Ana acordou com um solavanco. Seu pescoço estava dolorido pelo ângulo ruim em que dormiu no sofá, e o ambiente ainda estava escuro, iluminado apenas pela tela do laptop de Rafael.
Ele ainda estava acordado, os olhos fixos na tela, os dedos digitando rapidamente.
— Você nunca dorme? — Ana resmungou, sua voz rouca de sono.
Rafael piscou algumas vezes, parecendo voltar à realidade.
— O sono é um luxo para quem não está sendo caçado.
Ana revirou os olhos e se sentou, esfregando os olhos.
— O que você encontrou?
Ele girou a tela para que ela visse.
O nome Dra. Elisa Montenegro estava em destaque em vários documentos.
— Consegui descriptografar parte dos arquivos — Rafael explicou. — Ela é uma das principais cientistas envolvidas em um projeto chamado Sentinela.
Ana franziu a testa.
— Sentinela? Parece coisa de filme de espionagem.
Rafael bufou.
— Porque é. Basicamente, é um sistema de vigilância em tempo real, conectado a tudo: câmeras de segurança, redes sociais, transações bancárias. Tudo para monitorar “ameaças em potencial”.
Ana sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— Isso soa muito errado.
— É porque é. Esse sistema pode prever o comportamento das pessoas antes mesmo de elas cometerem crimes.
Ana arregalou os olhos.
— Tipo aqueles filmes em que o governo prende as pessoas antes de elas fazerem algo errado?
— Exatamente. E o problema é que o sistema já está em funcionamento.
Ana engoliu em seco.
— Então… você está dizendo que eles já sabem que estamos aqui?
Rafael hesitou.
— Ainda não. Eu tomei precauções para bloquear nosso sinal. Mas se continuarmos por muito tempo no mesmo lugar, eles podem nos encontrar.
Ana passou a mão pelo rosto, sentindo o pânico subir.
— Então o que fazemos?
Rafael a olhou.
— Encontramos a Dra. Elisa Montenegro antes que eles nos encontrem.
Rastreando a Cientista
Ana olhava enquanto Rafael digitava códigos e comandos rapidamente.
— Como você vai achá-la?
— O governo pode esconder muitas coisas, mas ninguém está completamente fora da rede. Ela deixou rastros. E eu sou muito bom em seguir rastros.
Ana observou enquanto ele acessava bases de dados, hackeava redes de hotéis e analisava padrões de movimentação bancária.
Então, ele sorriu.
— Achei.
Ana se inclinou para ver a tela.
— Sério?
Rafael apontou para um endereço.
— Ela está hospedada em um hotel em uma cidade a duas horas daqui.
Ana arregalou os olhos.
— Isso é perto demais.
— Exatamente. O que significa que ela não está fugindo. Ela ainda trabalha no projeto.
Ana sentiu um calafrio.
— Então vamos até ela?
Rafael assentiu.
— Mas precisamos ser cuidadosos. Se ela estiver sendo vigiada, podemos cair direto em uma armadilha.
Ana respirou fundo.
— Então, qual é o plano?
Ele sorriu de lado.
— Eu me disfarço. Você se disfarça. Pegamos informações dela sem que percebam.
Ana ergueu uma sobrancelha.
— Isso não é um plano. Isso é um desastre esperando para acontecer.
Rafael deu de ombros.
— Então é terça-feira normal para mim.
Ana bufou.
— Só espero sair viva dessa.
O Disfarce
Antes de saírem da cabana, Rafael abriu uma mochila e jogou uma peça de roupa para Ana.
— Aqui.
Ela olhou para o item: uma peruca loira e um par de óculos escuros.
— Você está brincando.
— Queremos evitar reconhecimento facial.
Ana suspirou, colocando a peruca e os óculos.
Rafael, por sua vez, vestiu um boné e um moletom escuro.
— Agora parecemos um casal de turistas normais.
Ana olhou para ele.
— Um casal de turistas que parecem suspeitos pra caramba.
Ele riu.
— Relaxe. Vamos conseguir.
Ana não estava tão confiante.
Chegando ao Hotel
Eles dirigiram até a cidade pequena onde o hotel estava localizado.
Era um lugar discreto, um hotel de médio porte, sem nada que chamasse muita atenção.
— O que fazemos agora? — Ana perguntou, olhando pelo vidro do carro.
Rafael observou o prédio.
— Primeiro, precisamos confirmar que ela realmente está aqui.
Ele pegou um celular descartável e começou a digitar.
— O que você está fazendo?
— Hackeando o sistema do hotel para acessar o registro de hóspedes.
Ana arregalou os olhos.
— Você fala isso como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Rafael sorriu.
— Porque, para mim, é.
Ana apenas suspirou e esperou.
Segundos depois, Rafael mostrou a tela para ela.
— Quarto 312. Está no nome dela.
Ana mordeu o lábio.
— Certo. Agora, como chegamos até ela?
Rafael sorriu de um jeito que a preocupou.
— Temos que ser criativos.
Infiltração
Rafael pegou dois crachás dentro da mochila.
— Funcionários do hotel? — Ana leu, incrédula.
— Eles têm um sistema de reconhecimento simples. Com uma alteração no banco de dados, somos oficialmente funcionários da manutenção.
Ana piscou.
— Isso é completamente ilegal.
— Bem-vinda ao crime, Ana.
Ela bufou.
— Só espero que isso não acabe mal.
Vestindo uniformes improvisados, eles entraram no hotel pela porta dos fundos.
Com os crachás, passaram pela recepção sem problemas e pegaram o elevador para o terceiro andar.
— E agora? — Ana sussurrou.
Rafael pegou um cartão magnético que tinha trazido.
— Eu preparei um chaveiro universal. Abre qualquer porta desse hotel.
Ana arregalou os olhos.
— Você é assustadoramente eficiente nisso.
— Eu sei. Agora, vamos.
Ele deslizou o cartão na fechadura da porta 312.
A tranca fez um clique, e a porta se abriu.
Ana prendeu a respiração enquanto entravam.
O quarto estava vazio.
— Droga. — Rafael fechou a porta atrás deles.
Ana olhou ao redor.
Havia um laptop na mesa e vários papéis espalhados.
— Se ela não está aqui, podemos pelo menos ver o que ela está pesquisando.
Rafael assentiu e se aproximou do laptop.
— Me dá um minuto.
Ele conectou um pequeno dispositivo na entrada USB e começou a copiar os arquivos.
Ana olhou os papéis.
Um deles chamou sua atenção.
— Rafael…
Ele olhou para ela.
Ana segurava um documento que parecia um contrato assinado.
E um dos nomes no final era “Coronel Álvaro Mendes”.
Rafael ficou pálido.
— Ele de novo…
Ana franziu a testa.
— Você conhece esse nome?
Rafael fechou o laptop rapidamente.
— Conheço. Ele é um dos líderes do projeto Sentinela. E ele quer me ver morto.
Ana engoliu em seco.
— Então isso significa que estamos mais perto da verdade, certo?
Rafael assentiu, guardando os dispositivos.
— Sim, mas também significa que precisamos sair daqui. Agora.
Ana sentiu um calafrio na espinha.
— Você acha que já perceberam que estamos aqui?
Antes que Rafael pudesse responder, um som alto ecoou pelo hotel.
Uma voz vinda do sistema de som do hotel dizia:
— Atenção, todos os hóspedes. O prédio está em lockdown temporário por razões de segurança. Pedimos que permaneçam em seus quartos até novo aviso.
Ana sentiu o coração acelerar.
— Eles sabem que estamos aqui.
Rafael olhou para a porta.
— Precisamos de uma saída alternativa.
Ana prendeu a respiração.
Eles estavam oficialmente encurralados.
E a caçada estava prestes a começar de verdade.
---
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 22
Comments