A moto parou em uma estrada de terra isolada, cercada por árvores escuras. O motor roncou uma última vez antes de Rafael desligá-lo.
Ana desmontou primeiro, suas pernas ainda trêmulas pela adrenalina da fuga.
— Nunca mais me faz passar por isso.
Rafael sorriu.
— Sem promessas.
Ela bufou e cruzou os braços.
— Certo. Agora, o que fazemos?
Rafael puxou o pendrive do bolso e o girou entre os dedos.
— Deciframos a mensagem.
Ele caminhou até um pequeno celeiro abandonado à beira da estrada.
— Esse lugar não parece muito seguro.
— É um dos meus esconderijos. Tem eletricidade e internet… mais ou menos.
Ele abriu a porta rangente e acendeu uma luz fraca.
Dentro, havia uma mesa improvisada com um laptop e alguns equipamentos eletrônicos.
— Você tem um esconderijo no meio do nada?
— Tenho alguns. Nunca se sabe quando vai precisar desaparecer.
Ana revirou os olhos.
— Você precisa rever suas prioridades.
Rafael apenas sorriu e conectou o pendrive ao laptop.
Decifrando o Código
Na tela, uma série de arquivos surgiu.
Rafael abriu um deles, e uma sequência de símbolos e números apareceu.
— Encriptado — ele murmurou.
Ana se inclinou para ver.
— Você consegue decifrar?
— Claro. Mas pode levar um tempo.
Ele começou a digitar rapidamente, rodando scripts e programas.
Ana observava fascinada.
— Isso parece coisa de filme.
— A vida real é mais complicada. — Ele sorriu de lado. — E mais perigosa.
Por quase meia hora, Rafael trabalhou para decifrar o código.
Então, de repente, a tela piscou e uma mensagem surgiu.
Ana prendeu a respiração.
A Mensagem de Elisa Montenegro
A mensagem era curta, mas direta:
"Se você encontrou isso, significa que está perto demais. Eles já sabem. Não confie em ninguém. Eu posso ajudar, mas precisamos nos encontrar. Sozinha. Amanhã à meia-noite. Local: Armazém 57, Zona Industrial. Venha preparado."
Ana olhou para Rafael, sentindo um arrepio na espinha.
— Isso… isso é um convite?
Rafael franziu a testa.
— É um alerta. E um teste.
— Como assim?
— Ela quer saber se sou esperto o suficiente para decifrar isso e, ao mesmo tempo, está nos dando uma chance de descobrir mais.
Ana cruzou os braços.
— E se for uma armadilha?
Rafael suspirou.
— Pode ser. Mas também pode ser nossa única chance de entender tudo isso.
Ana olhou para a tela, mordendo o lábio.
— Então… vamos?
Rafael olhou para ela, sério.
— Não. Eu vou.
Ana arregalou os olhos.
— O quê?! Nem pensar! Eu tô nisso tanto quanto você!
— E é por isso que preciso que você fique segura.
Ela bufou.
— Depois de tudo que passamos juntos, você acha que vou simplesmente esperar aqui?
Rafael olhou para ela por um longo momento antes de suspirar.
— Ok. Mas se algo der errado, você corre.
Ana assentiu.
— Combinado.
Preparação para o Encontro
Naquela noite, eles se prepararam.
Rafael verificou equipamentos, garantiu que sua rede estivesse protegida e planejou rotas de fuga.
Ana, por sua vez, encontrou um pequeno revólver entre os pertences dele.
— Isso é real? — ela perguntou, segurando a arma com cuidado.
Rafael olhou para ela e suspirou.
— Sim.
Ana engoliu em seco.
— Você já usou?
Ele desviou o olhar.
— Espero nunca precisar de novo.
Ela não insistiu no assunto.
Naquela noite, o sono foi leve e inquieto.
O encontro estava marcado.
E algo dizia a Ana que sua vida nunca mais seria a mesma depois disso.
O Armazém 57
Meia-noite.
A zona industrial era silenciosa, com exceção do som ocasional de um gato ou de um carro distante.
O armazém 57 era uma estrutura velha, abandonada, com janelas quebradas e paredes desgastadas.
Rafael e Ana se aproximaram com cautela.
— Você tem certeza disso? — ela sussurrou.
— Não.
— Ótimo.
Eles entraram.
O interior estava escuro, mas havia um único holofote ligado, iluminando uma mesa no centro do armazém.
E ali, sentada, estava Dra. Elisa Montenegro.
Ela parecia tensa, os olhos analisando cada movimento deles.
— Você veio — ela disse, sua voz firme.
Rafael parou a alguns metros de distância.
— Você deixou uma mensagem para mim.
Ela assentiu.
— Eu sabia que encontraria. Você sempre foi bom nisso.
Ana franziu a testa.
— O que você quer dizer?
Elisa olhou para Rafael.
— Ele nunca te contou?
Ana olhou para ele.
— Contou o quê?
Rafael fechou os olhos por um momento antes de encarar Elisa.
— Não complique as coisas. Só nos diga a verdade.
Elisa suspirou.
— O projeto Sentinela não é apenas um sistema de vigilância. É algo muito maior. Ele pode prever o comportamento humano com precisão assustadora. Pode identificar potenciais ameaças antes que elas aconteçam.
Ana engoliu em seco.
— Isso é loucura…
Elisa continuou:
— Mas há um problema. O sistema precisa de um modelo inicial, um padrão para basear suas previsões.
Ela olhou para Rafael.
— E é por isso que você é tão importante.
Ana olhou para Rafael, confusa.
— O que ela quer dizer?
Rafael ficou em silêncio por um momento antes de dizer:
— Eles me usaram como base.
Ana piscou.
— Como assim?
Elisa explicou:
— O governo precisava de um hacker com inteligência acima da média, alguém que pudesse desafiar qualquer sistema e encontrar falhas. Eles estudaram você, Rafael. Seus padrões, suas decisões. Você foi a peça-chave no desenvolvimento do algoritmo.
Ana sentiu o chão sumir sob seus pés.
— Você quer dizer que… esse sistema funciona baseado nele?
Elisa assentiu.
— E é por isso que eles querem tanto pegá-lo de volta. Ele é o modelo.
O silêncio pairou entre eles.
Então, de repente, um barulho veio da entrada do armazém.
Elisa ficou pálida.
— Eles nos encontraram.
Rafael praguejou.
Ana sentiu o coração acelerar.
— O que fazemos agora?
Elisa olhou para eles.
— Se quiserem sobreviver… vocês precisam correr. Agora!
Antes que Ana pudesse reagir, tiros ecoaram.
Rafael agarrou sua mão e a puxou para a saída dos fundos.
Ela correu ao lado dele, sentindo o pânico subir.
Atrás deles, agentes invadiam o armazém.
A perseguição tinha começado novamente.
E agora, sabiam a verdade.
Mas será que viveriam para contar?
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Atualizado até capítulo 22
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