capítulo 03

O carro cortava as ruas escuras da cidade, indo em direção ao esconderijo de Murilo. Isabella ajeitou a pistola na cintura, ainda sentindo o cheiro de pólvora na pele.

— Você dirige bem — ela comentou, olhando de canto para ele.

Murilo riu baixo, os olhos ainda atentos na estrada.

— E você atira melhor do que muita gente que eu conheço.

Ela sorriu.

— Eu aprendi com os melhores.

O silêncio se instalou por alguns segundos. Mas antes que pudessem chegar ao destino, Isabella percebeu algo pelo retrovisor.

— Tem um carro seguindo a gente.

Murilo olhou rapidamente pelo espelho. Um sedan preto mantinha a mesma velocidade deles, sem ultrapassar.

— São deles — ele murmurou.

Ele acelerou. O carro de trás fez o mesmo.

— Segura — ele avisou.

Em um movimento rápido, Murilo girou o volante, entrando em um beco estreito. O sedan tentou seguir, mas foi bloqueado por um caminhão que passava.

Murilo e Isabella saíram do carro.

— Eles vão tentar dar a volta — Isabella disse. — Precisamos sair daqui.

Murilo pegou a arma e acenou com a cabeça.

— Vem comigo.

Os dois correram pelo beco, subindo por uma escada de incêndio até o topo de um prédio. De lá, puderam ver dois homens descendo do sedan, armados.

— Medina mandou os cães atrás da gente — Isabella murmurou.

Murilo apontou a Glock, mirando no primeiro deles.

— Então vamos ensiná-los a não morder.

Dois tiros ecoaram na noite. Um dos homens caiu na hora. O outro tentou se esconder, mas Isabella já tinha sacado sua arma.

— Vai dormir, querido.

Um único disparo.

Silêncio.

Murilo guardou a arma e olhou para Isabella.

— Você se diverte com isso, né?

Ela sorriu, passando a mão no cabelo.

— E você não?

Murilo riu.

— Acho que a gente vai se dar muito bem, Leone.

Ela piscou.

— Eu não teria tanta certeza, Rei.

Eles desceram do prédio e entraram no carro. Tinham acabado de vencer a primeira batalha.

Mas a guerra estava só começando.O esconderijo de Murilo ficava em uma casa discreta no alto do morro, longe de olhares curiosos. Assim que entraram, ele pegou uma garrafa de whisky e serviu dois copos.

— Precisamos planejar o próximo passo — ele disse, entregando um copo a Isabella.

Ela pegou sem hesitar, bebendo um gole antes de encará-lo.

— Medina já sabe que mexemos com ele. Ele não vai deixar barato.

Murilo assentiu.

— Então temos que agir antes.

Ele pegou um cigarro, acendendo devagar. Isabella o observava com atenção.

— Você já tem um plano, não tem? — ela perguntou.

Murilo soltou a fumaça e sorriu de canto.

— Vamos fazer Medina acreditar que tem um traidor entre os próprios homens.

Isabella arqueou a sobrancelha.

— Intrigante. Como pretende fazer isso?

Murilo pegou o celular e abriu uma foto.

— Esse é o Rodolfo Ventura, segurança pessoal de Medina. Ele já andou reclamando do salário baixo e da falta de reconhecimento.

Isabella entendeu na hora.

— Vamos plantar provas contra ele.

Murilo sorriu.

— Exatamente. Quando Medina começar a desconfiar dos próprios aliados, ele vai baixar a guarda. E é aí que acabamos com ele.

Isabella pegou o copo de whisky e brindou com ele.

— Você realmente pensa como um rei.

Murilo bebeu, olhando para ela.

— E você, como uma rainha.

A tensão no ar era palpável. Mas naquele momento, o que importava era o jogo que estavam prestes a ganhar.

A guerra estava esquentando.

E eles estavam prontos para queimar tudo.

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