O eco da voz robótica ainda pairava no ar.
"Bem-vindo de volta, Rafael 001."
Ana trocou um olhar com Elisa, que estava pálida.
— Isso… isso reconheceu você — Elisa murmurou.
Rafael ficou imóvel. O peso daquelas palavras pressionava seu peito como uma tonelada de concreto.
Ana engoliu seco.
— O que isso significa?
O terminal piscava, aguardando alguma resposta.
Rafael respirou fundo.
— Significa que eu já estive aqui antes.
Silêncio.
Elisa se aproximou do computador e analisou o sistema.
— Isso não é só uma base subterrânea… Isso é um arquivo antigo da Sentinela.
Ela digitou algumas sequências rápidas e a tela mudou.
Linhas de código passaram pelo monitor, acompanhadas de nomes, datas, coordenadas.
Ana se inclinou para olhar.
— O que é tudo isso?
Elisa continuou descendo as informações.
— Registros. Pesquisas. Perfis…
Então, ela parou abruptamente.
Seus olhos se arregalaram.
— Meu Deus…
Ana sentiu um nó no estômago.
— O que foi?
Elisa apontou para a tela.
Havia um dossiê completo sobre Rafael.
Nome: Rafael 001
Status: Ativo
Nível de Acesso: Classificado
Projeto de Origem: NOVA ERA
Ana sentiu um calafrio.
— Projeto… Nova Era?
Rafael fechou os olhos por um instante.
Ele já tinha ouvido aquele nome antes.
Na infância.
Nos fragmentos de memória que ele nunca conseguiu entender.
Elisa clicou em um arquivo anexado.
Um vídeo começou a rodar.
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O Passado Perdido
A tela mostrou uma sala fria e metálica.
Uma câmera gravava um grupo de cientistas em jalecos.
No centro da sala, havia um garoto pequeno, não mais do que seis anos.
Ana prendeu a respiração.
O menino era Rafael.
Uma mulher apareceu na gravação. Seu rosto estava parcialmente coberto por sombras, mas seus olhos eram idênticos aos de Rafael.
Ela começou a falar:
"Teste 47 concluído. O Sujeito 001 demonstrou níveis excepcionais de adaptação à interface neural. Ele é a peça fundamental do Projeto Nova Era. A primeira conexão humano-máquina perfeita."
O coração de Ana disparou.
— Isso é… isso é você quando criança.
Rafael encarava a tela, atordoado.
Elisa mordeu o lábio.
— Eles não estavam apenas te monitorando. Eles te criaram.
Rafael recuou um passo.
— Não… isso não pode estar certo.
Mas a voz da mulher na gravação continuou:
"Quando a integração estiver completa, 001 será a chave para o próximo estágio da Sentinela. Com sua capacidade de decifrar e se adaptar, ele será o primeiro humano a comandar uma IA omnipresente."
O vídeo cortou abruptamente.
Ana olhou para Rafael.
Ele estava completamente imóvel, os olhos fixos na tela vazia.
Então, a voz robótica do terminal voltou a falar:
"Comando autorizado. Ativando protocolo final."
Antes que pudessem reagir, as luzes do corredor se acenderam de uma só vez.
O chão tremeu.
Uma porta gigantesca se abriu lentamente na frente deles.
E do outro lado…
Esperava algo ainda pior.
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O Inimigo Revelado
A sala era imensa, com centenas de telas piscando e máquinas antigas funcionando em silêncio.
E bem no centro, sentado diante de um painel luminoso, havia um homem.
Ele usava um terno impecável.
Seu rosto era severo, os olhos frios e calculistas.
Ana sentiu o estômago revirar.
Ela já tinha visto aquele homem antes.
O Homem de Terno.
Ele sorriu.
— Bem-vindo, Rafael. Estávamos esperando você.
Rafael cerrou os punhos.
— Quem é você?
O homem se levantou, ajeitando o paletó.
— Meu nome não importa. O que importa é o que você representa.
Ana deu um passo à frente.
— Você trabalha para a Sentinela.
O homem sorriu de canto.
— Eu sou a Sentinela.
Elisa ficou tensa.
— Isso não faz sentido. A Sentinela é um sistema. Um programa.
O Homem de Terno assentiu.
— Exato. E quem você acha que criou esse programa?
Ana sentiu um arrepio.
— Você…?
O homem deu de ombros.
— Alguém tinha que liderar. Mas não estou aqui para falar sobre mim. Estou aqui por ele.
Ele olhou diretamente para Rafael.
— O primeiro. O protótipo perfeito. A peça que faltava para completar o ciclo.
Rafael estreitou os olhos.
— Eu não sou peça de ninguém.
O Homem de Terno suspirou.
— Rafael, Rafael… você pode negar o quanto quiser, mas a verdade é inevitável. Você pertence à Sentinela.
Rafael rangeu os dentes.
— Não.
— Sim. — O homem se aproximou lentamente. — Você pode correr, pode se esconder, mas seu código genético, seu cérebro… tudo foi programado para nos levar ao próximo nível.
Elisa segurou o braço de Rafael.
— Não escute ele.
Mas Rafael já estava processando tudo.
Seus pesadelos recorrentes. Sua habilidade inata de decifrar códigos. A sensação constante de estar sendo vigiado.
Ele sempre soube que algo estava errado com ele.
Mas nunca imaginou que fosse isso.
O Homem de Terno sorriu.
— Você sente, não sente? A conexão. A parte de você que sempre soube que não era normal.
Ele apontou para o painel atrás dele.
— Tudo o que você precisa fazer é aceitar. Se conectar.
Rafael cerrou os punhos.
— Nunca.
O sorriso do Homem de Terno desapareceu.
— Então, você me obriga a usar um método mais… direto.
Ele ergueu uma mão e todas as telas da sala mudaram ao mesmo tempo.
Ana prendeu a respiração.
Era a cidade.
Vários pontos piscavam no mapa, cada um marcando um local específico.
E então, palavras apareceram na tela:
"PROGRAMA DE ELIMINAÇÃO ATIVADO."
O coração de Ana quase parou.
— O que você fez?!
O Homem de Terno olhou diretamente para Rafael.
— Dei um ultimato. Ou você se entrega, ou milhares de pessoas vão pagar o preço.
Rafael sentiu o sangue gelar.
Ana segurou seu braço.
— Ele está blefando.
Mas Rafael sabia que não.
O Homem de Terno sorriu.
— Você tem exatamente cinco minutos para decidir.
O tempo começou a contar na tela.
5:00… 4:59… 4:58…
O jogo havia mudado.
E agora, Rafael tinha que fazer a escolha mais difícil de sua vida.
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Atualizado até capítulo 22
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