Capítulo 5 – Refúgio Temporário

O silêncio dentro do carro era cortante. O motor roncava baixo enquanto Rafael dirigia pela estrada escura. Depois da perseguição intensa, Ana ainda sentia o coração batendo rápido.

— Você tem certeza que aquele carro não vai voltar? — ela perguntou, a voz um pouco trêmula.

Rafael lançou um olhar rápido para o espelho retrovisor antes de responder.

— Não tenho como ter certeza, mas acho que despistamos eles por enquanto.

Ana bufou, cruzando os braços.

— Isso não me conforta muito.

Ele sorriu de canto.

— Bem-vinda à vida de fugitiva.

Ela revirou os olhos.

— Eu não sou fugitiva. Eu fui sequestrada por um hacker paranoico.

Rafael riu.

— Você veio por vontade própria.

Ana não pôde negar isso.

— Então, para onde estamos indo agora?

Ele respirou fundo.

— Conheço um lugar seguro onde podemos ficar por um tempo. Não é nada luxuoso, mas é discreto.

Ana franziu a testa.

— É um daqueles esconderijos de hacker?

— Algo assim.

Um Lugar Escondido

Depois de mais uma hora dirigindo por estradas secundárias, Rafael virou em um pequeno caminho de terra. O carro sacolejou, e Ana segurou o painel.

— Isso não parece um lugar seguro. Isso parece o início de um filme de terror.

— Relaxa. Estamos quase lá.

A estrada terminou em frente a uma cabana abandonada. A madeira estava desgastada, e as janelas tinham tábuas cobrindo parte do vidro.

— Você só pode estar brincando — Ana disse, encarando o lugar.

— É discreto. E tem internet.

Ela bufou.

— Claro. Isso é o que importa.

Rafael saiu do carro e caminhou até a porta, destrancando-a com facilidade.

— Venha, antes que alguém nos veja.

Ana hesitou, mas acabou seguindo-o para dentro.

O interior era simples: um sofá velho, uma mesa pequena e algumas cadeiras. No canto, um colchão dobrado no chão. Havia uma pequena cozinha improvisada com um fogão de uma boca e uma geladeira antiga.

— Você já ficou aqui antes? — Ana perguntou.

Rafael assentiu.

— Algumas vezes. Zero me ajudou a preparar esse lugar para emergências.

Ana olhou ao redor.

— E onde eu vou dormir?

Ele apontou para o sofá.

— Aquele é todo seu.

Ela suspirou.

— Isso está cada vez melhor.

Hora de Reagrupar

Enquanto Rafael montava seu laptop na mesa, Ana se jogou no sofá, olhando para o teto.

— Então, o que exatamente você está tentando descobrir nesses arquivos?

Rafael não respondeu imediatamente.

— Algo grande. Algo que o governo está tentando esconder.

Ana se sentou, interessada.

— Tipo o quê?

Ele girou o laptop para ela.

Na tela, havia vários documentos cheios de códigos e números confusos.

— Eu ainda não consegui descriptografar tudo, mas o que já descobri é preocupante. Há movimentações financeiras secretas, contratos escondidos e…

Ele hesitou.

— E o quê? — Ana insistiu.

— Projetos experimentais envolvendo inteligência artificial e vigilância em massa.

Ana arregalou os olhos.

— Isso é sério.

— Eu sei.

Ela olhou para a tela, tentando entender a dimensão daquilo.

— Você acha que é por isso que estão te caçando?

Rafael assentiu.

— Tenho certeza.

Ana engoliu em seco.

— Então, o que acontece se você conseguir decifrar tudo?

Ele a encarou.

— Então eu exponho tudo.

O peso daquilo caiu sobre ela como um bloco de concreto.

— E se te pegarem antes disso?

— Prefiro não pensar nisso.

Ana suspirou, passando as mãos pelo rosto.

— Eu realmente entrei numa encrenca enorme, não foi?

Rafael sorriu de canto.

— Você ainda pode desistir.

Ela olhou para ele.

— Você acha que eu voltaria para casa e fingiria que nada aconteceu?

Ele ergueu as mãos.

— Só estou dizendo que você tem escolha.

Ana ficou em silêncio por um momento antes de responder.

— Não, não tenho. Não depois de tudo isso.

Rafael a observou por um instante antes de assentir.

— Então é melhor começarmos a trabalhar.

Um Novo Alvo

Enquanto Rafael tentava descriptografar os arquivos, Ana resolveu explorar a cabana.

Havia um banheiro pequeno nos fundos, e um armário velho com algumas roupas e mantimentos.

— O que é isso? — ela perguntou, puxando uma caixa cheia de celulares velhos.

Rafael olhou para trás.

— Ferramentas de backup. Nunca se sabe quando vai precisar de um número novo.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Você é realmente paranoico.

— Eu prefiro chamar de precavido.

Ana pegou um dos celulares e ligou.

— Tem sinal aqui?

— Fraco, mas tem. Por que a pergunta?

Ela hesitou.

— Eu queria saber se minha mãe está bem.

Rafael ficou em silêncio por um momento antes de responder.

— Se ligar para ela, eles podem rastrear sua localização.

Ana apertou os lábios.

— Eu sei.

Ela desligou o celular e o colocou de volta na caixa.

— Droga.

Rafael a observou por um momento antes de se virar para a tela novamente.

— Descobri algo.

Ana se aproximou rapidamente.

Na tela, havia um nome destacado em vermelho.

— “Dra. Elisa Montenegro”? Quem é essa?

— Ainda estou tentando descobrir, mas o nome dela aparece em vários documentos confidenciais. Parece ser uma das responsáveis pelos projetos de vigilância que mencionei.

Ana franziu a testa.

— Você acha que ela pode ser a chave para tudo isso?

— Talvez. Se conseguirmos encontrar mais informações sobre ela, podemos entender melhor o que está acontecendo.

Ana cruzou os braços.

— E como fazemos isso?

Rafael sorriu.

— Eu tenho meus métodos.

Ana suspirou.

— Claro que tem.

Noite de Incertezas

O tempo passou devagar. Rafael continuava trabalhando, enquanto Ana tentava dormir no sofá desconfortável.

Mas o medo e a adrenalina não a deixavam descansar.

Cada barulho lá fora a fazia prender a respiração.

Cada farfalhar de folhas parecia um passo se aproximando.

Por volta das três da manhã, ela desistiu de tentar dormir e se sentou.

Rafael ainda estava acordado, os olhos vidrados na tela.

— Você não dorme nunca? — ela perguntou.

Ele sorriu.

— Não muito.

Ana suspirou e abraçou os joelhos.

— Acha que vamos conseguir?

Rafael a olhou nos olhos.

— Se não conseguirmos, pelo menos vamos fazer eles sangrarem tentando.

Ela sorriu de leve.

— Você é muito dramático.

— Faz parte do charme.

Ana riu baixinho e encostou a cabeça no encosto do sofá.

Ela não sabia o que o futuro reservava.

Mas sabia que, ao lado de Rafael, sua vida nunca mais seria a mesma.

---

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!