Entre Festas e Revelações

Noah não respondeu imediatamente.

O que fez o coração de Isabela martelar no peito de ansiedade.

Mas, depois de alguns minutos de agonia, a resposta apareceu na tela do celular:

Noah: Onde e quando?

Ela hesitou por um segundo antes de responder.

Isabela: Amanhã, depois da aula. No parque perto da faculdade.

Noah: Beleza.

Apenas isso. Nenhuma provocação, nenhuma ironia.

E, estranhamente, isso a deixou ainda mais nervosa.

—

No dia seguinte, quando Isabela chegou ao parque, Noah já estava lá, encostado em sua moto, os braços cruzados sobre o peito.

O vento bagunçava seus cabelos escuros, e ele parecia tão despreocupado quanto sempre. Mas havia algo diferente em seus olhos quando ele a viu se aproximar.

— Então — ele disse, sem rodeios —, finalmente decidiu falar comigo?

Ela respirou fundo.

— Eu senti sua falta.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Ah, sentiu? Que interessante, já que na última vez que conversamos você me disse que não gostava de mim.

Ela revirou os olhos, impaciente.

— Você sabe que eu menti.

Ele riu, mas sem humor.

— E eu deveria fazer o quê com essa informação, Isa?

Ela hesitou.

Não sabia exatamente o que queria. Só sabia que queria Noah por perto.

E, de alguma forma, ele entendeu isso.

Porque, ao invés de pressioná-la por uma resposta, ele apenas suspirou e disse:

— Vem comigo hoje à noite. Tem uma festa num bar novo.

Ela franziu a testa.

— E desde quando eu sou de festas?

— Desde agora.

Ela cruzou os braços, fingindo hesitação.

— E se eu disser que não?

Ele deu um passo à frente, os olhos fixos nos dela.

— Então eu vou ter que arranjar outra companhia.

O olhar desafiador dele fez algo dentro dela se revirar.

— Você é insuportável.

Ele sorriu.

— Eu sei. Mas então… vai ou não?

Ela suspirou, derrotada.

— Tá. Mas se for uma merda, eu vou embora.

— Justo.

E foi assim que Isabela começou a sair com Noah.

—

Na terceira festa juntos, os comentários começaram.

— Isa, cê tem certeza disso? — perguntou uma das colegas dela. — Ele não parece o tipo de cara que se leva a sério.

— Eu ouvi dizer que ele nunca fica com a mesma garota por muito tempo — acrescentou outra.

— Você tem certeza de que não é só mais uma pra ele?

Isabela odiava como essas palavras mexiam com ela.

Ela queria acreditar que conhecia Noah melhor do que essas pessoas.

Mas… e se estivessem certas?

—

Quando Arthur os convidou para seu aniversário, Isabela ficou aliviada.

Seria bom ir a uma festa onde ela realmente gostava do anfitrião.

E, apesar da tensão entre ele e Noah, Arthur fez questão de convidá-lo também.

— Mas, sério, Noah, se você quebrar alguma coisa na minha festa, eu te expulso — Arthur brincou.

Noah apenas riu.

— Relaxa. Vou me comportar… talvez.

A casa de Arthur estava cheia quando eles chegaram. Música alta, luzes coloridas e pessoas rindo em todos os cantos.

Noah foi pegar bebidas enquanto Isabela conversava com algumas amigas.

Até que Arthur subiu em uma cadeira no meio da sala e bateu palmas para chamar atenção.

— Beleza, pessoal! Eu tenho um anúncio importante pra fazer.

Todos ficaram em silêncio, curiosos.

Arthur sorriu e passou o braço ao redor de um garoto loiro ao seu lado.

— Eu sei que muita gente suspeitava, mas agora é oficial. Estou namorando!

Houve um instante de choque, seguido por gritos e aplausos.

Arthur riu.

— Sim, sou gay. Sim, guardei segredo por um tempo. Mas agora não quero mais esconder nada.

O namorado dele sorriu e lhe deu um beijo rápido, arrancando mais comemorações.

Isabela sorriu, sentindo um calor no peito.

Arthur sempre foi seu amigo, mas ela nunca imaginou que ele estivesse escondendo algo assim.

Quando os olhares se voltaram para ela, Arthur piscou.

— Aposto que tem gente que achava que eu gostava da Isa, né?

Muitas pessoas riram, e até Noah, ao lado dela, balançou a cabeça com um sorriso.

Isabela apenas riu junto.

Mas, no fundo, uma nova pergunta a atormentava.

Se Arthur estava sendo corajoso o suficiente para assumir o que sentia… por que ela ainda não conseguia fazer o mesmo com Noah?

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