Ana nunca tinha se sentido tão nervosa.
Ela e Rafael estavam prestes a deixar sua casa, sua zona de conforto, para entrar em uma situação completamente desconhecida. Ela ainda podia ouvir os passos da mãe no andar de baixo, preparando o café da manhã, completamente alheia ao fato de que sua filha estava se envolvendo com um hacker fugitivo.
Rafael, por outro lado, parecia muito mais calmo. Ele verificava o celular e o laptop como se fosse apenas mais uma manhã normal.
— Você tem certeza disso? — Ana perguntou, segurando a alça da mochila com força.
Rafael olhou para ela, seus olhos escuros analisando cada expressão dela.
— Se eu tivesse escolha, não envolveria você nisso.
— Mas agora estou envolvida, não estou?
Ele assentiu.
— E, por isso, prefiro que você esteja comigo do que sozinha e em risco.
Ana respirou fundo e assentiu.
— Então vamos.
O Contato Misterioso
Eles saíram pela porta dos fundos, silenciosamente. Ana manteve o capuz do moletom sobre a cabeça, tentando evitar qualquer olhar curioso dos vizinhos.
Rafael a guiou até um beco algumas ruas abaixo. Lá, um homem os esperava, encostado em um carro antigo. Ele vestia uma jaqueta de couro gasta e óculos escuros, apesar do dia nublado.
— Você está atrasado — o homem disse, olhando diretamente para Rafael.
— E você ainda é desconfiado — Rafael respondeu com um meio sorriso.
Ana sentiu um arrepio.
— Quem é ele? — ela perguntou em voz baixa.
— Um amigo — Rafael respondeu, antes de se virar para o homem. — A gente precisa de um carro, Zero.
Zero tirou os óculos escuros, revelando olhos afiados que passaram de Rafael para Ana.
— E quem é essa?
— Minha parceira de fuga — Rafael disse simplesmente.
Ana piscou, surpresa com a forma como ele a apresentou.
Zero soltou um riso baixo.
— Você sempre se mete em confusão, garoto.
— E você sempre me ajuda a sair dela — Rafael rebateu.
Zero suspirou, puxando um molho de chaves do bolso.
— Tem um carro no estacionamento subterrâneo da Avenida 5. Placa raspada, sem rastreador. Mas tem pouco combustível, então não vão longe sem abastecer.
Rafael pegou as chaves.
— Agradeço, Zero.
O homem segurou seu pulso antes que ele pudesse se afastar.
— Você tem certeza de que quer continuar com isso? As pessoas que estão atrás de você não brincam.
— Eu nunca estive tão certo — Rafael respondeu.
Zero soltou seu braço e assentiu.
— Então boa sorte, moleque. Você vai precisar.
Ana e Rafael se afastaram rapidamente, com as chaves em mãos. Ela olhou para ele.
— Esse cara me dá arrepios.
— Ele pode parecer assustador, mas é um dos poucos em quem confio.
— Eu percebi. — Ela suspirou. — Vamos logo antes que eu comece a pensar demais.
Primeira Parada: Abastecimento
Encontrar o carro não foi difícil. Era um sedã escuro, sem nada de especial. O tipo de veículo que ninguém notaria na estrada.
Rafael assumiu o volante e ligou o motor.
— Você realmente sabe dirigir? — Ana perguntou, hesitante.
Ele lançou um olhar divertido para ela.
— Descubra.
O carro arrancou suavemente do estacionamento, e Ana se segurou no banco, tensa. Mas, para sua surpresa, Rafael dirigia bem.
— Certo, ponto para você — ela admitiu. — Mas o que vem agora?
— Primeiro, abastecer. Depois, sair da cidade.
Ana olhou pelo retrovisor, tentando ignorar a sensação de que estavam sendo seguidos.
Quando pararam em um posto de gasolina na estrada, Rafael desligou o motor e olhou para ela.
— Preciso que você vá pagar enquanto eu abasteço.
Ana hesitou.
— Mas e se alguém me reconhecer?
— Você não fez nada de errado. Só pague em dinheiro e não faça contato visual com ninguém.
Ela respirou fundo, pegando as notas que ele lhe entregou.
No caixa, a atendente, uma mulher de cabelos curtos, olhou para ela com um sorriso simpático.
— Viagem longa?
Ana forçou um sorriso.
— Só um passeio.
A mulher assentiu, aceitando o dinheiro.
— Dirijam com cuidado.
Ana pegou o troco e saiu o mais rápido que pôde, com o coração acelerado.
— Vamos! — ela disse assim que entrou no carro.
Rafael não hesitou. Assim que o tanque estava cheio, ele acelerou para longe do posto.
Sinal de Perigo
Depois de alguns minutos de silêncio, Ana começou a relaxar. Talvez tivessem conseguido escapar sem levantar suspeitas.
Mas então, Rafael franziu a testa, olhando pelo espelho retrovisor.
— O que foi? — Ana perguntou, sentindo o estômago revirar.
— Acho que estamos sendo seguidos.
Ana virou-se para olhar. Atrás deles, um carro preto mantinha a mesma velocidade, a uma distância constante.
— Tem certeza?
Rafael apertou os lábios.
— Vamos descobrir.
Ele acelerou um pouco. O carro preto fez o mesmo.
Ana sentiu o pânico crescer dentro dela.
— Droga…
— Segure firme.
Antes que ela pudesse reagir, Rafael virou o volante bruscamente, saindo da estrada principal e entrando em uma estrada de terra estreita.
O carro preto os seguiu.
Ana segurou o banco com força.
— Isso não é bom!
— Eu percebi! — Rafael respondeu, desviando de buracos e árvores enquanto tentava ganhar velocidade.
O carro perseguidor se aproximava.
— Eles vão nos alcançar! — Ana gritou.
— Não se eles não puderem nos ver.
Antes que ela pudesse perguntar o que ele queria dizer, Rafael fez outra curva brusca, jogando o carro por um pequeno caminho de floresta.
— O que você tá fazendo?! — Ana gritou.
— Criando uma distração!
O carro sacolejou violentamente enquanto passavam por árvores e galhos baixos. Então, de repente, Rafael desligou os faróis e freou bruscamente.
Ana foi jogada para frente no assento, seu coração martelando.
Por um momento, tudo ficou em silêncio.
O carro perseguidor passou direto, sem notar que eles tinham saído do caminho.
Ana prendeu a respiração enquanto os via desaparecer na estrada escura.
Rafael ficou quieto, esperando mais alguns segundos antes de soltar um longo suspiro.
— Funcionou.
Ana soltou o ar que nem percebia que estava prendendo.
— Meu Deus, eu odeio isso.
Rafael sorriu.
— Bem-vinda à vida na fuga.
Ela o encarou, ainda ofegante.
— Se eu sobreviver a isso, você me deve um mês de pizza grátis.
Ele riu.
— Fechado.
O Próximo Destino
Quando sentiram que era seguro, voltaram para a estrada.
— E agora? — Ana perguntou, ainda tentando se acalmar.
Rafael apertou o volante, pensativo.
— Precisamos encontrar um lugar seguro para passar a noite.
— E você conhece algum?
Ele olhou para ela e sorriu de lado.
— Eu sempre tenho um plano B.
Ana suspirou, se afundando no banco.
Ela não sabia onde essa jornada terminaria. Mas, pela primeira vez, sentiu que não queria voltar para sua antiga vida.
Estava envolvida demais.
E, no fundo, sabia que isso era só o começo.
---
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 22
Comments