ARON GARDNER
Capítulo 16 – A Superação de Victória
Eu observava as garotas com um olhar atento, como sempre. Cada uma delas, por mais que se esforçasse, mostrava sinais de cansaço e incerteza. Era assim que o treinamento começava: uma sequência de obstáculos, um teste de resistência física e mental. Não esperava que nenhuma delas se destacasse de forma extraordinária – ao menos, não tão cedo. A maioria ainda estava adaptando-se ao peso do treinamento, ao fato de que a arena não perdoava fraquezas.
Mas havia algo em Victória. Algo que não podia ser ignorado.
Desde o início, ela parecia diferente. Enquanto as outras garotas estavam visivelmente nervosas, os olhos de Victória estavam focados, como se já soubesse exatamente o que fazer. Ela não era como as outras – não tinha o mesmo medo, a mesma hesitação. Eu via isso em seus movimentos, em sua postura. Ela estava mais do que preparada, embora não soubesse ainda o quão grande seria sua superação.
A arena estava cheia de tensão quando começamos. Cada um dos treinadores e guerreiros ali presentes observava atentamente o desempenho das garotas. Elas tinham que passar por três fases do treinamento: resistência, agilidade e combate. Os obstáculos foram colocados com precisão, pensados para testar cada habilidade que elas poderiam ter. Cada uma delas teria que percorrer uma série de corredores, escalar muros de pedra, atravessar uma rede de cordas suspensas, passar por um campo de estacas e, por fim, enfrentar um de nossos combatentes em um combate corpo a corpo. Não era fácil, e muitas delas dariam tudo para chegar ao final.
Eu estava pronto para ver quem sobreviveria a essa etapa.
Começaram com o primeiro obstáculo. As garotas tinham que correr o mais rápido possível por um caminho de pedras irregulares, saltando sobre buracos e desníveis. A maioria delas tropeçou, outras se arrastaram, mas a tarefa era simples: resistir o suficiente para chegar ao fim sem cair. Havia gritos de frustração, risos nervosos e alguns suspiros de alívio quando algumas delas conseguiram completar o percurso. Mas nada de realmente surpreendente.
Até que Victória chegou.
Eu a observei se aproximando da linha de partida. Ela respirou fundo, olhou para o caminho à sua frente e, ao contrário das outras, não hesitou. Ela disparou com uma velocidade surpreendente, as pernas movendo-se com uma fluidez que eu não esperava de alguém tão nova no treinamento. A forma como ela se movia, cada salto que dava com precisão, me fez perceber uma coisa que eu havia subestimado nela: ela era mais forte do que parecia.
No final, ela atravessou a linha de chegada sem esforço, ofegante, mas com um sorriso que poderia ter derretido o coração mais endurecido. Suas mãos estavam suadas, seus músculos tremiam, mas ela não vacilou nem por um segundo. E, apesar de tudo, ela parecia estar mais focada do que nunca.
Quando olhei para as outras garotas, vi que muitas delas estavam olhando para Victória com uma mistura de surpresa e admiração. Isso era raro. Normalmente, as rivalidades entre elas começavam desde o primeiro momento, mas a forma como Victória fez tudo parecer tão fácil as fez repensar suas próprias habilidades.
O próximo obstáculo foi mais difícil – um muro de cinco metros de altura. A maioria das garotas precisava de ajuda para escalar ou usava cordas, mas, ao ver Victória, percebi que ela não iria precisar de nada disso. Ela apenas olhou para o muro, e antes que eu pudesse dar qualquer instrução, ela estava escalando-o com uma destreza impressionante.
Suas mãos se prendiam nas pedras com uma força que não parecia vir de sua estrutura física, mas de algo mais profundo. Cada movimento parecia calculado, como se ela tivesse feito aquilo inúmeras vezes antes. E, em menos de um minuto, ela estava lá em cima, olhando para baixo com um sorriso vitorioso.
Eu só podia observar, sem palavras. Havia algo em Victória, algo que eu não podia entender, mas que não podia ignorar. Ela tinha uma habilidade natural, uma conexão com seu corpo que transcendia o treinamento convencional. Talvez fosse a determinação, talvez fosse algo dentro dela que ainda não tinha sido totalmente revelado. Mas, naquele momento, ela estava se mostrando como uma adversária à altura de qualquer mestre de combate.
Quando todas as outras garotas finalmente tentaram o muro, vi o quão difícil era para elas. Algumas caíram logo no início. Outras precisaram de assistência, e muitas estavam exaustas antes mesmo de chegarem ao topo. Mas Victória… Ela estava tranquila, como se tudo fosse apenas um passo a mais em sua jornada.
Eu decidi que, ao invés de seguir com os obstáculos programados, poderia começar a aplicar uma prova mais difícil. A terceira fase do treino exigia que as garotas atravessassem um campo com estacas que se moviam aleatoriamente. Elas tinham que ser rápidas e espertas para não serem atingidas. Eu a observei atentamente. Sabia que essa era a parte que faria a diferença.
Enquanto todas as outras hesitavam antes de começar, Victória avançou sem qualquer hesitação. Suas pernas estavam ágeis e rápidas, cada passo dado com uma precisão rara de se ver. Ela não se distraía, não vacilava. Observava as estacas e se movia com um ritmo que parecia orquestrado, como se estivesse em sintonia com o movimento das estacas. Era incrível. Ela passava por cada uma delas com facilidade, como se o campo de estacas fosse apenas mais uma parte do caminho que ela havia já dominado. Ela chegou ao final da linha sem sequer um arranhão.
Eu não pude deixar de sorrir, e isso foi algo que eu raramente fazia. Victória me surpreendia a cada momento. As outras garotas estavam estupefatas. Lia, Ana e as demais não podiam acreditar no que acabavam de ver. Elas olhavam umas para as outras, tentando entender o que havia acontecido.
Quando ela passou pelo campo de estacas e se virou para encarar o resto do grupo, vi algo nos olhos dela. Não era orgulho ou arrogância. Era uma compreensão silenciosa de sua própria força. Ela sabia que não era mais uma novata, que não precisava provar nada para ninguém, mas que havia mais dentro dela do que qualquer um poderia imaginar.
Eu me aproximei dela, apenas para garantir que ela não tivesse nenhum problema.
— Impressionante. — Eu disse, meus olhos não se afastando dos dela. — Você está longe de ser uma novata, Victória.
Ela olhou para mim, com um pequeno sorriso nos lábios.
— Eu só precisava de um bom motivo para lutar. — Foi tudo o que ela disse.
Eu sabia que, com ela, estaríamos apenas começando. Algo muito maior estava à sua frente, algo que eu não estava certo se ela estava pronta para enfrentar. Mas uma coisa era certa: ninguém, nem mesmo eu, poderia subestimá-la novamente.
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Comments
Barberix
Autora, a sua história e escrita é maravilhosa. parabéns
2025-04-12
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Nilva Moraes
lindo dr mas .autora parabéns
2025-03-27
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