Capítulo 7 — O Mágico/Parte 1

O dia que todos esperavam havia chegado, dias antes, o espectro havia entrado da tela da televisão, por um tempo, sem dizer nada para os dois, sendo o encerramento do show do fantôme, o possível motivo, para a sua insatisfação após voltar, que não foi escondida. Todos eles ainda que esperavam, não sabia exatamente quando iria vir a visita, pois, não havia tempo, entrando em concordância que só começariam a preparar a comida, somente após a visita entrar, assim evitando que ofereçam uma refeição fria. As neblinas tomando conta do final do horizonte, o espectro verificava o que tinha na cozinha, se responsabilizando em preparar o prato principal, thome trazia do lado de fora da casa, alguns gravetos que encontrou, para que pudesse acrescentar na lareira, e ana no seu quarto, estava a reorganizar os seus livros, um a um.

Ana percebe que o seu livro (Quando os gatos choram) estava a brilhar entre os demais, não abrindo ele, apenas verificando a sua capa, sem esperar, o livro sozinho abriu-se diante dela, uma nuvem sai dele e vai até perto da parede, fazendo com que chova gotículas no chão do quarto, uma poça é feita, e a nuvem volta para dentro do livro, que se fecha rapidamente, a poça começa a se movimentar até a parede, subindo aos poucos, ana ao aproximar-se da poça na parede do seu quarto, a mesma começa a formar palavras, com uma mensagem diretamente para ela, ana com pressa, tranca o seu quarto, observando o que a poça iria transmitir.

Algumas mensagens são feitas, que dizia: "O luto por um segredo"; "Ele é o responsável" e"Estamos presos, liberte-nos!". Fazia ana ficar totalmente sem reação, se tratando de uma mensagem vinda dos filhotes, ou até mesmo do gatão, que cuidava de todos eles. Sem entender o que estava a acontecer, ela tenta de alguma forma, esconder a pequena poça, para não ser vista pelo espectro, memorizando cada palavra, das três mensagens que recebeu, destrancada a porta, ela sai a descer a escada, para encontrar thome, a quem ela precisava contar sobre o que soube. O baú permanecia fechado, após o espectro decidir por deixá-la em seu lugar, por sorte thome pega a luneta e guarda consigo, atentando para algo do seu interesse.

Encontrando thome na sala, ela logo o chama a sentar no sofá, conhecendo ana, ele sabia que era algo muito importante, e o espectro nem ao menos se importou com a ausência deles, bem ocupado com a refeição. Thome não entendeu o motivo de estar a ocorrer tudo de maneira certa, a visita devia ser muito importante, pensava ele. Ana diz no seu ouvido sobre o tinha acabado de acontecer no seu quarto, deixando ele pensativo, a levantar uma dúvida sobre o espectro, dando continuidade à conversa, eles vão para o andar de cima, para evitar serem pegos de surpresa, e algo aconteça.

Uma conversa entre eles, tinha que ser secreta, com a porta do quarto bem trancada, e a poça de água escondida em um lugar a parte, ana afirma ser uma urgência, thome insiste para que isso seja resolvido após a visita, mas ela não desiste do que quer, e logo uma conversa se transforma numa pequena discussão, ele não querendo isso, ele diz-lhe:

— Precisamos de tempo para resolver esses assuntos...

— Mas não sabemos que perigos, eles estão a passar, thome.

— Logo a visita chega, caso aconteça algo de ruim, esse dia pode acabar da pior forma.

— Estamos do mesmo lado...

— É por estar do seu lado, que desejo que isso tenha tempo, sabe, para digerir essa informação.

— Lembrei de algo!... Espera aí, só um minuto.

— O que procuras no seu guarda-roupas?

— Esse vestido, olha! Está vendo essa mancha?

— Sim, estar a parecer com respingos de sangue.

— E é exatamente isso! Lembra de quando nós fomos os primeiros a sair do livro?

— Claro que lembro, aí o espectro saiu logo em seguida, se limpando da sujeira que tinha no livro, algo assim…

— E se o que ele estava a limpar, era sangue em vez de sujeira? Depois desse dia, eu não contei antes, mas, o meu livro estava estranho, como se tivesse um poder sobre ele, a impedir que eu adentrasse nele.

— Como uma barreira semelhante a que foi posta na entrada do portal, não deixando nós sabermos o segredo que está diante dos nossos olhos.

— Temos que saber uma forma de quebrar essa barreira, se não, nunca iremos a lugar nenhum.

— Ana, sabe que precisa ter mais coragem, não pode deixar que o espectro seja o seu maior impedimento, torne ele o seu objetivo pessoal.

— Esse é o meu objetivo. Tinha esquecido...

— Não pode desistir agora, ainda estamos no começo, e, além disso, a nossa promessa ainda se mantém de pé.

— Verdade, quero muito que você consiga voltar para a sua casa, e quem sabe, me visitar quando puder.

— Com certeza, eu serei mais que um convidado.

Ambos descem a escada, enquanto o espectro coloca toda a comida na mesa, a campainha toca repentinamente, já estava próximo do entardecer, ana logo vai até à entrada a abrir a porta para sua visita. Do tamanho de um adulto, com sua cartola mágica, e luvas leves a segurar a sua varinha na mão, usava num dos olhos com estilo, um lindo monóculo preto, o seu sorriso mostrava grande satisfação, e a sua outra mão na barriga dizia ter muita fome, convidado a entrar por ela, a reunião à mesa era o mais importante entre eles...

Ana — Então és um mágico muito famoso?

— Sim, estou a procurar aperfeiçoar os meus truques, uma viagem pelo mundo é uma decisão difícil a tomar.

Thome — Então está a viajar para apresentar os seus truques ao mundo?! Será que pode depois nos mostrar alguns deles, por favor?

Espectro — Não tenha tanta animação, thome. A grande parte daqueles que se dizem ser mágicos, ainda não sabem como dominar a arte completa.

— Então entende sobre a magia?

Espectro — Sei de muitas coisas, mas isso não diz respeito ao que disse, pois, isso, qualquer um pode perceber.

Ana — Mas como assim, para ser mágico precisa dominar a magia?

Thome — E eu pensando que era só tirar o coelho da cartola...

— O que ele disse anteriormente, não é mentira ana.

Espectro — Eu sou o espectro! Caso não tenha percebido.

Ana — Espectro, não é assim que se trata uma visita...

Espectro — Não precisa dizer-me como eu tenho que agir com as visitas, ana!

Thome — Vai começar tudo novamente...

— Por favor, não precisam discutir por minha causa, quando terminarmos esse momento, eu irei embora.

Ana — Não, não! Pode ficar o tempo que precisar.

Espectro — Nem ao menos presta a atenção no que está a falar.

— Sou muito grato, pela hospitalidade na sua casa, estou sem lugar para pernoitar.

Espectro — Usa a sua magia para criar uma casa, assim você pode ficar num lugar seguro.

Thome — Você fala como se acreditasse em magia.

— Ah!... Eu não tenho toda essa magia, se não eu teria feito o que você propôs.

Ana — Nos conte sobre a sua vida, como veio parar aqui?

— Eu era muito jovem quando iniciei a minha vida na magia, na época eu conheci uma jovem moça, que foi participante da minha primeira e grande apresentação. Ela era uma linda rosa entre os espinhos...

Espectro — Isso era para ser um elogio?...

Ana — Por favor, espectro, não o interrompa.

— O tempo passou para nós, após casarmos em felicidades e lutas, veio a nossa primeira filha...

Espectro — Vou precisar-me retirar, aproveitem a comida.

— Mas... Foi uma vida por uma vida.

Ana — O que isso significa?

Thome — O que ele quer dizer, é que a sua amada acabou a morrer no parto, não é isso?

— Sim, felizmente, a minha filha sobreviveu. Não era fácil para nós dois, pois, assim como um circo traz felicidade para a sua plateia, o mágico traz consigo a novidade para quem o assisti. Como eu iria fazer isso, após perder a minha esposa? Desde esse dia, não quis mais ser mágico, mas, a minha filha cresceu e já mostrava interesse nos meus objetos de mágico.

Ana — Ela sabia sobre o que acontecera com a sua mãe?

— Não tinha contado para ela, estava a esperar o momento certo. Mas ela sabia que eu era mágico pelas pessoas que me chamavam pela rua, ela queria tanto que eu fizesse um truque para ela, mas não dei muita atenção.

Thome — Tinha algum motivo a mais, para não querer voltar para o mundo da mágica?

— Tem sim, um medo de não saber fazer o truque que ela me pediu, ainda não tinha experiência...

Ana — Qual era o truque?

— Desaparecer, não é nada fácil fazer isso, muito mais quando se quer ser um mágico de verdade. Mas como muita insistência dela, por ser o seu aniversário de 7 anos, decidi por fazer usando um pano mágico especial, que ainda não tinha usado nas minhas apresentações passadas, mas o pior aconteceu...

Ana — O que aconteceu?

Thome — Calma, ana. Deixe ele terminar de contar.

— Eu usei tudo o que eu sabia, inclusive, esse era um dos truques que necessita o controle dos pensamentos, significa que precisava estar focado no que iria fazer, sem desviar os meus pensamentos, mas... naquele dia eu acabei por pensar na minha esposa, no momento em que a fiz desaparece, tentei retomar o foco e trazer ela novamente, o que não consegui, tentei por mais uma vez, e não consegui trazê-la.

Thome — Mas para onde esse truque levou ela?

— Desculpe, mas eu não ainda sou experiente o suficiente, para responder a essa pergunta.

O espectro havia ido para a janela do cômodo do porão, a olhar para a floresta, um brilho é vindo de lá, algo que não era familiar, mas estava ali, por algum motivo, e de repente, algo bate na porta do porão, com força e por diversas vezes, o que faz com que o ele observe a fechadura, caso ela estivesse a ser forçada, o que não aconteceu. O barulho na porta encerra-se com um único som de grito, rápido e abafado, a deduzir por ser de uma criança, mas não era uma coisa que poderia saber, já que o porão estava trancado pelo seu poder, há muitos tempos, mesmo que o próprio tempo não existisse, isso o levou a pensar ser um paradoxo, assim, ao vento some repentinamente.

O tempo começa a agir de maneira anormal, a vir o escurecer para todos, junto a iluminação das estrelas mortas, no frescor trazido pelos ventos das montanhas abaixo, um clima novo instalava no ambiente, enquanto todos terminavam o seu jantar naquela noite sem o luar, exclusiva para as estrelas. O mágico fez com que aparecesse um tabuleiro à mesa, para a diversão das crianças, os ensinou a jogar, presenteadas, eles queriam mais, e não tinha como o mágico negar, afinal, para ele, momentos como esse, não tinha a tempos.

Novamente ao cômodo onde fica a porta para o porão, o espectro fica de frente ao baú, pois, ele não queria que ana tivesse visto o boneco, um dos motivos que o fizeram guardar, foi saber que podia assumir o corpo daquele objeto, a ocultar os seus poderes e agir como uma criança, que na visão dele, era falsa e forçada, essa era a chance de pôr um fim, a perceber que ela não se lembrou dele, quando o tirou do baú, era um sinal que o poder funcionou, apenas a perder pela simples curiosidade das crianças e a permissão dele, já que não é comum, lembrar-se de tudo o que faz.

Mas, enquanto os dois se divertiam com o mágico, ele pensa em colocar o seu poder, para impedir que o baú seja aberto novamente, era algo que traria uma certa dúvida, pensava ele, o que daria certo se não estivesse o thome, pois, era ele quem era a "coragem" da casa, e isso tirou parte do seu domínio, e nada podia fazer contra ele, mesmo que isso fosse inaceitável, e mexia com o seu interior. Todos esses pensamentos o fizeram sair do local e decidir por deixar o baú no mesmo lugar.

E ao fazer isso, ana sobe a escada em direção ao cômodo onde ele estava, surpreso, resolve ficar e esperar, para saber o que ela tem a dizer, a nitidez dava uma noção do que era, pelo fato de ter saído da mesa, e também, ter ido rapidamente até o quarto dela, a verificar o lugar, ele precisava esconder que tinha descoberto a poça de água "viva", pelo chão do quarto, estar molhado, tudo isso muito rápido. Ela chega na sua frente e em voz baixa, diz-lhe:

— O que você fez com os filhotes?

— Por que questiona isso, ana?

— Eu fiz uma pergunta.

— E eu estou a questionar o motivo dela, para não precipitar, em acreditar que esteja a desconfiar das minhas ações.

— Interprete como quiser, somente responda à minha pergunta.

— Eu apenas me despedi deles, naquela ocasião.

— Apenas se despediu, agora explique-me, qual é a necessidade de colocar o seu poder no livro?

— Eu coloquei, para que não corresse o risco deles sairem novamente, e tudo repetir-se.

— Mas se eles estavam sob o cuidado do gato mais velho, não precisaria ter feito isso! Exceto se aconteceu algo com ele.

— Está a querer forçar uma confissão inexistente! Nós sabemos muito bem, que o gato mais velho irá morrer na história, isso faria com que eles, novamente, tivessem a liberdade de explorar o mundo, fora do livro, e isso seria o perigo.

— O perigo ao qual se refere, é a nossa casa. E é claro, aqui dentro, quem oferece esse perigo.

— Sabe que estou a falar das visitas constantes, e dos animais que aparecem da floresta, pare de querer colocar palavras na minha boca!

(O cômodo todo treme, quando o espectro fala, a fazer ana cair no chão, e bater o seu braço)

— Ana, perdoe-me. Eu não queria fazer isso...

— Afaste-se de mim!... Finalmente, após tanto tempo, alguém entra por essa porta, e traz-me alegria. Tudo o que te incomoda... É que isso aconteça, pois, prefere-me ver a gritar, sentir raiva, desrespeitar, sentir o medo e insegurança, todas as sensações que eu nunca desejei ter, mas que você sempre provocou em mim!... O seu troféu é fazer com que eu me pareça com você, mas saiba, que eu prefiro a morte, a ser igual a você!... igual a você!

(Os seus olhos escurecem, por um instante)

Nesse momento, thome e o mágico sobe a escada, a encontrassem com os dois, que estão de frente um para o outro, já em silêncio, o olhar do espectro é para a ana, que não o encara, mas tem as suas palavras direcionadas a ele. Sem perceber a clima criado no ambiente, thome fica ao lado de ana e pergunta ao espectro:

— Vocês também sentiram o cômodo tremer?

— Sim, thome. Não foi nada de mais, isso acaba por acontecer, por vezes.— Explica, o espectro.

— Está a ouvir, mágico. Eu disse que não era nada de mais.

— Ah! Bom! É que me lembro de rumores sobre esses tremores, mas não levo muito a sério, deve ser algo que não apresenta perigo, de fato.

— Espectro, espectro!

— O que você quer, thome?

— Queria saber se pode deixar o mágico dormir aqui, só por essa noite.

— Isso é uma pergunta? Porque, a resposta você já deve saber.

— Eu preciso que me dê essa hospitalidade, não tenho para aonde ir.— Suplica, o mágico.

— Não sei se devo confiar, um lugar nessa casa, para você.

— Deixa logo, vai! Ele é muito legal, até fez com que o show do fantôme, passasse na televisão, mesmo antes do tempo.

— Como isso é possível O fantôme...

— É somente um dos truques que eu sei fazer, afinal, eles merecem assistir o fantôme, sabe, ter um pouco a mais de felicidade.

— E quem disse que eles não têm felicidade o suficiente? Quem te deu a autoridade de decidir, o que eles merecem ou não?

— Calma, espectro. Ele não falou por mal, nossa, até parece que somos prisioneiros de você.

— E não são, thome. Apenas quero deixar bem claro, que posso provar trazer felicidades a vocês dois.

— Então prove isso, a deixar ele passar essa noite aqui, junto a nós!

— Odeio insistência, mas só para provar o que disse, está bem, somente por essa noite.

— Ouviu isso, ana? O mágico irá ficar aqui com nós!

— Sim, eu ouvi, thome. Só me deixar ficar sozinha no meu quarto, depois eu irei até vocês.

— Está bem, não demora, vamos ver as estrelas, pela luneta.

Todos se retiram do cômodo, apenas ela fica no local, sentada e com a cabeça baixa, pensativa, o espectro volta para o seu efêmero pessoal, a ficar na escuridão por um tempo, tudo enquanto os dois ficam a ver as estrelas no céu, o mágico até tinha preparado um presente para thome e ana, mas queria entregar para os dois ao mesmo tempo, a luneta era boa para ver ao longe, isso fez com que thome percebesse algo diferente nela, e a surpresa do mágico ao ver esse objeto como diferentes dos outros que viu, confirmou a sua suspeita, que o objeto tinha algum segredo.

Ana se levanta, e o baú começa a se mexer, algo estava a querer sair, ele rapidamente abre, a ver o boneco do seu tamanho, isso trouxe a sua mente algo, que ela mesmo tinha esquecido, aquele era a sua primeira tentativa de mudar o espectro, de encontrar a luz no interior da escuridão, mas, ela não sabe como esqueceu do seu objetivo, porém, essa lembrança, fez com que ela determinasse, e não mais escapasse da sua memória. Ainda que custasse muito caro, uma forma de encontrar a brecha ideal, para entrar no portal do quadro, era a primeira barreira que ela iria quebrar.

Os olhos de vidro do boneco, eram tão vivos, e o seu corpo tão vazio, revelava que precisava ser preenchido por alguém. Ao tocar por um tempo, fez com que ana sentisse as suas mãos feridas, o que ela interpretou, como a ser ela, a criadora do boneco, pois, cada parte do boneco tem a sua cor, a significar que ela cortou as suas mais belas roupas de diferentes cores, para formar a parte de fora, e deixar que a parte vazia de dentro, fosse reservada para o espectro, mas por algum vago motivo, isso não aconteceu, e aquele, não seria a primeira tentativa, pensava ela.

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