Capítulo 10 – Memórias Apagadas

Rafael ficou encarando a tela apagada do mini leitor de dados. A imagem do menino submerso ainda queimava em sua mente.

Ana o observava em silêncio. Ela nunca tinha visto Rafael tão quieto, tão perdido.

— Rafael… — ela tentou chamar sua atenção.

Ele piscou, como se estivesse voltando à realidade.

— Isso muda tudo, não é? — Ana perguntou.

Ele soltou um riso sem humor.

— Isso muda tudo sobre quem eu sou.

Ana mordeu o lábio.

— Você acha que... eles apagaram suas memórias?

Rafael olhou para ela, a expressão sombria.

— É a única explicação. Eu não me lembro de nada antes dos meus doze anos. Sempre achei que era por causa do acidente de carro que matou meus pais adotivos. Mas e se… e se eles nunca foram meus pais?

Ana sentiu um arrepio.

— Então, quem você é de verdade?

Rafael passou a mão pelo rosto, exausto.

— Eu não sei. Mas agora, eu preciso descobrir.

Silêncio.

O vento frio entrava pelas frestas do galpão abandonado onde estavam escondidos. Lá fora, a floresta era apenas uma sombra escura, cheia de perigos invisíveis.

Ana olhou para Rafael, determinada.

— Se eles apagaram suas memórias, talvez possamos recuperá-las.

Rafael arqueou uma sobrancelha.

— Como?

Ana hesitou.

— Bem… no filme que vi uma vez, eles usaram hipnose. Mas também tem técnicas de regressão, estimulação cerebral, até mesmo realidade virtual…

Rafael sorriu levemente.

— Você assiste filmes demais.

— E você acha que hackers não podem usar tecnologia para recuperar memórias?

Ele ficou pensativo.

— Na verdade… talvez.

Ana se animou.

— Sério?

— Existe uma técnica chamada neuromapping. Alguns hackers experimentam isso para desbloquear partes reprimidas da memória. Mas é arriscado.

Ana cruzou os braços.

— Tudo que fizemos até agora é arriscado.

Rafael respirou fundo.

— Precisamos de equipamentos que só existem em um lugar.

— E onde seria isso?

Ele olhou para ela, hesitante.

— No laboratório da Sentinela.

Ana arregalou os olhos.

— Você tá dizendo que a gente precisa invadir a base deles?

— Exatamente.

Ana riu, incrédula.

— Meu Deus, você realmente tem um desejo de morte.

Rafael sorriu de lado.

— Você sabia disso desde o começo.

Ela suspirou.

— Tá. Então, como fazemos isso?

Ele pegou um mapa digital no tablet e mostrou um prédio enorme na tela.

— Esse é o Laboratório Primário da Sentinela. É onde eles fazem os testes de inteligência artificial e controle neural. Aposto que é lá que têm meus arquivos.

Ana analisou a imagem.

— Como você tem esse mapa?

— Eu roubei dos servidores deles meses atrás. Não sabia que um dia ia precisar de verdade.

Ana riu, balançando a cabeça.

— Então, quando invadimos?

Rafael fechou o tablet e se levantou.

— Amanhã.

---

Plano de Invasão

Na manhã seguinte, Rafael e Ana estavam escondidos em um estacionamento abandonado, observando o laboratório de longe.

Era um prédio de concreto, rodeado por cercas eletrificadas e câmeras de segurança. Guardas patrulhavam a entrada.

Ana engoliu em seco.

— Parece impossível.

Rafael sorriu.

— Impossível é só uma palavra.

Ele mostrou dois crachás falsificados.

— Vamos entrar como funcionários da manutenção.

Ana pegou um dos crachás.

— Você realmente pensa em tudo.

— Eu prefiro dizer que eu odeio surpresas.

Eles se trocaram rapidamente, vestindo uniformes cinza com o logo da Sentinela.

Antes de sair, Rafael olhou para Ana.

— Se algo der errado…

— Eu sei, eu corro. Mas não vou te deixar para trás.

Ele segurou o olhar dela por um momento antes de assentir.

— Vamos.

Eles caminharam até a entrada lateral do laboratório.

Rafael passou o crachá na leitora.

A luz ficou verde.

A porta destravou.

Ana prendeu a respiração enquanto entravam.

E então, estavam dentro.

---

O Subnível Oculto

O interior do laboratório era frio e impessoal. Pessoas de jaleco andavam de um lado para o outro, absortas em seus afazeres.

Rafael segurava um tablet, fingindo conferir ordens de serviço.

Ana sussurrava ao lado dele:

— E agora?

— Precisamos encontrar o subnível 3.

Eles caminharam pelos corredores até acharem um elevador restrito.

Rafael conectou um pequeno dispositivo na leitora de cartões.

A tela piscou.

ACESSO AUTORIZADO.

Ana ficou impressionada.

— Você é assustadoramente bom nisso.

— Eu sei.

Eles entraram no elevador.

Rafael pressionou o botão do subnível 3.

O elevador desceu lentamente.

Ana sentia o coração martelar.

Quando as portas se abriram, eles estavam em um corredor estreito, iluminado por luzes fluorescentes.

E no fim dele, havia uma sala de vidro com servidores enormes.

Rafael sorriu.

— Achei.

Eles correram para dentro.

Rafael se conectou ao sistema e começou a procurar arquivos.

Ana vigiava a porta.

Minutos se passaram em silêncio tenso.

Então, Rafael murmurou:

— Achei algo.

Ana se aproximou.

Na tela, havia um dossiê sobre Rafael.

Ele abriu.

E então, ali estava:

Nome Original: Rafael 001

Projeto: Sentinela - Modelo Alfa

Objetivo: Desenvolvimento de IA preditiva com base em padrões cerebrais humanos avançados.

Memórias: Reconfiguradas para adaptação ao ambiente externo.

Status: ALVO CRÍTICO. RECUPERAÇÃO PRIORITÁRIA.

Ana sentiu um arrepio.

— Eles literalmente te chamam de "Alvo Crítico".

Rafael estava paralisado.

Ele clicou em outro arquivo de vídeo.

Era uma gravação de uma reunião interna.

O homem de terno do hotel aparecia novamente.

— O experimento foi bem-sucedido. O modelo preditivo é 98% eficiente. Precisamos que Rafael 001 retorne para a fase final.

— E se ele resistir?

— Então ele será eliminado.

O vídeo terminou.

Ana e Rafael se entreolharam.

— Isso significa que… — Ana começou.

— Significa que eles não querem apenas me capturar. Querem me apagar.

Ana sentiu a adrenalina disparar.

— Então, saímos daqui agora!

Mas antes que pudessem se mexer…

A porta da sala se abriu.

E o homem do hotel estava ali, ao lado de dois guardas armados.

Ele sorriu friamente.

— Rafael 001. Finalmente nos encontramos.

Rafael puxou Ana para trás, protegendo-a.

— Eu não sou mais seu experimento.

O homem suspirou.

— Eu temo que você não tenha escolha.

Ele acenou para os guardas.

— Levem-no. A garota também.

Ana sentiu o estômago revirar.

Eles estavam encurralados.

Sem saída.

E pela primeira vez…

Rafael não tinha um plano.

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