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Capítulo 12 – O Elo da Parceria

O silêncio reinou por alguns segundos, pesado, carregado de expectação, até que finalmente a voz da rainha cortou o ar, suave como uma lâmina afiada. Ela olhou para Aron com uma expressão calma, mas havia algo em seu olhar, uma expectativa silenciosa que parecia sugerir que ela já sabia mais do que ele estava disposto a revelar.

— Aron... Quando você vai apresentar a sua parceira humana? — Ela perguntou, o tom suave, mas com uma curiosidade não disfarçada.

Aron ficou em silêncio por um momento, sua postura impassível, mas algo no seu olhar se alterou. Ele olhou para a rainha, um conflito se formando dentro dele, algo que tentava manter reprimido. Sabia que essa pergunta chegaria mais cedo ou mais tarde, mas a sensação de estar exposto diante da sua mãe, de ser visto de uma maneira que ele não estava pronto para permitir, o fazia hesitar. Ele olhou para mim por um momento, e em seus olhos havia uma mistura de algo primal e familiar, algo que me deixou inquieta.

— Agora não, mãe. — Sua voz era firme, mas um tanto evasiva. Ele se virou para mim com um olhar sutil, quase como um pedido silencioso para que eu o acompanhasse na tentativa de desviar o foco.

A rainha não pareceu satisfeita com a resposta, mas não insistiu, ao menos não imediatamente. Seus olhos se fixaram em mim, e a tensão no ambiente se intensificou, quase como se ela estivesse esperando algo, como se estivesse tentando ler algo além da superfície.

Foi então que o rei, até então quieto, que parecia tão distante e imponente, finalmente se moveu. Ele deu um passo à frente, seus olhos azuis penetrantes fixando-me com uma intensidade que me fez prender a respiração. O rei feérico tinha algo de ameaçador em sua presença, como uma tempestade prestes a desabar. Ele olhou para mim com uma atenção que parecia desconfortável, quase como se estivesse avaliando minha alma.

— Você... é a humana de quem Aron fala tanto? —

Sua voz era profunda, ressoante, como o trovão em uma noite tempestuosa. Eu podia sentir o peso de cada palavra caindo sobre mim como uma sentença.

Eu não vacilei, mantendo minha postura ereta, encarando-o diretamente nos olhos. Não havia medo em mim, embora sabia que esse homem estava além do que eu já havia encontrado em minha vida. Ele era o rei, uma entidade que poderia destruir tudo com um simples gesto. Mas isso não me impediu de responder.

— Sim. — Minha voz foi clara e segura, um reflexo de minha própria determinação. — Eu sou a humana com quem Aron esta entrelaçado.

O rei permaneceu em silêncio por um momento, observando-me com um olhar de avaliação que parecia penetrar em minha alma. Eu sabia que ele estava tentando descobrir algo, algo que estava além da simples troca de palavras. Ele queria ver mais, queria sentir a essência de quem eu era.

Eu não desviei o olhar. Não podia, não agora. Ele queria saber o que me ligava a seu filho, queria entender a conexão que existia entre nós. O rei não era um homem que se contentava com respostas fáceis, e eu não planejava dar-lhe uma.

O rei deu um passo mais perto, suas botas fazendo um som pesado sobre as pedras do castelo, mas sua presença parecia ter o poder de deixar o espaço ainda mais denso, mais carregado. Ele estava diante de mim, a uma distância curta, como se fosse uma presença ameaçadora que só poderia ser desafiada por aqueles que não temiam seu poder.

— Você não parece como as outras humanas que Aron trouxe consigo. — Sua voz estava carregada de curiosidade agora, um toque sutil de algo mais profundo em suas palavras. — Eu posso sentir algo em você. Algo diferente. Ele pausou, observando minha reação, e eu mantive minha postura firme, sem ceder. — Você tem mais do que aparência, não é?

Eu inclinei ligeiramente a cabeça, analisando suas palavras. Eu sabia o que ele estava insinuando, e não era apenas uma pergunta sobre minha aparência ou sobre o que eu representava para Aron. Havia algo mais, uma percepção que ele tinha de algo que eu ainda não entendia completamente.

— Eu sou... mais do que um rosto ou um corpo, sim. — Minha voz era suave, mas havia uma confiança nas palavras, uma sinceridade crua que não podia ser ignorada. — Mas minha conexão com Aron não é sobre o que é visível. É algo mais profundo, algo que não pode ser medido por simples olhares ou julgamentos rápidos.

O rei arqueou uma sobrancelha, claramente intrigado. Ele me estudava com uma intensidade que beirava o incomodo, e eu percebia que ele estava tentando desenterrar algo, um segredo ou uma verdade que ele sentia, mas não conseguia entender completamente.

— Ah... — O rei disse em um tom quase imperceptível, seus olhos se estreitando. — Eu sinto isso, você sabe. Ele pausou, deixando as palavras pairarem no ar como uma sentença não dita. — Há algo entre vocês dois. Algo que não é facilmente detectado, mas que eu posso sentir. Uma conexão mais forte do que qualquer laço de sangue ou desejo... Ele olhou para Aron então, e seus olhos brilharam com um tipo de entendimento sombrio. — Você... já formou um elo com ela, não é?

Eu senti uma onda de surpresa e alívio ao ouvir essas palavras. Não porque o rei tivesse descoberto o que eu sentia, mas porque ele finalmente estava nomeando o que eu já sabia de alguma forma — a conexão que havia entre Aron e eu, a energia invisível que nos unia. Esse elo, algo que eu não entendia completamente, mas que sentia em cada fibra do meu ser, agora estava sendo reconhecido. A rainha também parecia ter sentido a mesma coisa, seus olhos se fixando em mim, mas havia algo mais em seu olhar agora. Não era apenas curiosidade, mas um toque de... perplexidade.

Aron, por outro lado, estava imóvel, seus olhos fixos em mim, e eu vi o momento em que ele percebeu que o rei havia descoberto algo sobre nós, algo que ele não havia compartilhado. Um brilho breve, mas significativo, passou pelos olhos de Aron — uma mistura de apreensão e algo mais.

Eu respirei fundo, meu olhar agora mais firme do que nunca.

— Sim, senhor. — Respondi, agora com uma confiança renovada. — Formei um elo com Aron. E esse elo é o que nos une de maneira irremediável.

O rei me observou por mais um momento, sua expressão séria, mas algo em seu olhar sugeria que ele entendia mais do que estava disposto a admitir. Ele deu um passo atrás, como se tivesse concluído o que precisava saber.

— Você é mais interessante do que eu imaginava, humana. — Ele disse, a voz fria, mas sem desprezo. — Veremos o que o futuro reserva para você e para meu filho.

Com um gesto imperceptível, ele se afastou, e a rainha o seguiu, deixando-me ali, silenciosa e imersa na complexidade daquilo que acabara de acontecer.

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Rosária 234 Fonseca

Rosária 234 Fonseca

ela foi corajosa

2025-04-01

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