O Espectro De Ana

O Espectro De Ana

Capítulo 1- "Os Caminhos"

Existe uma casa na floresta dos pinheiros, muito perto das montanhas, além de ser isolado, o lugar é habitado por uma pessoa, ou melhor, uma garota, chamada Ana. Sem os seus pais e sem o seu gato, ela vive naquele lugar desde que se lembra, existe muita neblina nas montanhas que desce pela floresta até o final do horizonte. "Não deixe ela ouvir o som dos pássaros!". Por algum motivo não há nenhuma explicação da existência dela dentro daquela casa, mesmo aquele lugar sendo o seu maior refúgio.

A sua casa é de madeira nobre, dois andares e muito bonita e detalhada para estar num lugar bastante isolado, mas, isso não é incomum para ela, a sua varanda mostra até onde os seus olhos podem ver, o desejável horizonte misterioso. Com simples cômodos que existem no seu interior, sem contar o porão, que por algum motivo, ela perdeu a chave para abri-lo, e desde então ela procura manter o controle dos demais cômodos, ao mesmo tempo, em que tenta manter todos limpos e bem arrumados, caso haja visitas inesperadas.

Ana acorda e logo se levanta a correr direto para a cozinha, o assado que ela deixou no forno tinha que estar inteiro, sem nenhuma mordida ou pedaço faltando, caso contrário, não teria como servir um belo almoço para sua visita que logo chegaria. Ana começa a verificar o assado com muita atenção, e percebe que falta um pedaço do prato principal das visitas — Quem fez isso? Disse ela sem entender. E então ela começa a ligar os pontos, chegando a conclusão que deveria ser o espectro o culpado pelo estrago do assado das visitas. — Onde ele está? Pergunta ela procurando ele pelos cômodos insistentemente.

O Espectro tinha a entrar numa discussão feia com Ana, no dia anterior, devido às visitas que começariam a vir, durante o ano. Ele não queria que ela aceitasse, pois era a primeira vez que alguém entraria naquela casa que não fosse ele, contudo, Ana estava decidida a querer conhecer coisas ou pessoas novas, cansada de viver somente com o seu espectro, Ana insiste e começa a preparar o assado ainda tardiamente da noite, dormindo após o preparo, momento em que poderia ter acontecido esse crime contra a culinária!

Sem o encontrar pelos cômodos, ela senta-se numa cadeira e começa a chorar. Segundos se passam e alguém se senta numa cadeira à frente dela, na mesa, alguém que era do mesmo tamanho, com a pequena diferença do seu corpo ser um pouco como uma escura fumaça constante e brilhante. Apenas a presença do espectro faz com que ana pare de chorar, e começar a limpar o seu rosto das lágrimas, nisso o espectro estende a sua mão até ela e ofereça-lhe uma rosa negra com aroma de desculpas, mas ana rejeita a dizer:

— Eu não quero a sua rosa! Tire as suas desculpas dela e depois eu penso em aceitar.

— Por que insisti em rejeitar-me, ana?

— Você estragou o almoço que eu ia dar para as visitas. Pensei que você se importava com os meus sentimentos!

— Importar-se com os seus sentimentos não significam fazer as suas vontades precipitadas.

— Onde me precipitei? Apenas quero que essa porta se abra para que outras existências diferentes do que as minhas, entrem.

— Se você julga essa casa estar vazia, é porque tudo o que a poderia completá-la, está além do seu campo de visão utópico.

— Se você também pudesse ver além, não teria oferecido rosas pretas com aroma diferente do que a própria pode oferecer.

— Não é como se eu pudesse evitar que isso aconteça, e sei também que você pensa o mesmo, mas você não precisa fazer disso uma vazão.

— Eu já me decidi, não há voltas quanto ao que disse antes.

— Não irei insistir. Tudo o que disse tanto ontem quanto hoje, precisam estar bem guardadas no seu coração.

— Mas porquê?

— Para que nas consequências da sua decisão, ela sirva como resposta para possíveis questionamentos.

— Quer me ajudar a preparar um novo assado?

— Não precisa fazer nada, eu preparei um melhor enquanto você dormia.

— Porquê?

— A quantidade que você preparou, não dá nem para você...

Ana logo vai até ao banheiro para tomar o seu banho, enquanto o espectro olha para a parede no canto da sala insistentemente, de repente uma marca de mão preta aparece na parede, o espectro começa a tocar na marca olhando fixamente até que ana aparece por atrás dele e o assusta, fazendo com que o símbolo desejado desapareça lentamente. Ana não entende o que aconteceu, mas pega o espectro pela mão e o convida para fazer um bolo juntos.

Entre sujeitas e risos, erros e acertos, os dois conseguem fazer um pequeno bolo de rosas-vermelhas, que aparenta ser deliciosa à vista. No lado de fora o sol se escondia por entre as nuvens, logo um vento frio percorria por toda a floresta, não demorando muito tempo para a neblina ficar mais densa, sem estações vivia ana, apenas neblina e ventos eram suas sensações inseparáveis. No lado de dentro ana estava com o seu vestido cinza, acompanhado das suas luvas e botas também cinzas, a maioria das suas roupas atingiam essa tonalidade entre o branco e o preto, raramente sendo um problema para ela, afinal, já existiam aquelas roupas ali.

O relógio não funcionava, apenas aparentava ser novo, apenas para abri-lo e (constatar) o quanto tempo aquele relógio passou preso na parede, indicando o que raramente é importante. Depois de um tempo alguém bate na porta, ana sai a correr sem direção a porta enquanto o espectro coloca vários balões com rostos felizes ao redor da sala, antes de sumir sem avisar, ao abrir a entrada da sua casa toda animada, ana toma um susto ao perceber que a visita era um menino com uma capa e roupa de super-herói roxa, antes que ana dissesse algo, o menino oferece-lhe um filhote de gato cinza, sem pensar, ana pega o filhote e o abraça com carinho e felicidade. Logo após isso, o menino se ajoelha e pede uma das mãos de ana, que estende para ele, num ato de respeito o menino beija a sua luva um pouco envergonhado e tímido, e então ele é convidado à mesa para seu melhor banquete já participado por ele.

Loiro e sorridente, ambos não se cansavam de rir e conversar enquanto experimentavam, sem parar, diferentes comidas que o espectro preparou, porém, em meio a toda aquela comida, ele não parava de olhar para os balões ao redor deles, como se ele conseguisse entender mensagem que eles transmitiam ao olharem de volta, todos eles queriam passar alguma mensagem, isso sem Ana perceber por estar distraída ao momento de diversão e comilança. Enquanto os dois conversavam, os balões tomaram para si outras tonalidades, sendo cada um diferente do outro. Ana sempre curiosa fazia várias perguntas ao super-herói:

— De qual lugar você veio?

— De um lugar frio, além das montanhas, depois do rio, é de lá que eu vim.

— Oh!... como você encontrou esse lugar, tão isolado e desconhecido?

— Os caminhos, eles disseram-me onde tinha que ir.

— Quem são os caminhos, eu não os conheço?

— Depois que o meu herói ausentou-se para sempre, ele deixou essa capa e roupa como legado para que eu continuasse a levar a sua honra até o fim, mas, eu ainda sou novo para essas coisas, não sei na maioria das vezes o que fazer, quando isso acontece quase que frequentemente, os caminhos aparecem para me guiar até a luz no final do caminho.

— Isso é muito interessante, e onde eles estão agora?

— Descansando, não é fácil guiar alguém até a luz no final do caminho, lidando com a sua própria escuridão variada. Quer ver como eles são?

— Sim! Deixa eu ver, deixa eu ver!

— Tudo bem, fica ao meu lado e feche os olhos, assim você poderá senti-los e depois imaginá-los!

— Estou muito ansiosa... nossa, que sensação diferente sinto agora, é como se não estivesse aqui... garoto?... Onde está você!?

Por um momento no fechar de olhos, o garoto desaparece da sala, e todos os balões estão com expressões diferentes do normal, estão sérias de olhares fixos para o tapete do piso que, sem ter percebido antes, está todo manchado de sangue. Ana grita desesperadamente pelo seu espectro, que aparece depois de um tempo, dizendo:

— O que acontece, para derramar tantas lágrimas?

— O garoto estava aqui, e agora não está! A porta não foi aberta, não houve sons de passos, e a presença deles ainda é muito forte por aqui, mas onde ele está?

— Sabe-me dizer se ele disse algo estranho?

— Não, só estávamos a conversar, e ele contava sobre os caminhos que o guiaram até aqui, e depois desapareceu.

— Os caminhos são maioria interesseiros, eles guiam em troca de algo, seja valiosa, ou que tem grande valor sentimental.

— Está a dizer que os caminhos o levaram?

— Para eles mesmos com um propósito, caso contrário, não guiariam se não fossem o próprio caminho. Se são feitos de algo negativo, sempre irão consumir a quem ajudaram, se forem positivos, constantemente garantirão proteção e cuidado a quem eles próprio guiam.

— Podemos o encontrar, não sabemos se ele está em perigo ou... sofrendo?

— Ainda se importa com ele.

— Da mesmo maneira que você se importa comigo! Afinal, quer tanto me proteger a deixar o tapete do piso cheio de sangue!?

— Isso não devia estar aqui, não devia.

— Você... fez alguma coisa contra ele, não foi?

— Quer mesmo saber a resposta? Sabe que eu não preciso despistar as minhas intenções e atos, esses mesmos que me colocam como uma contradição e um questionamento sem resposta.

Ana muito triste, começa a observar ao redor da sala os inúmeros balões que o espectro havia colocado, e com um olhar nada convidativo para ele, ana pergunta:

— Você fez alguma coisa contra ele?

— Por que me perguntas isso? Sabe que esse é o seu momento, e ainda que eu insistisse em não querer, não faria nada para querer-lhe entristecer.

— Eu fiz uma pergunta para você, espectro.

— Não... satisfeita?

— Responda-me uma pergunta, esses balões estão aqui por um motivo, ou estou errada?

— Não, eles estão aqui para causar uma boa impressão a visita que entraria por essa porta. Mais alguma pergunta?

— Por que eles tem expressões? Sabe que isso pode ser assustador, para quem vem visitar.

— Balões precisam ter expressões, às vezes, precisam estarem cheio de algo que não seja gás ou ar.

— Eu sabia que você iria fazer alguma coisa contra a visita! Demorava para isso acontecer, estava ótimo e tranquilo para ser um espectro.

— Não diga como se a minha existência se resumisse somente a isso. Eu não sou só isso!

— Mas também é isso! O que faz todo o sentindo, já que sumiu quando ele chegou, vai dizer-me que descansava por todo esse tempo!?

— Não importa o que você diga, o que eu faço sempre terá um motivo, e isso não importa ao seu gosto.

Ana começa a olhar insistentemente para cada um dos balões na sala, até que um deles começava a ficar frio, tanto que gotas saíam sem uma explicação do balão, a sua expressão era de tristeza constante, ela então pega o balão e ao fazer isso, os seus olhos ficam brancos por um momento, ao ver isso o espectro fala para ela:

— Tem coisas com as quais você não se deve envolver, escute-me ana!

— Eu pensei ser só eu que tinha algo diferente convivendo, mas... eu estava enganada, o garoto também tem!

— O que você quer dizer com isso, ana?

— Ele não tem um espectro como eu, e sim tem os caminhos como seres que convivem com ele!

— De onde você tirou isso?

— Tira ele de dentro desse balão, agora! Eu sei que você os colocou aqui nessa sala para que quando eu me distrair-se, um deles pegaria o garoto, e agora eu exijo que você o tire de dentro desse objeto de diversão maldita!

— Veja como fala, eles têm expressões...

— Mas não tem sentimentos! O garoto é que tem, você só cria coisas sem vida e tão... vazias.

— Faço isso por eu também ser, uma criação sem vida e vazia.

— Devolva-me ele, por favor... (começa a chorar)

— Por eu não ter nada além do vazio, como você bem me descreveu, eu poderia deixar ele aprisionado aí para sempre, não teria problema em perdê-lo, porém, não posso perder você. Se ele lhe faz feliz e é importante para você, mais do que eu lhe sou, então eu o deixarei para que fique ao seu lado por esse momento.

O Espectro então pede para ana fechar os olhos e num instante, todos os balões desaparecem e ana percebe que o garoto não apareceu, sem entender ela fala ao espectro:

— Você disse que o traria novamente!

— Mas eu assim o fiz, não sei o que aconteceu.

De repente, na janela da cozinha aparece um pássaro branco, ao pousar na janela e abrir as suas lindas asas, um canto repentino estremece as paredes da casa num instante. O espectro vai até o pássaro que o atravessa num voo rápido e silêncioso, indo até à mesa de jantar a comer o que ainda tinha na mesa, sem entender o que aconteceu, ana não parava de olhar para o pássaro, era como se ele a atraísse o seu olhar somente para si, o espectro com o sua expressão de desdém, pergunta a ave encantadora:

— Que fazes aqui? Sabe que não é bem-vindo na nossa casa, não sabe?

— Por favor, não ataque ele.

— Não irei atacá-lo, se ele disser o que faz aqui.

— Você não percebeu ainda? Ele é os caminhos! O que garoto-me disse que o guiou até aqui, percebe?

— Eu sei disso, ana. E é por esse motivo que eu estou a perguntar, não há nada aqui para ele fazer indicação alguma.

O pássaro então começa a observar o espectro, curioso e sem expressão, logo após isso o mesmo começa a olhar para ana, que age como se estivesse surpresa com o que acontece, acreditando que a ave poderia intimidar de alguma forma, o espectro diz a ana:

— Se afaste dele, ana! Não sabemos as intenções que ele traz sob as suas asas.

— Você não sabe...

— O quê?

— Ele transmite uma mensagem através do seu olhar, eu consigo compreender cada palavra, isso é muito incrível!

— Como?... Está bem, se isso é verdade, então o que ele transmitiu?

— Ele disse a você para demonstrar perdão, pelo que fez com o garoto.

— Isso é ele mesmo, ou você querendo se valer da situação?

— Se eu quisesse falar tudo a você, não precisaria de pretexto para realizar!

— Ah!... você venceu, peço humildes desculpas.

— Não! Ele disse demonstrar perdão, o que difere de pedir perdão.

— Isso realmente é necessário?

— Se você realmente quisesse que tudo se redimisse nesse momento, iria demonstrar o perdão sem que alguém servisse de ponte para isso, caso contrário, você só provaria ser o que eu já havia falado.

— Eu vou fazer, não pelo que você disse, vou fazer porque eu quero.

Então o espectro puxa do seu pulso uma rosa negra e vai até à mesa para oferecer ao pássaro, ao fazer isso ana pensa alto:

— Então foi daí que você tirou aquela flor...

— Está surpresa?

— Sim, e não julgo que seria bom você oferecer uma rosa negra a uma ave branca.

— Qual o problema? Se essa ave souber lidar com a diferença do que recebeu, será um presente o que eu dou, se não souber lidar com o presente, aí então ela pode considerar ser algo mau. Tudo depende da confiança de quem a entregou, de saber lidar e conviver com o diferencial, seja o que desejava ou não.

O espectro coloca a rosa na mesa e então com o seu bico, o pássaro pega aquela linda flor e no mesmo instante, outra ave aparece ao seu lado, ambas começam a bater as suas asas, uma na outras como ato de festejo. Ana percebe que os pratos e vidros na mesa começam a quebrar-se, a cada momento, o espectro faz aparecer os balões novamente, mas eles explodem a espalhar líquido de cor escura por todos os lados que iam, tudo enquanto os pássaros batiam as suas asas um no outro, até ambos começarem a voar e brilhar em constância. As aves num instante somem num grande clarão que faz pegar chamas em toda a superfície da mesa, chamas essas sendo brancas e brilhantes, ana acaba a escorregar e caindo no chão, se machucando em meio a sujeira deixada na sala de jantar. O espectro vai até ela e tenta ajudá-la, porém com muita raiva ana diz:

— Chega! Não precisa-me ajudar... você causou isso tudo, estragou o encontro com a visita, fez com os seus balões um trapo a minha roupa, impediu a minha despedida porque sim, espectro, ele só ficaria por um momento!... Depois eu ficaria sozinha... com você, e o que fez? Você arruinou tudo! Muito obrigada por fazer desse...

— O pior dia da minha vida?

— O dia em que eu mais desejei que você não tivesse existido!... (começa a chorar)

— Essas palavras aliviam o seu interior?...

— Calar a boca! Você não tem nada dentro de você, que faça com que das palavras deixem de ser mal ditas, vazias e de golpes mortais!

— Não há nada que eu possa fazer...

— Como eu queria que você sentisse, um pouco da dor que você causa, em que só quer ser feliz.

— Pode parar de dizer essas palavras, ana. As suas atitudes passam dos limites...

— Ah! Não era isso que queria!?

— Uma ana que não consegue lidar com situações que mexem com o seu lado emocional frágil!?

— Uma ana que ficasse ao seu lado para você maltratar sempre de desejar... para isso você esforça sensações e sentimentos.

Inesperadamente, da janela da cozinha que estava aberta, uma flecha preta entra a percorrer o cômodo até a sala de jantar, atingindo ana no coração atravessando o outro lado, com apenas um suspiro ela cai no chão inconsciente, o fogo na superfície da mesa apaga e a sujeira some repentinamente. O Espectro então olha para a janela que dá para dentro da floresta dos pinheiros, sem saber o que estava a observar, ele vai até à janela e observa a encontrar no lado de fora o garoto super-herói, que agora estava vestido com roupas um pouco sujas e o seu cabelo de cor preta.

E então o espectro vai até ana que permanecia jogada, a pega nos braços e leva para o andar de cima, no seu quarto, ele observa o ferimento a perceber que o objeto que a tinha ferido, não estava mais nela, e o seu corpo estava a tremer como se estivesse com frio, o espectro por um tempo fica ao seu lado, de alguma maneira ele sabia o que estava por vir, e ainda que demorasse a chegar, era inevitável para ela, e nada podia fazer...

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Comments

raylla 💜

raylla 💜

ooouu quem será ele

2023-02-18

0

raylla 💜

raylla 💜

nossa um mistério...gostei

2023-02-18

0

Ver todos

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