Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial

Após incontáveis missões absurdas — incluindo o infortúnio de impedir um alquimista senil de transformar uma pacata vila em um campo de guerra de tomates assassinos (e, em troca, receber apenas um punhado de moedas e um "obrigado" que soou mais como uma ameaça velada) — Felix e seu grupo finalmente chegaram a uma conclusão alarmante: estavam miseravelmente pobres.

O ápice da humilhação veio quando perceberam que nem mesmo derrotar um golem lhes rendeu uma recompensa decente. Aparentemente, a população tinha a ilusão de que “um grupo com um mago habilidoso” deveria dar conta de tal criatura com facilidade. Para Felix, essa afirmação era ofensiva em dois níveis: primeiro, insinuava que ele era habilidoso (o que era uma novidade intrigante); segundo, significava que ninguém estava disposto a pagar bem pelo serviço.

Mas o verdadeiro golpe veio quando Grindor encarou melancolicamente o que restava de seu machado, agora uma pilha de lascas metálicas digna de um ferro-velho.

— Preciso de uma arma nova. E dessa vez, algo que não vire farelo no primeiro monstro que eu acertar.

Felix coçou o queixo, assumindo a pose de um grande pensador, embora sua sabedoria em ferreiros e metalurgia fosse comparável à de uma beterraba.

— Você não pode forjar uma para si mesmo? Você não é um anão? Ouvi dizer que seu povo é mestre na arte da forja!

Grindor lhe lançou um olhar gélido, suas sobrancelhas espessas se unindo num arco ameaçador.

— Nem todo anão sabe forjar… — murmurou, cruzando os braços, visivelmente ofendido.

Lyra, sempre disposta a enfiar o dedo na ferida, riu.

— Ah, não precisa se envergonhar, Grindor! Apesar de ser um anão sem talento para forjar armas, ao menos tem força suficiente para destruir as que compra!

Grindor estreitou os olhos, sentindo o peso da provocação.

— Veja quem fala, a elfa sem talento para magia espiritual. Lembro bem que foi expulsa do meio dos elfos.

Lyra arfou, ultrajada.

— Eu não fui expulsa! Saí por livre e espontânea vontade!

— Ah, claro. Vontade de quem? De todos os outros elfos?

E assim, a conversa rapidamente degenerou em uma troca de farpas afiadas sobre ancestralidade, habilidades duvidosas e decisões de vida questionáveis. Felix, por sua vez, assistia ao embate como quem aprecia um espetáculo de gladiadores, até que finalmente decidiu intervir, batendo palmas para chamar a atenção.

— Muito bem, já chega! Vocês podem resolver suas diferenças com uma briga campal depois. No momento, temos prioridades: ganhar dinheiro para que Grindor tenha uma arma decente e para que Lyra possa… sei lá, comprar um espelho para admirar sua própria arrogância.

— Ah, que ideia brilhante, Felix! Por que não caçamos um dragão e pagamos tudo com um dente dele? — Lyra ironizou, revirando os olhos.

— Bem, eu estava pensando em algo um pouquinho mais realista… — Felix rebateu, puxando um panfleto amassado da bolsa. — Missões de alto nível, grandes recompensas…

Grindor e Lyra se entreolharam, agora genuinamente interessados.

— Boa ideia! — admitiu Lyra.

— Finalmente algo inteligente saindo da boca do trapalhão! — comentou Grindor, num raro momento de elogio disfarçado.

— No entanto, há um pequeno problema… — Lyra franziu o cenho, analisando melhor o panfleto. — Leia as letras miúdas. Para pegar essas missões melhores, precisamos ser oficialmente qualificados como aventureiros de alto nível.

Um silêncio incômodo pairou no ar.

Felix suspirou, guardando o panfleto como quem esconde uma esperança frustrada.

— Ótimo… Então antes de ficarmos ricos, precisamos primeiro parecer competentes. Isso vai ser um desafio e tanto.

— Há uma maneira, — disse Grindor, cruzando os braços com ares de quem tinha uma revelação grandiosa. — Todo mês realizam exames para conceder o emblema oficial de aventureiro. Quem o possui pode aceitar qualquer missão na guilda, sem restrições.

— Então… temos que fazer o Exame Oficial de Aventureiros? — Felix repetiu lentamente, franzindo a testa como se dissesse um palavrão em um idioma proibido.

— Exatamente! — confirmou Lyra, animada.

— Ótimo! Vocês dois façam o exame e depois me contem como foi! — Felix deu meia-volta com a rapidez de alguém fugindo de impostos, mas Lyra e Grindor o agarraram pelos ombros antes que pudesse escapar.

— Você também vai participar, — disse Grindor, num tom que não deixava espaço para negociações.

— Por quê?! Eu estou perfeitamente confortável sendo um aventureiro medíocre! — protestou Felix, debatendo-se em vão.

— Porque apenas aventureiros registrados podem formar um grupo oficial, — explicou Lyra, sorrindo com a paciência irônica de quem explica algo óbvio para uma criança teimosa. — Se quisermos missões melhores, precisamos de um mago registrado.

— E, infelizmente, só temos você. — acrescentou Grindor, com um pesar teatral.

Felix piscou, considerando as implicações. — Então, se encontrarmos outro mago, vocês vão me dispensar?

— É uma possibilidade, — respondeu Lyra, sorrindo como uma elfa que adorava atormentar humanos.

Felix suspirou, derrotado.

— Ok, ok! Eu faço o maldito exame.

E lá se ia mais uma esperança de uma vida tranquila.

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Comments

Evandro Miranda

Evandro Miranda

esse grupo é perfeito kkkkkk

2025-03-07

1

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Capítulos
1 Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2 Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3 Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4 Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5 Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6 Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7 Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8 Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9 Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10 Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11 Capítulo 11 — O Banquete Real
12 Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13 Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14 Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15 Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16 Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17 Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18 Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19 Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20 Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21 Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22 Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23 Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24 Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25 Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26 Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27 Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28 Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29 Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30 Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31 Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32 Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33 Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34 Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35 Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36 Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37 Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38 Capítulo 38 — O Pagamento
39 Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40 Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41 Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42 Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43 Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44 Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2
Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3
Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4
Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5
Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6
Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7
Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8
Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9
Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10
Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11
Capítulo 11 — O Banquete Real
12
Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13
Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14
Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15
Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16
Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17
Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18
Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19
Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20
Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21
Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22
Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23
Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24
Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25
Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26
Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27
Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28
Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29
Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30
Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31
Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32
Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33
Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34
Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35
Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36
Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37
Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38
Capítulo 38 — O Pagamento
39
Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40
Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41
Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
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Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival

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