa me ajudar, deixo o veículo, a chuva encharcando-me.

Começo a escalar o morro, na direção da rodovia. A escuridão é assustadora, a lama chega ultrapassa meus tornozelos, a todo instante acredito ouvir sons de grunhidos de animais selvagens, apesar de saber que os animais mais perigosos por ali são as cobras e elas não emitem som algum.

Caminho por cerca de meia hora, morro acima, não ouço o som dos carros na rodovia e começo a ficar desesperada. Acredito que peguei a direção errada.

Ao longe, avisto uma pequena luz em meio à escuridão, sem pensar duas vezes sigo em direção a ela, o mais depressa possível. Trata-se de uma pequena cabana construída de madeira que parece caindo aos pedaços. Há uma varanda na frente, com uma luz acesa. A claridade parte também das frestas da porta, indicando que há pessoas na casa.

Aliviada, bato na porta. Nada acontece. Bato novamente, com mais força. Poucos segundos se passam e esta se abre. Um homem sai lá de dentro, apesar de estar diferente, com os cabelos meio arrepiados, imediatamente o reconheço, trata-se do peão que despedi esta tarde. Está usando apenas uma cueca boxer preta, revelando o corpo grande, musculoso, coberto por tatuagens tribais nos braços e ombros. Tem a pele bronzeada, suada.

Por alguma razão tenho dificuldade em respirar ao olhar para ele.

Ele me examina dos pés à cabeça e um meio sorriso surge nos seus lábios, concomitante a um brilho de satisfação nos olhos castanhos claros. Sinto-me humilhada por me encontrar naquele estado, toda molhada, precisando pedir ajuda a ele, após tê-lo demitido.

-- Desculpe incomodar, mas meu carro bateu aqui perto. Será que posso usar seu telefone? -- Evito olhar nos seus olhos para não ver aquele brilho de satisfação.

-- Ora, ora, ora. Como o mundo dá voltas. Há poucas horas você me tratou como um lixo agora está na minha porta me pedindo ajuda e toda educada.

Não apenas suas palavras, mas o tom debochado com que são pronunciadas fazem a raivar esquentar o meu sangue.

-- Quer saber? Deixa pra lá. Eu não preciso de um troglodita como você.

-- Está bem. – Ele responde, calmamente e volta para dentro, fechando a porta atrás de si.

Olho para a escuridão da mata, em busca de outra solução, mas tudo me parece assustador. Sento-me no banco de madeira na varanda, desalentada. A chuva continua desabando, cada vez mais grossa.

Penso em esperar o dia amanhecer ali mesmo e voltar a procurar a estrada, mas não me parece uma boa alternativa, estou molhada, sinto frio, grunhidos de animais parecem partir de todos os lados, fazendo-me acreditar que posso ser atacada a qualquer momento.

Droga! Só me resta me humilhar.

Volto a bater na porta, desta vez ele não demora para abrir. Ainda usa apenas a cueca, recosta-se no batente da porta, cruzando os braços diante do corpo, lembrando um monumento romano.

-- Olha, desculpa por ter te demitido essa tarde, ok? Agora será que posso usar seu telefone? – Pergunto.

Ele demora para responder, como se estivesse pensando no que dizer.

Ainda me olha com um brilho sórdido.

-- Eu não tenho telefone, apenas o celular, mas quando está chovendo não tem cobertura aqui. No entanto, se você me der sua palavra que devolverá meu emprego amanhã, deixarei você passar a noite aqui e pela manhã vou atrás de um reboque para resgatar seu carro. O que acha?

Não sei o que responder. Estou indecisa. Devolver o emprego dele é fácil, agora passar a noite numa cabana com um homem que abre a porta só de cueca não me parece uma boa idéia.

-- Pense bem. – Ele fala. – Aí fora está cheio de animais selvagens que podem te atacar a qualquer momento. Sem falar que está frio e vai esfriar ainda mais.

Ok, ele me convence. V ou tentar não olhar para ele enquanto estiver na sua deplorável moradia.

-- Tudo bem. Eu concordo. Amanhã você terá seu emprego de volta.

Ele abre passagem para mim. Ao entrar na pequena sala, decorada com moveis rústicos, fico chocada ao ver uma mulher de cabelos negros e seios enormes, usando apenas uma calcinha transparente que não esconde absolutamente nada, espichada sobre o sofá de couro, fumando um cigarro e bebendo uísque direto do gargalo da garrafa.

-- Esta é... – Ele tenta nos apresentar. – Como é mesmo seu nome? – Pergunta à garota.

Como pode não saber o nome da mulher com quem aparentemente está tendo relações sexuais?

-- Cíntia. – Responde ela.

-- Cíntia essa é minha patroa Amanda.

-- É um prazer conhecê-la Cintia. – Respondo, sem me recordar de em que momento disse meu nome a ele.

-- O prazer é todo meu, gata. – Ela responde. É impressão minha ou está me fitando com malicia?

Ele gesticula para que o siga, conduzindo-me a uma porta que parece dar acesso ao segundo único cômodo da casa.

-- V ocê pode ficar no meu quarto.

Tem roupas secas no armário e uma cama para você descansar.

Entro no quarto, tem cerca de quatro metros quadrados, é mobiliado unicamente por uma cama de casal, um armário compensado antigo e uma cômoda velha. Pela aparência desmazelada dele, esperava que estivesse mais bagunçado. Mas está tudo arrumadinho, os lençóis da cama parecem limpos.

-- Quer comer alguma coisa? – Ele pergunta, observando-me da porta, enquanto examino o cômodo.

-- Não. Estou bem.

-- Então boa noite.

Ele sai, fechando a porta atrás de si.

Nem nos meus piores pesadelos esperava que minha noite terminasse assim, na casa de um peão seminu que tem relações sexuais com uma mulher de quem sequer sabe o nome.

Tento não pensar no que eles podem estar fazendo agora na sala.

V ou até o armário e encontro vários trajes sofisticados que não parecem pertencer a um peão. Escolho uma camisa branca de mangas compridas e uma bermuda de tecido. Troco minhas roupas molhadas por estas, ciente de que estou ridícula. Mas para passar a noite está bom.

Estendo meu vestido sobre a cômoda, para que escorra a água e deito-me. Os lençóis têm cheiro de suor masculino, mas não é desagradável, pelo contrario, me transmitem uma sensação boa e me fazem ter pensamentos de luxuria.

Pouco a pouco meu corpo vai relaxando sobre o colchão, quando de repente gemidos enlouquecidos da mulher começam a partir da sala.

Minha nossa! Eles estão transando!

Tento tapar os ouvidos com o travesseiro, mas a curiosidade fala mais alto. Levanto-me na ponta dos pés, vou até a porta e olho por uma fenda na madeira, não se deram ao trabalho de apagar a luz, portanto posso vê-los claramente.

A mulher está sentada sobre a mesa com as pernas arreganhadas, completamente nua. Logan, também nu, está em pé, seus quadris encaixados entre as pernas dela, movendo-se para a frente e para trás, a está penetrando. Ele é muito grande perto dela que é magrinha.

Parece que vai parti-la ao meio a qualquer momento.

Primeiro fico envergonhada, depois excitada. Instintivamente levo minha mão ao interior das minhas pernas, onde começa um formigamento.

São impressionantes a beleza e a sensualidade do corpo de Logan.

Seus músculos são bem definidos, nas costas, tórax e coxas; o traseiro é firme, perfeito; as tatuagens e os cabelos arrepiados emprestam-lhe um ar de selvageria que me deixa ainda mais excitada e me faz desejar estar no lugar daquela mulher.

Repreendo a mim mesma pelo pensamento, afinal sou uma mulher casada.

Ele deixa sua vagina, expondo o pênis ainda duro, enorme, como eu jamais imaginei existir. Sinto um desejo incontrolável de senti-lo dentro de mim. Realmente gostaria de estar no lugar daquela mulher, não é a coisa certa a se pensar, mas é o que meu corpo clama. Não devia ter olhado para eles. Agora ficarei me torturando.

Ele fica de joelhos diante dela, colocando a boca sobre seu sexo, lambendo-o.

Ah meu Deus! Ele está realmente fazendo aquilo? Eu acreditava que as pessoas faziam isso apenas nos filmes pornográficos, por dinheiro.

A mulher arqueja, geme, se contorce e eu quero mais que qualquer outra coisa na vida estar no lugar dela. Meu corpo está em chamas, tomado pela luxuria, como nunca esteve antes.

Ela começa a convulsionar, grita, parece estar passando mal, mas logo se acalma. Ele tira a boca de onde estava, coloca-se em pé, beija-a demoradamente nos lábios, depois a faz ficar de pé também, vira-a de costas para si, com uma brutalidade que não compreendo, já que pareciam estar se dando tão bem.

Inclina o corpo dela sobre a mesa, enrola seus cabelos negros em uma mão, afasta suas pernas e a penetra por trás, com rapidez e brutalidade.

Com a mão livre, começa a bater nas suas nádegas, deixando-as vermelhas. Parece um animal no cio.

Acredito que aquela garota pode estar se sentindo um lixo por ser tratada daquela maneira tão bruta, mas ela parece estar gostando, volta a gemer, a se contorcer, puxa-o mais para si, como se o tamanho dele fosse insuficiente para satisfazê-la.

É inevitável. Estou ofegante, quente, querendo que ele faça comigo o mesmo que está fazendo com ela, não importa que me trate com brutalidade, que aja como um animal, eu o quero dentro de mim, experimentar seu tamanho exagerado, sua boca no meu sexo, como Douglas nunca fez comigo, mas certamente faz com suas amantes.

Eles terminam, deixando-se cair moles sobre o sofá. A mulher acende um cigarro, Logan olha diretamente para a porta do quarto, a expressão dura, como se adivinhasse que estou ali observando-os.

Corro de volta para a cama, deito-me. Quando junto minhas pernas percebo que minha vagina está molhada, minha calcinha lambuzada.

Infelizmente não tenho como me limpar, embora haja um banheiro ali não posso fazer barulho, ou eles desconfiarão que estive observando-os.

Eles conversam na sala, falam baixo, não compreendo o que dizem.

Algum tempo depois ouço o ronco de um motor do lado de fora, não é de um carro, parece uma moto, que parte barulhenta.

Ele foi levá-la em casa? Estou sozinha no casebre no meio da mata?

Ele volta ainda esta noite ou dormirá na casa dela?

Subitamente a porta do quarto se abre, respondendo a todas as minhas indagações. Ouço passos pesados se aproximando da cama, são dele, posso sentir. Finjo que estou dormindo, embora seja difícil controlar as batidas aceleradas do meu coração.

Ele permanece quieto, tão próximo da cama que posso sentir o cheiro do seu suor, o mesmo que está impregnado nos lençóis. Está me observando? Pretende me pegar à força? Se pegar vou protestar ou me render à luxuria que navega dentro de mim?

A respiração dele fica ofegante, posso ouvi-lo puxando o ar com dificuldade. Oh my! O que está acontecendo?

Quero abrir os olhos, ver o que ele está fazendo, mas não encontro coragem. Tenho a impressão de que ele sabe que estive observando sua transa.

Um longo tempo se passa, ele ainda está ali, parece parado, apenas me observando. Por fim ouço seus passos deixando o quarto e a porta se fechando. Deixo escapar um longo suspiro, como se um peso fosse tirado das minhas costas.

Repasso mentalmente as cenas que presenciei, as sensações que me despertaram e sei que jamais as esquecerei.

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Comments

Eldeir Santos

Eldeir Santos

nossa, que delícia. coloca fotos deles

2023-11-27

8

luh mattos

luh mattos

eita que acho que ela está querendo algo com ele viu kkkkk gostei

2023-11-05

4

Maria Cristina Fernandes dos Santos

Maria Cristina Fernandes dos Santos

uau

2023-10-10

3

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