Capítulo 19 – O Começo do Fim

O vento frio cortava a pele de Ana enquanto ela observava os primeiros raios de sol iluminando os destroços no horizonte.

A plataforma flutuante da Nova Era, agora reduzida a cinzas e metal retorcido, jazia espalhada pela cidade.

O céu estava mais limpo.

Pela primeira vez em semanas, não havia drones vigiando cada esquina.

Não havia soldados patrulhando as ruas.

A guerra estava acabando.

Mas algo dentro de Ana não conseguia descansar.

Ela olhou para Rafael, que estava sentado na beira do prédio abandonado onde o drone os deixara.

Ele parecia esgotado, como se todo o peso do mundo tivesse sido jogado sobre ele.

Elisa estava ao lado dele, tentando analisar os dados em seu dispositivo, mas a conexão estava instável.

— Ainda não temos certeza se o sistema foi completamente destruído. — Elisa murmurou, franzindo a testa.

Rafael respirou fundo.

— Foi o suficiente.

Ana cruzou os braços.

— Mas e o Homem de Terno? Ele… desapareceu? Morreu?

Rafael olhou para ela, os olhos cansados.

— Sei lá. Ele estava se fragmentando quando tudo caiu. Talvez tenha sido apagado junto com o sistema. Talvez tenha sobrado alguma parte dele em algum lugar.

Ana estalou a língua.

— Isso não é nada reconfortante.

— Não temos tempo para conforto. — Elisa suspirou. — A cidade ainda precisa de nós.

Ana olhou para baixo.

Mesmo sem a Nova Era, a cidade ainda estava em caos.

Haviam bairros sem energia, pessoas desorientadas, ninguém sabia direito o que fazer.

Alguém teria que reconstruir tudo.

Mas antes que pudessem pensar nisso…

Precisavam sobreviver.

---

O Retorno à Cidade

Depois de algumas horas descansando, decidiram descer do prédio e seguir para um dos poucos refúgios seguros que Elisa conhecia.

O caminho pelas ruas foi estranho.

Pela primeira vez, não estavam sendo perseguidos.

As telas que antes exibiam mensagens da Nova Era agora estavam estáticas, sem sinal.

As ruas estavam sujas, mas as pessoas estavam saindo de seus esconderijos.

Haviam expressões confusas, rostos cansados… mas também esperança.

— Eles sabem. — Ana murmurou.

Rafael olhou para os grupos de pessoas que começavam a se reunir.

Havia algo novo no ar.

Um senso de liberdade.

Elisa apontou para um velho galpão.

— Ali. Podemos descansar um pouco.

Eles entraram, encontrando um espaço escuro e silencioso.

Ana se jogou em um velho sofá, exausta.

Rafael se sentou no chão, encostando-se na parede.

Elisa continuou mexendo em seu dispositivo.

— A cidade ainda está um caos. Mas eu estou conseguindo detectar sinais de resistência. Algumas pessoas já estão começando a reativar sistemas de comunicação.

Ana olhou para ela.

— Você quer ajudar a reconstruir tudo?

Elisa hesitou.

— Talvez. Mas isso não significa que ficaremos seguros.

Rafael passou a mão pelos cabelos bagunçados.

— O que quer dizer?

Elisa ergueu o olhar.

— O sistema da Nova Era era global.

O silêncio preencheu o galpão.

Ana sentiu um arrepio.

— Você tá dizendo que pode haver… outras bases?

— Não só pode. — Elisa suspirou. — Com certeza há.