Rafael encarava Elisa, os olhos estreitos em desconfiança.
— Você quer que confiemos em você? Depois de tudo?
Elisa suspirou.
— Eu entendo que seja difícil acreditar, mas eu sou a única que pode tirar vocês daqui.
Ana olhou para Rafael, que continuava hesitante.
Ela também não confiava completamente em Elisa, mas sabia que não tinham outra escolha.
— O que você sabe que nós não sabemos? — Ana perguntou.
Elisa deu um passo à frente, a expressão séria.
— A Sentinela não apenas previu que viriam. Eles queriam que vocês viessem.
Ana sentiu um arrepio.
— Queriam? Por quê?
Elisa olhou para Rafael.
— Porque você é a peça final do quebra-cabeça.
O silêncio se espalhou pelo túnel.
Rafael cruzou os braços.
— Explica.
Elisa apontou para um terminal de controle embutido na parede.
— Eu descobri isso enquanto investigava o sistema deles. Eles vêm monitorando seus movimentos há meses. Cada passo seu foi calculado.
Rafael franziu o cenho.
— Impossível. Eu usei todas as precauções.
— E mesmo assim eles estavam um passo à frente. Por quê?
Ana sentiu um aperto no peito.
— Eles estavam te manipulando…?
Elisa assentiu.
— Sim. Eles deixaram você acessar algumas informações. Queriam que você chegasse até aqui.
Rafael apertou os punhos.
— Para quê?
Elisa hesitou.
Então, olhou diretamente para ele.
— Porque você é a chave para ativar o protocolo final da Sentinela.
Silêncio.
O túnel parecia ficar ainda mais frio.
Ana olhou para Rafael, tentando processar.
— Como assim?
Elisa continuou:
— O arquivo que vocês acessaram… não era só sobre você. Era sobre o projeto inteiro. Eles precisam do seu código cerebral para ativar a IA principal da Sentinela.
Rafael balançou a cabeça.
— Isso não faz sentido.
— Faz, se você pensar bem — Elisa argumentou. — Você é um dos únicos que já escaparam do sistema deles. Seu cérebro é imprevisível. Se eles conseguirem te capturar e extrair suas informações, terão uma IA capaz de prever e controlar qualquer mente humana.
Ana prendeu a respiração.
— Isso é… aterrorizante.
Rafael engoliu seco.
— Então, eles estavam me deixando correr… esperando o momento certo para me capturar?
Elisa assentiu.
— E agora, esse momento chegou.
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A Fuga Antes do Cerco
Um barulho metálico ecoou pelo túnel.
Passos pesados.
Rafael se virou para Elisa.
— Eles já sabem que estamos aqui.
Elisa pegou um pequeno dispositivo do bolso.
— Eu tenho uma saída. Mas precisamos correr.
Ana olhou para os lados, procurando uma possível emboscada.
— Para onde?
Elisa apontou para uma porta lateral, trancada com um código digital.
— Esse túnel leva para fora do perímetro da Sentinela. Mas eu preciso de tempo para destravar a entrada.
Rafael se aproximou e olhou o painel.
— Eu te dou 30 segundos.
Elisa começou a digitar no terminal.
Ana se virou para Rafael.
— O que fazemos se eles chegarem antes?
Rafael puxou um pequeno aparelho do bolso e entregou para Ana.
— Se eu não conseguir segurar eles, você corre.
Ana arregalou os olhos.
— E te deixar para trás?!
— Se precisar.
— Esquece!
Ele segurou o olhar dela por um momento, mas antes que pudesse dizer algo, um som alto os interrompeu.
BEEP.
Elisa olhou para o painel.
— Consegui!
A porta se abriu.
— VAMOS!
Eles atravessaram a passagem, entrando em um túnel de concreto estreito.
— Quanto tempo temos até eles descobrirem? — Ana perguntou.
— Pouco — Elisa respondeu.
Eles correram pelo túnel.
Mas então, Ana viu algo que fez seu coração disparar.
Uma sombra no fim do corredor.
E antes que pudesse gritar, uma figura surgiu da escuridão.
O homem de terno.
Ele estava esperando por eles.
Ana sentiu o pânico subir.
— Como…?!
O homem sorriu.
— Vocês realmente acham que podem escapar?
Atrás dele, soldados da Sentinela surgiram, bloqueando o caminho.
Ana olhou para trás.
Eles estavam cercados.
Rafael cerrou os punhos.
— Então é isso.
O homem assentiu.
— Sim. O jogo acabou, Rafael.
Elisa estreitou os olhos.
— Você não sabe com quem está lidando.
O homem riu.
— Sei exatamente. Você é uma peça descartável. Mas Rafael… ele é a peça mais importante.
Ana puxou o braço de Rafael.
— Não deixe que eles te levem!
Mas Rafael não respondeu.
Ele estava pensando.
Rápido.
Então, olhou para Elisa.
— Você consegue explodir esse túnel?
Elisa piscou.
— O quê?
— Exploda o túnel. Agora.
Ana arregalou os olhos.
— VOCÊ FICOU MALUCO?!
O homem de terno franziu a testa.
— Você não ousaria…
Mas Rafael apenas sorriu.
— Você não pode prever o caos.
E então, Elisa apertou um botão.
BOOM!
A explosão foi ensurdecedora.
Ana sentiu o chão desaparecer debaixo de seus pés.
A única coisa que conseguiu fazer foi segurar Rafael com toda a força.
E cair no desconhecido.
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O Despertar no Desconhecido
Ana acordou com a visão embaçada.
Ela estava deitada em algo frio e úmido.
Tentou se levantar, mas seu corpo protestou.
— Rafael…?
Ouviu um gemido ao lado.
Ela se arrastou e viu Rafael se mexendo, com um corte na testa.
— Você está bem? — ela sussurrou.
Ele piscou algumas vezes antes de assentir.
— Já estive melhor.
Ana olhou ao redor.
Estavam em uma caverna subterrânea, iluminada por uma fraca luz azulada que vinha das paredes.
Elisa estava alguns metros à frente, se levantando com dificuldade.
Ela olhou para eles e sorriu.
— Bom… pelo menos ainda estamos vivos.
Ana se levantou com esforço.
— Onde estamos?
Rafael olhou para cima.
A explosão tinha fechado a entrada do túnel atrás deles.
Eles estavam completamente isolados.
— Acho que… em um sistema de cavernas antigas.
Elisa pegou um dispositivo e tentou verificar o sinal.
— Sem comunicação.
Ana suspirou.
— Então, e agora?
Rafael fechou os olhos por um momento.
— Agora… encontramos uma saída.
Elisa assentiu.
— E rápido. Porque se não fizermos isso…
Ela olhou ao redor, analisando as paredes escuras e úmidas.
— Podemos nunca mais sair daqui.
O silêncio se instalou.
A única coisa que Ana conseguia ouvir era o som distante da água escorrendo pelas rochas.
Eles estavam sozinhos.
Sem saída.
Sem contato.
E, pela primeira vez, sem um plano.
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Atualizado até capítulo 22
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