O som da água pingando ecoava pelas cavernas escuras.
Ana sentiu um arrepio subir pela espinha. O ar era denso, úmido e frio.
— Isso é péssimo — murmurou.
Rafael tateou o chão ao redor.
— Não podemos ficar parados. Se essas cavernas forem naturais, devem ter uma saída.
Elisa suspirou, mexendo no dispositivo dela.
— Ainda sem sinal. Mas, pelo menos, não estamos mortos.
Ana cruzou os braços.
— Não ainda.
O olhar de Rafael vagou pelo ambiente. As paredes eram formadas por rocha bruta, úmidas e brilhando levemente com algum tipo de musgo bioluminescente.
— Estranho…
Ana seguiu o olhar dele.
— O quê?
Rafael se ajoelhou e passou os dedos pelo chão.
— Isso aqui não é completamente natural.
Elisa ergueu uma sobrancelha.
— Como assim?
Rafael apontou para algumas marcas no solo rochoso.
— Há sinais de erosão, mas também cortes precisos. Como se algo tivesse sido escavado… há muito tempo.
Ana sentiu um frio na barriga.
— Você acha que isso fazia parte da Sentinela?
Elisa balançou a cabeça.
— Improvável. Eles constroem estruturas de metal e concreto. Isso aqui é algo… diferente.
Rafael ficou em silêncio por um momento.
Então, se levantou.
— Só tem um jeito de descobrir. Vamos.
Eles começaram a caminhar, guiados apenas pela luz fraca do musgo nas paredes.
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Segredos Enterrados
O túnel se estreitava conforme avançavam.
A umidade aumentava, e Ana notou que havia água corrente mais à frente.
— Um rio subterrâneo? — ela perguntou.
Rafael assentiu.
— Parece que sim.
Elisa franziu o cenho.
— Isso pode ser bom ou ruim.
Ana suspirou.
— Por que ruim?
Elisa apontou para a escuridão à frente.
— Se o fluxo for forte, pode ser perigoso atravessar. Mas se soubermos para onde ele leva… pode ser nossa saída.
Rafael se aproximou da margem.
O rio era raso ali, mas a correnteza era mais forte alguns metros adiante.
— Precisamos de algo para nos guiar — disse Rafael, olhando ao redor.
Ana notou algo estranho perto da margem.
— Espera… o que é aquilo?
Ela se abaixou e pegou um pedaço de metal enferrujado, coberto de limo.
Era parte de uma placa.
Olhando mais de perto, conseguiu ler algumas palavras apagadas:
“…POSTO DE OBSERVAÇÃO 7…”
Ana franziu a testa.
— Isso definitivamente não é natural.
Elisa pegou o objeto e analisou.
— Isso confirma que esse lugar já foi usado para alguma coisa.
Rafael olhou para a água corrente.
— Se houver um posto de observação… pode haver uma saída.
Elisa olhou para ele.
— Vamos seguir o fluxo?
Rafael hesitou.
Mas então, Ana sentiu algo gelado tocar seu tornozelo.
Ela congelou.
— Tem… tem alguma coisa aqui.
Rafael e Elisa se viraram imediatamente.
— O quê?! — Rafael perguntou.
Ana olhou para a água, o coração disparado.
A superfície estava escura, mas algo… se moveu.
Algo grande.
Ana recuou.
— Não estamos sozinhos aqui…
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A Criatura do Abismo
O silêncio se tornou insuportável.
O rio escuro se agitava levemente.
Rafael puxou Ana para trás.
Elisa pegou uma lanterna de bolso e apontou para a água.
Por um momento, não viram nada.
E então…
Do fundo, duas luzes amarelas brilharam.
Ana sentiu o coração parar.
Olhos.
Algo estava olhando para eles.
E antes que pudesse reagir…
A coisa se moveu.
Rápido.
Um som gorgolejante ecoou pelo túnel quando algo emergiu da água.
Era grande. Escamoso. E completamente diferente de qualquer coisa que Ana já tivesse visto.
Uma criatura humanoide, mas com pele viscosa e alongada, garras afiadas e olhos amarelados brilhantes.
Elisa deu um passo para trás.
— Isso… isso não é possível.
A criatura rosnou, mostrando dentes pontiagudos.
Rafael pegou uma barra de metal enferrujada do chão.
— CORRAM!
Ana nem pensou duas vezes.
Eles dispararam pelo túnel, a criatura se arrastando atrás deles com movimentos rápidos e irregulares.
O chão era escorregadio, mas não podiam parar.
Elisa gritou:
— ESQUERDA!
Eles viraram por um corredor estreito.
Mas a criatura não parou.
O rosnado gutural ecoava enquanto ela os perseguia.
Rafael olhou para trás.
Estava mais perto.
E então, Ana viu algo à frente.
— Uma porta!
Era uma porta de metal velha, enferrujada, mas ainda intacta.
Eles correram o máximo que podiam.
Elisa chegou primeiro e tentou abrir.
— TRAVADA!
Ana olhou para Rafael.
— E agora?!
Rafael pegou um dispositivo do bolso e rapidamente o conectou ao painel de controle.
— Preciso de tempo!
— NÃO TEMOS TEMPO! — gritou Elisa.
A criatura já estava a poucos metros.
Ana pegou um pedaço de pedra do chão e atirou na coisa.
Acertou em cheio.
A criatura gritou, se contorcendo de dor por um momento.
Tempo suficiente para Rafael.
CLICK!
A porta abriu.
— ENTREM!
Eles entraram e fecharam a porta atrás de si.
O impacto veio segundos depois.
BAM!
A criatura bateu contra o metal, mas a porta resistiu.
A respiração de Ana estava ofegante.
— O que foi… aquilo?
Elisa ainda encarava a porta, pálida.
— Algo que não devia existir.
Rafael se encostou na parede, recuperando o fôlego.
— O que quer que seja… está aqui há muito tempo.
Ana olhou ao redor.
O novo ambiente onde estavam parecia diferente.
O chão era de metal e concreto.
As paredes tinham fios antigos e enferrujados.
E então, no fundo do corredor, viram algo ainda mais estranho.
Um terminal de computador… ainda funcionando.
Elisa se aproximou devagar.
— Isso… é tecnologia antiga.
Rafael se juntou a ela, analisando a tela.
Havia apenas uma linha de texto piscando:
“PROJETO SENTINELA – NÍVEL SUBTERRÂNEO 7”
Ana sentiu um frio na espinha.
— Espera… estamos em uma instalação da Sentinela?
Rafael apertou os punhos.
— Não. Estamos em algo muito mais antigo.
Elisa tocou no teclado.
A tela piscou e revelou uma nova mensagem.
"ACESSO RESTRITO. IDENTIFICAÇÃO NECESSÁRIA."
E então…
O terminal falou.
Uma voz robótica ecoou pelo corredor.
"Bem-vindo de volta, Rafael 001."
O sangue de Ana gelou.
Rafael deu um passo para trás.
— Isso não pode ser…
Elisa olhou para ele, os olhos arregalados.
— Isso reconheceu você.
Ana sentiu o coração disparar.
— Rafael… o que isso significa?
Ele não respondeu.
Porque, naquele momento, percebeu a verdade.
Eles não estavam apenas fugindo da Sentinela.
Eles estavam entrando no coração dela.
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Atualizado até capítulo 22
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