Entre Luzes É Tiros

Entre Luzes É Tiros

capítulo 01

O morro pertencia a ele. Todos sabiam. Seu nome era Murilo, mas ninguém o chamava assim. No morro e fora dele, ele era conhecido apenas como Rei. Conquistou aquele território com sangue e estratégia, e agora, qualquer um que ousasse desafiar sua autoridade acabava no chão, sem direito a segunda chance.

Naquela noite, do alto do terraço de sua casa, ele observava a cidade lá embaixo, o brilho das luzes contrastando com a escuridão das vielas. Foi quando recebeu a mensagem.

"Tem visita pra você, chefe. E não é qualquer uma."

Murilo arqueou a sobrancelha. Quem ousaria subir até ali sem aviso? Desceu as escadas com calma, a Glock presa na cintura, e parou ao ver quem o esperava na sala.

Uma mulher. Mas não qualquer mulher.

Isabella Leone.

Atriz renomada, rosto de capas de revistas, estrela de novelas de horário nobre. Mas Murilo sabia que, por trás dos holofotes, ela era bem mais do que apenas uma estrela.

Ela era mafiosa. Filha de um dos maiores chefões do tráfico internacional. Uma mulher perigosa, que sabia jogar o jogo melhor do que muito homem.

— Fiquei surpresa que você me recebeu tão rápido, Rei — ela disse, com um sorriso afiado.

Murilo puxou um cigarro, acendeu sem pressa e soprou a fumaça, analisando-a. Isabella era linda, mas era seu olhar que chamava atenção: um olhar de predadora.

— E eu tô surpreso que você teve coragem de pisar aqui — ele rebateu. — O que você quer?

Ela se aproximou, parando perto o suficiente para ele sentir seu perfume, uma mistura de jasmim e perigo.

— Uma proposta — Isabella murmurou. — Seu morro tem algo que eu quero. E eu tenho algo que você precisa.

Murilo riu, descrente. Ele sabia que entrar no jogo daquela mulher significava se meter em problemas que nem mesmo a polícia ou seus inimigos no tráfico tinham conseguido trazer para ele. Mas quando seus olhos encontraram os dela, soube de uma coisa.

A partir dali, não haveria mais volta.Murilo segurou o cigarro entre os dedos, observando Isabella com cautela. Ele não confiava em ninguém, muito menos em uma mulher como ela, acostumada a se mover entre o luxo e o submundo sem perder a pose.

— E o que você acha que eu preciso? — ele perguntou, estreitando os olhos.

Isabella sorriu de lado, puxando uma cadeira para se sentar. Cruzou as pernas devagar, como se tivesse todo o tempo do mundo.

— Informação.

Murilo não demonstrou surpresa, mas por dentro ficou alerta. Informação era a coisa mais valiosa no jogo deles.

— Continua — ele pediu, jogando a cinza do cigarro no chão.

— Meu pai sempre soube que você é inteligente. Subiu rápido, soube fazer aliados e eliminou quem precisava. Mas tem um problema no seu caminho.

Murilo manteve a expressão fechada, mas agora prestava atenção de verdade.

— A polícia? Meus rivais? Isso não é novidade.

— Não — Isabella negou. — O problema se chama Carlos Medina.

Murilo ficou em silêncio. Carlos Medina era um figurão da política, candidato forte a governador e, nos bastidores, um dos maiores financiadores do crime organizado. Só que ultimamente, ele estava mudando as regras. Fechando negócios, traindo acordos antigos.

— Você quer ele fora do jogo — Murilo concluiu.

— Quero — Isabella confirmou. — E sei que você também quer.

Ela se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Eu tenho provas que podem acabar com ele. Mas preciso da sua rede pra fazer isso sem que meu nome apareça.

Murilo soltou uma risada baixa.

— E o que eu ganho com isso?

Isabella sorriu de um jeito perigoso.

— Medina tá financiando um dos seus maiores rivais. Se ele cair, você toma o controle total da zona sul.

Murilo encarou Isabella por alguns segundos. Ele não gostava de se envolver com políticos, mas se isso significava se livrar de uma ameaça e expandir seu território, talvez valesse a pena.

— E se eu disser não?

O sorriso de Isabella se alargou.

— Então eu subo esse morro de novo, mas da próxima vez, não pra conversar.

O silêncio se instalou entre os dois. Murilo então riu baixo e apagou o cigarro no cinzeiro de vidro.

— Você tem coragem, Leone.

Ela piscou, provocante.

— Eu sou o perigo, Rei.

Murilo se levantou, pegando um copo de whisky sobre a mesa. Ele tomou um gole e então estendeu a mão para Isabella.

— Negócio fechado.

Ela apertou a mão dele sem hesitar.

Naquele momento, uma aliança perigosa foi selada.

E ninguém sairia ileso.

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Comments

Mari

Mari

A história começou bem desenvolvida, eu gostei 💖

2025-04-14

1

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