Capítulo 7 — Um Novo Rival?!

A manhã na Guilda dos Aventureiros transcorria com uma tranquilidade quase suspeita. Mas tal serenidade não se devia à paz reinante no reino, e sim ao fato de que Felix, Lyra e Grindor permaneciam paralisados diante do mural de missões oficiais, afundados em um profundo e solene silêncio contemplativo.

— Caça ao Basilisco? — Felix leu em voz alta, arqueando uma sobrancelha. — Mas é claro! Que maneira mais esplêndida de começar o dia do que enfrentando uma criatura gigantesca e escamosa, cuja mera presença pode nos reduzir a sofisticadas peças decorativas de pedra? Perfeito!

— E esta aqui? — Lyra apontou para outro pergaminho. — Erradicação de um grupo de bandidos nas Montanhas Gélidas.

Grindor franziu a testa e bufou. — Trabalho demais e frio demais. Passo.

Felix suspirou. Encontrar uma missão que fosse lucrativa, mas que não envolvesse um risco iminente de desmembramento ou petrificação, provava-se um desafio à altura de grandes estrategistas. Agora que ostentavam o título de aventureiros certificados, tinham mais opções disponíveis. Infelizmente, a maioria dessas opções os colocava perigosamente próximos da morte.

— Poderíamos pegar esta aqui. — Lyra puxou outro papel. — Extermínio de lobos selvagens.

— A recompensa é um insulto. — resmungou Grindor. — Mal dá para pagar um jantar decente.

— E esta? — Felix apontou para outro contrato. — Investigação de um celeiro assombrado.

Grindor analisou a descrição e ergueu uma sobrancelha. — O pagamento é em... milho.

Felix cruzou os braços e olhou para Lyra. — O que acha? Vale a pena?

Lyra pousou um dedo no queixo, pensativa. — Depende. O contratante especificou se é cozido, grelhado ou transformado em pão de milho?

Antes que a discussão culinária pudesse avançar para uma dissertação aprofundada sobre as infinitas possibilidades do grão dourado, a atmosfera do salão mudou. Murmúrios se espalharam, olhares se voltaram para a entrada, e o ar pareceu carregar um peso inesperado.

— Ele voltou?

— Ouvi dizer que enfrentou um Lorde Vampiro e sobreviveu!

— Dizem que lança feitiços sem precisar de encantamentos!

— Depois de meses em missão… o Grande Artorius retornou!

Felix, que estava prestes a bocejar, engasgou com o próprio ar.

— Perdão, eu ouvi direito? Vocês disseram… Artorius?

Nesse instante, as portas da guilda se abriram de maneira teatral — porque, evidentemente, magos poderosos jamais entram de forma discreta. Alto, elegante e com uma aura de superioridade que poderia ser embalada e vendida a preço de ouro, Artorius von Hasterion surgiu. O manto azul adornado com símbolos místicos esvoaçava, seus cabelos dourados reluziam como se o próprio sol os abençoasse, e seu olhar meticuloso transmitia a desagradável impressão de que ele sabia exatamente quantos pontos Felix havia tirado em cada prova da Academia Arcana.

Os olhos do prodígio varreram o salão até se fixarem em um alvo específico.

Felix sentiu um calafrio na espinha.

— Ah, não.

Artorius caminhou até ele com a elegância de um gato prestes a brincar com um rato indefeso. Seu sorriso era cortês, porém carente de qualquer vestígio de calor humano.

— Ora, ora… Felix Lorian.

Felix sentiu a alma ameaçar abandonar seu corpo.

— Artorius! Que coincidência encantadora! Dois velhos colegas da academia se reencontrando assim, totalmente por acaso. O mundo é pequeno, hein?

— Pequeno… e decepcionante. — Artorius cruzou os braços.

— Bom te ver também. — Felix murmurou.

Lyra e Grindor trocaram olhares.

— Quem é esse pavão mágico? — sussurrou Grindor.

— Claramente alguém que não gosta do Felix. — respondeu Lyra.

— Ah, então é só mais um na lista.

Enquanto os dois tentavam decifrar a tensão no ar, Artorius continuou:

— Imagine minha surpresa ao retornar e descobrir que toda a cidade fala de um “mago milagroso”. Alguém capaz de façanhas grandiosas, alguém cuja fama cresce a cada dia… e que esses boatos estavam atrelados a você, Felix.

— Pois é! Eu mesmo fico surpreso. — Felix coçou a nuca, tentando parecer casual. — Os boatos sempre exageram, né?

Lyra tossiu, Grindor riu, e Artorius arqueou uma sobrancelha.

— Sim. E eu sei muito bem como você é. — O prodígio estreitou os olhos. — Então me diga, como um mago medíocre, que mal conseguia conjurar um feitiço sem causar um pequeno desastre ecológico, transformou-se no lendário Felix, o Milagroso?

Felix riu nervosamente. — Sorte?

— Ou trapaça.

Felix tentou ignorar o olhar de absoluto ceticismo no rosto do rival.

— Eu entendo, deve ser um choque ver um antigo colega superar as expectativas. Mas acontece que sou um homem de muitos talentos.

— "Talentos", é? — O sorriso de Artorius era puro gelo. — Então prove.

Felix engoliu seco.

— Provar o quê, exatamente?

Artorius ergueu a voz, garantindo que todos no salão ouvissem.

— Só há uma maneira de testar a verdade. Eu, Artorius von Hasterion, desafio você para um duelo!

O salão mergulhou em silêncio por um instante, antes de explodir em murmúrios animados.

— O mago prodígio contra o mago milagroso!

— Isso vai ser interessante.

— Ou catastrófico. Difícil dizer.

Felix piscou várias vezes, atordoado.

— Perdão, o quê?

— Um duelo. — repetiu Artorius. — Aqui e agora.

Felix soltou uma risada nervosa.

— Ah, Artorius, você e seu senso de humor sempre tão… intenso! Um duelo entre velhos amigos, que ideia absurda, HAHAHA!

— Se recusar, estará admitindo que seus milagres não passam de farsas.

A risada de Felix morreu no ato. Ele olhou ao redor. Todos esperavam sua resposta. Voltou-se para Lyra e Grindor em busca de apoio.

Lyra sorria, claramente se divertindo. Grindor coçou a barba.

— Bom, Felix, pelo menos dessa vez a aposta não é nossa vida.

— Dessa vez?!

Felix considerou por um breve instante simplesmente cair no chão e fingir um desmaio.

Mas então imaginou as consequências. Os rumores. A vergonha. Felix, o Fracassado, fugindo de um desafio público. Sua reputação, cuidadosamente construída sobre uma fundação de desastres milagrosos, ruiria num piscar de olhos.

Seu orgulho (ou sua total ausência de instinto de autopreservação) venceu.

E como ele sempre dizia…

"Se não dá para evitar o desastre, pelo menos tente parecer que foi intencional."

Felix respirou fundo.

— Certo, Artorius. Vamos duelar. Mas aviso desde já: sou um homem de truques imprevisíveis.

Artorius sorriu.

— Que ótimo. Porque eu sou um homem de feitiços imbatíveis.

Felix não sabia se estava prestes a entrar para a história… ou para a ala de queimaduras do hospital da guilda.

Capítulos
1 Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2 Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3 Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4 Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5 Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6 Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7 Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8 Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9 Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10 Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11 Capítulo 11 — O Banquete Real
12 Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13 Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14 Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15 Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16 Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17 Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18 Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19 Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20 Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21 Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22 Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23 Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24 Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25 Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26 Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27 Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28 Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29 Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30 Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31 Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32 Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33 Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34 Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35 Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36 Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37 Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38 Capítulo 38 — O Pagamento
39 Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40 Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41 Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42 Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43 Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44 Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2
Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3
Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4
Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5
Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6
Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7
Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8
Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9
Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10
Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11
Capítulo 11 — O Banquete Real
12
Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13
Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14
Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15
Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16
Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17
Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18
Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19
Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20
Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21
Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22
Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23
Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24
Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25
Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26
Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27
Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28
Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29
Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30
Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31
Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32
Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33
Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34
Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35
Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36
Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37
Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38
Capítulo 38 — O Pagamento
39
Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40
Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41
Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42
Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43
Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44
Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival

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