A Verdade que Destroi

O vazio no peito de Isabela parecia sufocante.

A discussão com Lucas ainda ecoava em sua mente, repetindo-se como um filme que ela não conseguia pausar.

Ela o perdeu.

Ou melhor, eles se perderam.

Mas o que mais doía não era o fim em si…

Era o fato de que, no fundo, uma parte dela não estava tão devastada quanto deveria estar.

Isso a fazia se sentir horrível.

E, ao mesmo tempo, libertava algo dentro dela que nem mesmo sabia estar preso.

—

Ela passou o dia tentando se distrair, mas a sensação de que algo estava errado não a deixava em paz.

Foi só no final da tarde, quando recebeu uma mensagem inesperada de sua amiga, Carol, que tudo mudou.

Carol: Isa, preciso te contar algo. É sobre o Lucas.

Seu coração bateu forte.

Isabela: O que foi?

Carol demorou um pouco para responder, como se estivesse escolhendo bem as palavras.

Carol: Você tem certeza de que quer saber?

A angústia se espalhou dentro dela.

Isabela: Carol, pelo amor de Deus, fala logo!

Carol: Eu não queria ser eu a te contar isso, mas você merece saber…

Carol: O Lucas já te trai há cinco meses, Isa.

O mundo parou.

A respiração de Isabela ficou presa na garganta.

Ela leu aquelas palavras uma, duas, três vezes, esperando que o significado mudasse.

Mas não mudou.

Isabela: O quê?

Carol: Eu descobri há um tempo, mas não sabia como te dizer. Ele estava ficando com uma garota da turma dele. Vi os dois juntos mais de uma vez…

Carol: E não foi só uma vez, Isa. Ele nunca parou.

O choque foi instantâneo.

A dor veio logo depois.

Aquela dor quente e cortante que parecia rasgar seu peito por dentro.

Lucas.

O cara que ela achou que a amava.

O cara que ficou magoado ao descobrir que ela tinha sentimentos confusos por Noah.

O cara que fez ela se sentir culpada.

Mas, no fim, ele já estava traindo ela antes de tudo isso começar.

Antes de Noah. Antes das brigas. Antes dela sequer imaginar que algo estava errado.

Cinco meses.

Ela sentiu o estômago revirar.

Isabela: Você tem certeza?

Carol: Isa… eu não te contaria se não tivesse.

Ela queria chorar.

Queria gritar.

Queria arrancar aquele peso do peito.

Mas, acima de tudo, sentia ódio.

Ódio de Lucas.

Ódio de si mesma, por ter sido enganada esse tempo todo.

Ódio porque ela passou dias se sentindo a pior pessoa do mundo por um beijo acidental…

Enquanto Lucas nunca sentiu nem um pingo de culpa pelo que fez.

—

Na manhã seguinte, Isabela foi atrás dele.

Ela não podia fingir que não sabia.

Ela não ia engolir aquilo calada.

Quando encontrou Lucas na faculdade, ele estava rindo com alguns amigos, como se nada tivesse acontecido.

A raiva explodiu dentro dela.

— Precisamos conversar. Agora.

Lucas olhou para ela, surpreso com o tom afiado de sua voz.

— Isa, eu—

— Agora, Lucas! — ela interrompeu, segurando firme o braço dele e puxando-o para um canto mais afastado.

Os amigos dele assistiram à cena em silêncio, trocando olhares curiosos.

Quando estavam sozinhos, ela soltou um riso amargo.

— Você é um hipócrita, sabia?

Lucas franziu a testa.

— O que você tá falando?

— Você me fez sentir culpada. Fez eu me sentir horrível por estar confusa sobre meus sentimentos. Mas sabe qual a diferença entre nós dois, Lucas?

Ela deu um passo à frente, aproximando-se dele com a fúria queimando em seus olhos.

— Eu nunca te trai.

A expressão dele congelou.

Isabela viu quando seus músculos ficaram tensos, quando seus olhos se arregalaram, quando ele abriu a boca mas nenhuma palavra saiu.

— É… eu descobri. Cinco meses, Lucas. Cinco malditos meses.

O silêncio dele era a confissão que ela precisava.

O peito de Isabela subia e descia rapidamente, a raiva misturada com um alívio estranho.

Porque agora, ela não sentia mais nenhuma dúvida.

Não sentia mais culpa.

Lucas abaixou a cabeça, esfregando o rosto com as mãos.

— Isa… eu—

— Não — ela interrompeu. — Eu não quero ouvir.

Ela deu um passo para trás.

— Acabou, Lucas. Eu perdi tempo demais com você.

Ela se virou, pronta para ir embora.

Mas antes de sair, lançou um último olhar para ele.

— E sabe o que é engraçado? Você me perdeu muito antes de eu perceber.

Então, sem mais nenhuma palavra, ela o deixou para trás.

E, dessa vez, sem nenhuma vontade de olhar para trás.

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