Capítulo 9 – Entre Fogo e Sombra

Os tiros ecoavam pelo armazém enquanto Rafael puxava Ana pelo pulso.

— CORRE! — ele gritou.

Ana sentia as pernas pesadas, o coração martelando contra o peito. As sombras dos agentes avançavam pelo armazém, seus passos ecoando como martelos contra o concreto.

Elisa Montenegro ficou para trás, sacando uma arma pequena e atirando na direção dos agentes.

— Eu seguro eles! Vão!

Ana hesitou por um segundo.

— Mas…

— AGORA! — Elisa ordenou.

Rafael não esperou. Ele puxou Ana, atravessando um corredor escuro do armazém até uma porta lateral enferrujada.

Rafael chutou a porta com força. A ferrugem cedeu e eles saíram para uma área externa estreita, cercada por caixotes e containers abandonados.

Atrás deles, Elisa continuava trocando tiros com os agentes.

Então, algo aconteceu.

Um clarão.

Uma explosão.

O armazém tremeu.

Ana gritou, sentindo o impacto da onda de choque jogá-la no chão.

Rafael caiu ao lado dela, protegendo-a com o corpo.

Por um momento, tudo foi silêncio.

Então, apenas o som de fogo crepitando e sirenes distantes.

Ana abriu os olhos.

O armazém estava pegando fogo.

— Meu Deus… — ela sussurrou.

— Vamos. Precisamos sair daqui agora.

Rafael a ajudou a se levantar e eles correram para os fundos do terreno, onde uma cerca velha separava a zona industrial de uma área de mata.

— Vamos ter que escalar — ele disse.

Ana olhou para a cerca, os arames enferrujados e afiados no topo.

— Isso vai machucar.

— Melhor do que morrer.

Sem perder tempo, Rafael escalou primeiro. Ele se moveu com agilidade, pulando para o outro lado sem esforço.

Ana respirou fundo e começou a subir.

Atrás deles, vozes.

— ESTÃO AQUI!

Os agentes estavam saindo do armazém destruído.

Ana acelerou, ignorando o medo.

Quando chegou ao topo, sentiu o metal frio do arame cortar sua pele.

Ela mordeu o lábio para não gritar.

Do outro lado, Rafael estendeu a mão.

— Pula!

Ela pulou.

O impacto foi forte, mas Rafael a segurou antes que ela caísse totalmente.

Sem perder tempo, eles correram para a floresta.

Atrás deles, os agentes ainda gritavam, mas hesitavam diante da mata escura.

— Acho que eles não vão nos seguir — Ana sussurrou.

Rafael assentiu.

— Mas não podemos parar. Precisamos sair daqui antes que eles chamem reforços.

Ana olhou para ele, ainda ofegante.

— Elisa… você acha que ela…?

Rafael apertou os punhos.

— Não sei. Mas se ela sobreviveu, vai nos encontrar.

Ana assentiu.

Eles desapareceram na escuridão da floresta, sem saber para onde estavam indo. Apenas cientes de que não podiam parar.

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Refúgio na Escuridão

A noite estava fria. A floresta ao redor deles era densa, os galhos parecendo mãos esqueléticas sob a luz fraca da lua.

Ana e Rafael caminhavam em silêncio, exaustos, mas alertas.

Depois de uma hora andando, encontraram um pequeno galpão abandonado.

Rafael checou os arredores.

— Está vazio. Podemos descansar aqui por um tempo.

Ana entrou e se sentou no chão de madeira, sentindo os músculos protestarem.

— Isso foi… — ela começou, mas não conseguiu terminar.

— Insano? — Rafael completou.

Ela riu, sem humor.

— Sim.

Ele suspirou e sentou ao lado dela.

O silêncio entre eles foi pesado, mas confortável.

Então, Ana quebrou o silêncio.

— Você acha que realmente faz parte disso tudo?

Rafael olhou para ela, os olhos cansados.

— Não acho. Eu sei.

Ana ficou em silêncio, absorvendo a resposta.

— E agora? O que fazemos?

Rafael pegou o pendrive do bolso.

— Elisa nos deu informações importantes. Mas há mais. Algo que ela ainda não teve tempo de dizer.

Ana olhou para o pendrive.

— Você pode acessar os arquivos sem um computador?

Rafael sorriu de lado.

— Com um pouco de improvisação, sim.

Ele pegou um pequeno dispositivo do bolso — um mini leitor de dados portátil.

Conectou o pendrive, e uma pequena tela brilhou na escuridão.

Ana observou fascinada enquanto ele navegava pelos arquivos.

Então, algo chamou sua atenção.

— O que é isso? — ela apontou.

Na tela, havia um arquivo de vídeo marcado como "Projeto Alfa - Confidencial".

Rafael hesitou antes de abrir.

O vídeo começou a rodar.

A Verdade Escondida

A imagem tremida mostrou uma sala de laboratório.

Homens de jaleco andavam de um lado para o outro, enquanto monitores exibiam códigos e gráficos complexos.

Então, a câmera focou em um tanque de vidro enorme.

Dentro dele, havia um garoto.

Ana sentiu um arrepio.

Ele parecia ter cerca de dez anos.

Estava submerso em um líquido azulado, ligado a fios e sensores.

Seus olhos estavam fechados, como se estivesse dormindo.

Então, uma voz feminina soou no vídeo.

— Sujeito de teste 001. Nome: Rafael Moreira.

Ana ficou sem ar.

Ela olhou para Rafael, mas ele não piscava.

O vídeo continuou.

— O experimento Sentinela está em progresso. O sujeito apresenta padrões cerebrais acima do esperado. Sua mente pode ser a chave para o modelo preditivo perfeito.

A câmera girou, mostrando um homem de terno observando a cena.

Ana sentiu um arrepio ao reconhecer o rosto.

Era o homem do hotel.

O mesmo que liderava os agentes que os perseguiam.

Ele olhou diretamente para a câmera e disse:

— Preparem-no. O governo quer os resultados em um mês.

A tela ficou preta.

Silêncio.

Ana olhou para Rafael, sentindo a garganta seca.

Ele estava pálido, os olhos fixos na tela vazia.

— Rafael…?

Ele não respondeu.