Capítulo 15 – O Treinamento na Arena
A manhã estava cinza e fria, e o ar denso parecia pesar em meus pulmões. Eu caminhava ao lado de Aron Gardner, o mestre de treinamento que nos havia sido designado, enquanto outras garotas seguiam atrás de mim. Cada uma delas parecia tão perdida quanto eu, mas havia algo nos olhos delas – uma chama que não se apagava facilmente, mesmo com a incerteza que pairava sobre todos nós. Não era a primeira vez que eu as via, mas cada uma delas tinha um segredo escondido, um propósito maior, assim como eu.
Aron, com seus músculos definidos e uma postura imponente, estava à frente, conduzindo-nos para uma arena ao longe, no centro do vasto campo de treinamento. O som de botas batendo contra o solo de terra seca parecia ressoar de maneira que me fazia sentir a tensão no ar, como se todo o ambiente estivesse aguardando algo grandioso. Ele falava pouco, mas quando o fazia, sua voz tinha o poder de ecoar nos corações de quem o ouvia.
"Vamos, garotas. Não estamos aqui para perder tempo", disse Aron, sua voz grave cortando o silêncio.
Minhas pernas tremiam de ansiedade. Eu não sabia o que esperar desse treinamento, mas tinha uma sensação estranha de que seria algo que mudaria a minha vida para sempre. Ao meu lado, algumas garotas trocavam olhares de curiosidade, talvez até nervosismo. Como eu, elas eram novatas nesse mundo desconhecido. Entre elas, vi as figuras que me eram familiares – Lia, Ana, e outras. Embora nos conhecêssemos de vista, nunca realmente falamos.
Lia, com seus cabelos castanhos e olhos curiosos, caminhava ligeiramente à frente, a energia que ela exalava era contagiante. Ela virou para mim e sorriu, embora seu sorriso não escondesse a tensão.
— Pronta para o que nos espera? — ela perguntou, tentando soar confiante.
Eu dei de ombros, tentando esconder a apreensão.
— Não tenho muita escolha, não é? — respondi, a voz baixa, mas firme.
Ela riu suavemente, mais para si mesma do que para mim.
— Verdade. Mas, olha, se tem algo que aprendi até agora é que esse lugar exige mais do que força física. Precisa ter cabeça.
Antes que eu pudesse responder, Ana, que estava atrás de nós, se aproximou. Ela tinha um olhar mais sério, sua postura mais rígida, como se estivesse sempre em alerta. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque apertado, e seus olhos, azuis como o oceano, observavam tudo à sua volta com uma precisão quase assustadora.
— O que você está dizendo, Lia? Só porque estamos aqui para ser treinadas, não significa que seremos capazes de sair ilesas dessa arena. — Ana falou com uma voz cortante, que fez todos nós darmos um passo atrás, involuntariamente.
Lia riu de novo, mais nervosa desta vez.
— Eu só acho que a gente precisa de mais do que força, Ana. A força vai vir com o tempo. A questão é: como você vai usá-la quando realmente precisar?
As palavras de Lia pairaram no ar por um momento, antes que Aron se virasse para nós, interrompendo a conversa.
— Chegamos. Agora, preparem-se. A arena não vai esperar.
Com um movimento brusco, ele gesticulou para que entrássemos. O espaço diante de nós era vasto, imenso. O solo era coberto por uma camada de terra escura, e ao longe podíamos ver cercas de ferro que delimitavam o local. Em um canto, algumas figuras se moviam – eram os outros treinadores ou, talvez, os soldados que vigiavam a área. O clima estava tenso, como se tudo ali fosse feito para testar os limites de qualquer um.
Dentro da arena, outras garotas estavam se preparando para o que parecia ser uma batalha – mas não uma luta comum. Elas estavam em formação, algumas com arcos, outras com espadas ou lanças, todas com expressões de concentração. Quando Aron nos conduziu até o centro da arena, ele levantou a mão, e todos os outros caíram em silêncio.
— Aqui, vocês aprenderão a lutar, a sobreviver. — Ele disse, seus olhos pesando sobre cada uma de nós. — Mas saibam que não é apenas o corpo que vai ser testado. Será a mente de vocês, a alma, o espírito. Todos aqui têm um papel a desempenhar, mas para isso, precisam saber exatamente como usar o que têm dentro de si.
Enquanto ele falava, vi alguns dos rostos conhecidos. Aron não era o único familiar ali. Os amigos de Aron, que estavam sempre ao seu redor, observavam-nos com olhares de avaliação. Dorian estava lá, com seu olhar penetrante e cabelo negro, sempre atento. Lucian também estava presente, com seu jeito mais calado e sua aura enigmática.
Eles nos observavam de longe, com aquela expressão distante e calculista, como se estivessem esperando algo – ou talvez, testando nossas reações.
— Primeiro teste — Aron anunciou, interrompendo meus pensamentos. Ele gesticulou para as garotas na arena. — Vão se dividir em duplas. Cada dupla vai enfrentar a outra. Não queremos apenas força bruta. Queremos estratégia, inteligência e a capacidade de se adaptar. Agora, separem-se!
Eu não sabia com quem iria lutar, mas logo fui emparelhada com Lia, o que me fez relaxar um pouco. Ela tinha o mesmo nível de incerteza que eu, o que significava que poderíamos aprender juntas.
Ana, por outro lado, foi emparelhada com uma garota chamada Felícia, que parecia um pouco mais experiente. Felícia tinha cabelos vermelhos intensos e uma presença forte, como se ela fosse uma força da natureza por si só.
Enquanto a arena se preparava para começar, senti os olhos de Aron sobre mim. Ele estava observando atentamente, como sempre, e não pude deixar de sentir um calafrio correr pela minha espinha. Dorian e Lucian também estavam ali, mas seus olhos pareciam mais distantes, como se houvesse algo que eles estavam segurando – algo que eles não queriam compartilhar.
Lia sorriu para mim, um sorriso mais animado agora.
— Está pronta? — Ela perguntou, fazendo-me dar uma risada nervosa.
— Estou mais pronta do que você imagina. — Respondi, tentando recuperar minha confiança.
Ato seguinte, Aron levantou sua mão, e o som de um sino ecoou pela arena, sinalizando o início do treino. Minhas pernas estavam pesadas, mas minha mente estava alerta. Sabia que esse era o momento em que todos começavam a ser definidos. Não mais espectadores. Não mais meras figuras em um jogo. Aqui, eu teria que lutar para sobreviver.
Lia avançou primeiro, tentando me derrubar com um golpe rápido, mas eu esquivei, sentindo a adrenalina disparar em minhas veias. Ela não desistiu, continuou atacando com determinação, e eu percebi que, talvez, a confiança de Lia fosse o que ela realmente precisava para vencer. Ao meu redor, o som dos outros combates ecoava, e eu podia ver os outros lutadores em ação, suas habilidades e forças sendo testadas a cada momento.
Era apenas o começo, mas eu sabia que não voltaria mais atrás. Esse lugar, essa arena, estava se tornando minha realidade. E eu teria que me adaptar, aprender e, acima de tudo, sobreviver.
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Comments
Rosária 234 Fonseca
hum interessante
2025-04-01
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