Capítulo 10 ‐ Novo Começo

Tempos passara como meses, e ana já não mais saia do seu quarto, não se alimentava, não fazia mais nada, no silêncio do seu quarto, mesmo que as estações passassem, a casa estava vazia sem a presença dela, o ambiente mudou e não mais teve visitas, ou perigos vindos da floresta, isso fez com o seu processo de recuperação tardasse mais do que o esperado, apenas o seu gato era a sua companhia, que não saia do lado dela.

O espectro estava no seu efêmero pessoal, a se lembrar do que aconteceu depois daquele triste dia. Ana ainda estava muito ferida para poder se levantar da cama, e ele ia até lá para verificar o estado em que ela se encontrava e fazer o que podia, para garantir a sua recuperação, mas tudo o que ele ouvia era palavras de indignação vindas dela.

Isso aconteceu nas primeiras vezes da manhã do dia seguinte, até que o próprio espectro não mais suportasse e acabasse por entrar numa briga que, sem saber, seria a sua última com ela:

Ana — Por quê?...

Espectro — Ana, já chega de repetir a mesma coisa! Tudo o que eu fiz, nos últimos dias foi por você! E eu não espero gratidão da sua parte, só quero que pare de agir como se eu fosse o mal.

Ana — Por que você quis matar ele?... Você quis matar ele.

Espectro — Deve está a delirar, ana. Eu fiz isso para te proteger...

Ana — Você é vazio... Não deve dar satisfação a quem tem sentimentos, não é mesmo?

Espectro — Eu cansei de proteger e cuidar de você, para que seja tratado dessa forma, eu nunca desejei carregar você na minha costa!...

Ana — Não, espectro. Eu é que cansei de você... Você é um corpo morto e vazio, sem sentimentos e sem arrependimentos, uma casca de algo perdido sob a escuridão... Eu prefiro morrer, ao ter que ficar ao seu lado, nessa casa, a ter que olhar-te e ver mais alguém a ser morto...

Espectro — Sua pirralha!... (Avança contra ela, e acaba a ser impedido pelo cosmos, o gato.)

Ana — A sua atitude só prova o que disse, se quer me matar, vai em frente, eu morri junto da criança que você tirou de mim, sem expressar nada e em silêncio.

Espectro — Cala a boca, ana... (Diz quase que a sussurrar, a olhar para o chão.)

Ana — O meu objetivo era fazer você mudar, e eu esqueci disso, como pude esquecer... Agora ele está morto, e eu matei-o... Eu matei-o por não ter deixado ele ir para a casa... Ele só queria ir para a sua casa, para a sua família... Mas eu esqueci o mal que eu tinha dentro dessa casa, e deixei que as minhas vontades prevalecesse.

Espectro — Isso não é verdade... (Sussurra)

Ana — Eu entreguei-o para a morte, para as suas mãos... Eu mereço morrer, pois, você não pode ir no meu lugar... O mal nunca morre, ele sempre renasce em outro lugar. Por isso, não importa se eu conseguisse o matar, você sempre irá voltar em algum outro lugar, para fazer outro sofrer...

Espectro — Por que fala essas coisas?... (Pensa)

Ana — Eu ainda tinha um motivo para continuar a existir, parabéns, espectro, você conseguiu tirar de mim...

Espectro — Então, thome era o motivo da sua existência?

Ana — Não... Você, você era o motivo, eu lembro do boneco no baú, de ter sacrificado a vida das cores dos meus vestidos preferidos, para que você fosse alguém de verdade, mas... Uma vez espectro, sempre será um espectro.

Após dizer tudo isso, ana adormece junto do seu mais novo companheiro, o cosmos, e o espectro, some do quarto e desde então, ele tem passado mais tempo no seu efêmero pessoal, sem ter a coragem de olhar para ela, novamente. Mas com o passar do tempo, ele iria voltar para a casa.

E nesse dia ao ter essa lembrança, o espectro não conseguiu mais se concentrar, e ao olhar para o seu efêmero pessoal, ele começa a ser lembrar da vez em que ana apareceu de repente, e o curto momento em que passaram junto. Essa memória faz com que ele saia do seu ambiente, a aparece no cômodo onde fica o porão.

Ao olhar nos cantos do local, ele lembra-se da vez em que ela e thome estavam sentados, com o fone nos ouvidos, a ouvir música pela primeira vez, enquanto ele estava no canto a observar. E isso fez com que ele saísse do ambiente a ir para o cômodo da cozinha, bem em frente a cesta de frutas, e mais uma lembrança vem na sua mente.

Sobre a vez que o filhote laranja dormia na cesta e ele pegou-o no colo a mudar de cor, enquanto todos procuravam os demais filhotes, pela casa e o quanto dos dois estavam determinados a achar cada um dos felinos de cores únicas, isso faz ele olhar com atenção para as paredes, que antes ficaram todas de cor laranja pela essência.

Mas logo o espectro some a aparecer na sala de jantar, vindo consigo a lembrança da vez em que jantaram juntos, e da vez em que ana e thome estavam a tomar chocolate quente juntos à mesa a conversar, e ainda que o ambiente tenha ficado tenso, com a chegada dele, nesse dia, ainda era o momento importante para os dois. O que faz com que ele sente na cadeira e ficar por um instante, logo a sumir do ambiente a aparecer no cômodo da sala de estar, que estava arrumada.

Onde as memórias o levam a vez em que todos estavam reunidos em frente a televisão, para ver o show do fantôme, tão aguardado por eles, que no mesmo dia eles participaram do espetáculo. E após isso, nenhum deles comentou mais sobre o assunto, mas o espectro sabia que aquele dia, nunca mais aconteceria novamente, e ao vento ele some para fora da casa, além da entrada.

E mais uma vez as memórias seguem os seus passos, ao olhar para o balanço e brevemente lembrar que tinha visto ana e thome a balançar nele, e também junto a enfermeira. Mais adiante no quintal, ele recorda na estação dos cristais de gelo, em que eles faziam anjinhos na neve com alegria, para completar o passado, mais ao lado, as crianças brincavam no carrossel, lembra ele.

Tudo isso fazia aquela realidade existir, e ele logo entendeu que não precisavam ter nada além dela, na história, e que não pode ficar o ambiente já vazio sem ela, logo ele volta para o cômodo onde fica o porão, de frente ao baú, com um objetivo em mente, ela abre a ver o antigo boneco que ana tinha feito, pega na sua mão a verificar os detalhes do que tinha o mesmo tamanho que ela, e o cuidado que era feito.

Esse momento, o espectro começa a fechar os olhos e a concentrar-se, era a sua decisão e por conta própria aceitou o seu destino, ele para de concentrar e vai até à porta do quarto de ana, que estava deitada de frente para a porta, ela vê de repente, uma carta passa por baixo da porta, isso faz com que ela revire se para o outro lado, e ignore o que recebera.

No dia seguinte, ana não sentia mais fome ou sede, e também não se preocupava com isso, e não se preocupava com mais nada, porém, ela resolve pegar a carta que estava ainda no chão, a saber que era do espectro, o único que ficou na casa. Sem pressa para abrir, ela percebe que era algo diferente, pois, ele nunca tinha feito isso.

Mas isso não a impressionou, que logo tirou a carta, que tinha somente uma frase curta, com a caligrafia perfeita, junto a uma rosa, ela leu e foi para a sua cama a sentar e pensar sobre, com a rosa na mão. Nisso o espectro termina o que já começou com o boneco, ele volta a concentrar a sua força firme no objeto até que a sua aura cresce por todo o cômodo, a mudar todo o lugar.

Ele estava a entrar no boneco e ambos serem um só, o que traz mudanças para o objeto, que torna os seus olhos que eram de vidro, para os olhos dele, o cabelo laranja cresce, e o corpo ficava ao passar do momento, mais como uma criança, o que tornou a sua estrutura lisa e pouco brilhante.

O espectro sabia desde a primeira vez, que isso iria trazer consequências para ele, e esse foi o motivo dele fazer o possível para não aceitar essa ideia vinda dela, mas agora, não tinha o que fizesse ele rejeitar aquilo, afinal, era o objetivo de ana. Uma nova chance para continuar, era o que fazia ele ter tomado essa decisão, o seu poder já não mais iria funcionar, por estar dentro de um corpo pela primeira vez, isso o mudaria de forma que ele mesmo não tivesse noção disso.

Ao finalizar, o espectro foi convertido em uma criança boneco, e isso foi tão diferente e novo que o mesmo tenta ir para o efêmero pessoal, e não consegue mais isso. Apesar de existir uma forma de voltar a ser o que era, isso não passava pela sua memória, o que faz ele descer a escada e ir para a sala de estar, a sentar no sofá e assistir à televisão, mas não consegue tirar no canal do fantôme, que estava fora de ar, desde o último programa, por algum motivo, então não restou nada além de balançar no balanço, lá fora.

Ana termina de pensar a respeito da carta, e sai da cama até a porta, para a abri-la e sair do seu quarto, a deixar a carta no chão, e levar a rosa na sua mão. A frase que a fez sair do seu isolamento total, após tempos, era: "Um novo começo..."

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!