Na ilha, Isabella convocou todos os líderes aliados.
Um ritual simbólico: a coroação do novo império.
Ela vestia preto. Coroa de ferro fundido. Olhar de tempestade.
Murilo, ao lado, com a camisa aberta e a cicatriz da guerra no peito.
— Hoje nasce o novo ciclo — ela declarou. — Não somos máfia. Não somos governo. Somos lei feita na bala e justiça escrita em ossos.
Todos ergueram os punhos. Lys ajoelhou-se por livre vontade.
— Minha lealdade é sua, rainha do abismo.
Bellini entregou um anel banhado em sangue:
— Agora todos sabem. Você não lidera. Você reina.
E naquele momento, Isabella Leone tornou-se não apenas chefe… mas soberana do submundo.Amiran reagiu com fúria.
Explodiu uma das favelas que estava sob proteção do Império.
Matou crianças. Mulheres. Inocentes.
Murilo foi o primeiro a chegar.
Caminhou entre os escombros, os olhos cheios de fúria silenciosa.
Isabella chegou em seguida, ajoelhou-se diante dos corpos e murmurou:
— Que ele tenha sentido o gosto da própria fraqueza.
Ela olhou para o alto.
— Hoje, Amiran cavou a própria cova.
E ordenou:
— Viktor, rastreie o paradeiro dele. Bellini, chame os fantasmas. Murilo… prepare a guerra.Viktor descobriu que Amiran se escondia em um navio-catedral, navegando entre águas internacionais para evitar rastreio.
Isabella então planejou a operação mais ousada de todas: invadir o mar.
— Vamos afundar o inferno — ela disse.
Com apoio de submarinos clandestinos, drones aquáticos e soldados treinados, o ataque foi marcado para a noite da lua sangrenta.
— Ele acredita em presságios — comentou Lys.
— Então vamos fazer ele engasgar com o próprio destino — Isabella respondeu.
Murilo apenas murmurou:
— Quero ser o primeiro a pisar no coração daquele navio.
A tempestade ajudou. A noite parecia cuspir sangue.
O navio-catedral de Amiran era uma monstruosidade flutuante, com câmaras de tortura e salões convertidos em templos.
O ataque foi brutal.
Homem contra homem. Faca contra fé.
Murilo matou quinze sozinho. Viktor foi atingido no ombro. Lys envenenou os sacerdotes.
E Isabella?
Ela entrou no salão principal, onde Amiran a esperava, cercado por velas e ossos.
— Você é a destruição — ele disse. — Eu vi em sonhos.
— Não. Eu sou o fim dos teus pesadelos — ela respondeu, atirando direto no crânio dele.
Sem discurso. Sem misericórdia.
O império sangrava… mas não caía.
De volta à ilha, Murilo sentou-se ao lado de Isabella no trono feito de concreto e metal fundido das armas vencidas.
O mundo lá fora tentava entender quem havia vencido.
Mas para o submundo, a resposta era clara:
O Império dos Mortos reinava. E seus reis estavam vivos.
Isabella olhou para o horizonte, onde o céu nascia cinza e vermelho.
— Ainda tem muito o que queimar.
Murilo segurou a mão dela.
— Que queimem tentando nos parar.
E juntos, brindaram com sangue e vinho.
Porque aquele não era o fim.
Era só o começo.
Com Amiran morto, o silêncio era estranho demais.
— Isso não tá certo. — Lys disse. — Ele não operava sozinho.
E tinha razão.
Na noite seguinte, uma transmissão invadiu os servidores privados do Império.
Um vídeo. Som baixo. Voz distorcida:
“Amiran era só um braço. O cérebro continua vivo. E ele te conhece, Isabella Leone.”
Viktor rastreou o IP. Nada. Um sinal que pulava satélites.
Murilo rosnou:
— Isso foi um aviso.
Isabella apertou os olhos.
— Isso foi um convite.Chamavam-no de "O Orador."
Um homem (ou mulher) que nunca apareceu.
Fundador silencioso de um culto que Amiran apenas comandava por fora.
Segundo arquivos antigos trazidos por Bellini, o Orador já havia infiltrado governos, bancado guerras civis e forjado seitas desde a década de 60.
— Ele é lenda — Viktor disse. — Mas cada guerra que sangrou fundo… tem um fio puxando até ele.
Isabella sorriu, sombrio:
— Então vamos cortar esse fio. E usar pra enforcá-lo.
Murilo acendeu o cigarro:
— Se ele é o cérebro, vamos abrir o crânio.
Informações levaram a um lugar no norte do Canadá.
Uma instalação abandonada, onde “tratavam” soldados desertores durante a Guerra Fria.
Chegando lá, encontraram uma fortaleza gélida cheia de câmeras, sons gravados e cadáveres com os olhos arrancados.
— Isso aqui não é um esconderijo. É um estúdio de manipulação mental. — Viktor disse.
Em uma sala trancada, encontraram anotações.
Diagramas de Isabella. Registros dela desde a infância. Dados sobre o morro de Murilo. Sobre a máfia. Sobre tudo.
Isabella esfregou os dedos nas folhas:
— Ele nos estuda há anos.
— E agora? — Lys perguntou.
— Agora, ele vai nos conhecer de perto.
Murilo ergueu a arma:
— A guerra com Amiran foi o trailer. Isso aqui… é o filme de terror real.
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Atualizado até capítulo 28
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