Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais

A noite caía sobre a estrada, e o acampamento improvisado estava finalmente pronto. A fogueira crepitava suavemente, lançando sombras dançantes sobre os viajantes cansados. O cheiro do ensopado preparado por Tobias—ou pelo menos de algo que tentava ser um ensopado—espalhava-se pelo ar, desafiando as leis do olfato e da culinária.

No entanto, apesar do clima aconchegante, um peso invisível pairava sobre o grupo.

Lyra estava estranhamente silenciosa, os olhos fixos no vazio, como se estivesse vendo um drama trágico e intrincado que só existia dentro de sua mente.

E, como sempre, Felix não sabia lidar com o silêncio.

— Esse tipo de semblante não combina com você! — exclamou, espetando a lenha da fogueira com um graveto, como se isso fosse resolver o problema.

Lyra não respondeu. Apenas se levantou, pegou um balde e murmurou que iria buscar água.

Felix piscou, confuso.

— Tá, alguém pode me explicar por que ela está com essa cara de quem tomou uma poção estragada e só percebeu depois de engolir?

Grindor suspirou pesadamente, no clássico tom de quem estava prestes a revelar uma história sombria e cheia de sofrimento.

— Ah… conheço Lyra há cem anos.

— CEM?! — Magnus se engasgou com um pedaço do que deveria ser carne. — Isso significa que ela é mais velha que minha avó!

— Considerando que sua avó acredita que cobras são minhocas musculosas, talvez ela não seja a melhor referência. — Grindor revirou os olhos. — Mas o que importa é que quandona encontrei, ela era só uma menina solitária e perdida… porque não conseguiu invocar nem mesmo um espírito inferior.

Ele fez uma pausa dramática, olhando para as chamas.

O grupo ficou em silêncio.

— Isso é ruim? — Tobias perguntou inocentemente.

Vaelion bufou, cruzando os braços.

— Isso é o mesmo que nascer amaldiçoado.

Grindor assentiu.

— Ainda mais considerando o status da família dela.

Felix franziu a testa.

— O que tem a família dela?

Grindor ergueu os olhos, aumentando ainda mais a dramaticidade do momento.

— Eles são a realeza do Reino dos Elfos.

Seguiu-se mais um de silêncio absoluto.

Então, Felix, Magnus e Tobias gritaram ao mesmo tempo:

— O QUÊ?!

— Então Lyra é uma princesa?! — Felix arregalou os olhos.

— Não mais. — A voz cortante de Lyra interrompeu qualquer outra reação.

Ela havia retornado, carregando um balde cheio de água e com a expressão impassível. Mas seus olhos traíam um brilho de irritação.

Felix coçou a nuca, sem jeito.

— Lyra… desculpe, não queríamos…

Ela suspirou.

— Tudo bem. Uma hora vocês acabariam descobrindo. Afinal, estamos indo para aquele lugar de novo…

O grupo trocou olhares desconfortáveis.

Foi quando Vaelion, sempre um mestre da diplomacia, decidiu que aquele momento precisava de seu toque especial de idiotice.

— Bom, eu sempre soube que havia algo estranho em você, Lyra. Mas eu imaginava que fosse pelo seu péssimo humor e sua falta de classe, não porque você é da realeza.

Houve um instante de silêncio tenso.

E então…

PAF!

O balde de água voou direto na cara de Vaelion, encharcando-o da cabeça aos pés.

— MAS QUE DIABOS?! — ele berrou, cuspindo água e piscando freneticamente.

Lyra, com a serenidade de uma deusa vingativa, cruzou os braços.

— Ah, me desculpe. Minha mão escorregou.

O grupo explodiu em gargalhadas. Até mesmo Tobias, sempre contido, estava se segurando para não cair no chão de tanto rir.

Vaelion, por outro lado, estava furioso, tentando espremer a água de sua túnica.

— EU JURO QUE VOCÊ ME PAGA, SUA ELFETE!

Lyra apenas sorriu, vitoriosa.

E assim, a tensão da noite se dissipou—substituída por resmungos de Vaelion e um agradável ar de normalidade.

---

Na manhã seguinte…

O sol mal havia nascido quando o grupo desmontou o acampamento e retomou sua jornada rumo ao Reino dos Elfos.

Felix, ainda meio sonolento, esticou os braços e soltou um longo bocejo.

— Então… alguma teoria sobre o que pode ter acontecido para os elfos pedirem ajuda da Guilda?

Lyra ajeitou a capa e olhou para o horizonte.

— Se minha irmã realmente pediu auxílio externo… algo muito grave deve estar acontecendo. Elfos são orgulhosos e não costumam pedir ajuda de humanos.

Felix assentiu, pensativo.

— Então é algo grande o bastante para precisar de nós?

Vaelion, ainda emburrado e ligeiramente úmido, resmungou:

— A única coisa que eu sei é que "Asas de Couve-Flor" não combina nem um pouco com uma missão diplomática no Reino dos Elfos.

Lyra sorriu, fingindo inocência.

— Melhor do que Asas de Vaelion Molhado. Ou talvez Vaelion, o Fedorento.

Felix segurou o riso enquanto Vaelion bufava, ainda irritado.

E assim, entre piadas e suspeitas, o grupo continuou sua jornada.

Felix não sabia exatamente o que os esperava no Reino dos Elfos.

Mas uma coisa era certa:

Seria um desastre glorioso.

Capítulos
1 Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2 Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3 Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4 Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5 Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6 Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7 Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8 Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9 Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10 Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11 Capítulo 11 — O Banquete Real
12 Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13 Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14 Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15 Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16 Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17 Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18 Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19 Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20 Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21 Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22 Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23 Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24 Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25 Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26 Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27 Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28 Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29 Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30 Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31 Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32 Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33 Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34 Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35 Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36 Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37 Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38 Capítulo 38 — O Pagamento
39 Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40 Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41 Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42 Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43 Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44 Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2
Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3
Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4
Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5
Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6
Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7
Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8
Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9
Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10
Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11
Capítulo 11 — O Banquete Real
12
Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13
Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14
Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15
Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16
Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17
Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18
Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19
Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20
Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21
Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22
Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23
Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24
Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25
Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26
Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27
Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28
Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29
Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30
Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31
Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32
Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33
Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34
Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35
Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36
Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37
Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38
Capítulo 38 — O Pagamento
39
Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40
Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41
Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42
Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43
Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44
Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival

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