Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente

Enquanto mastigava um pedaço de carne que, honestamente, parecia ter um sabor mais refinado do que sua própria dignidade, Felix lançou um olhar de soslaio para seus companheiros. Grindor, em um embate feroz contra um javali assado inteiro, parecia determinado a provar que um anão faminto era mais temível que qualquer criatura mágica. Já Lyra segurava sua taça de vinho como se avaliasse um possível envenenamento — ou pior, calculando mentalmente o preço exorbitante da bebida.

Felix tentou se acalmar. Talvez a fala do rei fosse apenas um cumprimento formal. "Ansioso para conhecer suas habilidades" podia ser apenas uma maneira educada de dizer "comam bastante e não quebrem nada". Sim, era isso!

— Felix — murmurou Lyra, percebendo a tensão no rosto do mago —, relaxa. Só precisamos ser nós mesmos. O rei não deve estar esperando nada extravagante.

Grindor, entre uma mordida e outra, olhou para a mesa cheia de comida e sussurrou:

— Será que devorar um banquete inteiro conta como habilidade?

Foi nesse momento que um dos conselheiros pigarreou alto, silenciando o salão.

— E agora, em honra aos nossos convidados de prestígio, gostaríamos de assistir a uma demonstração de suas habilidades!

O salão mergulhou em um silêncio sepulcral.

Felix sentiu seu estômago despencar e depois subir de volta, como se estivesse preso a uma montanha-russa amaldiçoada.

Lyra arregalou os olhos e sussurrou:

— Ehhh... você tá ferrado.

Grindor apenas ergueu sua caneca de cerveja e murmurou:

— Bem, ao menos vai ser divertido.

Felix, por sua vez, já fazia cálculos mentais sobre quantas janelas precisaria atravessar para fugir do castelo sem ser acusado de traição.

O rei levantou-se, sorridente, e gesticulou para que seguissem até um salão anexo.

— Estou ansioso para ver como os heróis da nossa nação se comportam em combate. Para tanto, escolhi um de meus mais talentosos guerreiros para medir suas forças.

A expectativa era palpável. A multidão se reunia para testemunhar um espetáculo de magia deslumbrante e habilidades de combate impressionantes. Lyra, a arqueira ágil e implacável. Grindor, o anão forjador com força bruta e domínio sobre metais encantados. E Felix... bem, Felix era uma incógnita, mas certamente se esperava que fosse um mago prodigioso.

Quando chegaram ao salão encantado para duelos, um guerreiro de armadura dourada já os aguardava. Seu porte era imponente, e sua espada refletia a luz mágica do recinto.

— Este é Sir Berthold, o mais habilidoso de nossos cavaleiros — anunciou o rei. — Será um prazer vê-los em ação.

Lyra avançou primeiro, deslizando com elegância, seu arco reluzindo com energia mágica. Ela pulou graciosamente, lançou flechas encantadas e... nada aconteceu. Nem uma explosão, nem um brilho mágico, nem mesmo uma brisa dramática. Apenas o som de uma flecha inofensiva quicando no chão.

O rei franziu a testa, claramente esperando algo mais... grandioso.

Grindor, então, tomou sua vez. Ergueu seu machado com um movimento dramático e golpeou o ar com toda a força de um guerreiro lendário. Infelizmente, o machado quebrou no meio do ataque, deixando-o parado, segurando um cabo inútil enquanto a lâmina rolava pelo chão.

O rei piscou lentamente, como quem processava um erro muito grave.

E então, chegou a vez de Felix.

Ele respirou fundo, reuniu toda sua concentração e conjurou um feitiço de fogo devastador... ou pelo menos era essa a intenção. Em vez disso, um encantamento de ilusão se manifestou, criando uma cena absurda: um dragão colorido segurando uma sombrinha dançava ao som de uma melodia animada.

O salão ficou em silêncio absoluto.

O rei inclinou-se para frente, estreitando os olhos.

— Isso... — ele começou, escolhendo as palavras com cuidado. — Isso é... inovador.

Felix sorriu nervosamente.

— Sou um pioneiro, Vossa Majestade!

O monarca trocou um olhar incerto com seus conselheiros, mas, antes que pudesse expressar qualquer dúvida, Lyra deu um passo à frente.

— Majestade, cada batalha exige uma abordagem única. Nossa maior força não está em exibições teatrais, mas em surpreender nossos inimigos. Se lançássemos nossa força total contra Sir Berthold, temo que não sobraria muito dele para contar a história.

Ela falou com tamanha confiança que até Felix quase acreditou.

A multidão murmurou em aprovação.

Sir Berthold, que até então esperava por um combate real, recuou ligeiramente, parecendo ponderar sobre a própria sobrevivência.

O rei alisou a barba, refletindo sobre as palavras de Lyra, e finalmente assentiu.

— Muito bem! Parece que vocês são aventureiros estratégicos, que sabem quando e como utilizar seu poder. Com isso em mente, tenho uma missão para vocês.

O trio engoliu em seco.

— Nossa cidade enfrenta uma ameaça misteriosa ao norte. Fenômenos estranhos e criaturas surgiram na floresta, e nossos espiões nunca retornam. Quero que investiguem e, se possível, eliminem essa ameaça.

Felix trocou olhares com seus companheiros. Eles tinham acabado de passar por aquela floresta e, honestamente, não haviam visto nada de anormal...

— Perdão, Majestade — interveio Felix. — O senhor está se referindo à névoa negra que cobre a floresta desde o incidente da ponte, há vinte anos?

O rei arregalou os olhos.

— Sim! Essa maldita névoa que devora tudo ao seu redor.

Felix suspirou, aliviado.

— Ah, então está tudo resolvido. Nós já lidamos com isso.

O silêncio foi total.

— Como assim? — o rei perguntou, surpreso.

Grindor puxou do bolso um pequeno artefato partido ao meio.

— Este era o núcleo da maldição. Destruímos a fonte.

Antes que o rei pudesse reagir, um soldado entrou correndo no salão, esbaforido.

— Majestade! A névoa... a névoa desapareceu! Nossos espiões retornaram com notícias de que a floresta está limpa e até a ponte parece intacta!

O salão explodiu em burburinhos.

— Eles são verdadeiros heróis!

— Eu achava que fossem charlatães depois daquele... espetáculo. Mas parece que realmente estavam se segurando para não destruir o pobre Sir Berthold.

— A ponte está de volta! Vou poder visitar minha família sem medo!

— VIVA OS HERÓIS!

A multidão foi à loucura.

Felix ainda tentava processar o que havia acontecido.

Grindor cutucou Lyra e piscou, aprovando a mentira absurda que haviam contado.

A elfa, por sua vez, ergueu o queixo, orgulhosa, mas por dentro gritava: Não acredito que isso funcionou! Nunca mais vou dormir tranquila!

E assim, sem nem saber direito como, o trio resolveu um problema que nem sabiam que existia... e garantiram mais um dia sem serem executados por fraude.

Capítulos
1 Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2 Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3 Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4 Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5 Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6 Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7 Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8 Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9 Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10 Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11 Capítulo 11 — O Banquete Real
12 Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13 Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14 Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15 Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16 Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17 Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18 Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19 Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20 Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21 Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22 Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23 Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24 Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25 Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26 Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27 Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28 Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29 Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30 Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31 Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32 Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33 Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34 Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35 Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36 Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37 Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38 Capítulo 38 — O Pagamento
39 Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40 Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41 Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42 Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43 Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44 Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2
Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3
Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4
Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5
Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6
Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7
Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8
Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9
Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10
Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11
Capítulo 11 — O Banquete Real
12
Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13
Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14
Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15
Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16
Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17
Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18
Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19
Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20
Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21
Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22
Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23
Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24
Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25
Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26
Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27
Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28
Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29
Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30
Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31
Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32
Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33
Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34
Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35
Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36
Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37
Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38
Capítulo 38 — O Pagamento
39
Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40
Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41
Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42
Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43
Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44
Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival

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