O galpão parecia pequeno demais para o peso da revelação.
A Nova Era havia caído, mas o verdadeiro mestre por trás do sistema ainda estava lá fora.
Ana sentiu um calafrio subir pela espinha.
— Isso quer dizer que… tudo o que fizemos até agora não foi o suficiente?
Elisa não respondeu de imediato.
Rafael se inclinou para frente, os olhos fixos no código fragmentado na tela.
— Quem quer que esteja por trás disso… já sabia que falharíamos.
Ele apontou para os dados piscando.
— Essa transmissão foi feita antes mesmo de derrubarmos a Nova Era.
Ana sentiu a cabeça girar.
— Então… era uma armadilha?
Elisa estalou a língua.
— Ou um plano de contingência.
Rafael ficou em silêncio por um momento.
Então, ele pegou seu laptop, abriu um novo terminal e começou a digitar.
Ana e Elisa trocaram olhares.
— O que você está fazendo? — perguntou Ana.
Rafael não desviou os olhos da tela.
— Se eles acham que podem nos caçar… então vamos caçá-los primeiro.
O Último Inimigo
As mãos de Rafael voavam pelo teclado, linhas de código passando rápido demais para Ana acompanhar.
Elisa mordia o lábio, analisando tudo com atenção.
— Eu encontrei um padrão. — Rafael disse de repente. — A transmissão veio de um local que ainda está operacional.
Ana se aproximou.
— Onde?
Ele apertou a tecla "Enter".
Um mapa apareceu na tela, destacando um ponto vermelho em meio à cidade destruída.
— Aqui.
Elisa arregalou os olhos.
— Isso é… a antiga sede da Orion Tech.
Ana piscou.
— A empresa que começou a Nova Era? Mas ela foi dissolvida há anos!
Rafael olhou para elas, a expressão sombria.
— Ou foi o que fizeram parecer.
Invasão Final
O prédio da Orion Tech era uma ruína moderna, com janelas quebradas e vegetação crescendo entre as rachaduras.
Mas por dentro…
A tecnologia ainda estava ativa.
Luzes piscavam nas paredes. Telões exibiam códigos rodando em tempo real.
E no centro da sala principal…
Um homem esperava por eles.
Ele era alto, magro, de cabelo grisalho e olhos frios.
E ele sorria.
— Finalmente. O prodígio vem me encontrar.
Rafael sentiu o sangue ferver.
— Quem é você?
O homem inclinou a cabeça.
— Meu nome é Irwin Sato. Mas para você… sou apenas aquele que garantiu que o futuro chegasse.
Ana estreitou os olhos.
— Você criou a Nova Era?
Irwin riu.
— Eu sou a Nova Era.
Ele deu um passo à frente, e de repente telas ao redor deles se acenderam, mostrando rostos de milhares de pessoas.
— Vocês destruíram a plataforma. Mas isso não importa.
Os olhos de Ana se arregalaram.
— O que quer dizer?
Irwin sorriu.
— A Nova Era não era um local físico.
Ele apontou para a própria cabeça.
— Era um conceito. Uma ideia. E ideias… não podem ser destruídas.
Rafael cerrou os punhos.
— Se está tão confiante, por que mandou essa transmissão ameaçando a gente?
O sorriso de Irwin sumiu.
— Porque vocês são um erro estatístico que não previ. E erros precisam ser corrigidos.
Ele ergueu a mão.
E o sistema atacou.
A Última Luta
Ana e Elisa saltaram para os lados enquanto torres automáticas surgiam das paredes, disparando raios de energia.
Rafael correu para um terminal próximo, conectando seu laptop enquanto os disparos ricocheteavam pelo ambiente.
— SEGUREM ELE! — ele gritou.
Ana pegou sua barra de metal e correu na direção de Irwin.
Ele desviou no último segundo, rápido demais para um homem da idade dele.
— Você acha que pode me derrotar na força bruta?
Ela rosnou.
— Não custa tentar!
Elisa, por sua vez, sacou um pequeno dispositivo e lançou um pulso eletromagnético.
As torres piscaram e desligaram por alguns segundos.
O suficiente para Rafael invadir o sistema.
Mas Irwin percebeu.
— NÃO!
Ele se lançou contra Rafael, mas Ana o interceptou, batendo com força em sua perna.
Ele cambaleou, mas se recuperou rápido.
Rafael digitava o mais rápido que podia.
Elisa olhou para ele.
— O que você está fazendo?!
Ele olhou para cima, o rosto suado.
— Apagando ele.
Ana bloqueou outro golpe de Irwin.
— O que quer dizer?!
Rafael apertou um botão.
E o mundo tremeu.
O Fim da Nova Era
Irwin gritou.
O código ao redor deles começou a se desintegrar.
Os telões piscavam, os servidores entravam em colapso.
— VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! — Irwin rugiu.
Rafael se levantou.
— Acabei de fazer.
Ele apontou para a tela, onde um único comando piscava:
> DELETAR SISTEMA NOVA ERA – EXECUTADO
Irwin caiu de joelhos.
— Você… não entende…
Ele tossiu, a voz falhando.
— A humanidade precisa disso…
Ana se aproximou, olhando para ele com desprezo.
— A humanidade precisa de liberdade.
Irwin sorriu uma última vez.
E então…
Ele desapareceu.
Seu corpo se desintegrou em partículas digitais.
Elisa arregalou os olhos.
— Ele era… um programa?
Rafael suspirou.
— Ele era uma mente digitalizada.
Ana sentiu um arrepio.
— Então ele nunca foi humano?
Rafael negou.
— Ele foi humano… um dia. Mas sacrificou seu corpo para se tornar parte do sistema.
Elisa olhou ao redor.
As telas estavam apagadas.
A Nova Era… tinha acabado.
De verdade.
Epílogo – Um Novo Começo
Algumas semanas depois, a cidade estava começando a se recuperar.
O medo aos poucos dava lugar à esperança.
O controle da Nova Era havia sido quebrado.
Rafael, Ana e Elisa se encontravam no topo de um prédio, observando a cidade ao amanhecer.
Ana respirou fundo.
— Acabou mesmo?
Elisa deu de ombros.
— Nada nunca acaba completamente. Mas demos à humanidade uma nova chance.
Rafael olhou para o horizonte.
— E agora?
Ana sorriu.
— Agora… a gente vive.
Rafael virou o rosto para ela, analisando cada detalhe da sua expressão.
Havia algo em seu olhar que Ana nunca tinha visto antes.
— Você sempre fala como se tivesse todas as respostas. — ele murmurou.
Ana riu baixinho.
— Talvez eu tenha.
Ele deu um passo mais perto.
— Então me responde isso… o que eu devo fazer agora?
Ana sentiu o coração acelerar.
Ela sabia o que ele queria dizer.
O tempo parecia desacelerar quando Rafael ergueu a mão, tocando suavemente seu rosto.
— Se você precisa perguntar… então já sabe a resposta. — ela sussurrou.
E então, sem hesitação, ele a beijou.
O mundo ao redor desapareceu.
Por um momento, não havia códigos, nem sistemas, nem luta.
Só eles dois, juntos, no topo de uma cidade renascida.
Quando se separaram, Ana abriu um sorriso travesso.
— Sobreviveu ao apocalipse só pra me beijar?
Rafael riu, encostando a testa na dela.
— Eu esperaria o tempo que fosse.
Elisa, do outro lado, revirou os olhos.
— Vocês podiam ter feito isso antes de quase morrerem umas vinte vezes?
Ana e Rafael riram.
O futuro ainda era incerto.
Mas, pela primeira vez em muito tempo…
Era deles para escolher.
Fim.
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Atualizado até capítulo 22
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