Capítulo 13 – O Quarto da Futura Princesa
O som dos portões do castelo se fechando atrás de nós ecoou no ar, ressoando como um trovão distante. Quando entramos, um arrepio percorreu minha espinha, a vastidão do castelo diante de mim era algo que eu jamais havia imaginado. Era como se estivéssemos adentrando um outro mundo, um reino que não pertencia à realidade que eu conhecia. As paredes, adornadas com tapeçarias finas e feitas de pedras imponentes, pareciam observar cada um dos nossos passos. As escadarias de mármore reluziam sob a luz suave das velas, e o som de nossos passos ecoava como se o castelo inteiro estivesse aguardando nossa chegada.
Eu senti como se o ar estivesse carregado de história, de segredos enterrados em cada centímetro daquele lugar.
Aos meus lados, as garotas estavam em um silêncio curioso. O entusiasmo de antes parecia ter desaparecido, substituído por um tipo de respeito silencioso que pairava no ar. Elas olhavam ao redor, admirando a grandiosidade do lugar, mas, de algum modo, tudo parecia ainda mais imenso para mim. Eu era humana, e embora tivesse sido convidada para esse reino feérico, tudo aqui parecia me lembrar de quão pequena e vulnerável eu era em comparação à magnificência que me rodeava.
Os feéricos, com sua presença marcante, flutuavam ao nosso redor, seus passos quase inaudíveis, como se estivessem em um mundo à parte. As roupas de todos eles eram tão imponentes quanto os próprios castelos e florestas, com tecidos luxuosos que refletiam as cores da noite. O som das suas vozes parecia emanar uma força silenciosa, o tipo de poder que não era necessário gritar para ser ouvido. Eu me senti... estranha, deslocada, como se estivesse vendo algo que não deveria estar vendo.
Aron caminhava à frente, sua postura orgulhosa e serena. Ele parecia à vontade, como se tudo aquilo fosse seu lar, sua herança. Eu o observava, um turbilhão de pensamentos misturados na minha mente. O que eu estava fazendo aqui? O que ele queria de mim? Como eu me encaixaria nesse mundo de beleza, de mistério e de poder?
Fui retirada de meus pensamentos pela voz suave de uma das servas, que se aproximou de mim com uma cortesia impecável. Ela estava vestida com um simples uniforme de criada, mas sua postura e a maneira como se movia transmitiam uma calma e elegância inusitada. Ela me indicou um corredor, e eu segui em silêncio, meu coração acelerando enquanto me afastava das outras garotas.
O corredor estava mais escuro, iluminado apenas por velas altas que lançavam sombras dançantes nas paredes de pedra. As pedras de cada parede eram de um tom cinza, quase negro, o que fazia a luz das velas parecer ainda mais suave e etérea. Eu não sabia o que esperar, mas a sensação de que estava prestes a ser deixada sozinha, em um lugar estranho e vasto, me deixava inquieta.
A criada abriu uma porta pesada de madeira escura e me fez sinal para entrar. O quarto era grande, muito maior do que qualquer espaço que eu já tivera para mim. A cama, uma peça imponente de madeira escura, estava coberta com uma colcha rica em bordados dourados.
Os móveis eram esculpidos com tanta perfeição que pareciam ter sido feitos para reis e rainhas. Uma enorme janela permitia que a luz da lua se filtrasse suavemente pela cortina de linho, iluminando o quarto com um brilho prateado.
Mas o que realmente me impressionou foi a sensação de que tudo ali era feito para me intimidar, para me fazer lembrar constantemente de que não era daquele mundo. Cada detalhe parecia projetado para me fazer sentir minha pequenez, para me lembrar de minha condição de humana.
O quarto estava cheio de pequenos toques de luxo, mas de um luxo que me parecia um tanto frio e distante. O simples ato de me deitar naquela cama, que parecia mais um trono do que um local de descanso, me fez sentir ainda mais afastada da minha própria vida.
A criada fechou a porta silenciosamente, deixando-me sozinha no quarto, e eu olhei ao redor, sentindo a estranha sensação de ser uma intrusa naquele espaço. O que estava acontecendo comigo? Como tudo isso estava acontecendo tão rapidamente? Eu não conseguia entender o porquê de estar ali, no meio de feéricos, no castelo que parecia um pesadelo de tão grandioso.
Sentei-me na beirada da cama e passei os dedos pela colcha, sentindo o tecido fino sob a ponta dos meus dedos. Era tudo tão diferente, tão distante de minha vida anterior. Aqui, no meio de todo esse luxo, eu me sentia frágil, desprotegida. Os sons distantes de passos ecoavam no corredor, mas, de alguma forma, a solidão que eu sentia ali parecia mais palpável do que qualquer som. O castelo estava silencioso, como se estivesse esperando que algo acontecesse, e eu não sabia se estava pronta para o que quer que fosse.
Minha mente voltava a Aron. O que ele pensava de mim? O que ele esperava? Estávamos de alguma forma conectados, mas aquilo era algo tão novo para mim, algo tão vasto que eu mal conseguia compreender. O pensamento de que ele, de alguma forma, se importava comigo me dava um pequeno consolo, mas o que isso significava em um reino onde eu não pertencia?
Eu me deitei na cama, encarando o teto, tentando afastar as dúvidas e os medos. A noite era calma, mas a sensação de estar sendo observada, de estar sendo esperada, me deixava inquieta. Eu sabia que não poderia ficar ali, sozinha, por muito mais tempo. Havia algo mais, algo maior, à espera de mim.
Enquanto me perdia em meus pensamentos, a porta do meu quarto se abriu suavemente, interrompendo o silêncio. Uma figura esbelta apareceu na entrada. Era uma das servas, mas não parecia ser apenas uma criada comum. Ela tinha um porte elegante e uma aura de dignidade. Seus cabelos, negros como a noite, caíam em ondas suaves até seus ombros, e seus olhos, de um verde profundo, pareciam ter visto mais do que qualquer um poderia imaginar. Ela olhou para mim com um sorriso suave, mas havia algo nos seus olhos que me dizia que ela sabia mais do que deixava transparecer.
— Sua alteza, a rainha solicitou sua presença no salão principal. — Sua voz era suave, mas havia uma firmeza nela que não me deixou dúvida de que minha presença estava sendo exigida, e eu não podia mais adiá-la.
Respirei fundo e me levantei da cama, sentindo a gravidade de tudo o que estava acontecendo. Eu estava sendo chamada para algo maior do que eu podia compreender. Sabia que, de algum modo, a partir daquele momento, minha vida havia mudado para sempre.
Com um último olhar para o quarto, uma mistura de insegurança e determinação tomou conta de mim. Eu estava prestes a descobrir o que o futuro me reservava no vasto castelo feérico, onde meu destino ainda parecia um enigma sem respostas.
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Comments
Marsane
Eu fico lendo cada parágrafo encantada com a capacidade da autora em escrever os mínimos detalhes, com tanta coerência, coesão, transmitindo cada emoção, o dito, o não dito, as entrelinhas, pra mim é um poesia pura!!!!!!
2025-03-23
2
Marsane
Obg pela obra!!!!! É tanto cuidado com a escrita que me emociona…
2025-03-23
1
Rosária 234 Fonseca
estou amando os capítulos muito bom
2025-04-01
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