Capítulo 13 – O Submundo Perdido

O som da água pingando ecoava pelas cavernas escuras.

Ana sentiu um arrepio subir pela espinha. O ar era denso, úmido e frio.

— Isso é péssimo — murmurou.

Rafael tateou o chão ao redor.

— Não podemos ficar parados. Se essas cavernas forem naturais, devem ter uma saída.

Elisa suspirou, mexendo no dispositivo dela.

— Ainda sem sinal. Mas, pelo menos, não estamos mortos.

Ana cruzou os braços.

— Não ainda.

O olhar de Rafael vagou pelo ambiente. As paredes eram formadas por rocha bruta, úmidas e brilhando levemente com algum tipo de musgo bioluminescente.

— Estranho…

Ana seguiu o olhar dele.

— O quê?

Rafael se ajoelhou e passou os dedos pelo chão.

— Isso aqui não é completamente natural.

Elisa ergueu uma sobrancelha.

— Como assim?

Rafael apontou para algumas marcas no solo rochoso.

— Há sinais de erosão, mas também cortes precisos. Como se algo tivesse sido escavado… há muito tempo.

Ana sentiu um frio na barriga.

— Você acha que isso fazia parte da Sentinela?

Elisa balançou a cabeça.

— Improvável. Eles constroem estruturas de metal e concreto. Isso aqui é algo… diferente.

Rafael ficou em silêncio por um momento.

Então, se levantou.

— Só tem um jeito de descobrir. Vamos.

Eles começaram a caminhar, guiados apenas pela luz fraca do musgo nas paredes.

---

Segredos Enterrados

O túnel se estreitava conforme avançavam.

A umidade aumentava, e Ana notou que havia água corrente mais à frente.

— Um rio subterrâneo? — ela perguntou.

Rafael assentiu.

— Parece que sim.

Elisa franziu o cenho.

— Isso pode ser bom ou ruim.

Ana suspirou.

— Por que ruim?

Elisa apontou para a escuridão à frente.

— Se o fluxo for forte, pode ser perigoso atravessar. Mas se soubermos para onde ele leva… pode ser nossa saída.

Rafael se aproximou da margem.

O rio era raso ali, mas a correnteza era mais forte alguns metros adiante.

— Precisamos de algo para nos guiar — disse Rafael, olhando ao redor.

Ana notou algo estranho perto da margem.

— Espera… o que é aquilo?

Ela se abaixou e pegou um pedaço de metal enferrujado, coberto de limo.

Era parte de uma placa.

Olhando mais de perto, conseguiu ler algumas palavras apagadas:

“…POSTO DE OBSERVAÇÃO 7…”

Ana franziu a testa.

— Isso definitivamente não é natural.

Elisa pegou o objeto e analisou.

— Isso confirma que esse lugar já foi usado para alguma coisa.

Rafael olhou para a água corrente.

— Se houver um posto de observação… pode haver uma saída.

Elisa olhou para ele.

— Vamos seguir o fluxo?

Rafael hesitou.

Mas então, Ana sentiu algo gelado tocar seu tornozelo.

Ela congelou.

— Tem… tem alguma coisa aqui.

Rafael e Elisa se viraram imediatamente.

— O quê?! — Rafael perguntou.

Ana olhou para a água, o coração disparado.

A superfície estava escura, mas algo… se moveu.

Algo grande.

Ana recuou.

— Não estamos sozinhos aqui…

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A Criatura do Abismo

O silêncio se tornou insuportável.

O rio escuro se agitava levemente.

Rafael puxou Ana para trás.

Elisa pegou uma lanterna de bolso e apontou para a água.

Por um momento, não viram nada.

E então…

Do fundo, duas luzes amarelas brilharam.

Ana sentiu o coração parar.

Olhos.

Algo estava olhando para eles.

E antes que pudesse reagir…

A coisa se moveu.

Rápido.

Um som gorgolejante ecoou pelo túnel quando algo emergiu da água.

Era grande. Escamoso. E completamente diferente de qualquer coisa que Ana já tivesse visto.

Uma criatura humanoide, mas com pele viscosa e alongada, garras afiadas e olhos amarelados brilhantes.

Elisa deu um passo para trás.

— Isso… isso não é possível.

A criatura rosnou, mostrando dentes pontiagudos.

Rafael pegou uma barra de metal enferrujada do chão.

— CORRAM!

Ana nem pensou duas vezes.

Eles dispararam pelo túnel, a criatura se arrastando atrás deles com movimentos rápidos e irregulares.

O chão era escorregadio, mas não podiam parar.

Elisa gritou:

— ESQUERDA!

Eles viraram por um corredor estreito.

Mas a criatura não parou.

O rosnado gutural ecoava enquanto ela os perseguia.

Rafael olhou para trás.

Estava mais perto.

E então, Ana viu algo à frente.

— Uma porta!

Era uma porta de metal velha, enferrujada, mas ainda intacta.

Eles correram o máximo que podiam.

Elisa chegou primeiro e tentou abrir.

— TRAVADA!

Ana olhou para Rafael.

— E agora?!

Rafael pegou um dispositivo do bolso e rapidamente o conectou ao painel de controle.

— Preciso de tempo!

— NÃO TEMOS TEMPO! — gritou Elisa.

A criatura já estava a poucos metros.

Ana pegou um pedaço de pedra do chão e atirou na coisa.

Acertou em cheio.

A criatura gritou, se contorcendo de dor por um momento.

Tempo suficiente para Rafael.

CLICK!

A porta abriu.

— ENTREM!

Eles entraram e fecharam a porta atrás de si.

O impacto veio segundos depois.

BAM!

A criatura bateu contra o metal, mas a porta resistiu.

A respiração de Ana estava ofegante.

— O que foi… aquilo?

Elisa ainda encarava a porta, pálida.

— Algo que não devia existir.

Rafael se encostou na parede, recuperando o fôlego.

— O que quer que seja… está aqui há muito tempo.

Ana olhou ao redor.

O novo ambiente onde estavam parecia diferente.

O chão era de metal e concreto.

As paredes tinham fios antigos e enferrujados.

E então, no fundo do corredor, viram algo ainda mais estranho.

Um terminal de computador… ainda funcionando.

Elisa se aproximou devagar.

— Isso… é tecnologia antiga.

Rafael se juntou a ela, analisando a tela.

Havia apenas uma linha de texto piscando:

“PROJETO SENTINELA – NÍVEL SUBTERRÂNEO 7”

Ana sentiu um frio na espinha.

— Espera… estamos em uma instalação da Sentinela?

Rafael apertou os punhos.

— Não. Estamos em algo muito mais antigo.

Elisa tocou no teclado.

A tela piscou e revelou uma nova mensagem.

"ACESSO RESTRITO. IDENTIFICAÇÃO NECESSÁRIA."

E então…

O terminal falou.

Uma voz robótica ecoou pelo corredor.

"Bem-vindo de volta, Rafael 001."

O sangue de Ana gelou.

Rafael deu um passo para trás.

— Isso não pode ser…

Elisa olhou para ele, os olhos arregalados.

— Isso reconheceu você.

Ana sentiu o coração disparar.

— Rafael… o que isso significa?

Ele não respondeu.

Porque, naquele momento, percebeu a verdade.

Eles não estavam apenas fugindo da Sentinela.

Eles estavam entrando no coração dela.

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