Tempestade Interna

O resto da noite foi um turbilhão na mente de Isabela.

Ela tentou se distrair assistindo a um filme, mas sequer conseguiu prestar atenção. Tentou responder à mensagem de Lucas, mas cada palavra parecia insuficiente. Tentou dormir, mas o olhar de Noah continuava assombrando seus pensamentos.

"Se você realmente estivesse certa dos seus sentimentos, não estaria aqui, perguntando isso pra mim."

Ela odiava como ele fazia isso. Como conseguia bagunçá-la com tão pouco.

Virando-se na cama, suspirou pesadamente. Por que se sentia tão culpada? Ela não estava fazendo nada errado. Amava Lucas. Queria que o relacionamento deles desse certo. Então por que seu coração insistia em duvidar?

E pior, por que uma parte dela sentia que Noah tinha razão?

—

No dia seguinte, ela decidiu se afastar de tudo. Passaria a manhã estudando na biblioteca da faculdade, longe de qualquer distração. Se mantivesse a mente ocupada, talvez os sentimentos confusos diminuíssem.

Mas o universo parecia ter outros planos.

Enquanto organizava seus materiais em uma mesa isolada, ouviu a voz que menos queria escutar naquele momento.

— Parece que alguém resolveu virar estudiosa.

Isabela fechou os olhos por um instante antes de erguer o olhar. Noah estava ali, apoiado na cadeira ao lado dela, um sorriso provocador no rosto.

— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, tentando manter a voz firme.

— Biblioteca. Livros. Estudos. Você já ouviu falar disso, né?

Ela bufou.

— Sério, Noah. Você não tem nada melhor pra fazer?

Ele puxou a cadeira e se sentou ao lado dela, ignorando completamente a irritação dela.

— Eu podia estar em casa dormindo. Mas, por algum motivo, achei que seria mais interessante te ver tentando fingir que está concentrada.

Isabela fechou o livro com força.

— Você tem essa necessidade insuportável de me provocar o tempo todo, não é?

— Só quando você me dá motivo.

Ela revirou os olhos.

— Eu não te dei motivo nenhum.

Noah apoiou o cotovelo na mesa, inclinando-se levemente para mais perto dela.

— Ah, Isa… Eu vejo nos seus olhos. Você está tentando fugir de alguma coisa.

O coração dela disparou.

— Você não sabe nada sobre mim.

Ele riu baixo.

— Então me diz. Por que você está tão inquieta? Por que está tentando se esconder aqui, sozinha, quando podia estar com o seu namorado?

Ela abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram.

Noah sorriu, satisfeito com o silêncio dela.

— Foi o que eu pensei.

Ela sentiu o rosto esquentar.

— Eu não estou fugindo. Só queria um tempo para estudar, sem ninguém me enchendo o saco.

— E eu sou esse ninguém?

— Exatamente.

Ele riu outra vez, mas dessa vez havia algo diferente em seu olhar.

— Engraçado. Você sempre diz que me odeia, mas nunca consegue me evitar.

O peito de Isabela apertou.

Ele estava certo. De novo.

Ela sabia que deveria se levantar e ir embora, que deveria ignorá-lo e focar no que realmente importava. Mas seus pés pareciam presos ao chão. Seu coração, descompassado.

E então, Noah fez algo que a desarmou completamente.

Seu sorriso diminuiu, tornando-se quase suave.

— Eu te irrito, não é? — ele murmurou.

Ela piscou, confusa com a mudança no tom dele.

— Muito.

— Mas também te faço sentir algo.

Os olhos dela se arregalaram.

— Não seja ridículo.

— Ridículo? — Ele inclinou a cabeça. — Você tremeu quando eu cheguei perto.

— Eu não… — Mas sua voz falhou.

Noah observou cada mínima reação dela, como se estivesse decifrando um enigma.

— Eu só queria entender uma coisa, Isa. Se você está tão certa dos seus sentimentos, por que continua me deixando chegar tão perto?