Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim

Com a moral mais baixa que um sapo atolado no próprio lodo, Felix e sua nova “equipe de elite” partiram para o temido Pântano Sem Fim.

Após dois dias de viagem — e uma quantidade preocupante de discussões inúteis —, o grupo finalmente chegou ao seu destino. E se o nome "Pântano Sem Fim" parecia exagerado antes, agora fazia todo o sentido.

A paisagem era um mar infinito de lama escura e árvores mortas, estendendo-se como garras cadavéricas até onde a vista alcançava. A névoa densa pairava no ar, exalando um aroma singular que misturava decadência, humidade e más decisões. O ar era tão pesado que parecia que a própria natureza estava tentando despejá-los do local.

— Só para confirmar — disse Felix, puxando a capa contra o vento úmido e desagradável —, a gente tem um plano, certo?

— Claro! — respondeu Vaelion, segurando sua espada com a confiança de quem nunca usou uma na vida. — O plano é simples: encontramos o monstro e o destruímos!

Felix piscou.

— ...Isso não é um plano. Isso é uma ideia suicida com mais passos.

— E qual seria sua brilhante sugestão, "grande estrategista"? — Vaelion cruzou os braços, o tom carregado de escárnio.

Felix suspirou, massageando as têmporas.

— Para começo de conversa, precisamos entender o terreno. Se esse pântano está "devorando" tudo, há uma magia maligna em ação. Temos que identificar o padrão dos desaparecimentos e procurar um ponto central.

— Que perda de tempo! — Magnus interrompeu, batendo no peito. — Apenas queimamos tudo! O fogo resolve qualquer coisa!

Felix apontou para a água lamacenta e o ar úmido ao redor.

— Claro, ótima ideia. Vai lá, incendeia um pântano molhado. Tenho certeza que a umidade vai se render ao seu incrível talento.

Magnus franziu a testa e olhou para sua própria mão como se só agora percebesse que fogo e umidade não combinavam.

Antes que pudessem continuar o debate sobre a física elementar mais básica, um ruído surgiu na névoa.

Algo se movia na lama. Algo grande.

— Ah, ótimo — murmurou Felix, erguendo seu "cajado". — Nem tivemos tempo de debater mais ideias estúpidas.

O chão tremeu.

A água turva se agitou, bolhas gigantescas subindo à superfície. Então, emergindo das profundezas do pântano, surgiu... "aquilo".

Um monstro amorfo, negro como a própria noite, sem rosto, sem forma definida. Seu corpo era uma massa viscosa de lodo e sombras vivas, e cada movimento fazia o solo tremer.

— Mas que diabos é ISSO?! — Tobias gritou, já se enfiando atrás de Felix como um escudo humano.

— Meu palpite? — Felix disse. — Problemas. Grandes, pegajosos e extremamente hostis problemas.

— Muito bem! Hora de lutar! — Vaelion bradou, desembainhando a espada e avançando contra a criatura.

Antes que alguém pudesse impedi-lo, ele golpeou a coisa com toda sua força.

O impacto foi... decepcionante.

A lâmina passou direto pelo monstro, sem causar o menor dano. Na verdade, a criatura sequer notou que havia sido atacada.

Vaelion ficou parado, encarando sua espada como se ela tivesse acabado de ofendê-lo pessoalmente.

— Ah…

O monstro, por outro lado, finalmente pareceu notá-lo.

E então, com um movimento grotesco, sua massa negra se estendeu rapidamente e agarrou o meio-elfo pelos pés, erguendo-o no ar como um pedaço de roupa molhada no varal.

— EI! EI! SOLTA-ME, SEU MONTE DE LODO!

— Ótimo plano, Vaelion — Lyra comentou, observando a cena com um sorrisinho satisfeito. — Realmente eficaz.

— NÃO FICA AÍ PARADA, SUA AMEBA, FAZ ALGUMA COISA!

Lyra suspirou, pegou uma flecha encantada e a disparou contra a criatura. A flecha atingiu seu alvo com precisão... e foi imediatamente absorvida pela coisa, afundando na lama como um biscoito em chá quente.

— Eh, fiz o que pude — disse a elfa, já se preparando para correr.

— Isso é "tentar"?! Essa sua mediocridade é um insulto à arqueir—ARGH!

O monstro começou a balançar Vaelion como se ele fosse um chocalho irritante. O meio-elfo gritava enquanto Felix tentava bolar um plano que não terminasse em "morte trágica e prematura".

Magnus ergueu as mãos.

— Hora de brilhar!

Ele conjurou sua bola de fogo… que foi imediatamente apagada pela umidade do pântano.

— ...Eu odeio esse lugar.

Tobias tremia.

— Se alguém se machucar, eu posso tentar curar!

— ÓTIMO, ENTÃO VOCÊ PODE COMEÇAR CURANDO O EGO DO MAGNUS! — gritou Lyra.

Vaelion continuava esperneando no ar.

— ME COLOQUEM NO CHÃO IMEDIATAMENTE!

— Isso não é bem escolha nossa — Lyra respondeu.

Grindor, que estivera silencioso até então, coçou a barba e observou o monstro com atenção.

— Acho que sei o que é isso.

— ÓTIMO, ENTÃO QUER COMPARTILHAR A INFORMAÇÃO OU VAMOS MORRER NO ESCURINHO? — Vaelion berrou.

Grindor apontou para a base da criatura.

— Parece ser uma entidade vinculada a um feitiço antigo. Algo como aquele espectro da ponte, mas sem um núcleo físico.

— E como derrotamos uma gosma imortal sem núcleo?!

Grindor indicou uma estrutura antiga no centro do pântano, coberta de runas e lodo.

— Aposto um barril de hidromel que aquilo é o foco da maldição.

— E como chegamos lá sem sermos devorados vivos?

— Hm. Boa pergunta.

Enquanto Felix tentava bolar um plano, o monstro finalmente jogou Vaelion no chão.

— BLARGH! ISSO É NOJENTO!

— É um pântano, gênio — Lyra respondeu.

— Certo, mudança de planos: alguém distrai a criatura enquanto eu corro até o altar. — Felix exclamou.

Todos olharam para Magnus.

Ele piscou.

— O quê?!

— Suas bolas de fogo podem ser inúteis, mas pelo menos chamam atenção.

— Isso foi um insulto?

— Foi um fato. Agora anda logo!

Surpreendentemente, Magnus conseguiu chamar a atenção da criatura — especialmente porque sua bola de fogo ricocheteou num galho molhado e incendiou a própria capa.

Com o monstro distraído, Felix correu até o altar.

— Certo… como eu quebro isso sem explodir o pântano inteiro?

— Limpa a sujeira e vê o que está escrito! — sugeriu Grindor.

Felix olhou para o altar, coberto de lodo. Sem outra opção, pegou um pedaço da própria capa e esfregou com força.

Um clarão explodiu no pântano.

O monstro soltou um grunhido ensurdecedor antes de se dissolver no ar.

O silêncio reinou.

— …Isso não deveria ter funcionado.

Grindor leu a inscrição.

— O selo afastava monstros, mas ficou tão sujo que virou uma maldição.

Vaelion olhou para si mesmo, coberto de lodo.

— Então… foi tudo culpa de sujeira acumulada?!

Lyra o cheirou e tampou o nariz.

— Falando em sujeira acumulada… você precisa de um banho.

Mais populares

Comments

Evandro Miranda

Evandro Miranda

kkkkkkk

2025-03-15

0

Ver todos
Capítulos
1 Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2 Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3 Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4 Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5 Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6 Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7 Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8 Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9 Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10 Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11 Capítulo 11 — O Banquete Real
12 Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13 Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14 Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15 Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16 Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17 Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18 Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19 Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20 Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21 Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22 Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23 Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24 Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25 Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26 Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27 Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28 Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29 Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30 Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31 Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32 Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33 Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34 Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35 Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36 Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37 Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38 Capítulo 38 — O Pagamento
39 Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40 Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41 Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42 Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43 Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44 Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2
Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3
Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4
Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5
Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6
Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7
Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8
Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9
Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10
Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11
Capítulo 11 — O Banquete Real
12
Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13
Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14
Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15
Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16
Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17
Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18
Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19
Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20
Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21
Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22
Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23
Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24
Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25
Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26
Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27
Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28
Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29
Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30
Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31
Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32
Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33
Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34
Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35
Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36
Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37
Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38
Capítulo 38 — O Pagamento
39
Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40
Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41
Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42
Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43
Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44
Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!