Capítulo 9 - O pássaro corrompido

O mágico se vê em um plano campo, de gramado branco, deitado no chão, logo levanta a olhar para todas as direções, sem saber onde está, ao longe onde está a luz, uma menina vinha na sua direção, a cantarolar e girar enquanto caminha até ele, que não percebe de imediato, mas ao ver de perto, ele reconheceu-a como a sua filha.

Em lágrimas ele cai de joelhos, e a menina com um abraço apertado, demonstra satisfação em vê-lo, sem conseguir dizer tudo que planejou, o mágico é acalmado pela menina que diz:

— Papai, fico contente em saber que estará ao meu lado agora.

— Eu procurei-te por tanto tempo... A minha filha, eu encontrei.

— Perdoe-me, papai.

— Não precisa pedir perdão, eu é que tenho que pedir perdão, por tem desistido que encontrar você, meu amor.

— Perdoe-nos por partirmos no momento mais feliz da sua vida, em que seria um pai, e ter feito com que você acreditasse que eu não partira junto dela, e criasse uma história em que eu fiz parte da sua vida, papai, mesmo que, na verdade, é a primeira vez que vejo o seu rosto.

— Eu... Eu...

— Não precisa dizer mais nada, papai. Só venha comigo e junte-se com a mamãe, ela está aqui.

— Ela... está aqui?

— Além da luz, é lá onde ela se encontra, e agora, será o seu lugar junto a nós, vamos logo papai.

— Vamos, minha filha. Vamos voltar para a casa.

— Esse campo é muito lindo.

— É sim, filha. Ele é muito lindo.

Então, o pai mágico é a sua filha perdida, juntos, voltaram para a sua morada, e viveram unidos para toda a eternidade, onde não há separação, onde não há saudades, onde não há dor...

Thome junto ao espectro começam o processo de limpeza do cômodo onde tudo aconteceu, e ana teve que voltar para a cama, a se recuperar dos ferimentos causados pela queda, devido a tantos acontecimentos, todos acabaram por esquecer, por um momento, que era o dia do aniversário dela, mas isso logo seria lembrado, após tirarem todas aquelas manchas de sangue, para cobrir de enfeites logo em seguida.

O espectro cuidou de tirar o corpo do mágico, da sala de estar e de frente a ana, para algum lugar, antes mesmo de thome descer a escada, após guardar no baú, a caixinha misteriosa, pois, não se atreveu a abri-la, pensando ser perigoso fazer isso, além desse problema, ele tinha outros para resolver, como os hematomas nas pernas, devido ao ataque da cartola, em que foi salvo pelo gato.

Ana consegue levar consigo a lente da luneta, e fazer no momento em que todos estão ocupados no andar de baixo, com que a barreira no livro seja desfeita, ao pegá-lo nas mãos, ainda parecia está intacta, sinal que o espectro não veio para verificar, e como imaginava, não havia cadeado e a barreira era fina, os raios de sol entravam pela janela do cômodo onde fica o porão, ana então, teve a ideia de colocar a lente na luz direto na barreira, — quem sabe assim ela seja desfeita, pensava ela.

O que funcionou, mas não era por muito tempo, então ela não perde a oportunidade e entra no livro, a deixar a lente para atrás, e adentrar outra vez na história que tanto amava ler. Do céu ela cai no gramado, onde estão todos os gatos, reunidos a espera dela, ao se levantar, ela atenta para um detalhe, nem todos os filhotes então, o que faz com que ela acredite que sim, o espectro veio sem que ela percebesse, e provavelmente, os atacou, pois, todos os felinos estavam muito agitados, mas ao atentar para o branco, a atitude que ele expressava, dizia que ordenou o pedido.

Já que na história, ela seria o que iria substituir a função do gato velho que cuidava dos filhotes, ao ver que ana estava a observá-lo, ele logo anda até a vila, a desejar que ela o seguisse, ao segui-lo o ferino de pelagem branca vai até um residente, que era na história, o dono dos gatos, o mesmo que estava a esperar pela chagada dela.

De barba branca, roupas envelhecidas, e óculos nada elegantes, ele tinha um recado para ana, era urgente demais para que pudesse esperar, mas finalmente ela veio, antes mesmo que ela viesse a dizer algo, o velhinho sentado perto a mesa de trabalho, diz para ela:

— Ana! Que bom que veio até aqui. Esperava impacientemente por sua presença.

— Perdão, senhor. Mas não o conheço.

— Oh! Mas não tinha como conhecer mesmo, eu sou o dono dos gatos, o que é mencionado duas ou três vezes na história. Mas vamos ao ponto importante, acredito que não demorará muito para que o espectro descubra que a sua barreira foi desfeita, e chegar aqui a tentar matar mais um dos meus queridos filhotes.

— O quê?— Diz ana, sem acreditar.

— É exatamente isso que ouviu, doce ana. O seu espectro matou alguns dos meus filhotes.

— Ele não é o meu espectro.

— Na verdade, é semelhante, no que diz respeito a dependência.

— Então, ele depende de mim de alguma forma.

— Exatamente, mas não é somente isso, ana. Existe um lugar nessa casa, que foi a primeira a ser criada antes de tudo, um lugar onde esconde a verdade sobre tudo essa realidade.

— E qual é esse lugar?

— O porão. Mas pode ser que não consiga entrar nela, por isso existe uma outra opção, caso não consiga entrar no primeiro lugar a ser criado.

— Os portais da entrada e do quadro principal...

— Ana, quais desses portais conseguiu entrar?

— Somente o da entrada, mas não tem nada lá, senão uma casa velha numa floresta sombria.

— Então o portal certo é o quadro principal. É nele que irá ser a sua segunda opção, para entrar. Isso será antes de conseguir parar o espectro, para que não a impeça de conseguir.

— Como eu irei fazer isso, o espectro é muito poderoso.

— Por esse motivo eu chamei-a aqui, existe uma forma de parar o espectro, através de algumas coordenadas dos quadros, que estão em outra realidade.

— Outra realidade?...

— Uma realidade em que tenha acesso fácil, e o espectro não irá intervir, por não reconhecer aquilo como um perigo. Conhece alguma outra realidade?

— Sim, eu conheço.

— Para que venha mudar o espectro, ana. Terá que mudar primeiro.

(Um barulho é ouvido no céu)

— O que é isso?— Diz ana, assustada.

— Alguém nos descobriu, deve ser ele... Ana, por favor corra!

A obedecer ao velho dono dos gatos, ana corre para a rua e logo é puxada para o céu, de volta para a sua realidade, a sair do livro. Ana cai no chão, e ao olhar para quem a puxou, ela percebe que thome a tinha tirado do livro, antes mesmo que o espectro aparecesse, aliviada ela fala-lhe:

— Que susto, thome! Pensei ser o espectro.

— Tenha mais cuidado, ou o espectro vai acabar a te descobrir.

— Eu consegui entrar no livro.

— Percebi, e o que encontrou lá?

— Tudo, mas não posso-te dizer agora, temos que ter um tempo para conversar sobre.

— Sim, mas agora eu preciso que venha descer lá na sala, porque o seu aniversário já começou, e o espectro está a trazer, da televisão, convidados.

— Mais ainda é cedo, não é?

— Não, ana. Já está na metade da tarde.

— Então quer dizer que eu passei muito tempo no livro...

— Bastante, mas não há tempo para ficar aqui a pensar, tenho que comemorar os seus 8 anos com festividade.

— Vou guardar o livro e a lente, e logo desço.

Após fazer isso ela desce a escada a encontrar vários manequins na sala de estar, todos a vir da televisão, pelo espectro. Os enfeites eram lindos nos cantos do cômodo, e os únicos convidados estavam por todos os cômodos do andar. Tudo o que ela sabia, era que esse é o único lugar onde todos poderiam ter vindo, o canal do fantôme.

Tudo estava a ocorrer bem, e o espectro estava a garantir isso, até que a porta da entrada da casa, abre repentinamente, e uma pessoa entra, com o chapéu da cruz vermelha, luvas brancas e um sorriso chamativo, ela tinha o seu cabelo de cor amarelo, e thome e ana ao verem, correm para a abraçá-la, sem ao menos conhecerem quem era essa enfermeira, e os sentimentos deles fizeram tomar aquela atitude, o que foi aceito por ela.

O espectro certamente não esperava uma visita, mas não fez nada a respeito, visto que ela podia ajudar nos ferimentos das crianças, por saber como cuidar e tratar. O tempo passou rápido para eles, pois, para ana aquele era um presente que tanto carecia, e a enfermeira era muito caridosa com eles, até mesmo passou o seu tempo junto, a balançar no balanço com eles deitados com a cabeça em seu colo, por um longo tempo.

Além dos momentos de carinho e afeto, as duas crianças aproveitaram o tempo para conversar com ela, e saber um pouco mais sobre essa repentina visita, ana estava mais curiosa que o próprio thome, então não seria somente uma pergunta a ser feita para ela, pois, ainda que eles mesmos não tenham percebido, essa enfermeira era parecida muitos com os dois, esse detalhe, era nítido aos olhos do espectro que estava a colocar mais óleo da lata na lareira, e arrumar os enfeites nos cantos dos autorretratos, e no lustre lindo na sala de estar, junto aos desenhos de balões na parede, como finalização.

Ana — De onde veio, linda moça?

Enfermeira — Bem, estava a passar por perto da floresta, até que eu acabei por parar aqui na sua casa.

Thome — Mas essa floresta é perigosa, não teve nenhum ataque no caminho até aqui?

— Na verdade, não. Eu senti pelo caminho, que por onde passava na floresta, ele abria-se como um caminho para a sua casa.

Thome — Nossa, como isso é possível?

Ana — O seu cabelo é muito lindo... Posso tocar?

— Pode sim, garotinha. Enquanto eu cuido dos ferimentos de vocês.

Thome — Eu sinto-me bem ao seu lado.

— Eu também sinto-me bem, com vocês crianças adoráveis. Vocês são os filhos que eu nunca tive.

Ana — Por favor, fique ao nosso lado, por essa noite.

— Não tenho outro lugar para ir, e mesmo que tivesse, eu prefiro ficar ao lado de vocês, crianças queridas.

Ana — O tempo está a passar rapidamente.

Thome — Nós queríamos ter mais tempo com a senhora.

— Na verdade, pequeno thome. É senhorita. Eu nunca me casei, e consequentemente, não tenho uma família.

Thome — Então é uma enfermeira solitária?

Ana — Thome!?

Thome — O que eu disse de errado?

— Eu vivo para cuidar de inúmeros ferimentos das pessoas, esse desejo cresceu-se no meu coração, após viver em um ambiente de pessoas feridas, machucadas e infelizmente sem vidas.

Ana — Isso deve ter sido muito triste para você...

— Exatamente, mas precisei deixá-los para trás, pois, acovardei-me e não pude suportar as duas dores, e partir para viver a minha vida...

Ana — Mas isso é...

Thome — Ana, precisamos voltar para dentro, o entardecer chegou e temos que cantar a famosa melodia das irmãs, o que não pode faltar nesse aniversário.

Todos entram na casa para festejar juntos aos demais convidados, a felicidade alivia o peso do que aconteceu, anteriormente, mesmo que não fosse o suficiente. A porta da entrada foi deixada aberta, os manequins agiram como pessoas normais, e o espectro deixou a televisão ligada, com a entrada para a realidade dos convidados, aberta. Ana pega thome pela mão e logo sobem a escada para o andar de cima, onde estava a caixinha guardada no baú, no cômodo do porão.

Mesmo depois de ser salva das mãos do mágico, ela ficou muito triste pelo que aconteceu, não era o seu desejo a morte de uma pessoa que tinha somente um vazio no seu coração, que o levou a fazer tudo aquilo. Mas thome havia contado para ela sobre onde deixou a caixinha misteriosa, pois, não podia guardar aquilo consigo, e isso fez com que ela pensasse mais sobre o assunto, e como não faziam ideia do que poderia ter dentro, uma solução mais óbvia era abrir, mesmo com risco.

Thome sabia que era iria querer abrir aquilo, mas não, que seria tão rápido. A caixa era misteriosa nos detalhes, pois, parecia ser um objeto que teve muito tempo para ser feito, o que faz com que ele pegue a caixinha e decidi abri-la, a pedir que ana se afastasse, a sentir que algo estranho pudesse acontecer, o que era logo iria a ser real.

Ao fazer força para que a tampa da caixa abrisse, ela mesmo abre por conta própria e solta ao que se parece ser uma fumaça roxa que entra na sua narina rapidamente, isso assusta ana que tenta o ajudar, a pegar a caixa e jogar com força no chão, destruindo o objeto no solo, mas era tardiamente para que algo seja feito por ele, que começa a tossir e balançar a cabeça, a sentir bastante dor.

O seu coração acelera, e a sua expressão é de medo, tudo isso causa desespero em ana, que tenta fazer algo e até chama o espectro, mas não muda o que ele está a sentir, pois, a sua voz não saia ainda que quisesse dizer algo para ela, nada estava sobre o seu controle, ele não tinha mais o controle do seu corpo, isso pelo fato de o seu melhor companheiro, "Os caminhos", que parte do seu ser, está a perder o controle e a fazer com que ele sofra o dano, mas logo iria piorar.

"Os caminhos" começa a criar uma cobertura em volta do corpo de thome, feita de cristal como se fosse uma armadura com um detalhe, tinha a cor roxa, o que fez com que ele conseguisse falar, mas perdeu o controle do corpo, sem entender o motivo do seu companheiro está a agir dessa forma, apenas a acreditar que seja o efeito da fumaça da caixa, a responsável por tudo aquilo.

Mesmo ele ter gritado para ana fugir, ela não foi mais rápido que "os caminhos" que domina o seu corpo, a pegá-la pelo pescoço e jogá-la na parede com violência, e em lágrimas e dor, thome via a pessoa que tanto amava, ser atacada até a morte por sua causa, mesmo que não quisesse que aquilo viesse a acontecer, estava cada vez mais real, pois, ana recebeu mais golpes no rosto e corpo, a deixá-la no chão, quase sem forças.

Mas antes que ele continuasse, o espectro vem como a morte ao vento, na aura sombria da sua proteção, entre thome e ana no meio do cômodo, sem expressar nada na sua face, apenas a fixar o seu olhar para o controlado, que até tentou dizer o que estava a ocorrer, mas foi impedido com um golpe que o jogou na parede com tanta força, que o que "os caminhos" que era a tal armadura, rachou na parte da costa, e isso para o espectro era só o começo, e ana não podia fazer nada.

O seu companheiro descontrolado, não iria deixar passar esse ataque, e logo avança para atacar com as garras de cristal roxo, que crescem na hora, mas o espectro o joga para fora da casa, pela janela e vai até thome preso, terminar de matá-lo. Ana junta as suas forças e se levanta, a andar para a escada, nisso a enfermeira com o susto sobem a ficar de frente para ela, ambas desce novamente, aos sons de pássaros e golpes vindo do lado de fora, o sentimento que tudo iria acabar da pior forma, só aumentava.

Thome logo é arremessado para a entrada da casa, a destruir a mesa e parar no chão da sala de estar, perto da escada onde as duas estava a descer. O estado de thome era crítico, ele estava banhado em sangue pelo corpo e "os caminhos" quase a se desprender do seu corpo, a soltar pedaços por onde ficava, nisso, a aura do espectro era grande e a sua fúria não podia ser contida, o que o fez ser temido pelos manequins que se escondiam por onde dava, mesmo alguns afetados por isso.

A enfermeira ficou apavorada ao ver o espectro na sala de jantar, parado e em silêncio, o que fez com que ela corresse em direção a entrada da casa, para a floresta sem ao menos olhar para trás, e não ser mais vista após isso. O espectro então avança em thome e o agarra pelo pescoço e o levanta até o lustre, enquanto ana encostada na parede a deslizar até ficar sentada no chão, senti o que não tinha uma explicação, nesse momento, o tempo que não existia, parecia ficar lento, e o barulho causado no ambiente, não era mais que um pequeno ruído para ela.

E então, a parte que cobria o pescoço de thome, feita pelos "os caminhos" é quebrado pela mão do espectro, assim como o seu pescoço. Thome, morre ao voltar os seus olhos pela última vez, em direção ao fundo dos olhos de ana, que via tudo aquilo, as suas últimas palavras estavam no seu olhar, e somente ela naquele momento entendeu. O pequeno menino vestido de super-herói, deixou a sua mensagem para a pessoa que ele mais amou em toda a sua existência, e isso era demais para ela, que em meio a dor sem igual, se levanta.

A rapidamente pegar a lata de óleo que servia para acender a lareira, jogar no seu corpo todo e avançar para as chamas, a ser impedida pelo próprio espectro, que a segura a apagar o fogo em seguida. Ela debate-se a gritar e chorar como nunca antes, somente esse barulho percorria o ambiente, os manequins ficaram de pé ao redor deles, o espectro a perceber o que causou nela, tenta a acalmar a dizer:

— Ana, pare! Pare!

— Me deixa morrer! Me deixa morrer! Você matou ele! Você matou ele! Me deixa morrer!... Eu quero morrer... Thome... Thome...

A noite chega para todos, e apenas o cômodo da sala de estar, estava com a luz ligada. O dia que era tanto aguardado por ana, desde muito antes da primeira visita, se tornou o pior dia da sua existência, e nas inúmeras lágrimas ela apaga, pois, alguns dos ferimentos ainda eram graves no seu corpo, e como numa linda ave de fumaça, "os caminhos" morre logo em seguida.

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