Capítulo 5 - O Carrossel

Neve e mais neve comportavam o céu no seu interior, ana estava sentada na cadeira com as mãos na mesa fazendo carinho no seu gato, thome permanecia deitado no sofá, lugar onde dormia, o seu cobertor tinha um desenho das estrelas, um presente que ele levava consigo em sua mochila, onde guardava lembranças que só ele e a sua ave sabiam.

Pouco enervado de tanto carinho que ana dava, o cosmos, o seu gato reage com algumas leves mordidas, expressando uma pausa para poder dormir, aceitando para evitar mais mordidas, ela deixa o gato onde está, levanta da cadeira e vai até à sala de estar, onde thome está, percebendo que ele ainda não descansara o suficiente, decide em não acordá-lo, subindo a escada em direção ao cômodo onde fica o porão, ela observa a neve caindo além do vidro da janela, abaixando a cabeça no mesmo instante pensativa, enquanto fazia isso, olhava para sua roupa, a mesma que ela sempre dormia, de cor padrão cinza de sempre, então ela tem uma ideia, indo ao seu quarto próximo de onde estava, começa a procurar por entre as suas roupas, algo que a interessa-se.

Sem que alguém soubesse, o espectro estava novamente no quadro, onde não havia nada além de paredes, com as suas mãos a passar por cada canto da parede, queria sentir algo que não havia, mas insistia em tentar encontrar, até olhar para a lâmpada, que estava quase se apagando, ao retirar do bocal com cuidado, não escurece o lugar onde está, como se não precisasse de luz, colocando novamente no lugar, percebe um brilho vindo do quadro por onde entrou, como um espelho que não refletia, mostrava ante, a sala de estar e de jantar até a entrada, agora aos olhos do espectro via-se um corredor diferente do comum, pertencente a um andar superior de uma casa nobre, repentino tremor não pode ser contido por ele, rapidamente retira a lâmpada e colocar novamente, agora vendo thome levantar do sofá indo até à cozinha, momento esse que aproveita para sair de dentro da passagem secreta sem que nem um dos dois perceba e descubra sobre a existência desse lugar.

Sons de passos pelos degraus da escada denunciavam alguém por perto, evitando que o percebesse no meio do cômodo, o espectro opta por desaparece, quase no mesmo instante que ana parece no local para arrumar o sofá, saindo da cozinha para a mesa, thome a chama para sentar-se ao lado dele, contente por ele acordar, ana atende ao seu pedido a ocupar um lugar ao lado dele, em uma troca de olhares, ele percebe o suéter de inverno, e ela atenta para a roupa de manga comprida que não era de costume ele usar, o olhar de thome volta para o chocolate quente na sua caneca, enquanto o olhar de ana permanecia no seu destino, após tomar o seu primeiro gole, uma pergunta é feita por ele:

— O seu suéter é lindo, estou acostumado a ver-te com roupas cinzas, o que também é lindo, mas, essas roupas que tem cores, são as que tem mais vida para expressar.

— Que bom que gostou, estive a pensar esses dias, sobre não poder sair para o lado de fora da casa, sabe, eu vivo aqui... O único lugar que eu sei que existe porque estou presa diariamente— Diz a expressar indignação— Eu vi você jogado no chão, no dia em que tivemos que procurar os filhotes, eu queria poder tê-lo ajudado, mas o espectro não permitiu.

— Ana, estou convivendo a algum tempo com vocês, sei os seus motivos para expressar-se de maneira desrespeitosa, principalmente com ele, mas é só isso que você pode fazer?

— O que você sugere que eu faça?

— O espectro impede-te de sair, mesmo nunca ter mencionado os motivos para isso, como ele quer demonstrar segurança, sem apontar perigo algum?

— Não sei se quero controlá-lo novamente, como da primeira vez, pois foi isso que custou quase a sua vida.

— Na verdade, ele levou-me para um lugar bem escuro, onde não ouvia, via ou podia falar nada, minha roupa de super-herói era "os caminhos", que ultrapassou daquele lugar para dentro dessa casa, de modo a tirar-me de lá. Por isso, não deixe de tentar, afinal, não é por mim que irá confrontá-lo, é por você mesma, desculpe-me, mas não irei deixar a minha sinceridade no canto ao frio.

— De qualquer forma, ele irá fazer algo contra nós, sinto que desde a primeira discussão que tivemos, ele está disposto a tudo quando é confrontado.

— Você queria que essa porta se abrisse e pessoas entrassem, mesmo não sabendo o que viria do lado de lá, foi um risco que cometeu sem perceber, as nossas vidas estão repletas de riscos e decisões incontestáveis, ainda que queiramos evitar isso, o nosso objetivo pessoal nos leva sempre para esse mesmo lugar de decisão. Você tem um objetivo, não tem?

— Eu... não sei ainda, são tantas respostas que queria saber sobre tantas perguntas, mas diz você, tem um objetivo para estar aqui?

— Lembro-me de acordar em um campo, perto a floresta dos pinheiros, dias procurando um lugar para ficar, descobri "os caminhos" ao ser atacado pelos lobos, desde então procurávamos algum sinal de vida pelas redondezas, até que ele achou um lugar, preparei-me para vim até aqui, tudo o que tinha além dele era aquela mochila, algumas coisas que estão dentro trazem constantes lembranças vagas do que aconteceu, contudo, todas as noites que dormi sobre aquele frio e medo, criei uma esperança como fogueira para me aquecer da morte.

— E qual é essa esperança, thome?

— Voltar para casa. Parece ridículo ter aparecido vestido de super-herói, não sabia como dever-me-ia apresentar, afinal, todo sujo e com roupas rasgadas iriam ser a perda da minha única oportunidade de consegui um refúgio. Mas, tem um motivo para eu vestir aquela roupa, ou melhor, "os caminhos" ter feito isso, sempre acreditei em super-heróis assim com acredito em estrelas cadentes, o tempo e a situação só pioraram os meus pensamentos, já não podia mais acreditar em alguma coisa, vendo isso ele fazia com que eu ficasse com aquela roupa, animando-me a acreditar que se não tivesse ninguém para o ajudar, como um super-herói, eu poderia ser esse, eu poderia ser o herói da minha história, daí nasceu a esperança que me fez estar aqui hoje, com você...

— Thome, tenha certeza que estamos juntos para que o seu sonho se realize, somos muito mais que amigos, somos como dois irmãos que cuidam um do outro.

— Se você irá confrontar o espectro, para poder sair pela porta afora, eu irei com você, vamos em busca de encontrar o seu objetivo também, sabe que existe para um propósito, nunca deixe de procurar por ele. Vamos fazer um acordo, ajuda-me a encontrar a minha casa, e eu ajudo-lhe a juntos, encontrarmos o seu objetivo, que permanece guardado dentro de você, o que diga-me?

— Aceito de bom grado.

Repentinamente, como um vento corriqueiro, o espectro aparece na sala de jantar, a sua expressão dizia ter ouvido cada palavras que os dois conversaram, de braços cruzados, sinalizava resistência a decisão tomada entre eles, em paralelo a sua posição na casa. De cabeça baixa, com as mãos unidas entre as pernas, e as sapatilhas esfregando uma na outra, ana mordia os seus lábios de ansiosa e preocupada, evitando contato visual com quem esperava uma justificação, thome fixava o seu olhar nele, balançando a sua cabeça para a esquerda e para a direita, mostrando não se intimidar com a presença dele, no ambiente, enquanto ana encolhia os ombros, insegura em dizer uma palavra.

O espectro havia crescido de tamanho, parecendo mais antropomorfo do que antes, podendo ser observado os seus olhos pela primeira vez, podendo a perder-se no seu interior, com a certeza de que ninguém iria dirigir palavra alguma, com calma e num tom de desaprovação, ele fala-lhes:

— Estou aqui desde que a ana chegou, nada do que é dito dentro dessa casa, precisar estar oculto aos meus ouvidos, visto que cuido dessa moradia com as minhas forças, exatamente do que se encontra lá fora, tudo para que eu pegar vocês, arquitetando para confrontar-me.

— Tudo o que ana quer é poder sair e sentir o ar livre, nada, além disso.

— Foi você quem deu essa coragem a ela, para poder, após anos de convivência, questionar as minhas decisões?

— Só quero mostrar, que ao redor dessa casa não há nada que possa ser um perigo.

— Vindo que um garoto que quase morreu no frio e na chuva.

— Por você, que não iria dar-me um abrigo!

— Não era minha responsabilidade cuidar de você!

— Mas era sua responsabilidade, mostrar estar disposto a cuidar dela, e o que você fez foi garantir que eu morresse lentamente! Grande exemplo, seu, isso faz-me acreditar que poderia fazer o mesmo com ela, caso resolva não "seguir à risca" as suas imposições!

— Chega! Chega... parem de brigar, eu escolhi querer sair por aquela porta, e isso cabe-me com uma decisão de alguém que também mora nessa casa, e ajuda a mantê-la controlada. Não quero forçar você, espectro, a aceitar a minha decisão, por relevar o seu cuidado em proteger-me, não vou sair enquanto decidir, mas por favor, volte ao normal.

— Voltarei ao normal e irei-me retirar, mas antes, quero dizer que da minha parte, nunca deixaria passar por aquela porta, entretanto estas crescendo, e já não mais pode aceitar tudo o que lhe impede de querer fazer o que bem entende, nisso, eu permitirei com que saia, contanto que assuma as suas próprias responsabilidades e consequências, pois da porta afora, não existe mais espectro.

Como num vento que o trouxe, ele desaparece da sala, tornando ao cômodo onde fica o portão, em frente a janela a olhar para o quintal e a floresta dos pinheiros, enquanto em sorriso, thome olha para ana contente pela conquista, e dá-lhe um abraço de lado, bem apertado enquanto ela seca os seus olhos, ana não era mais a mesma aos olhos do espectro.

Esquecendo de tomar o seu chocolate quente, de mãos seguras com a porta principal aberta, eram o momento em que ela podia descobrir o desconhecido pela primeira vez, o seu nervosismo permanecia junto ao esfregar de uma sapatilha a outra, as suas mãos suava a apertar nas de thome, que incitava para dar os seus primeiros passos, sentindo-se meio confiante, ana decide por soltar da mão de thome e ir sozinha até além da porta, o seu lindo calçado pisava lentamente na madeira, em contraste com as suas inúmeras utopias prováveis, que poderia encontrar lá fora, faltava um passo e tudo o que mais desejava era continuar, ao fazer isso de olhos fechados a sentir o ambiente ao redor, ana tem uma sensação estranha, abrindo os seus olhos rapidamente, ela vê-se em um ambiente diferente do que olhava pela janela.

Uma noite eternamente enigmática, substituía o céu de cristais de gelo, o que ante era neblina que cobria o horizonte, passou-se a ser uma fumaça de terror e morte, ao dar mais alguns passos a frente, ana olha para a fronte da casa, percebendo que a sua moradia transformou-se em um antigo lar completamente envelhecido, da madeira até a tinta das paredes apodrecidas, sem porta e com escassez de materiais no seu interior, uma caixa de sapatos empoeirada no meio do cômodo único, era iluminada pelo brilho da lua a vista dos seus olhos.

Repentinamente thome aparece a sair da morada misteriosa até diante da sua face, pegando na sua mão em simultâneo ao ambiente desfazendo se como uma folha queimando sob o fogo, tornando ao que era antes, sem conseguir esconder a sua surpresa com o que viu, ana pergunta para thome o que havia acontecido, com a sua resposta sendo uma pergunta ao seu questionamento, ele também não compreende o que somente ela viu e sentiu, afundando os seus pés na neve, ana segue para o quintal ao lado, puxando thome pela mão, desejando que tudo aquilo passasse.

Não havia nada no quintal ao lado, apenas neve como solo e cristais como chuva, ambos olhava para os lados a procurar uma diversão, thome lembra dos anjinhos de neve e a convida a fazer, após essa diversão de aquecimento, ana disputa com ele para: "O melhor boneco de neve!", como foi nomeada a competição por ela, as suas mãos aqueciam nas luvas tal como no seu coração, para com o almejado primeiro lugar, enquanto ana detalhava o seu boneco-de-neve, thome recorre à cenoura como parte essencialmente comestível do seu boneco-de-neve, minutos de um tempo que não havia, passavam como em um respirar de alívio entre eles, cada um fez o seu boneco da maneira que conseguiam, saindo tão bem quanto esperavam, concordando entre si, em ficarem em primeiro lugar, pois não havia que julgasse ser o diferencial, como prêmio pelos esforços, uma deliciosa cenoura gelada, mesmo após terminarem a competição, eles iam mais além do que desejavam.

Na varanda afora da entrada principal, num balançar de um lado ao outro no balanço, thome pensa numa forma de diversão que trazia das suas vagas memórias, com um sorriso a olha para o lado oposto a face de ana, mantendo cautela sobre o que iria fazer em seguida, levantando do balanço a corre para o quintal novamente, ana o segue sem saber o que estava a fazer, para a surpresa de quem não esperava nada.

Após segui-lo, uma proposta de tampar os olhos com as mãos foi dito-lhe, que aceitou a deixar a surpresa mais misteriosa, mesmo sabendo que a sua curiosidade a fazia impaciente, em todo o momento em que os seus ouvidos capitavam sons de algo sendo feito, reconhecendo alguns desses sons, como o da ave de thome, seguindo o que tome pedia, no quebrar do mistério numa palavra, ana tira a mão dos seus olhos e vê, o que parecia ser um carrossel, feito totalmente dos cristais vindos da ave.

A coloração dos cavalos, seguiam a ordem das cores que compunham a harmonia no espiral do divertimento, que a esperava em frente aos seus olhos surpresos, ana não esperando thome perguntar o que achava, saiu a correr para um dos cavalos, que dava voltas junto aos outros demais, percebendo o entusiasmo dela, ele também sobe no cavalo atrás dela, os outros eram ocupados por crianças de cristais, criadas para transmitir alegria e deixar o momento mais divertido.

Além do reflexo na janela do segundo andar, o espectro observava com seriedade, o seu tamanho era como de um adulto, seu tocar no vidro deixa uma marca de sangue nele, que após um tempo some escondido sob o frio intenso, passando de um cômodo ao outro, ele encontra-se diante do quadro que o levou para aquele lugar, na parede existia mais quadros, dois de cada lado ao principal, não sendo nítido o que seria essas pinturas, pois não tinham cor e aparentavam ser rascunhos incompletos de rostos, autorretratado em quadros envelhecidos bem conservados, sem esperar alguma coisa, o espectro entra na passagem central, voltando ao mesmo lugar anterior, ao estender a mão para retirar a lâmpada do bocal, a passagem inesperadamente fecha-se, se dar atenção ao que aconteceu, ele ignora o fato colocando a lâmpada retirada no lugar, pensando abrir o acesso para aquele lugar, o que não acontece, o deixando preso no local, sem ao menos ter o direito de usar os seus poderes, percebendo o que estava a acontecer, senta-se a olhar para a parede, esperando o momento de ser libertado do lugar onde se encontrava.

A cada volta do carrossel, era possível sentir o cheiro de canapés que enchiam a boca de água, ao lembrar do que tanto amava em festas, thome é chamado por ana, o tirando do sonho delicio de volta para a realidade, ela queria chamar a sua atenção para o que estava a sentir, quando perguntada sobre o que sentia, ana responde que sentia cheiro de churros suavemente descendo ao seu paladar, eles acabam por rir da situação, sentindo a nostalgia do que nunca viveram antes, ao que acreditava ser um fato, enquanto ana desejava saborear aquela experiência novamente ao fechar os seus olhos, thome percebe que uma das crianças de cristal não estava no cavalo, desce sem que ana perceba e vai até à entrada da casa, acabando por encontrá-lo na frente dela, chegando perto a tocar no seu rosto sem forma e liso, thome ouve gritos vindos do quintal, com rapidez da retorna ao lugar.

O cenário de algumas crianças de cristais destruídas enquanto outras lutam contra dois lobos cinzentos que tentavam atacar ana, trouxe um desespero que não queria dentro de si, correndo a frente de ana a estender os seus braços, formando uma proteção com o seu corpo, ele não via sinal de ajuda além da sua ave, com gritos a chamar pelo espectro, o seu olhar se volta para a janela do andar superior, onde era visto algo como ele, quase transparente, que sorria com desdém da situação, sumindo num instante em que é visto, a luta contra os cristais terminara, evitando ao máximo não serem os próximos alvos, os dois correm por dentro do carrossel até o outro lado, fazendo com que os cavalos de cores cristalinas, soltassem a atacar os lobos, dando tempo deles derem a volta pelos fundos.

A mordida dos lobos eram fortes o suficiente, para destruir facilmente os cavalos de cristais e continuarem a sua perseguição, as crianças, alcançados por eles, os primeiros ataques foram pouco graves por terem desviado em desespero, os lobos então começam a rodear los, entre ouvidos e rosnados, o perigo os cercava cada vez mais, antes de ser atacado por um deles, thome consegue ter em mãos, pela sua ave, uma adaga de cristal, ferindo o predador que fica no chão, isso faz com que o outro acabe por correr para a floresta de onde veio.

Com poucos ferimentos no seu braço, e um machucado na perna direita de ana, conseguem escapar do ataque a voltar porta adentro, os curativos necessários que eles precisavam, estava na sala de estar, enquanto tratavam com cuidado seus ferimentos no sofá, uma das faces do quadro começa a expressar-se perante eles, assustados ouvindo o que tinha a dizer, percebem que os demais também tinham o que parecia ser vida própria, apenas o quadro do meio, que tinha a autorretrato de uma menina loira, com um sorriso sem mostrar os seus dentes, com um olhar expressando vergonha, de vestido azul e com duas mãos pretas segurando nos seus ombros, o que parecia ser o próprio espectro do tamanho de um adulto, sem face ou expressão, sendo mais um borrão em toda aquela riqueza de detalhes, permanecia como um quadro normal entre eles. A mesma face então continua a sua pergunta que havia feito:

(— Onde está ana? Algum de vocês é a ana?)

— Sou... eu. Quem é você?

(— Perdoe-me não saber onde está, fui feito sem os meus olhos, mas mudando de assunto, esperava a sua presença.)

— Mas o que quer com ela, retrato?— Pergunta thome.

(— Somos a unidade das faces autorretratadas, existimos a muitos períodos aqui, mesmo não havendo tempo, nós reunimos quando algo acontece, que pode ser perigo para nossa realidade existente.)

— Um perigo para nosso mundo?— Diz ana.

(— Sim, pôde perceber que existem mais do que uma simples realidade, como a nossa.)

— O que ele está a dizer, ana?— Pergunta thome, sem entender.

— Não te contei antes, ao sair pela entrada sozinha, eu acabei por atravessar para outro lugar, não sei muito bem descrevê-lo, era uma casa diferente do que conhecemos, em uma floresta distinta da que vemos, era como se eu atravessasse um portal, ou algo semelhante.

(— Ocorreu com você, ana, é o mesmo que aconteceu com o seu espectro, atravessaram um portal, a única diferença é que você passou, e ele não.)

— Então existem portais pela casa... O espectro nunca me falou sobre eles.

— Certamente, ele está a esconder algo de você, ana. O que é falta de confiança da parte dele, permanecendo sem confiar em você, por algum motivo.

— Autorretrato, pode-me dizer onde ele está?

(— Ele está no único quadro pintado e completo, dessa sequência.)

— Será que pode tirá-lo, para podemos conversar sobre esse assunto?— Pede ana.

— Para onde esses portais levam, pode-me dizer?

(— Por que quer saber, garoto?)

— Talvez, a minha casa esteja em um desses lugares, além do portal, preciso saber se posso encontrar.

(— Não podemos dizer antecipadamente, se a sua casa está em um desses 4 portais, preciso entrar em um acordo com os meus demais irmãos, após isso, poderei dizer-lhe o que quer saber.)

— Então temos uma possibilidade de encontrar a sua casa!— Diz ana contente.

— Estamos juntos nessa, ana. Mas, precisamos saber onde se encontram os demais portais espalhados por essa casa.

— Antes, precisamos saber o que mais o espectro está a esconder de nós.

(— O portal será aberto, peço a vocês que não lhe contem, sobre a nossa unidade, caso contrário, podemos ser destruídos por ele.)

— Não contaremos nada, esse é um segredo nosso.— Promete ana.

O espectro percebe o portal se abrindo, e sem esperar que ele esteja completo, atravessa para o lado de onde veio, acabando por dar de cara com ana e thome, que esperavam ele, de braços cruzados e olhar furioso, ana expressa uma justificativa urgente, do segredo oculto ao seu conhecimento. Sem pode escapar, ele voltar a seu tamanho normal e começa a encarar os dois com seriedade, acreditando não precisar dizer nada. Pelo curativo não está colocado certo, o sangue do braço de thome escorre até o seu cotovelo, caindo por fim no chão, espalhando-se, um silêncio toma o controle do ambiente, ana abaixa os seus braços e sentasse no sofá, deixando aquele momento para outra oportunidade, thome desaprova a atitude do espectro, que o olha fixo nos seus olhos, querendo intimidá-lo a deixar aquilo no esquecimento, mas thome toma a atitude de questioná-lo:

— Por que você escondeu da ana, esse segredo do portal.

— Pelo fato desse algo ser ainda desconhecido, até mesmo para mim.

— E esconder dela seria o certo a se fazer?

— Não questione as minhas atitudes, como se você soubesse administrar essa casa como eu!

— Não... eu não sei administrar essa casa, muito menos protegê-la por minha própria força, mas nunca esconderia nada de alguém que vive ao meu lado por tanto tempo.

— Mais uma vez, isso é algo ainda desconhecido, não poderia contar a vocês, principalmente agora, que resolveram-me confrontar, violando o que eu coloco como proteção a vocês. Dito isso, não irei mais aceitar que continuem a retroceder nos seus papéis de bons meninos obedientes.

— O que você vai fazer?...

— Vou selar com uma barreira esse portal, além de mim, ninguém entra nele.

— Não basta ter deixado nós sermos atacados por lobos, agora irá impedir-nos de entrar onde só você tem acesso!?

— Primeiro, eu havia dito que assumiriam as suas próprias responsabilidades, pelas suas decisões.

— Mesmo que isso ameaçasse a vida da ana?

— Por isso eu disse que não deveriam ter saído, agora o que aconteceu, não mais problema meu. Segundo, quero de vocês dois esqueçam que sair por aquela porta, e preparem-se que é provável que venha mais uma visita, por esses dias.

— Por favor, espectro. Se ainda tem algo que esconde de nós, conte-nos.— Diz ana.

— Apenas isso, nada mais a dizer.

E então em segundos, ele desaparece aos olhos deles, nesse momento thome percebe que a sua coberta não estava no lugar, ao verificar a sua mochila, ele constata que algumas coisas sumiram, acabando por ter a sua memória cada vez mais vaga, sentando ao lado de ana no sofá, ambos percebem a gota de sangue seco ao chão, e uma das faces que não tinha nariz, diga-lhes:

(— Que bom! Não sentir o cheiro de tensão que houve nesse ambiente, tão pouco a tristeza que perdura nesse instante.)

— O que o senhor quer que nós venhamos fazer, em um momento desses?— Pergunta thome.

(— Não deixem que ele impeça vocês de alcançar o que tanto almejam, como um sonho além do obstáculo. Não parem no obstáculo, cheguem até o além, porque lá estará os seus sonhos.)

— Isso lembrou-me uma coisa!

— O que, ana?

— Tem um baú no andar superior, onde fica o portão que o espectro tanto protege, se ele não esconde mais nada de nós, ali será o lugar onde temos que ir para saber o que há lá dentro.

— Verdade, mas precisamos fazer isso depois, teremos visitas, e acredito que o baú será o mais fácil de descobrimos, afinal, ele nem protege como o porão.

— Com razão, o porão é um segredo que ainda vamos descobrir, algum dia...

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