Capítulo 14 - Efêmero pessoal

Alguns dias passaram-se, e ana não pensava mais em nada, e as poucas vezes que abria a janela, ou deixava a porta aberta, o cupido com a sua flecha, atirava nela, e isso a atormentava bastante, a ter um certo medo de ir lá fora, ou ter que ver esse ser desconhecido a atacá-la, mais uma vez, isso a tornou cada vez mais isolada.

Ela não se olhava no espelho, como fazia todos os dias, e quando olhava, não se reconhecia mais com a ana, com toda a certeza, ela não sabia que o efeito da flecha, tanto traria aquela sensação horrível, quanto a mostraria o que ela guardava. Nisso ela fez-se várias perguntas para si mesma, sobre o real motivo de estar ali, de existirem outras realidades, que foram ditas como histórias além da sua compreensão.

Ela pensava que enquanto estivesse no quarto, o ante espectro não poderia entrar, para poder ir até o efêmero pessoal, pois, precisaria passar por ela, que não o deixaria entrar, e não o queria por perto, ainda a ter muita raiva e tristeza no seu coração. Tinha dias em que a situação era tão forte ao ponto dela ter alucinações, com pessoas e monstros, e até mesmo, com momentos em que teve alegria, isso era demais para o coração.

Não demorou muito tempo, para o cupido entrar de alguma forma no quarto, dessa vez, não para a atacar, mas para ficar ao seu lado. E isso era estranho e ruim para ana, que tinha que conviver com ele por perto, até mesmo tentou entendê-lo, os seus motivos de atacá-la, e a sua falta nítida de sentimentos e expressões, mas era em vão, o ser não olhava nos olhos dela, apenas ao chão.

O seu momento de agir era, principalmente, pela noite silenciosa, quando a casa já não mais tinha sequer som, e o brilho da lua a desejar entrar pela janela, e ana a esquecer a sua presença no local. Os livros que nos primeiros dias, ela lia, agora não podia fazer a leitura, pois, o cupido ameaçava atirar nela, sempre que quisesse fazer o que ainda gostava, e aos poucos, ela desistiu de tudo, a se entregar de vez, ao problema.

O dia todo era somente para continuar a dormir, e o cosmos, o seu companheiro felino, estava em baixo da cama, onde ficou desde que resolveu sair do quarto, finalmente volta a ficar um pouco com ana, mas não conseguia olhar para ela ao receber os ataques das flechas do cupido, e não poder fazer nada, já que não via o que era e de onde viera esses ataques, além de ter medo.

Nem mesmo podia tocar na pele de ana, pois, era fria e não macia, lentamente o cabelo dela ficava branco, e as roupas cinza que ela usou durante toda a história, foi jogada fora por ela, e a que estava a usar, tornou uma cor branca. E essas pequenas mudanças a fizeram ser outra criança, os seus olhos eram similares aos do cupido, e aos poucos, a dor da perda, a culpa pela morte, e o ódio pelo espectro sumiram, ela não sentia dor.

Os ataques que antes traziam, além do que foi dito, muita dor no local atingido, agora passam direto para a sua alma. Enquanto suporta os efeitos, ana evitava expressar dor, ou qualquer outra coisa, e os seus pensamentos eram muito profundos além de vagas lembranças, que antes era um passadismo que nunca deixou esquecer.

Os pedaços espalhados do boneco, acumulava sujeira e poeira por todos os cômodos de baixo. O ante espectro pensava muito, enquanto resistia firme, todas as tentativas do espectro verdadeiro sair, mas sentia que a qualquer momento, ele iria deixar de existir, a dizer que ele o mataria, mesmo nesse ciclo de pensamentos negativos, andava.

Sem saber, se tinha que ir no efêmero pessoal sem a ana, ou ter que convencê-la a continuar em busca da verdade, já que somente ele sabia, que essa realidade estava a poucos passos do fim, e a história caminha para o seu incerto final. Mas, passaram-se bastante tempo, e ainda ficava a andar de um cômodo ao outro, a ser torna uma hora cansativo, a tomar para uma decisão.

Ao olhar para o canto da sala de estar, perto do sofá, ele percebeu a mochila de thome, que ficou ali deixada, o que o fez pensar ter algo de útil no seu interior, sem perda de tempo, ele pega a leva para a mesa na sala de jantar, sentasse e procura com cuidado, a achar uma banana de dinamite junto a um isqueiro, que logo o deu uma ideia.

O ante espectro esconde a dinamite em um lugar da sua roupa, junto com o isqueiro, e pega uma pílula do fragmento do espectro e consome, a ter por mais uma vez os poderes. E então, sem precisar passar pelo quarto de ana, até chegar no espelho do banheiro, ele some, diretamente para o efêmero, com muita facilidade e rapidez.

Ao ver a escuridão para todos os lados, e ao longe perceber os objetos semelhantes à sala de estar, incluindo a televisão, mas antes que chegasse até lá, o som da voz do espectro o assusta na escuridão, que o faz cair no chão, sem que ele esperasse isso acontecer, mas logo levantasse e recebe um golpe que o joga próximo dos móveis, vindo após isso a fala do espectro:

Espectro — Se eu soubesse que esse corpo era uma prisão, eu o teria destruído ao invés de usá-lo.

O ante espectro pega rapidamente uma pílula do fragmento do fantôme, e consome para não ser atacado, a ter ainda muito poder. Sem entender, logo em seguida ele fala para a voz na escuridão:

— Como pode estar aqui, se está dentro de mim?

Espectro — Eu sou uma parte do espectro, que permanece nesse local, e eu estava a esperar.

— Deve estar a proteger os quadros que estão em alguns desses livros da estante, não é mesmo?

Espectro — Não só por isso mas também para arrancar o restante de mim, que está aprisionado.

— Pode tentar, mas não vou sair daqui, enquanto não descobrir os seus segredos!

Espectro — Segredos?... Hum!...

— Eu sou você! Então os seus segredos são os meus segredos.

Espectro — Onde está, garoto?

— Não adianta tentar procurar-me somente pela voz, terá que ceder de uma forma ou outra.

Espectro — Pretende usar o meu poder contra mim?

— Se for necessário, eu terei que destruir esse lugar.

Espectro — Hum! Eu já sei o que fez para ficar invisível, deve ter passado no fantôme, antes de vir aqui.

— E o que isso importa, agora?

Espectro — Olhe para a tela da televisão, se assim desejar, ligue-a.

— Por que eu faria isso?

Espectro — O que você teme, garoto? Não está com medo, está?

O garoto então se aproxima com receio, a olhar para os lados, a temer ser pego de surpresa com um ataque novamente. Ao aperta o botão para ligá-la, e tentar ajeitar as antenas, a televisão liga para o canal do fantôme, que permanece sem sinal. Após fazer isso ele percebeu que o outro portal para a realidade existia de fato, mas logo a voz da escuridão, novamente fala com ele:

Espectro — Infelizmente, já era esperado que as outras realidades o ajudasse. Mas não fomos os últimos a saber, ao contrário, somos sempre os primeiros! Por isso, se quiser ter a ana ao seu lado, para quem sabe, ter uma chance de nos derrotar, seja um espectro, faça o que fez com a história do livro, destrua!

Pelo impulso das palavras, o garoto estende a mão na direção a tela e concentra uma enorme quantidade de poder, a pensar que isso iria fazer com que a televisão destruísse, para a surpresa dele, todo o poder acumulado na sua mão, passa pela tela sem causar danos, e assim a mesmo desliga intacta. Isso o assustou, e a voz novamente volta a falar com ele:

Espectro — Muito bem! Garoto. Você acaba de usar o seu poder para destruir toda a realidade do fantôme, assim como fez na realidade dos gatos.

— Você fez alguma coisa, isso não possível.

Espectro — Nós fizemos isso, mais cedo ou mais tarde terá que aceitar esse fato. Todo esse poder deve ter gastado a sua estrutura de boneco, não é mesmo?

Ao ouvir isso, ele olha para as suas mãos, e vê o quão destruídas estão, parte do seu olho teve que ficar fechado, por conta da deterioração. O espanto e o desespero percorrem os seus pensamentos, mas não há nada que possa ser feito por ele, e isso só piorava a situação. Nisso a voz da escuridão diz mais uma vez a ele:

Espectro — Desista, garoto. Entregar-se será o melhor a você.

— Eu não vou voltar a ser o seu escravo, você não vai-me prender, e eu ainda vou saber da minha história e você!... Você vai ser derrotado por alguém mais forte que eu! Eu não desisto, até à morte.

Espectro — Se é essa a sua decisão, então terei que destruir o seu corpo.

E então, varias mãos pretas passam para todo os lados, para o agarrar de todas as formas, e no chão, vários espinhos a cobrir os móveis aos poucos, e o garoto fica sem saída, e mesmo que fosse pego naquele momento, ele só se importou com uma coisa. Ao pegar a dinamite e o isqueiro, ele acende a segurar com força, pois, logo os efeitos da pílula do fantôme, iriam acabar, e isso o faz consumir todas as pílulas dos fragmentos do espectro e do fantôme, vindo após isso, uma grande explosão que desfaz o efêmero pessoal.

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