Capítulo 3 - Quando os gatos choram/ Parte 2

A chuva aumentava vindo de trovoadas em sequência, o brilho que atravessa a floresta lentamente acabava, num ganho de um pinheiro estava a ave que atacou o filhote branco, que observava atentamente para dentro da casa, sem perceber ao redor dela, uma flecha vindo de dentro da floresta a atravessa, sem tempo de reação apenas caindo ao solo, consumido pelas pequenas plantas que havia no ambiente, dessa vez a flecha não desaparece, permanecendo no chão.

Todos estão sentados na mesa de jantar, ana continua a ler o seu livro, thome procura aquecer a casa, acendendo a lareira, e o espectro fica num transe contínuo, após acender a lareira com um galão de gasolina, thome volta para mesa e não entende o estado em que o espectro está, o que faz perguntar para ana, que também está parada com olhar fixamente a página que lia, um brilho saía do livro, então ele sobe para o andar de cima para constatar que os demais filhotes estão bem, confirmando logo em seguida ao ver que o gato branco estava com os seus grandes ferimentos curados, ainda debilitado e com os outros gatos ao seu redor.

Thome entende que a presença dos demais gatos fazem com que o gato branco, o mais velho dentre todos eles, melhorasse com rapidez, ao olhar pela janela a floresta e o tempo, ele vê atenta para um caminho feito com penas de uma ave que levam até uma flecha que não era normal, pensando em ir até lá, começa a chover granizo, uma dessas pedras de gelo acerta o livro da janela onde thome estava, quebrando e quase machucando, de repente os granizos que caíam para dentro do cômodo, começavam a congelar parte do chão, criando um caminho que levava até o portal que estava ali, thome atravesse a tocar na maçaneta, tomando um susto com o espectro que aparece atrás dele, caindo no chão em seguida, com a sua aura ele preenche no lugar do livro, do granizo e chuva.

No lado de fora da casa, aparece da floresta dois lobos-do-ártico, indo até à porta da entrada, vindo de encontro, um lobo cinzento para atacar o macho alfa, a loba que estava ao seu lado, se coloca na frente para proteger a sua garganta, enquanto os dois lobos encaram-se, em meio a uma chuva de granizo, o lobo cinzento começa a ter o seu corpo coberto por cristais transparentes, fazendo com que os dois predadores voltem para a floresta, então o lobo começa a ficar pequeno e voltar a forma de um filhote de gato, de cor avermelhada, correndo para atrás da casa, com um pássaro misterioso perseguindo. O espectro assisti toda aquela situação e diz para o garoto:

— A sua estimação está perseguido um dos filhotes.

— Veja como fala! "Os caminhos" Não precisa usar de racionalidade, para cometer os seus erros.

— Está a dizer que sendo uma estimação, ainda pode ser melhor que eu?

— Por que não pega o filhote nos fios da energia que percorre por toda casa, e prove que estou errado.

— Eu irei, mas não preciso provar nada, se por algum motivo provasse, quebraria todos os seus ossos, tipo se você tentar entrar no porão!

Enquanto discutiam, o filhote que estava nos fios sai deles por um momento e começa a correr pela casa, descendo a escada, o espectro some indo até onde o filhote corria, com sucesso conseguindo pegá-lo, ana permanece parada a olhar para a página do livro, thome desce a escada e vai até o espectro, dizendo:

— Precisamos de um lugar para deixar os filhotes em segurança, o cômodo onde estão está a congelar lentamente!

— Segura esse filhote, não tome cuidado para não receber uma descarga de essência.

— E isso existe?

— Se eu existo, tudo o que há também existe. Temos que nos apressar, eles não vão suportar o frio... provavelmente, essa casa também não.

— O que está a acontecer com a ana? Ela não se mexer faz um tempo.

— Vamos tentar resolver essa situação, sinto que ela não está em perigo, depois vemos o que se pode fazer por ela.

Ana não estava entre eles, ela não saiba onde estava os demais, mesmo sabendo a essência de cada um, em contínua leitura percebe que numa das páginas, uma imagem retratada da vila onde, no contexto, os filhotes moravam durante toda a história, tinha um pontinho de três cores que se movimentava por toda a imagem, o seu olhar ficava fixo nos movimentos que o pontinho fazia, percebendo do que se tratava, a sua visão de repente escurece, ana é transportada para dentro da vila, jogada no chão com roupa como de morador da imagem, ana começa a procurar pelo filhote, esse que era o único que não tinha descrição, era misterioso e quase não conhecia, tão bem quanto os outros.

Ana encontra uma vendedora e pergunta sobre o gato, ela responde a apontar para um celeiro ao lado de uma grande fazenda, sem perder tempo chega até o local, de tricolor e adulta, o gato estava sentado para a porta do celeiro, como se estivesse a esperar por ela, ao entrar pela porta e avistar o filhote que procurava, ana observa por um momento, para a surpresa dela o gato começa a falar:

(— Você não veio até aqui para encontrar-me.)

— Por que diz isso?

(— Veio para encontrar a resposta da própria história, não é mesmo?)

— Você é um dos filhotes que procuro, não saiu do livro como os outros, porquê?

(— Não posso sair do meu mundo, não é como você sair do seu e adentrar o meu, eles tiveram uma janela aberta e saíram.)

— Procurei sobre você e não achei muita coisa, cuida dos filhotes como um pai, não é mesmo?

(— O meu maior medo é perder cada um deles. Por favor, vamos sair desse celeiro e tomarmos um café em frente ao lugar chique dessa vila.)

[Sentados tomando um café da tarde]

(— Pelos menos uma vez se perguntou porque os gatos choram, ler esse livro é como receber um convite para outro mundo, decidindo se aceita ou não, interferindo na sua interpretação, por consequência.)

— Eu aceitei desde a primeira vez que li...

(— Por isso está aqui, por aceitar entrar nesse mundo fantasioso. Antes que possa dizer-lhe o que quer tanto saber, faça uma pergunta para si mesma, porque os filhotes saíram do livro e entrou.)

— Como posso perguntar, se não sei a resposta?

(— Não sabe, pois, foi-me confiado essa resposta. Eles saíram porque são filhotes, muito tempo num mundo que vive sempre a mesmas coisas, acaba por fazer alguns enlouquecerem.)

— Eles queriam liberdade...

(— Não, eles queriam conhecer o seu mundo.)

— O quê? Por quê?

(— Por que do seu mundo foi criado o mundo de cada um de nós, e eles também.)

— Está dizendo que alguém do meu mundo criou essa história?

(— Exatamente, eu sei quem foi, afinal, se não soubesse não teria as respostas para suas perguntas, nem esperar aqui por você.)

— Por favor, diga-me. Quem escreveu esse livro? Só existe eu e o espectro, durante toda a nossa história.

(—Oh! Pequena ana, sabe que não posso dizer, precisa descobrir quem.)

— Eu não perdi nenhuma memória, não é como se não soubesse quem eu sou, é sobre não ter respostas de perguntas que alguém criou.

(— Sabe ana, tenho muitas respostas para você... E, ao mesmo tempo, não tenho respostas para mim. O que será dos meus filhotes, quando morrer? Eles entendem o que irá acontecer comigo ao decorrer da história?)

— Por que dizes essas coisas?

(— Toda vida fui criado já sabendo do meu fim, cada vez que alguém inicia a sua leitura, tudo começa novamente, se repetindo e repetindo, o mesmo sentimento, a mesma aflição de saber que eles vão ficar sem mim, daqui a alguns capítulos...)

— O que está a acontecer!?

(— A história está se desfazendo pela falta dos filhotes, espero que eles voltem em segurança. Ana, diga-me por favor, o que irá acontecer no final da história? Preciso saber se os meus filhotes vão sobreviver...)

— Eu ainda não terminei de ler... de entender.

(— Não precisa entristecer se, por ainda não saber...)

O gato começa a derramar as suas primeiras lágrimas na xícara de café, enquanto o pôr do sol embeleza a paisagem onde estão. Ana então começa a olhar para cima onde além das nuvens, estão a palavras escritas do livro. Enquanto isso, todos os filhotes foram abrigados na sala de estar, perto da lareira num lugar aquecido, o garoto sai da casa a procura do filhote restante, a chuva de granizo terminara, apenas para que os ventos frios fizessem caminhos para o horizonte misterioso, depois de um tempo procurando, ele encontra a sua ave e o filhote avermelhado nas suas garras, ao entregue nos seus braços, eles entram na casa, o espectro vendo que trouxera o filhote, os reúnem juntos, thome pergunta para ele:

— O que faremos agora, todos estão aqui...

— Todos não, ainda falta um deles.

— Antes de acharmos esse último, vamos ver o que aconteceu com a ana.

— Deve ser a falta de café da manhã, nada de mais.

— Independente, precisamos saber por que ela está nesse estado, não sei como você confia no que sente sobre ela, agindo dessa forma.

— Está bem, convenceu-me a irmos.

(Chegando perto de ana)

— Olha isso, espectro! As palavras da página estão a trocar de lugar, formando novas frases.

— Sei o que está a acontecer...

— Aqui ela diz que está no livro." Precisam trazer os filhotes de volta para o livro, onde está o último deles"... Foi isso que ela escreveu.

— Vamos ter que entrar no livro novamente.

— Como se eu já entrasse alguma vez, sabemos muito pouco sobre essa história, mas se ela nos pediu para entrarmos, vamos seguir o que ela disse...

— Thome! Pare de pensar alto e ajude-me a pegar os filhotes restantes, precisamos entrar nesse livro o quanto antes, e acabar logo com isso.

Após enviar o recado para os dois, ana e surpreendia por um ladrão, que a agarra pela camisa exigindo dinheiro, se debatendo ana chama pelo gato que não se move, assim como toda a história, o tempo havia parado e o ladrão cada vez mais irritado, ela consegue pegar a xícara e quebrar na cabeça do personagem, pegando o gato nos braços a correr em direção ao campo, afastando-se da vila, chegando até uma grande árvore, de repente do céu desce thome e o espectro com todos os filhotes, e o tempo volta como era antes, em desespero o gato que ana segurava soltar-se a correr até os filhotes, houve alegria entre todos os felinos, thome vai até ana e a abraça, o espectro observa toda aquela cena, repentinamente o ladro aparece, e o filhote verde usa a sua essência para criar cinco versões dele, que atacam e perseguem o ladrão pelo campo.

Atento aos mínimos detalhes, sentindo o ambiente, evitando dizer algo, o espectro chega até ana e a chama para irem embora, ana pega por um momento, atentando para o gato tricolor que continuava a chorar junto aos seus filhotes, com um sorriso e emoção, ana diz:

— Agora eu sei a mensagem da história...

— E qual é a mensagem, ana?— Pergunta thome, curioso em saber.

— Quando os gatos choram, é por que sabem que vão morrer antes de todos os outros…

— Nossa ana, pensei que essa história era feliz.

— Mas um que engana-se com primeiras impressões positivas— Diz o espectro, intervindo a conversa— Precisamos ir logo, terminem de conversar fora desse livro.

Os filhotes correm para a vila, ficando somente o gato tricolor, que já envelhecido procura chamar atenção deles miando, ana então vai até o gato, com thome e o espectro a segui-la, ao chegar até ele, o espectro logo o diz:

— Não precisa agradecer pelo que fizemos por você, agora vamos...

— Chega de ficar nos apressando, espectro!— Grita ana.

— Escuta aqui, você passou tempo suficiente com esse velho felino, não acredite que pode por vontade própria, decidir se fica ou não, uma disso...

O espectro usa o seu poder para enviara ana e thome novamente para fora do livro, o gato vê com desdém a atitude do espectro que, ao fazer isso olha de volta para o gato e dá as costas para ele, apenas com uma palavra, o espectro para de caminhar, o gato disse:

— Por quê?

— ... Nunca coube a você entender, afinal, o que há entre nós é somente uma ponte antiga que... foi criada.

— Existes?

Ana e thome aparecem em casa, eles começam a limpar se da sujeira, logo após o espectro volta, também limpando se de pequenas manchas de sangue. Ela acaba caindo no chão, thome ajuda a levantar, enquanto o espectro pega uma tigela de cereais e coloca na mesa, ana se senta e começa a comer lentamente com um sorriso no rosto, o livro não brilhava mais, apenas mantinha a sua capa tão linda como antes, os filhotes unidos, thome pega o livro e leva até o quarto de ana, para guardá-lo no lugar onde sempre ficou, e sem perceber do livro saía lágrimas, enquanto tremia a cair no chão, com o barulho vindo do andar de cima, já estando thome a descer a escada, o espectro então some e aparece onde o barulho aconteceu, vendo que o livro tinha a arrastar-se até a porta do porão, enquanto o mesmo estava em frente ao baú, com as coisas fora do lugar e algo de estranho acontecendo, ele destrói o livro em frente ao porão, ao fazer isso o cadeado do baú rompe, ele apenas recolhe o livro em frente dele e o coloca onde estava, parando no caminho sem fazer um sequer movimento.

Algo vindo da floresta o observava, ainda insistindo era a ave que havia atacado o filhote branco, com o seu canto chamava a atenção do espectro que, sem hesitar estende a sua mão em direção precisa, libera o seu poder que destrói a estrutura da janela e acerta a ave, ferida voa na tentativa de chegar na casa, e acaba por sair do seu corpo vários espinhos de cristais, desfazendo a ave sob o vento que trazia os primeiros cristais de gelo de um longo inverno repentino. Ana e thome permaneciam sentados à mesa de jantar, conversando:

— Ana, já melhorou após alimentar-se?

— O meu problema era a falta de comida, então sim! Estou melhor.

— É verdade, que não gosta de chocolate quente?

— Hum! Quem disse isso!?

(Thome começa a rir, enquanto ana insiste na sua pergunta, nesse momento o espectro desce a escada)

— O que está a acontecer, porque toda essa barulhada?

— Primeiro, eu não estou a fazer nenhum barulho alto, segundo, barulho alto foi o que você faz lá em cima!

— De fato, espectro. Parecia que você estava a atacar algo.

— Estava sim, era a mesma ave que matou quase o filhote branco, "Alma-de-gato" é o nome dessa ave.

— Estranho essa ave ter esse nome.

— Nada é sem um motivo, thome. Essa ave pode ser pequena ou média, mesmo sendo inanimada, o seu objetivo é com o seu canto predestine a morte do mais fraco, o seu nome se dá pelo fato dela após morta, voltar a existir após a morte de um gato ou algo parecido...

— Isso faz sentido, se essa ave não aparece aqui tão repentino— Diz ana.

— Ana tem razão, espectro. Precisamos guardar esse lugar, não sabemos o que há floresta...

— Muito menos da porta para fora— Diz o espectro.

— Isso não é verdade! O thome tinha saído e nem por isso foi morto ou algo do tipo, você só diz isso por não me deixar sair para fora— Exclama ana.

— Se depender de mim, por essa porta você não sai, thome só não se feriu por ter seu pássaro de estimação ao seu serviço.

— É "Os caminhos" o nome dele!

— Independente, preciso subir e reparar o estrago que fiz, tentando proteger vocês!

— A palavra dele é a única que reverbera aqui dentro.— Diz ana inconformada.

Em meio às labaredas que saía da lareira, um gato adulto de cor cinza sai a andar, se senta a observar os dois sentados à mesa de jantar, rapidamente saindo do teto para o chão da sala de estar, em frente do gato, o espectro diz-lhes:

— Mais um dos filhotes!?

— Ah! Não, esse aí é o cosmos, o gato que eu dei de presente para a ana, antes de entrar nessa residência.

— Se eu esqueci quem ele era, não o alimentei ainda.

— Não precisa, eu cuido da alimentação dele, sendo um gato existem exigências quanto ao que come.

— Quê!? Ainda tem escolha do que comer?

— Você deve não ter convivido com um gato para entender...

— Lembro-me de ter tido um gato— Diz ana.

— Não, não lembra. Porque você não teve sequer gato, deve ter tido um "Déjà vu".

— Ou uma vida passada.— Acrescenta thome.

— Não está a ajudar, thome.— Diz o espectro.

O gato então começa a andar pelo cômodo e pula em uma das fotografias na parede, sumindo de vista em segundos, o espectro não gostando disso vai atrás do gato, e ao entrar do retrato em preto, é levado até um lugar onde só existem paredes, apertado e com uma iluminação provida de uma lâmpada antiga presa ao teto, constatando que não havia gato e nada além de quatro paredes de concreto, ele volta para o cômodo, onde thome está ajeitado a antena de televisão, enquanto ana coloca o seu cachecol completando a sua roupa de inverno, thome então pergunta:

— Conseguiu pegar o gato, espectro?

— Não... Onde arruma esses gatos estranhos?

— Você é estranho, então deve ser do mesmo lugar.

— Muito engraçado, thome... Por que está vestida com essa roupa, ana?

— Enquanto você passou minutos dentro desse retrato, fomos terminar de tampar o buraco que você fez na parede, mas provavelmente não vai durar por conta do inverno, então quero estar prevenida caso aconteça.

— Eu passei tanto tempo dentro daquele lugar...

— Que lugar, espectro?— Pergunta thome.

— Nada de mais, preciso dar satisfações a crianças como vocês!?

De repente os retratos na parede começam a sumir lentamente, sem haver explicação, apenas o retrato que o espectro entrou está como antes, todos não percebem quando isso acontece, somente ele que prefere deixar isso de lado, subindo a escada até o cômodo onde precisava reparar o buraco na janela, chegando perto onde estava, o baú arrasta se sozinho até a porta onde fica o porão, o espectro por um momento não explode o baú junto do chão, com raiva do que acontecia, com todo o cuidado ele coloca no lugar, não atrevendo a ver o que tinha dentro, olhando o pequeno espaço no canto do cômodo, agachado com uma das suas mãos no baú, os seus olhos começam a brilhar e então ele desaparece...

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!