O primeiro ataque aconteceu dentro de um prédio antigo restaurado por Vittorio.
Murilo e Isabella colocaram explosivos em três andares. A explosão foi precisa e simbólica: destruiu o projeto que Vittorio usava como fachada e matou sete albaneses.
Foi um recado claro: "Chegamos."
No mesmo dia, uma mensagem anônima chegou ao celular de Isabella.
"Barcelona é grande, Leone. Mas não maior que o buraco onde vou enterrar vocês dois."
Ela mostrou a mensagem a Murilo.
Ele apenas sorriu.
— Que ele traga o mundo todo. Eu quero deixar sangue em cada canto dessa cidade.
Naquela noite, Murilo e Isabella se armaram como se fossem entrar numa guerra santa.
Porque no fundo, era isso mesmo.
Uma cruzada sangrenta… contra um demônio vestido de terno.
Murilo e Isabella se instalaram em uma antiga fábrica de armas desativada nos arredores de Barcelona.
Transformaram o lugar em uma fortaleza.
— Ele vai tentar atacar a gente aqui — Isabella disse. — É previsível.
Murilo olhou ao redor.
— Ótimo. Quero que ele venha. Quero que ele me olhe nos olhos antes de morrer.
Naquela noite, seis carros se aproximaram em silêncio. Homens mascarados, armados até os dentes, cercaram o galpão.
Mas Murilo e Isabella estavam esperando.
— É agora — sussurrou ela, puxando a arma.
O tiroteio foi feroz, brutal, claustrofóbico.
Murilo matou oito. Isabella, sete.
Do lado de fora, corpos espalhados. Do lado de dentro, nenhum arranhão neles.
— Isso foi só o aperitivo — disse Isabella, limpando o sangue da lâmina.
Murilo chutou o corpo de um albanês e pegou o rádio dele.
— Vittorio… ainda tá ouvindo, seu verme? Eu tô vindo por você. E vou arrancar seu coração com as mãos.
Do outro lado da cidade, Vittorio arremessou o celular contra a parede.
— Eles estão me envergonhando! — rugiu, esbofeteando um dos capangas. — Matem eles! Contratem o que for preciso!
Mas um de seus homens se aproximou.
— Senhor… tem algo que o senhor precisa ver.
Ele entregou uma pasta. Dentro, fotos.
Fotos do passado.
Isabella criança. Murilo criança. Juntos. Na mesma vila da Itália.
— Mas isso… — Vittorio arregalou os olhos. — Eles… eram da mesma aldeia que minha família.
Uma lembrança corroeu sua mente: a noite em que um incêndio tomou tudo.
E ele viu aquelas crianças escaparem pelas sombras.
— Não pode ser…
O passado voltava como um fantasma, e pela primeira vez, Vittorio sentiu medo real.
Porque talvez... eles não estavam lutando apenas por vingança.
Talvez fosse destino.
Murilo caminhava pela fábrica silenciosa, a pasta de documentos nas mãos. Svetlana a havia entregue poucas horas antes, depois de interceptar uma entrega de Vittorio.
Isabella folheava os papéis ao lado dele.
— Isso aqui… são certidões de nascimento.
— Nossos nomes estão aqui, Leone. Meu nome real, antes da favela. O nome que eu nem lembrava.
Ela passou os dedos pelas fotos, tremendo.
— Eu… eu lembro dessa casa. Não inteira. Mas... esse corredor. Esse jardim.
Murilo parou diante dela.
— A gente se conhecia antes de tudo isso. Antes da máfia, antes do morro.
Ela levantou os olhos, em choque.
— A gente cresceu juntos.
Murilo assentiu, com a voz rouca.
— E Vittorio estava lá. Ele foi o responsável pelo incêndio. Ele destruiu tudo.
Isabella apertou os punhos, os olhos em chamas.
— Então agora não é mais só vingança.
Ela o olhou com uma fúria sagrada.
— Agora é justiça de sangue.Do alto de um prédio no centro de Barcelona, Vittorio observava a cidade com um copo de vinho na mão.
Seus olhos estavam vermelhos. Seu rosto, mais velho. A lembrança da vila o assombrava.
— Eles são os fantasmas que eu não enterrei — murmurou.
Um dos seus homens se aproximou.
— Senhor, temos outra chance de atacar. Identificamos a localização exata deles.
Vittorio permaneceu em silêncio. Depois, falou baixo:
— Prepare tudo. Mas eu quero eles vivos.
— Vivos? — o segurança estranhou.
— Sim. Quero olhar no rosto deles antes de apagar tudo de novo.
Enquanto isso, Murilo e Isabella terminavam de preparar a próxima ofensiva.
— Vamos atacar onde ele é mais forte — disse Murilo. — O hotel que ele usa como base.
Isabella sorriu com frieza.
— Vamos entrar pelo esgoto, subir pelo inferno... e trazer o céu em chamas com a gente.
A guerra estava prestes a alcançar seu clímax.
E nenhum dos três sairia o mesmo disso.
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Atualizado até capítulo 28
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