Dois meses depois.
Uma ilha deserta entre o Caribe e o nada. Lá estavam eles: Isabella, Murilo e Viktor.
A mansão era simples, sem luxo, mas segura. Nenhum satélite, nenhum drone, nenhuma câmera.
— Sabe qual o problema da paz? — Viktor disse, tomando um rum.
— Ela soa como o silêncio antes da guerra — Isabella respondeu.
Mas, naquela noite, eles dançaram na areia, riram como se nunca tivessem matado, e Murilo a pediu em casamento sob as estrelas.
— Você quer mesmo se casar com uma mulher que tem mais sangue nas mãos que maquiagem? — ela provocou.
— Eu te quero com suas cicatrizes, seus tiros e seu veneno.
— Então tá… mas eu não vou usar branco.
— E eu não vou usar colete.
Eles riram. E naquela noite, pela primeira vez, se amaram sem pressa.Cinco meses de paz.
O sol nascia todos os dias. A água era cristalina. O mundo acreditava que eles estavam mortos.
Mas num fim de tarde, o telefone tocou.
Só três pessoas tinham aquele número.
— Alô? — Murilo atendeu.
Silêncio.
Depois, uma voz feminina:
— Precisamos de vocês. O submundo está caindo. Sem Ardit, uma guerra começou. E vocês são os únicos capazes de decidir quem sobrevive.
Isabella pegou o telefone da mão dele.
— A gente já morreu, gata. Agora queremos viver.
— Se não nos ajudarem… tudo o que vocês construíram também vai morrer.
Isabella olhou para Murilo.
Ele suspirou.
— Vamos decidir isso amanhã?
— Não. Vamos decidir agora — ela disse.
Virou-se para o mar, jogou o telefone dentro da água, e murmurou:
— Quem quiser nos ver de novo… vai ter que sangrar por isso.
Mesmo com o telefone no fundo do mar, os sussurros da guerra encontraram um jeito de alcançá-los.
Na manhã seguinte, Viktor apareceu com um jornal.
— Eles colocaram uma recompensa pela cabeça de vocês. Duzentos milhões.
Murilo gargalhou.
— Isso é quase um elogio.
Isabella observou a manchete:
“Casal Fantasma volta a assombrar o submundo. Máfias da Rússia e da África oferecem aliança ou caçada.”
— A gente se escondeu tempo demais — ela disse, com os olhos escurecendo de novo.
— Vai voltar? — Viktor perguntou.
Ela pegou a pistola que estava enterrada na areia ao lado da espreguiçadeira.
— Não. Eu vou lembrar ao mundo por que ele tem tanto medo do meu nome.
Apesar da tensão, o casamento aconteceu.
Simples. Íntimo. Num altar improvisado à beira-mar, com Viktor como testemunha e o oceano como música.
— Promete me proteger, até mesmo de mim mesma? — Isabella perguntou.
— Prometo te amar, mesmo quando o mundo nos odiar — Murilo respondeu.
Depois do beijo, os três se sentaram em volta de uma fogueira, como guerreiros depois da batalha.
— E agora? — Viktor perguntou.
— Agora a gente não ataca — Isabella respondeu. — A gente atrai.
— Como?
Ela sorriu. Frio. Selvagem.
— A gente deixa vazar que vamos montar nosso próprio império. Quem quiser impedir… vai vir rastejando.
Murilo completou:
— E quem quiser entrar… vai ter que sujar as mãos.
Viktor ativou contatos antigos. Em menos de 10 dias, chegaram armas, tecnologia e informantes de todo o globo.
Murilo cuidou da segurança. Câmeras, minas, drones de vigilância.
Isabella montou o coração do império: uma sala com painéis, mapas, dados e nome de todos que poderiam ser aliados… ou obstáculos.
Na parede, ela escreveu com sangue seco:
“Quem controla o medo, controla o mundo.”
— Isso aqui é o início do império dos mortos. — ela declarou. — Porque nós já morremos… e voltamos.
Murilo olhou pra ela com orgulho e desejo.
— E agora, amor?
Ela o encarou com olhos que incendiaram guerras:
— Agora a gente reconstrói o submundo… do nosso jeito.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 28
Comments