Negação e Desejo

O tempo passou, mas a dor continuava ali.

Os dias na faculdade pareciam mais longos agora. Os corredores pareciam mais estreitos. Os olhares de pena e cochichos discretos a sufocavam. Isabela não queria ser a garota traída. Não queria que ninguém a visse como vítima.

Então, decidiu que simplesmente seguiria em frente.

Sem Lucas.

Sem ninguém.

Ela não precisava de um relacionamento para ser feliz. Tudo o que queria agora era focar em si mesma e nas pessoas que realmente se importavam com ela.

E isso significava evitar Noah.

Porque, toda vez que o via, algo dentro dela estremecia. E isso era perigoso.

—

Noah percebeu a mudança rapidamente.

Antes, Isabela parecia sempre pronta para responder seus comentários provocativos, para revirar os olhos ou até para disfarçar um sorriso quando ele a irritava de propósito.

Mas agora…

Ela estava se afastando.

E ele odiava isso.

A primeira vez que aconteceu, ele achou que fosse apenas coisa da sua cabeça. Mas então vieram as desculpas.

"Não posso sair hoje, preciso estudar."

"Estou ocupada agora, falamos depois."

"Desculpa, mas já tenho outros planos."

E então ele percebeu.

Ela estava fugindo.

E Noah nunca foi do tipo que aceitava esse tipo de coisa sem lutar.

—

Uma noite, ele decidiu que precisava falar com ela.

Sabia que ela estaria em um café perto da faculdade, um dos lugares onde gostava de estudar.

E estava certo.

Isabela estava sentada sozinha, cercada por livros e com um café quase intocado à sua frente. Ela usava um moletom largo e tinha uma caneta entre os dedos, mas sua mente claramente estava longe dali.

Ele se aproximou e puxou a cadeira à frente dela, sentando-se sem pedir permissão.

Ela levantou o olhar, surpresa, mas sua expressão logo se fechou.

— O que você tá fazendo aqui? — ela perguntou.

— Vi você aqui e achei que poderíamos conversar — ele respondeu, se inclinando para frente.

— Sobre o quê?

— Sobre você me evitando.

Isabela soltou uma risada curta, balançando a cabeça.

— Não estou te evitando, Noah. Só estou ocupada.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Ah, claro. Porque você adora estudar em cafés até tarde, né?

Ela cruzou os braços.

— Isso não é da sua conta.

— Não quando você fica agindo como se eu fosse algum tipo de problema na sua vida.

O olhar dela endureceu.

— Você é um problema, Noah.

Aquelas palavras o atingiram de um jeito inesperado.

Mas ele não deixou transparecer.

— É engraçado você dizer isso, porque antes parecia gostar da minha presença.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior.

— Eu só quero seguir em frente, Noah.

— E seguir em frente significa me cortar da sua vida também?

Isabela respirou fundo.

— Significa que eu não quero outro relacionamento agora.

Ele a observou por alguns segundos, seu olhar penetrante.

— Quem disse que eu tô pedindo um relacionamento?

Ela arregalou levemente os olhos, mas logo franziu a testa.

— Então o que você quer?

Ele se inclinou ainda mais, olhando direto nos olhos dela.

— Quero que você pare de fugir.

O coração dela acelerou.

Ele sempre soube provocar esse efeito nela. Sempre.

E era exatamente por isso que ela precisava se afastar.

Ela empurrou a cadeira para trás, pegando suas coisas com pressa.

— Eu preciso ir.

Noah não tentou impedi-la. Apenas observou enquanto ela saía do café, praticamente correndo.

Mas, naquele momento, ele soube de uma coisa.

Não importava o quanto ela tentasse fugir.

Ele ainda estava na cabeça dela.

E, cedo ou tarde, ela teria que admitir isso.

Nem que fosse para si mesma.

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