Amanda
Estou internada há uma semana, nem posso acreditar que receberei alta hoje. São sete horas da manhã, estou pronta para sair, apenas esperando Neil vir me buscar.
Contrariando as vontades da minha mãe, combinamos que eu ficaria no apartamento dele até me estabilizar, tipo arranjar um emprego e um lugar para morar.
Queria que me convidasse a ficar definitivamente, pois o amo profundamente e quero estar perto de si durante as vinte e quatro horas do dia. Mas não me fez tal proposta e não vou dar uma de oferecida.
Ele passou toda a semana ao meu lado no hospital, me deixando apenas por poucas horas, enquanto ia ao hotel onde está hospedado em Mangaratiba tomar banho e trocar de roupas.
Para minha total decepção, Patrícia chega primeiro que ele. Como vem fazendo nos últimos dias, tenta me convencer a ir para sua casa.
-- Como você pode ir pra casa desse homem, minha filha. V ocê mal o conhece. Até nome falso ele usou para entrar no sitio. – É seu principal argumento.
-- Eu o amo mãe e isso é tudo o que importa.
Neil entra na enfermaria bem a tempo de ouvir minha última frase.
Parece diferente: usa uma camisa social e gravata. Nunca o vi de gravata entes. Acho que não combina com seu estilo bad boy, mas ficaria lindo mesmo que usasse um barril na cabeça.
Aproxima-se mais de mim, seu cheiro gostoso alcançando-me as narinas, inebriando-me, planta um selinho nos meus lábios e diz:
-- Oi. – Parece tímido, sem jeito, como nunca o vi antes. O que há com ele? – Pronta pra ir? – Pergunta.
-- Prontíssima. – Respondo, colocando de pé.
Uso um vestido bege de seda curto, que fica soltinho no corpo, me deixando o mais confortável possível, já que tenho todo o ombro e parte do braço enfaixados.
-- Pense bem Amanda. Lá em casa você terá mais espaço e poderei cuidar de você. – Patrícia insiste. Se não fosse minha mãe a mandaria calar a boca.
-- Fique tranqüila dona Patrícia, sua filha está em boas mãos.
Cuidarei muito bem dela. – Neil se defende.
Sinto-me protegida com suas palavras. Quero pular nos seus braços, morder seus músculos gostosos e seu queixo másculo. Mas estou ciente de que demorarei muito tempo para conseguir fazer isso.
Ele coloca minha mochila nas costas, estende-me a mão e deixamos o hospital de mãos dadas, enquanto Patrícia nos segue, insistindo em tentar me convencer a ir para a casa dela. Não entendo porque não confia em Neil. Acredito que não goste dele pela simples razão de que é pobre. Por outro lado, sou a única filha que lhe restou, talvez me queira perto de si por esse motivo.
Mas não quero mais pensar nela.
Não gosto do seu estilo de vida, trocando de marido constantemente, sempre em busca de homens ricos para lhe sustentar. Meu casamento com Douglas aconteceu mais por influencia dela que por outro motivo, porque ele era rico e o resultado não podia ser pior. Não que a esteja julgando pelos seus atos, cada um vive como quer.
Apenas estou escolhendo ser diferente, ir para onde está minha felicidade.
Diante do hospital nos despedimos, ela vai ao encontro do seu marido numero quatro, entrando no carro luxuoso dele. Neil abre a porta do carona do seu Audi para mim, sento-me, sentindo uma fisgada no ombro ao realizar o movimento.
-- Você está bem? – Ele pergunta.
-- Sim. Foi só uma dorzinha, mas já passou.
Ele deita a cabeça de lado, observando-me, sondando-me, como se tentasse decifrar se estou realmente bem. Por fim se convence, sentando-se ao volante, dando a partida.
Dirigi devagar através da estrada cercada pelo mato por ambos os lados, rumo ao Rio de Janeiro.
-- V ocê e sua mãe não de são muito bem, ou é impressão minha? – Ele pergunta, depois de um longo momento de silencio.
Penso antes de responder, escolhendo cautelosamente as palavras.
-- Não é que não nos demos bem, apenas não gosto do estilo de vida dela. Depois que meu pai morreu, há sete anos atrás, ela já teve quatro maridos, vê se pode. Cada um mais rico que o outro. Demorei um tempo para perceber o quanto é ambiciosa e o quanto me manipulou a casar-me com Douglas, simplesmente porque ele era rico.
É estranho falar de Douglas no passado. Mas mais estranho ainda é o fato de que sua morte não me afetou nem um pouco. Mesmo após cinco anos de casada, não senti absolutamente nada quando ele morreu. Minha consciência deveria pesar por isso, mas não pesa.
Minha única dor foi a morte de Rebeca, minha irmã querida, com quem cresci, de quem cuidei desde pequena, embora sendo mais nova.
Por muitas vezes assumi a culpa pelas loucuras que ela cometia, quando criança, para não vê-la sendo castigada, a protegi o quanto pude, mas não foi suficiente.
Recordo-me das suas últimas palavras, afirmando que eu atrapalhei sua vida ao me casar com Douglas, que sempre fui a preferida por nossos pais, que tive o que ela não teve. Jamais imaginei que ela pensasse isso de mim. Mas como culpá-la? Desde a adolescência vinha demonstrando sinais claros de desequilíbrio mental. Se tivéssemos lhe proporcionado um tratamento adequado, talvez nada do que aconteceu teria acontecido.
-- Quero que nosso filho se chame Neil Junior. – Neil fala, despertando-me dos devaneios, lembrando-me que de agora em diante tenho motivos apenas para ser feliz.
-- Como você é pretensioso. Quem disse que pode escolher o nome? – Falo, sorrindo.
-- Então vamos combinar assim: se for menina você escolhe o nome, se for menino eu escolho. Fechado?
Penso antes de responder.
-- Fechado. – Concordo.
Continuamos falando sobre o fruto do nosso amor durante todo o trajeto. Algumas horas depois estacionamos diante do prédio em que ele mora no Leblon, um edifício modesto, sem muito luxo, porém aparentemente bem freqüentado.
Fica a dois quarteirões de distância da praia.
Estacionamos na garagem interna, saltamos, atravessamos o saguão de mãos dadas e pegamos o elevador.
Neil volta a ficar tenso, sem jeito, estranho, como quando entrou na enfermaria do hospital.
-- Você está estranho. Há algo que queira me contar? – Pergunto desta vez.
Ele sorri, seus olhos castanhos claros brilhando intensamente, mas não diz nada.
Entramos no apartamento. A sala é pequena, porém muito bem decorada, com moveis modernos, de bom gosto. Há um jogo de sofá branco; uma estante pequena que compota um micro system, televisão de plasma e DVD. Está tudo muito limpo e organizado e há várias miniaturas de carros de diversos modelos e materiais espalhados pelo cômodo, talvez seja sua coleção.
-- V enha, vou te mostrar o resto do apartamento. – Fala, abandonando minha mochila sobre o estofado, puxando-me pela mão.
Seguimos por um corredor, onde há dois quartos, um pequeno com cama de solteiro, guarda roupas e cômoda e outro maior, o que ele ocupa, onde há uma imensa cama de casal;
closet; dois criados mudos comportando abajús brancos; uma poltrona moderna; mesa com computador e uma pequena estante com livros.
-- O que você gosta de ler? – Pergunto, observando os livros.
-- Romance policial e você?
Fico constrangida, pois não tenho o hábito da leitura.
-- Revistas de fofoca. – Respondo.
Seu rosto se ilumina com um sorriso.
-- Agora quero te mostrar o principal. Venha.
Puxa-me pela mão, conduzindo-me para a sala de estar, depois para uma sala menor, que é dividida por um balcão de mármore, sendo a cozinha moderna do outro lado.
Nesta sala há uma mesa de vidro pequena, sob um lustre pendurado no teto. Na cozinha, uma mulher jovem, de aparência humilde nos recebe sorridente.
-- Amanda, essa é Rita. Ela vem aqui me ajudar de vez em quando.
Hoje veio preparar nosso almoço. – Neil fala. – Rita essa é Amanda, a mulher da minha vida.
Meu rosto fica quente, sei que está vermelho.
-- É um prazer conhecer você Rita.
-- O prazer é meu e obrigada por trazer o sorriso de volta ao rosto desse homem. Ele andava muito rabugento ultimamente. – Neil a encara com uma carranca, ela o ignora. – V ocês querem almoçar agora?
-- Claro, pode servir. – Neil fala.
Lavamos as mãos e sentamo-nos à mesa, de frente um para o outro.
Rita nos serve lombo de porco assado com vinagrete de vagem, salada, molho, arroz e suco de laranja.
-- Como você não pode ingerir bebidas alcoólicas vamos brindar com suco de laranja.
-- Estamos comemorando alguma coisa? – A pergunta escapa da minha garganta.
Neil fica sem jeito, como esteve em muitos momentos durante esta manhã.
Rita parece sorrir da atitude dele.
Pega sua bolsa de sob o balcão, despede-se de nós e vai embora. Me pergunto quem lavará a louça e arrumará a cozinha quando terminarmos, se tenho um braço inutilizado.
Fazemos a refeição em silencio. Ao terminarmos Neil parece mais acabrunhado que antes. Sei que quer me dizer algo, embora não faça idéia do que possa ser.
Está tenso, transpirando, pálido.
Quando penso em indagar o que há de errado, ele fica em pé, caminha até a mim, colocando-se de joelhos aos meus pés. Tem uma pequena caixinha preta revestida de veludo na mão.
Agora sei o que vai dizer, compreendo inclusive porque está usando gravata. Meu coração salta dentro do peito.
-- Amanda. Estive pensando...
agora que somos viúvos... – Ele começa, tropeçando nas palavras. – Não era bem isso que eu queria dizer. Bem... você sabe que te amo, então quero você para sempre ao meu lado... V ocê por acaso aceitaria se casar comigo?
Entrega-me a caixinha. Abro. Há um anel lá dentro, com um pequeno diamante.
V arias emoções me invadem ao mesmo tempo. Minha pele queima, meu coração parece que vai sair pela boca, minhas pernas tremem.
Não posso imaginar felicidade maior que passar o resto da minha vida ao lado de Neil.
-- É claro que aceito, meu amor. – Falo, com a voz tremula.
Ele tira o anel da minha mão, colocando-o no meu dedo. Segura-me pela nuca, puxando-me para si, tomando-me os lábios, suavemente.
O calor do desejo se alastra pelas minhas veias.
-- Agora você é minha. – Diz, afastando-se.
Estou emocionada, feliz, extasiada, mas fico insatisfeita quando ele se afasta, preciso da sua proximidade, meu corpo clama por isso.
Então, levanto-me e caminho até ele, sento-me no seu colo, contornando seu pescoço com o braço sadio, plantando beijos no seu queixo másculo, aspirando seu cheiro delicioso de macho. Levo minha boca à sua, lambendo seus lábios cerrados. Embora sinta seu pênis enrijecendo sob minhas nádegas, ele se esquiva.
-- Amanda. Não comece algo que você não pode terminar. – Sussurra, com respiração ofegante.
-- E quem disse que não posso terminar? – Minha voz está entrecortada como a dele.
-- V ocê está ferida, pode se machucar.
-- Não estou ferida da cintura para baixo.
Sento-me à cavaleiro no colo dele, esfregando meu sexo no seu, por sob os tecidos das roupas.
Abandonando suas resistências, ele segura meus cabelos com força, na altura da nuca, puxando minha cabeça para trás, lambendo, mordiscando meu pescoço. Levo minha mão ao nó da sua gravata, tentando desmanchá-lo, uma louca urgência em tocar seus músculos tomando conta de mim. Não consigo desfazer o nó com uma mão apenas, desisto, puxo a barra da camisa para fora da calça, erguendo-a, enfiando minha mão por sob esta, acariciando seus músculos sólidos, bem definidos com as pontas dos dedos.
A sensação é indescritível, um misto de tesão e entrega, e saber que agora tudo aquilo é só meu me deixa ainda mais excitada.
Ainda segurando meus cabelos com força, Neil leva meu rosto até o seu, tomando-me os lábios, daquela maneira sôfrega, faminta que me deixa sem fôlego. Chupo sua língua com avidez, todo o meu corpo em chamas, o meio das minhas pernas clamando por ser preenchido. Tudo se intensifica quando ele desce a alça do meu vestido, do lado em que não há bandagem, desnudando meu seio, colocando-o na boca, chupando, lambendo, mordiscando meu mamilo. Um gemido de tesão escapa-me dos lábios.
Com um braço apenas, Neil varre a mesa, pratos, talheres e bandejas estilhaçando-se no chão, deita-me sobre o vidro, inclinando-se sobre mim. V olta a beijar-me os lábios, descendo para meu peito, passando pela barriga. Levanta a saia do meu vestido até a altura da minha cintura, arrancando minha calcinha, jogando seus pedaços no chão. Estou nua da cintura para baixo. Ele abre minhas pernas e me observa ali. Não fico mais envergonhada como antes, pois agora pertencemos um ao outro.
Inclinando-se para baixo, coloca sua boca na minha intimidade, lambendo a entrada da minha vagina, levando sua língua quente e úmida até meu clitóris, acariciando-o com movimentos circulares e ritmados.
Não resisto, grito alto, me contorço, enterro os dedos nos seus cabelos.
Tudo em mim é luxuria agora. Meus instintos mais primitivos estão à tona, fazendo-me sentir como um animal no cio, ansiando por um alivio.
Estou quase gozando quando ele pára, suplico que continue, mas não tenho certeza se proferi as palavras em voz alta.
Ele ergue o corpo, livra-se rapidamente da camisa, desce a calça e a cueca até os joelhos, exibindo o pau enorme, duro, melado. Quero tocá-lo, colocá-lo na boca, sentir seu gosto delicioso, mas sei que se mover a parte superior do meu corpo sentirei dor. Então só me resta esperar, estou à sua disposição.
Ele posiciona-se entre minhas pernas, esfregando a cabeça do seu membro no meu clitóris, levando-o até a entrada da minha vagina, repete o percurso, me enlouquecendo com a espera por ser preenchida. Por fim me penetra, do jeito brusco e rápido que me faz delirar. Um grunhido selvagem parte do fundo da sua garganta enquanto move-se dentro de mim, em estocadas brutas, saciando minha sede de si. Gemo, grito, choro. Não existe nada melhor que tê-lo assim, dentro do meu corpo, duro, firme, dilatando minhas paredes molhadas, enchendo-me por completo.
Sem deixar o meu interior, inclina-se para baixo e beija-me sofregamente nos lábios, é a minha perdição, logo meu corpo se contrai, estou quase gozando. Neil afasta-se o suficiente para fitar-me no rosto.
Sem desviar meu olhar do seu mergulho no mais profundo êxtase, pronunciando seu nome lindo, ao mesmo tempo em que seus espasmos se fazem dentro de mim.
Percebo que seu corpo está mole, mas não se deixa desabar sobre mim como de costume, em vez disso, inclina-se lentamente, beijando-me suavemente nos lábios, quando tenta se afastar, seguro-o, recusando-me a permitir que deixe o meu interior.
V oltamos a nos beijar, demoradamente.
Por fim ele se afasta, tirando o pau de dentro da minha vagina, subindo a cueca e a calça. Tento sentar-me, mas uma fisgada no ombro me impede.
-- Eu te avisei que você podia se machucar. – Ele fala.
-- Valeu à pena.
-- Espero que tenha valido mesmo, gatinha, pois é tudo o que terá de mim hoje.
Ele ergue-me nos seus braços fortes, sólidos como rochas, carregando-me para o quarto, estendendo-me sobre a cama, confortavelmente. Deita-se ao meu lado, aconchegando minha cabeça no seu ombro largo, acariciando-me os cabelos.
-- Eu te amo, Amanda. – Fala, a voz rouca, sussurrada, tocando no fundo da minha alma.
-- Eu também te amo, Neil.
-- A melhor coisa que já me aconteceu foi saber que ficaremos juntos para o resto da vida, que você é minha e de mais ninguém.
-- Sim, sou sua e sempre serei.
Ele afunda o nariz nos meus cabelos, como se absorvesse meu cheiro, depois ficamos imóveis, mergulhados num silencio quebrado apenas pelo som das nossas respirações e pela primeira vez nas nossas vidas, adormecemos no mesmo leito, abraçados, aconchegados um no outro, felizes.
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Comments
Amanda
Enfim tudo se ajeita
2023-09-10
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