Com os rumores do “Império dos Mortos” se espalhando, chefes do crime ao redor do mundo começaram a se mover.
Alguns por medo. Outros por curiosidade. E uns poucos… por oportunidade.
O primeiro a chegar foi Leonardo Bellini, antigo rival de Isabella, chefe de uma facção mafiosa italiana.
— Eu vim propor aliança — ele disse, entrando na ilha com cinco homens armados.
Murilo, com uma faca na mão, sorriu:
— E trouxe o exército inteiro, é?
— Só os que não morrem fácil.
Isabella analisou o homem como quem escolhe onde vai atirar primeiro.
— Você tentou me matar três vezes.
— E falhei. Isso já me coloca um passo à frente de muitos.
Ela ficou em silêncio por um segundo, depois jogou uma taça de vinho nos pés dele.
— Quem quiser entrar no meu império… começa limpando o próprio sangue.
Bellini sorriu. Sabia que o jogo tinha mudado.As próximas semanas foram um caos calculado.
Isabella e Murilo organizaram uma operação que libertou 37 mulheres de uma rede de tráfico em Praga.
— Isso vai deixar os russos furiosos — Viktor disse.
— Ótimo. Deixem eles com raiva. Raiva traz erros — Isabella respondeu.
Eles transformaram a ilha em quartel, santuário e esconderijo.
E nas sombras, começaram a surgir simpatizantes. Criminosos que queriam quebrar o sistema, não apenas lucrar com ele.
— A gente está criando uma nova religião — Murilo comentou. — Fé baseada em medo e justiça.
Isabella apenas acendeu um charuto.
— Então queimar o mundo será o primeiro milagre.
Um convite chegou por um mensageiro mudo.
Um cartão preto, com uma rosa branca desenhada e o endereço de um antigo cassino em Viena.
— Isso é da Irmandade de Branca Rosa — Viktor falou. — Assassinos de elite. Nunca erram um alvo.
— Estão nos convidando… ou nos desafiando? — Murilo perguntou.
— Os dois.
Isabella vestiu preto. Entrou no cassino como uma rainha no próprio funeral.
Lá dentro, uma mulher esperava.
Alta, fria, belíssima.
— Eu sou Lys — disse ela. — E vim fazer um acordo com a mulher que matou um deus.
— Então senta. Mas se tentar me enganar, vai sair daqui em pedaços.
— Justo. Porque se você me enganar… — Lys sorriu. — Eu vou destruir seu mundo de dentro pra fora.
Isabella ergueu a taça.
A noite com Lys foi uma dança de palavras afiadas.
Enquanto Murilo observava de longe, com o dedo no gatilho, Isabella jogava o jogo da sedução e do poder com maestria.
— Você matou Ardit — Lys disse. — E eu queria matá-lo desde que ele matou minha irmã.
— Então estamos empatadas no ódio — Isabella respondeu, enchendo novamente as taças.
— Eu te ofereço minha rede de espiões. Informações. Silêncio. Mas quero acesso ao centro do seu império.
Murilo franziu o cenho. Isabella não hesitou.
— Você terá acesso… mas não poder. Aqui, só eu e meu marido decidimos.
Lys sorriu.
— Marido. A palavra mais perigosa já inventada.
Isabella piscou com ironia.
— Mais perigosa ainda quando ele é dono do morro.
Murilo voltou para o Brasil. Pela primeira vez desde que desapareceu do mapa.
O morro estava um caos. Facções disputando cada viela, policiais corruptos vendendo guerra.
Mas quando o boato correu que o Rei voltou, tudo parou.
— Murilo tá vivo. E voltou com sede de sangue — diziam os rádios da comunidade.
Ele subiu até o topo, cercado de olhares.
Lá de cima, com o céu alaranjado atrás dele, ele falou:
— Eu deixei isso aqui na mão de vermes. Agora é meu de novo. Quem quiser paz… vem comigo. Quem quiser guerra… morre antes de piscar.
Em dois dias, a favela voltou a ter ordem. Porque quando o dono do morro fala, ninguém respira errado.
Enquanto Murilo pacificava com ferro e fogo, Isabella recebia uma carta que cheirava a sangue e religião.
Selada com cera preta e o símbolo de uma cruz invertida.
— Isso é do Papa Negro — Viktor disse. — O líder de uma seita que controla cultos, tráfico de armas e feitiçaria urbana.
— Nunca acreditei em feitiços — Isabella respondeu.
— Ele acredita. E ele quer você num ritual de união. Diz que você é a reencarnação da destruidora prometida.
Isabella riu, cínica.
— O que esse povo tem com reencarnação? Eu sou só uma mulher com raiva.
— Então o que responde?
Ela rasgou a carta ao meio.
— Eu sou uma rainha de carne. Quem quiser meu poder… que me enfrente com pólvora, não rezas.
— Brindemos à confiança entre monstros.
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Atualizado até capítulo 28
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