Capítulo 2 - Quando os gatos choram/ Parte 1

Sendo muito comum no ambiente em que ana morava, chover o dia inteiro, a adaptação ao ambiente fazia com que ana não se preocupasse com o frio, muito menos com o inverno que estava próximo de chegar, mesmo não existindo estação alguma. Envolto em algumas cobertas, ana se recusava a levantar por conta do frio, enquanto ela continuava a dormir, o garoto que se vestia de super-herói procurava se abrigar em frente a casa de ana, o espectro apenas o observava pelo lado de dentro, o frio aumentava s cada momento que passava, as suas mãos tremiam e os seus dentes batiam um no outro sem parar, parecia que o menino iria congelar em meio a toda aquela chuva.

O espectro que olhava para ele, resolve sair para o lado de fora e levar consigo uma coberta, o seu objetivo era somente entregá-lo, mas o menino queria mais que um cobertor para o frio. "Uma companhia, talvez?". A neblina e a chuva estava em constante sintonia, e juntas traziam uma sensação que só podia ser aproveitado num lugar quente e confortável, por isso nem mesmo a sensação e a paisagem animava o garoto que insistia em resistir ao frio, tudo aos olhos do espectro que olhava constantemente para ele, como se quisesse o entender apenas pelas expressões, não conseguindo logo se senta ao lado do garoto e começa uma conversa:

— Por que se arriscar tanto, vindo de tão longe até aqui? Uma roupa, sorriso, felicidade e desejo de ter uma amizade não faz com que sobreviva ao tempo e as estações…

— Mas dá-me forças para suportá-la, se de qualquer forma eu vou ceder, em algum momento, que seja ao lado de alguém, um momento antes de passar por todo o porvir

sozinho...

— Vocês crianças só pensam no final em vez de lidar com o meio, visto que já começam nessa vida.

— Circunstâncias levam-nos a pensar no fim, afinal, há quem é sujeito todo o tempo se é proposto pensar no fim, em algum momento...

— Você está no começo, garoto. Não é hora de pensar no fim...

— Então por que você me entregou um cobertor, em vez de um abrigo contra esse frio mortal? Você não quer que eu pense no fim, mas não demonstrou ajuda, apenas um ato de pena pela minha situação.

— Onde está o ser que convive com você?

— Os caminhos? Bem... digamos que ele também tem os seus próprios caminhos a seguir, isso exige tempo e espaço, coisas que eu respeito e não pretendo desfazer das minhas palavras. Eu amo-o, e por amá-lo, irei respeitar o seu momento.

— Queria poder entender o momento da ana.

— Isso já se provou chegar, só não percebeu ainda, por isso que eu estou aqui.

— Mas é o tempo dela ficar sozinha, não é?

— Sozinha com alguém.

— Não faz sentido, o que estar a dizer-me.

— Você não pode compará-la a todos os outros, cada um reage de maneiras diferentes, cabe aos olhos de quem estão de fora interpretar de maneira correta.

— Você quer entrar, para tomarmos chocolate quente?

— Obrigado, mas você quase matou-me, seria estranho se eu aceitasse.

— Você pode aceitar como um pedido de desculpas, o que me diz?

— Eu aceito...

O cabelo do garoto voltar a ficar loiro, e os dois entram na casa novamente, nisso, ana já acordada procura por baixo da cama, no armário entre as roupas, na lixeira e na estante o seu livro, e acaba por se cansar e não o encontrar, insatisfeita por não consegui encontrar o que guarda desde sempre consigo, ela desce as escadas e vai até à sala de jantar onde o espectro e o garoto estão, tomando os seus chocolates quentes e olhando para a sala de estar, o fogo da lareira, para perguntar-lhe sobre o seu livro:

— Espectro! Onde está o meu livro?

— Não vai cumprimentar o seu amigo?

— Responda-me! Eu já me dirijo a palavra para ele.

— Olhou as instantes na sala de estar?

— Por que eles estariam lá, sendo eu a única que lê aqui dentro dessa casa!?

— Talvez eu tenha pegado, e não, você não é a única que lê aqui nessa casa.

— Desculpe o meu equívoco, eu sou a única que gosta de ler! O que você faz é somente desprezar e diminuir os autores.

— Eles são desconhecidos, e ainda sim, eu sou o culpado.

— Nunca mais pegue esse livro, falo sério, para evitar que eu fale de maneira desrespeitosa com você, novamente.

— Esse livro é muito importante para você, ana?— Diz o garoto.

— Ele está comigo desde que eu existo, é a única coisa que me faz entender o porquê tudo isso existe...

— Nossa!— Expressa o garoto, surpreso com a resposta— E qual é o nome do seu livro?

— Quando os gatos choram. Procuro entender o motivo que os fazem chorar, no contexto, mas eu não sei onde está o meu livro.

— Deve está onde eu lhe disse— Diz o espectro.

— Tudo bem, eu vou procurar enquanto ficam aqui, daqui a uns minutos eu volto— Diz ela, se retirando da sala de jantar.

— Eu guardo um pouco de chocolate quente para você!— Diz o garoto sorrindo.

— Nem pensar, garoto.— Interrompe o espectro.— Ana não toma chocolate quente, apenas alguns cereais com leite.

— Tem algum motivo especial, para ela preferir cereais a chocolate quente!?— Questiona o garoto, surpreso.

— Não que eu saiba, ela só é uma garota com preferências ao que gosta, mesmo sabendo que nem tudo o que ela gosta é bom.

— E pensar que eu serei assim no futuro.

— Se você for, eu expulso-te dessa casa. Só há vagas para uma ana, não aceitamos cópias falhas.

— Você chamou-me, cópia falha?

— Termine de tomar o seu chocolate quente, vou observar o que a ana está a fazer.

O espectro então sobe a escada e vai até à porta do quarto de ana, que está trancada, espera por um tempo para que ela abra por conta própria, não abrindo ele atravessa e entra para dentro e olha ao redor, percebendo que a porta do banheiro estava também trancada, e na cama estava o livro, ele logo se senta na beirada da cama e pega o livro que, começa a sair vários filhotes de gatos coloridos, para todos os lados atravessando as paredes, nisso a porta do banheiro se abre e ana sai com uma toalha presa em seu cabelo, vendo que o espectro estava com o livro em mãos, ela grita:

— Espectro! Está com o meu livro em mãos, novamente!?

— Calme, eu só estou a verificar se ele está em bom estado...

— Você abriu ele... (Toma o livro dele)

— Tem algum problema em eu tê-lo aberto?

— Eu não sei muito bem, parei no capítulo que dizia ser mágico, como um personagem que sai das páginas e adentra a realidade de uma verdadeira história...

— Talvez não ludibriaram você.

— Está querendo-me dizer algo, espectro?

— Vamos procurar os filhotes de gato coloridos, que fugiram em várias direções pelas paredes, ao sair do seu amado livro.

— O quê? Todos aqueles filhotes saíram do meu livro?

— Todos, são muitos filhotes de gatos, acredito ser somente uns sete gatos.

— Precisamos pegar todos esses gatos, não sabemos o que pode acontecer se eles não voltarem de onde vieram.

— Antes de tudo, vai comer os seus cereais, por favor.

— E eu vou, após resolver o problema que você causou.

E então os dois começam a procurar pelos cômodos da casa, com a ajuda do garoto que procurava pelo lado de fora da casa, ana estava com o livro em mãos enquanto procurava. O fogo da lareira tinha se apagado, a chuva diminuído, mas inacabado, o chocolate quente, esfriado, e todos eles procuravam apressadamente pelos filhotes coloridos, o espectro acaba por procurar na cozinha, e achar um deles dormindo na cesta de frutas após comer, metades delas, de cor laranja e muito peludo, o pequeno animal foi coberto por um pano e aquecido do frio, com o seu livro em mãos, ana folheia a procura da página certa, o espectro vendo fica sem entender, e pelo filhote estar num sono profundo, deixa-o na cesta e parte em busca dos outros filhotes.

Do lado de fora, o garoto procurava entre os arbustos molhados, pelos galhos das árvores, nos telhados da casa, onde poderia estar um pequeno gato de um livro, olhando por todos os lados, verificando a cada rastro diferente do ambiente, encontrando apenas o seu, ele para por um momento e aceita que as gotas de água percorram a sua pele, roupa e pensamentos, o frio torna a sua consciência novamente, o garoto se vê no seu próprio enfrentamento com o frio, de braços abertos, jogado no chão, os seus olhos veem entre as nuvens algo diferente, uma nuvem ficava cada vez mais acinzentada, então o que eram gotas transparentes, converteram em gotículas cinzas que mais pareciam ser cheias de um mistério a trazer, as primeiras gotas diferentes caem nele que já não pode se mexer, fazendo com que todo o ambiente em que as gotas caem, fiquem sem a sua cor original, acinzentado instantaneamente.

No centro da sala de estar, um lustre de vidro embeleza todo o ambiente, que o espectro procura pelo próximo filhote, ana lia algumas páginas, ele percebendo que só ele procurava, não sabendo o que ela estava de fato fazendo, pergunta-lhe:

— O que está a fazer, que não me ajuda na procura dos filhotes, ana?

— Estou a ler sobre os filhotes, lembro-me que eles têm essências que o compõe, como um todo.

— É um tanto interessante, se isso não fizesse com fosse mais complicado procurá-los.

— Não negative o que pode ser positivo para nós.

— Em que parte, ana?

— Exatamente nessa parte em que nós os procuramos, na mesma medida que podem ser mais difícil de achá-los, pode ser facilitado, visto que a essência funciona como um selo único de originalidade, que pode ser expresso de maneira geral, considerando o lugar onde estamos, será mais claro perceber!

— Você realmente tem o amor dos livros consigo. Então, pode descrever a essência de algum que pode ser facilmente percetível?

— Eu li sobre o filhote que pegamos, o laranja. Diz que ele tem essência de espalhar a sua cor, por onde se começou o carinho e aconchego.

— Quais são as chances da nossa cozinha estar toda laranja?

— Só podia ser você mesmo, vou constatar como que ficou a nossa cozinha.

— Eu tentei ser cuidadoso com o filhote, afinal, ele é somente uma figura inanimada, como eu!

Ana entra na sua cozinha e percebe que está completamente coberto pela cor laranja, e o gato fora da cesta de frutas, percebendo ele no chão, ela pula o agarrando para não fugir pela casa Com os olhos fechados acreditando estar toda laranja também, para a surpresa nem ela, nem a sua roupa estava alaranjada, o espectro aparece logo em seguida e fica assustado com a aparência do local, ela entrega-o para ele segurar, fazendo com que ele comece a ter uma cor diferenciada, ana sem entender comenta:

— Está a mudar de cor, ou é impressão minha?

— O que está a dizer, eu pareço... (Percebendo) Uma nebulosa com forma antropomorfo... Como isso pôde acontecer!?

— Uma Dica, está se aconchegando nos seus braços.

— Espero que esse efeito não dure muito. Tem mais alguma informação sobre os demais filhotes, e características das suas essências?

— Sim, um desses gatos tem a essência da ausência das cores, como se fosse o "roubador da vida das cores".

— Tem certeza do que dizes?

— Absoluta, temos que procurar por onde esse está, ele tem que transmitir de alguma forma...

— Por enquanto esse é o menor dos nossos problemas... alguma ave ou coisa está pousada no telhado dessa casa, posso sentir.

— Vamos logo até lá em cima, eu li que tem uma ave que come filhotes!

— Não saiu nada além de gatos do livro, quando eu abri.

— Mas essa ave é real!

Um som de canto é ouvido ao entrar pela janela, o espectro fica paralisado por um tempo, e então some junto do gato, barulhos altos são ouvidos por ana, vindos do andar de cima, correndo até o andar, ela depara-se com várias penas no cômodo em que estava o porão, a janela aberta e o vento soprando o seu ar frio para dentro, o espectro estava jogado no chão, a proteger o filhote da ave que o atacava, ana rapidamente pega uma vassoura e acerta um golpe na ave, que voa para fora cantarolando de desespero, ao tentar socorrer, na parede ela enxerga respingos de sangue espalhados, e um filhote de cor branca jogado no chão, todo cheio de sangue sem mostrar sinal de vida.

Tremor e sensação dominavam o corpo do garoto, que já não insistia em sair de onde ficou, os seus olhos viam as nuvens que cobriam todo o céu, num instante uma ave passa voando diretamente para o telhado da casa, sem conseguir movimentar o seu corpo, o garoto então pensa no que pode fazer para espantar aquela ameaça, de repente um filhote de antílope sai de entre às árvores em direção ao garoto, olha ele fixamente por alguns minutos, enquanto a grama é tudo o que tinha cor, volta a ter vida através das suas cores originais, nesse momento o garoto toma forças e começa a se desprender do chão e começa a levantar, o seu desejo é para o seu companheiro, "os caminhos", para que ele o ajude contra o pássaro ameaçador, mas antes que pudesse ter uma resposta do que desejava, a ave é puxada para dentro da casa, por um poder ainda não visto antes.

Um forte vento frio, começa a soprar da floresta para a casa, vindo pelo caminho do vento, "os caminhos" aparece e pousa no braço do garoto, a sua aparência era como um cristal reluzente, nos seus olhos, apareciam símbolos para o garoto, era como se comunicavam, a felicidade enchia o peitoral do garoto, mas contrapartida, as suas atitudes acabaram por entristecerem, vendo que o garoto começava a depositar as suas lágrimas no seu rosto, "Os caminhos" usa a sua comunicação para dizer:

(— Está a misturar as suas lágrimas, com as gotas da chuva.)

— Desculpe... não cumpri com a minha palavra a você, não respeitei o seu espaço, ainda sim, não consigo lidar com situações que não entendo.

(— Não chore, somos um só em diferentes formas, desejamos conseguir chegar onde nos foi proposto, eu cheguei perto de consegui, em simultâneo, em que corria perigo, a minha decisão não foi senão salvar quem eu amo, ter tempo e espaço sempre haverá, ter quem o ame não será o mesmo, nem com mesma intensidade que tenho por você.)

— Você nunca foi somente uma ave, para mim.

(— Olhe para os céus, thome. Eu vejo o que vê, e sinto o que sente. Nós céus está o que procuras, salvar não pode ser o suficiente, enquanto não realizar o seu maior desejo...)

— Qual seria esse desejo, são tantos...

(— Fazer voa sob as minhas asas, e levá-lo até as nuvens... apenas estenda as mãos para o céu e feche os olhos, sinta!)

"Os caminhos" voa e segura por trás do garoto, estende as suas asas cristalinas e começa a voar, crescendo de tamanho, thome é levado as nuvens pelo ser que mais o amou, as suas mãos começam a tocar as nuvens, em uma delas, um dos filhotes, de cor cinza, é alcançado pelas mãos de thome, descansado nos seus braços em seguida, "Os caminhos" pousa com thome, cobrindo por baixo dos braços como um abraço de amigo, sumindo num brilho radiante, uma pequena nuvem estava em cima do filhote, thome com o gato no seu aconchego vai até à porta da casa, ouvindo um som de asas batendo, e penas caindo pelo gramado.

Em desespero ana socorre o gato caído, sendo maior que os outros filhotes, ele estava muito ferido e sangrando, com algumas ataduras, as suas tentativas de salvar o gato branco eram poucas, o espectro coloca o filhote laranja ao lado do branco, ficando parado diante dele, o espectro percebe no corredor até a escada, um filhote de cor verde, que se multiplica por três deles, saindo da parede, teto e no chão, todos em direção ao gato branco. Ana olha para a janela e vê o garoto em perigo, então ela diz ao espectro:

— Preciso ajudar o garoto, espectro...

— Não! Sabe que não pode sair para o lado de fora, não sabe o que pode encontrar do lado de lá.

— Você sabe? Não deixar que entrem na nossa casa, é compreensível...

— Mas não deu ouvidos, o que será repetido a qualquer momento, conheço tanto quanto possa imaginar.

— Eu preciso que você me ajude a ajudar ele, não espero sentimentos que não existem, apenas palavras claras e vazias... veja o motivo pelo qual te peço.

— Eu já olhei o outro lado da moeda, por muito tempo, várias vezes, não retrocedo a minha decisão...

(As luzes começam a piscar por um tempo)

— Ana, o que acontece? Isso faz parte do seu livro, isso é absoluto.

— Eu li sobre outro dos filhotes, a sua essência é a corrente da luz.

— Significa que está nos fios, percorrendo a cada canto dessa casa?

— Sim, li também sobre o filhote verde, possuí a sua essência de multiplicar uniformemente.

— Precisamos de um plano, pense em alguma ideia, não posso fazer isso sozinho.

— O filhote que procuramos, é um "Ragdoll" com diferença de cores nos olhos.

— Entendi, um filhote da raça "Boneco de pano", que possui heterocromia. Vou atrás...

— Espera! Como pretende procurar o filhote nos fios?

— Simplesmente procurando dentro. Embora não possa evitar certas dificuldades, vamos até o fim pelos filhotes, não se esqueça de continuar a procurar.

— Mas eu estou fazendo isso, com você!

— Refiro-me a mensagem que o livro quer, a você transmitir. Procure nos detalhes, nas cores, nas essências e até mesmo em como nós os tratamos. Afinal esse é o seu objetivo, desde que ele existe.

O espectro começa a procurar nos fios, o filhote misterioso e veloz, percorrendo o quanto pode, deixando um rastro por dentro das paredes e teto que passava, num determinado momento, o espectro recebe uma pequena descarga de essência sendo arremessado do fio, caindo na lareira, enquanto ana descia a escada indo até à entrada, se deparando com o garoto com um dos filhotes em mãos, e com uma novidade:

— Ana! "Os caminhos" ajudou-me a resgatar esse filhote, ele fez-me voar, tocar as nuvens, viver o momento em que precisava dele! Estou feliz que posso contar isso para você, estou feliz em ser seu amigo!...

Enquanto o garoto falava, ana sorria e lagrimava com emoção, os seus olhos ficaram por um tempo, verdes brilhantes, sumindo em seguida sem explicação, o filhote que percorria os fios, fica escondido na lâmpada da sala de estar, que estava ligada, deixando o cômodo todo em iluminação vermelha, ana então suspira a saber que ainda faltava quatro filhotes, ao constatar que algumas páginas do seu livro estavam com palavras apagadas...

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