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Capítulo 18 – O Ciúmes de Aron

Eu não sou o tipo de homem que se perde em emoções desnecessárias. Fui criado para ser imune a fraquezas. No entanto, hoje… hoje tudo parecia diferente. Cada som, cada movimento, tudo o que acontecia naquela sala parecia me afetar de uma maneira que não conseguia controlar. E, em particular, ela.

Victória.

Quando vi seus olhos brilhando com aquela intensidade familiar, meu estômago se revirou. Eu sabia exatamente o que estava acontecendo – ou, pelo menos, pensei que soubesse. Ela estava conversando com ele. Com ele. Malthius.

Eu podia sentir a presença dele antes mesmo de o ver. Era como um jogo de sombras – uma silhueta inconfundível que exalava confiança, poder e… desejo. Malthius Serran. O libertino dos feéricos. Conhecido por ser irreverente, audacioso e, de certa forma, encantador. Algo sobre ele sempre me fez sentir um incômodo profundo, e, hoje, esse incômodo estava se tornando insuportável.

Eu o vi. Ele estava lá, com seus cabelos ruivos como fogo, caindo de maneira desordenada sobre sua testa, e seus olhos verdes como esmeraldas, com um brilho que refletia o charme que ele sempre soubera aplicar com perfeição. Ele usava uma capa de veludo escuro, que se ajustava a seu corpo de maneira quase sedutora, e os detalhes em ouro nos punhos e ao redor do pescoço faziam sua presença ainda mais imponente. Ele sempre foi um daqueles feéricos cujo estilo de vida refletia a essência de sua alma – livre, selvagem, sem amarras.

E ali estava Victória, com sua elegância habitual, seu olhar cativante e aquele sorriso delicado que só ela sabia oferecer. Ela estava se deixando levar pela conversa, ou melhor, ele estava a conduzindo. Aquela troca de palavras, aquela atenção que ele dava a ela, tudo parecia tão… natural, tão instintivo. Como se eles já se conhecessem de outra vida, ou como se ela fosse apenas mais uma presa para ele, disposta a ser cativada pela sua lábia.

Minha mandíbula se apertou. O que ele estava fazendo? Ele estava a fazendo rir, de maneira quase íntima. Não posso negar que a cena me incomodou. O simples ato de vê-los juntos, a química inegável entre eles, me fez sentir algo que eu não estava acostumado a lidar: ciúmes.

Não era só isso. Eu sabia como Malthius funcionava. Ele não se contentava com simples conversas. Ele gostava de deixar uma marca, de tomar para si o que mais desejava. E agora ele estava investindo toda sua atenção nela. Eu sentia seu olhar sobre a pele de Victória, como se ele estivesse desvendando cada pedacinho dela. Eu queria esmagá-lo. Queria arrancá-lo de sua presença e marcar o território de forma indiscutível. Mas, em vez disso, permaneci parado, observando, me debatendo entre o desejo de agir e a necessidade de controlar minhas emoções.

Eu me aproximei silenciosamente, sem fazer barulho, até estar perto o suficiente para ouvir os sussurros entre eles. A voz suave de Malthius se destacava, carregada com uma sedução irrepreensível.

"Victória, sabia que o caminho para o coração de uma mulher começa com uma simples promessa? Uma promessa de liberdade, de prazer, de… descomplicar a vida." Ele sorriu de uma maneira tão encantadora que quase pude ver as palavras se formando como um feitiço em seus lábios. Ele se inclinou para mais perto, e eu vi sua mão se mover em direção ao braço de Victória, como se quisesse tocá-la, envolvê-la.

Eu senti uma onda de possessividade me invadir. Não podia deixá-lo fazer isso. Não podia deixá-lo continuar com esse jogo. Aquela era minha oportunidade, meu momento. Ela não precisava disso. Ela não precisava dele.

Com um movimento impetuoso, me aproximei ainda mais, passando a mão pelo ombro de Victória e puxando-a gentilmente para mim. Ela olhou para mim com surpresa, mas eu podia ver a leveza em seu olhar se dissipando, como se ela percebesse que algo estava acontecendo. Algo estava mudando entre nós.

"Eu não sabia que você estava se interessando por outros," falei, minha voz baixa, mas carregada de um tom que não podia ser confundido. Não era apenas ciúmes. Era controle. Era necessidade. E, por mais que isso me incomodasse, eu sabia que ela sentiria a diferença. Sabia que ela não poderia ignorar.

Malthius, por sua vez, manteve a compostura. Não era fácil para ele ser intimidado, mas o desafio em meu olhar fez com que ele se afastasse ligeiramente, uma linha de tensão surgindo em seu rosto. Ele sabia o que eu era, sabia do poder que eu tinha, mas ele também sabia como jogar o jogo. Como testá-lo.

"Ah, Aron," ele disse, sua voz doce e provocadora.

"Não sabia que você também se importava com os detalhes." Ele se virou de forma elegante, encarando-me com aquele sorriso encantador. "Ela é uma mulher fascinante, não é mesmo?"

Eu não respondi imediatamente, mas a pressão em meu peito estava crescendo. Como ele ousava? Como ele ousava colocar suas mãos sobre ela? Como ele ousava tentar roubar algo que eu considerava meu? Não era só o ciúmes. Era o respeito. Ele não respeitava o que eu tinha, e isso me fazia querer destruí-lo, fazer com que ele entendesse onde estava pisando.

"Você acha que tem algum direito sobre ela, Malthius?" minha voz saiu fria, sem hesitação, como uma lâmina cortando o ar. "Talvez seja melhor você entender que as coisas têm limites. Até mesmo para você."

Ele deu um pequeno sorriso, ainda mantendo a postura sofisticada. "Ah, Aron. Sempre tão sério. Talvez você precise aprender a relaxar." Ele olhou para Victória, com um brilho em seus olhos. "Mas, como sempre, é uma pena. A liberdade é algo que ela e eu entendemos de uma maneira diferente."

Eu vi os olhos de Victória se moverem entre nós. Ela estava, sem dúvida, consciente da tensão que havia se formado entre os dois. Mas, antes que ela pudesse falar ou reagir, eu a puxei para mais perto de mim, envolvendo-a em meu abraço. O gesto foi calculado, não um simples movimento de carinho. Queria que Malthius visse, que ele entendesse de uma vez por todas.

"E você," eu disse, olhando fixamente para ele, "está atrasado. Aqui, o tempo de manipulação acabou."

Malthius não disse mais nada. Ele deu um passo para trás, inclinando a cabeça em um gesto de respeito relutante, e se afastou. Mas o dano já estava feito. Eu sabia que ele não desistiria tão facilmente. E isso… isso só tornava as coisas mais interessantes.

"Você está bem?" perguntei a Victória, minha voz mais suave agora, embora ainda carregada de um tom possessivo.

Ela olhou para mim, seus olhos brilhando com uma mistura de surpresa e algo mais. "Sim", ela respondeu, a voz suave, mas havia algo de indecifrável em seu olhar. Algo que me dizia que esse não seria o fim. E, de certa forma, eu estava certo.

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Comments

Rosária 234 Fonseca

Rosária 234 Fonseca

obga autora pela atualização estava tão ansiosa

2025-04-02

0

Rosária 234 Fonseca

Rosária 234 Fonseca

hum ele já está gostando dela kkk

2025-04-02

0

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