10

Neil

 Estou no meu casebre deitado na cama, perdido nos meus pensamentos. É inicio de noite de sábado, a festa de aniversario de Amanda deve estar começando. Ela não teve a consideração de me convidar, mas Rebeca me deu um convite. Estou indeciso se vou ou não. Se Amanda não me convidou é porque não me quer por perto. Aliás tem se mantido distante nos últimos dois dias. Sequer olha mais para mim. Não sei o que está acontecendo. Mesmo com os preparativos para a recepção, antes dava um jeitinho de me avisar que estava saindo, ou me olhava da sacada do seu quarto, agora nem isso. Sei que não tem saído com a mãe e ainda assim não veio mais ao meu encontro. Algo está errado, ou simplesmente se cansou de mim.

Não consigo me conformar. Às vezes preciso de um grande esforço para conter ao impulso de invadir sua casa e tirá-la de lá, de perto daquele maldito assassino.

Há uma semana ele não sai para encontrar sua amante. Nos dois primeiros dias quase morri de ciúmes, acreditando que Amanda estava nos seus braços todas as noites, mas ela me garantiu que não tem relações com ele. Será verdade?

Ou inventou isso para me manter afastado?

Já não sei mais o que pensar, minha única certeza é a de que estou apaixonado por ela, loucamente e não sei o que fazer com tal sentimento. Embora não tenha perguntado a ela, acredito que seja incapaz de deixar Douglas, um milionário, que lhe dá tudo, do bom e do melhor, por um pobretão como eu.

Ademais, ficar com ela significaria abandonar a investigação e ainda pretendo apanhar Douglas, não estou preparado para deixar tudo para trás.

Por fim a saudade fala mais alto.

Preciso vê-la, mesmo que seja de longe, na companhia daquele maldito.

Decidido, levanto-me vou até o armário, escolho as roupas mais sociais que possuo: uma camisa de seda cor de vinho, calça preta e uma gravata da mesma cor. Lustro os sapatos cinzentos pela falta de uso, penteio os cabelos e parto de volta para o sitio na minha caminhonete.

Ao atravessar os portões posso avistar as luzes no jardim da frente da mansão, às margens do lago, onde a recepção é realizada. A propriedade está abarrotada de carros importados, quase não encontro lugar para estacionar a caminhonete, que se destaca entre os demais por sua simplicidade.

O jardim está repleto de pessoas elegantemente vestidas, que ocupam as dezenas de mesas colocadas ali.

Algumas arriscam passos na pista de dança improvisada no centro, ao som da musica suave, melancólica.

Garçons uniformizados servem os convidados com champanhe e petiscos.

Sentindo-me deslocado, recosto-me a uma pilastra na entrada do jardim.

Ao longe avisto Douglas e Amanda, de braços dados, sorridentes, cumprimentando os convidados.

Parece o casal mais apaixonado e feliz da face da terra e isso desperta uma tempestade silenciosa dentro de mim. A raiva, o ciúme, o abandono, se misturam no meu interior. Meu desejo é de arrancá-la dos braços dele, levá-la para minha casa e amá-la até que se esqueça de tudo mais que não do meu corpo em si.

Ambos cumprimentam a todos com alegria. Amanda sorri animada, não parece a mesma mulher que geme quando está nos meus braços, agora sequer olha para mim, como se eu fosse um inseto desprezível que aparece sem ser convidado.

Sinto-me horrível, desprezado, inferiorizado, enfurecido. Começo a pensar em ir embora, quando Rebeca pula de repente na minha frente, cumprimentando-me com aquele seu jeito louco. Usa um vestido preto sem alças, com algumas bolinhas brilhantes, colado ao corpo, que se estende até seus tornozelos, terminando com um rabo sereia; tem os cabelos vermelhos presos no alto da cabeça e está sóbrio, como a vi em poucas ocasiões. Parece até uma pessoa legal sem o efeito do álcool e das drogas.

Abraça-me, a abraço de volta, apertado, pois há algo de Amanda nela.

-- Uau! V ocê está bonito. – Ela fala. – Mas parece solitário, venha, vou te apresentar algumas pessoas interessantes.

-- V ocê também está bonita. – Falo, enquanto ela me puxa pela mão para o centro da festa.

-- Obrigada. – Responde me lançando o mais malicioso dos olhares, me fazendo arrepender-me por tê-la elogiado.

Me apresenta ao governador do Rio de Janeiro e sua família; ao prefeito;

o presidente da maior emissora de televisão do país e outros ricaços.

Todos me cumprimentam com sorrisos, agora que estou acompanhado com a cunhada do poderoso Douglas. Amanda continua me ignorando, sequer olha na minha direção, o que faz meu sangue ferver de raiva. É a mulher mais linda da festa: usa um vestido cor da pele, de um tecido quase transparente, meio folgadinho, que emoldura suas curvas perfeitas, se estende até seus joelhos, terminando em várias camadas de saias esvoaçantes; os cabelos louros estão presos de um lado e soltos em grandes cachos do outro; usa uma maquiagem escura nos olhos, realçando sua cor azul e um batom clarinho, reluzente, nos lábios. É impossível passar por ela e não olhar, está deslumbrante.

Embora não seja vulgar, sua delicadeza e feminilidade atrai a atenção da maioria dos homens presentes, o que aparentemente deixa Douglas bastante orgulhoso.

Rebeca pára um dos garçons que circulam por ali com bandejas nas mãos, pega duas taças de champanhe, entregando-me uma delas. O liquido adocicado, gelado, desce macio pela minha garganta, me permitindo relaxar um pouco.

Esvazio a taça e pego outra cheia de outro garçom que passa, ingerindo o liquido todo com um só gole.

-- Ei, não vá se embebedar. – Rebeca diz.

-- Não fico bêbado facilmente.

-- Eu sim. Por isso estou bebendo pouco. – Ela sorri. – V amos dançar?

-- Vamos.

Nos dirigimos para a pista de dança. A musica que toca é lenta, melancólica. Rebeca contorna meu pescoço com seus braços, enquanto contorno sua cintura com os meus.

Nos movemos vagarosamente ao som da melodia. Como é de esperar, ela esfrega seu corpo no meu, atraindo a atenção de algumas pessoas, inclusive de Amanda, que pela primeira vez esta noite olha na minha direção, com as feições carregadas, os olhos faiscando de raiva.

Se é isso que preciso fazer para que ela me note, então vou fazer bem feito. Aperto mais Rebeca de encontro a mim, enterrando meu nariz nos seus cabelos perfumados.

Ela arfa, não dou importância. Olho para Amanda, está me fuzilando com olhos furiosos. Ótimo. Que experimente um pouco do seu próprio veneno.

Sei que é um jogo bobo e infantil, mas necessito da sua atenção, do seu ciúme, saber que sente algo por mim além de atração sexual. Quero ver até onde ela vai, o quanto significo para si.

Continuo dançando coladinho com Rebeca, enquanto Amanda nos fuzila com o olhar. Por fim, perde o controle e afasta-se, dirigindo-se para o interior da mansão. Não resisto, deixo Rebeca sozinha na pista de dança e vou atrás dela. Se alguém está percebendo não é problema meu.

Ouço o som dos saltos dos seus sapatos quando atravessa a sala enorme, com dois ambientes. A vejo subir as escadas correndo, sigo. A alcanço quando entra no quarto, antes que bata a porta.

-- V ocê não pode entrar aqui. Será que ficou louco? – Ela fala, fitando-me com aflição.

-- Sim fiquei! – Esbravejo. – Não suporto olhar para você toda sorridente do lado daquele cara! E por que não me procurou mais? Por acaso se cansou de mim? Nem para sua grande festa me convidou! Sou tão insignificante assim pra você?

-- Acontece que aquele cara é meu marido, não te convidei exatamente pra você não nos ver juntos. Quanto a te procurar não foi possível porque Douglas nos viu juntos no meu carro, quando te trouxe até o sitio, está desconfiado. Temos que dar um tempo, esperar que ele volte a procurar sua amante.

Aproximo-me dela, ansioso por tocá-la, sentir o calor do seu corpo de encontro ao meu. Ela recua.

-- Não suporto mais ficar longe de você. – Falo.

-- V ocê diz isso, mas bem que estava gostando de dar uns amassos na minha irmã.

-- Só fiz aquilo pra te provocar. A única mulher que quero é você.

-- Também te quero, com todas as minhas forças. Mas precisamos ter paciência. Esperar Douglas se distrair.

As costas dela encontram a parede, não tem mais para onde fugir.

Tomado pela raiva, ciúme e desejo, avanço para si, aprisionando seu corpo contra a parede, segurando seus pulsos acima da sua cabeça.

Está completamente dominada por mim, frágil, vulnerável, de modo que posso fazer com ela o que quiser.

Ela se debate, tentando se libertar, mas é inútil, não tem a metade da minha força.

Inclino minha cabeça para baixo, meus lábios procurando os seus. Ela desvia o rosto.

-- Aqui não, Logan. Alguém pode nos ver.

-- Que vejam, eu não ligo.

Insisto, até que consigo alcançá-la.

A principio ela mantém os lábios cerrados, mas logo os entreabre para receber minha língua, que explora sua boca com sofreguidão.

É incrível o desejo que toma conta de mim, fazendo meu sangue ferver dentro das veias. Quero rasgar seu vestido, arrancar-lhe a calcinha e a possuir o mais depressa possível.

Mas não posso fazer isso. Preciso da sua autorização.

Ela chupa minha língua, esfrega seu corpo no meu, respira pesadamente.

Não preciso de mais nada, posso ir em frente. Então, liberto seus pulsos, explorando seu corpo gostoso com minha mão, por sobre o vestido, enquanto pressiono minha ereção de encontro ao seu ventre. Ela geme, de encontro à minha boca, pedindo mais, ansiando por uma carícia mais intima, então enfio minha mão por baixo da sua saia, arrancando-lhe a calcinha frágil, tocando sua vulva pequena, depilada, acariciando seu clitóris, que incha sob meu toque.

Ela geme novamente, enquanto passeia suas mãos por debaixo da minha camisa, contornando meus músculos com as pontas dos dedos.

Enfio um dedo na sua vagina, está molhada, preparada pra me receber.

Como não temos muito tempo, apenas abro o zíper da minha calça, baixando-a até os joelhos. Espalmo minhas mãos sob suas nádegas, erguendo-a do chão, permitindo que enlace as pernas em torno dos meus quadris, nossos sexos se encontrando. Entro nela, sua vagina apertando meu pau, incendiando-me um pouco mais.

Movo-me dentro dela, com estocadas bruscas e firmes, penetrando-a cada vez mais fundo.

Ela grita descontrolada, silencio seus lábios com os meus, não podemos atrair a atenção.

-- Ah Logan! V ocê me deixa louca!

– Ela balbucia de encontro à minha boca, com dificuldade para pronunciar as palavras.

Beijo-a com mais intensidade, chupando sua língua com força. Seu corpo se retesa de encontro ao meu, sei que vai gozar. Movo-me mais fundo dentro de si e afasto um pouco o meu rosto, o suficiente para olhar nos seus olhos. Suas pupilas se dilatam, seu olhar fica meio perdido no infinito quando ela mergulha no êxtase, gemendo, convulsionando. É o espetáculo mais magnífico que um homem pode presenciar.

Quando seu corpo amolece, encontro meu próprio alivio, ejaculando dentro de si.

Nesse exato instante ouvimos o som da porta do quarto se fechando.

Alguém estava nos observando.

Nos afastamos sobressaltados, ajeitando nossas roupas de volta no lugar.

-- Meu Deus! Alguém nos viu Logan! – Ela fala, espavorida, levando uma mão ao lado esquerdo do peito. Ainda tem a respiração ofegante pelo orgasmo recente.

-- Quem pode ter sido? – Pergunto, preocupado mais com ela que comigo.

-- Não tenho idéia. Mas acho que foi alguém de casa. Os convidados não iam subir até aqui.

-- Será que foi Douglas? – No fundo torço para que tenha sido ele, pois assim a deixa livre para mim.

Porém, por outro lado, temo que a machuque.

-- Ah, meu Deus! E se tiver sido ele? – Ela leva as mãos à cabeça, num gesto de desespero.

Não gosto que ela se importe tanto com ele, mas me compadeço da sua aflição. V ou até ela, estreitando-a entre meus braços. Ela me abraça de volta, descansando a abeca no meu ombro.

-- Fique calma Amanda. Se fosse Douglas ele teria feito um escândalo. Provavelmente foi alguma empregada.

Ela respira fundo, seu corpo relaxando de encontro ao meu.

-- V ocê tem razão. – Afasta-se do abraço. – Preciso voltar pra festa, antes que ele de fato saia à minha procura.

-- Quando nos vemos de novo? – Pergunto.

-- Amanhã à tarde, darei um jeito de despistar Douglas e nos encontramos no lago.

-- Amanhã é domingo, não virei trabalhar.

Ela pensa por um instante antes de falar:

-- Então, esta madrugada, quando a festa acabar vou à sua casa. Douglas está bebendo, quando bebe dorme muito, não vai perceber que eu saí. – V ocê não irá para seu trabalho de vigia hoje?

-- Não. Estou de folga esses dias.

V olta para meus braços, apertando-me com força.

– Sei que estou agindo errado, mas não suporto ficar longe de você.

Afundo o nariz nos seus cabelos, aspirando seu irresistível cheiro de fêmea.

-- Também não consigo ficar longe.

Esses dois dias sem te tocar foram um inferno pra mim.

Nos afastamos um pouco, o suficiente para nos fitarmos nos olhos. Palavras são desnecessárias para descrever o que sentimos um pelo outro, no fundo sabemos que estamos apaixonados.

Nosso lábios voltam a se encontrar, num beijo sensual e demorado, que reacende o desejo dentro de mim.

Mas tenho que sufocá-lo e me contentar em tê-la apenas mais tarde.

Ela faz menção de deixar o quarto.

-- V ocê vai voltar pra festa sem calcinha? – Pergunto, injuriado.

-- Bem... você está acabando com meu estoque. Como vou te encontrar mais tarde, acho melhor começar a economizar. – Me lança um beijinho com os dedos – Por favor saia pelos fundos e pare de amassar minha irmã. – Sem mais palavras, deixa o aposento.

Examino detalhadamente o quarto, é amplo, sofisticado, mobiliado com moveis caros, de bom gosto. Posso apostar que foi Amanda quem os escolheu, afinal são delicados e finos como ela. A cama gigantesca fica no centro do cômodo, impecavelmente arrumada. Então é ali que Douglas passa suas noites ao lado da minha amada. Sinto vontade de deixar o móvel em pedaços, para que ele não possa voltar a se deitar com ela, mas seria uma grande infantilidade inútil da minha parte.

V ou até a sacada, não chegando muito perto da mureta para não ser visto lá de baixo, relembro as ocasiões que flagrei Amanda me observando dali, com desejo no olhar. Isso me excita. Me forço a me acalmar, pois sei que a terei nos braços ainda esta noite.

Com tais pensamentos, deixo a casa pela porta dos fundos, entro na minha caminhonete, e volto para casa. Chegando lá, estendo-me sobre a cama sem tomar banho, já que não quero tirar o cheiro de Amanda de mim.

Sinto vergonha de recebê-la aqui, em meio à tamanha pobreza, estando ela acostumada ao luxo e à riqueza.

Mas se realmente me deseja como demonstra não dará importância a isso, apenas ao que sentimos um pelo outro.

Com tais pensamentos, adormeço.

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Comments

Amanda

Amanda

Acredito que quem viu foi a Rebeca que deve ter ido atrás dele

2023-09-09

12

Valdirene Santos

Valdirene Santos

acho que foi a irmã dela ou a mãe

2023-08-15

1

nem

nem

quem foi q viu Amanda se deleita do nos braços de logam?

2023-08-10

0

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