Com a moral mais baixa que um sapo atolado no próprio lodo, Felix e sua nova “equipe de elite” partiram para o temido Pântano Sem Fim.
Após dois dias de viagem — e uma quantidade preocupante de discussões inúteis —, o grupo finalmente chegou ao seu destino. E se o nome "Pântano Sem Fim" parecia exagerado antes, agora fazia todo o sentido.
A paisagem era um mar infinito de lama escura e árvores mortas, estendendo-se como garras cadavéricas até onde a vista alcançava. A névoa densa pairava no ar, exalando um aroma singular que misturava decadência, humidade e más decisões. O ar era tão pesado que parecia que a própria natureza estava tentando despejá-los do local.
— Só para confirmar — disse Felix, puxando a capa contra o vento úmido e desagradável —, a gente tem um plano, certo?
— Claro! — respondeu Vaelion, segurando sua espada com a confiança de quem nunca usou uma na vida. — O plano é simples: encontramos o monstro e o destruímos!
Felix piscou.
— ...Isso não é um plano. Isso é uma ideia suicida com mais passos.
— E qual seria sua brilhante sugestão, "grande estrategista"? — Vaelion cruzou os braços, o tom carregado de escárnio.
Felix suspirou, massageando as têmporas.
— Para começo de conversa, precisamos entender o terreno. Se esse pântano está "devorando" tudo, há uma magia maligna em ação. Temos que identificar o padrão dos desaparecimentos e procurar um ponto central.
— Que perda de tempo! — Magnus interrompeu, batendo no peito. — Apenas queimamos tudo! O fogo resolve qualquer coisa!
Felix apontou para a água lamacenta e o ar úmido ao redor.
— Claro, ótima ideia. Vai lá, incendeia um pântano molhado. Tenho certeza que a umidade vai se render ao seu incrível talento.
Magnus franziu a testa e olhou para sua própria mão como se só agora percebesse que fogo e umidade não combinavam.
Antes que pudessem continuar o debate sobre a física elementar mais básica, um ruído surgiu na névoa.
Algo se movia na lama. Algo grande.
— Ah, ótimo — murmurou Felix, erguendo seu "cajado". — Nem tivemos tempo de debater mais ideias estúpidas.
O chão tremeu.
A água turva se agitou, bolhas gigantescas subindo à superfície. Então, emergindo das profundezas do pântano, surgiu... "aquilo".
Um monstro amorfo, negro como a própria noite, sem rosto, sem forma definida. Seu corpo era uma massa viscosa de lodo e sombras vivas, e cada movimento fazia o solo tremer.
— Mas que diabos é ISSO?! — Tobias gritou, já se enfiando atrás de Felix como um escudo humano.
— Meu palpite? — Felix disse. — Problemas. Grandes, pegajosos e extremamente hostis problemas.
— Muito bem! Hora de lutar! — Vaelion bradou, desembainhando a espada e avançando contra a criatura.
Antes que alguém pudesse impedi-lo, ele golpeou a coisa com toda sua força.
O impacto foi... decepcionante.
A lâmina passou direto pelo monstro, sem causar o menor dano. Na verdade, a criatura sequer notou que havia sido atacada.
Vaelion ficou parado, encarando sua espada como se ela tivesse acabado de ofendê-lo pessoalmente.
— Ah…
O monstro, por outro lado, finalmente pareceu notá-lo.
E então, com um movimento grotesco, sua massa negra se estendeu rapidamente e agarrou o meio-elfo pelos pés, erguendo-o no ar como um pedaço de roupa molhada no varal.
— EI! EI! SOLTA-ME, SEU MONTE DE LODO!
— Ótimo plano, Vaelion — Lyra comentou, observando a cena com um sorrisinho satisfeito. — Realmente eficaz.
— NÃO FICA AÍ PARADA, SUA AMEBA, FAZ ALGUMA COISA!
Lyra suspirou, pegou uma flecha encantada e a disparou contra a criatura. A flecha atingiu seu alvo com precisão... e foi imediatamente absorvida pela coisa, afundando na lama como um biscoito em chá quente.
— Eh, fiz o que pude — disse a elfa, já se preparando para correr.
— Isso é "tentar"?! Essa sua mediocridade é um insulto à arqueir—ARGH!
O monstro começou a balançar Vaelion como se ele fosse um chocalho irritante. O meio-elfo gritava enquanto Felix tentava bolar um plano que não terminasse em "morte trágica e prematura".
Magnus ergueu as mãos.
— Hora de brilhar!
Ele conjurou sua bola de fogo… que foi imediatamente apagada pela umidade do pântano.
— ...Eu odeio esse lugar.
Tobias tremia.
— Se alguém se machucar, eu posso tentar curar!
— ÓTIMO, ENTÃO VOCÊ PODE COMEÇAR CURANDO O EGO DO MAGNUS! — gritou Lyra.
Vaelion continuava esperneando no ar.
— ME COLOQUEM NO CHÃO IMEDIATAMENTE!
— Isso não é bem escolha nossa — Lyra respondeu.
Grindor, que estivera silencioso até então, coçou a barba e observou o monstro com atenção.
— Acho que sei o que é isso.
— ÓTIMO, ENTÃO QUER COMPARTILHAR A INFORMAÇÃO OU VAMOS MORRER NO ESCURINHO? — Vaelion berrou.
Grindor apontou para a base da criatura.
— Parece ser uma entidade vinculada a um feitiço antigo. Algo como aquele espectro da ponte, mas sem um núcleo físico.
— E como derrotamos uma gosma imortal sem núcleo?!
Grindor indicou uma estrutura antiga no centro do pântano, coberta de runas e lodo.
— Aposto um barril de hidromel que aquilo é o foco da maldição.
— E como chegamos lá sem sermos devorados vivos?
— Hm. Boa pergunta.
Enquanto Felix tentava bolar um plano, o monstro finalmente jogou Vaelion no chão.
— BLARGH! ISSO É NOJENTO!
— É um pântano, gênio — Lyra respondeu.
— Certo, mudança de planos: alguém distrai a criatura enquanto eu corro até o altar. — Felix exclamou.
Todos olharam para Magnus.
Ele piscou.
— O quê?!
— Suas bolas de fogo podem ser inúteis, mas pelo menos chamam atenção.
— Isso foi um insulto?
— Foi um fato. Agora anda logo!
Surpreendentemente, Magnus conseguiu chamar a atenção da criatura — especialmente porque sua bola de fogo ricocheteou num galho molhado e incendiou a própria capa.
Com o monstro distraído, Felix correu até o altar.
— Certo… como eu quebro isso sem explodir o pântano inteiro?
— Limpa a sujeira e vê o que está escrito! — sugeriu Grindor.
Felix olhou para o altar, coberto de lodo. Sem outra opção, pegou um pedaço da própria capa e esfregou com força.
Um clarão explodiu no pântano.
O monstro soltou um grunhido ensurdecedor antes de se dissolver no ar.
O silêncio reinou.
— …Isso não deveria ter funcionado.
Grindor leu a inscrição.
— O selo afastava monstros, mas ficou tão sujo que virou uma maldição.
Vaelion olhou para si mesmo, coberto de lodo.
— Então… foi tudo culpa de sujeira acumulada?!
Lyra o cheirou e tampou o nariz.
— Falando em sujeira acumulada… você precisa de um banho.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Evandro Miranda
kkkkkkk
2025-03-15
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