Capítulo 11 — O Banquete Real

A tensão ainda pairava sobre o trio enquanto seguiam rumo à grandiosa capital, mas a vitória sobre o espectro parecia ter infundido uma nova energia em seus espíritos.

Lyra, animada com a perspectiva de um banquete real, não conseguia evitar lançar olhares furtivos para Grindor, que, por sua vez, permanecia indiferente a qualquer celebração. Seu olhar estava fixo no objeto amaldiçoado que trazia consigo, como se tentasse decifrar um enigma insolúvel.

— Se bem me lembro, a última vez que estive na capital foi um evento grandioso — comentou Grindor, soltando uma risada baixa. — Mas nada que tenha me feito sentir que pertenço àqueles salões dourados.

Felix ergueu uma sobrancelha. — Espera aí… Você já esteve na capital antes? Nunca mencionou isso.

Grindor apenas assentiu de forma enigmática, como se fosse um homem envolto em mistérios profundos, mas provavelmente só estivesse tentando evitar mais conversa.

— Certo, mas uma questão muito mais importante — interrompeu Lyra. — Quem vai carregar o broche amaldiçoado até lá? Porque, sinceramente, não quero ter nada a ver com essa coisa. Aposto que no meio da corte real ele vai se manifestar, soltar um grito fantasmagórico, fazer um nobre desmaiar e, no final, a culpa vai cair em cima de mim.

Grindor lançou um sorriso sutil. — Não se preocupe, Lyra, eu cuido disso. Mas sobre o banquete… Bem, se tem uma coisa que aprendi ao longo dos anos é que nenhum banquete real acontece sem uma boa dose de caos.

Felix soltou uma risada. — Ah, disso eu não tenho dúvida. Se nada der errado naturalmente, de alguma forma eu acabo fazendo isso acontecer.

E assim, entre risos nervosos e a persistente sensação de que o destino ainda lhes reservava surpresas, o trio seguiu para a capital.

Uma Pequena Confusão Temporal

As grandes portas da capital se abriram, revelando a majestosa cidade e, ao fundo, o imponente Castelo Real. O som de celebrações já ecoava pelo ar, fazendo Felix se sentir momentaneamente esmagado pela grandiosidade do local.

Sem perder tempo, os três partiram direto para o palácio. Tinham chegado três dias antes do banquete — ou pelo menos era isso que acreditavam — e confiavam que, como convidados de honra, receberiam um quarto confortável e uma boa refeição. A verdade? Estavam completamente falidos e contavam desesperadamente com a "gentileza da nobreza" para garantir uma estadia gratuita.

Entretanto, antes que pudessem atravessar os portões do castelo, um cavaleiro surgiu com uma expressão séria e imponente.

— Alto lá! Quem são vocês?! — bradou o guarda, lançando-lhes um olhar desconfiado.

— Somos aventureiros oficiais — declarou Grindor, mostrando as insígnias que carregavam. — Fomos convidados para o banquete real daqui a três dias.

O guarda os observou de cima a baixo. Sujos da viagem, com roupas desgastadas e ares exaustos, pareciam mais três andarilhos desabrigados do que convidados de honra.

— Não me façam rir! Saiam daqui antes que eu perca a paciência! — resmungou o guarda com impaciência.

— Mas que audácia! — exclamou Lyra, indignada. — Nós fomos convidados diretamente pelo rei!

O guarda simplesmente bufou, cruzando os braços.

Felix, mais diplomático (ou simplesmente mais desesperado por comida), sacou um envelope e o ergueu. — Aqui está o convite, senhor cavaleiro.

O homem pegou o pergaminho e, ao ver o selo real, sua expressão congelou. Depois de alguns segundos de silêncio constrangedor, pigarreou e tentou se recompor.

— Ah… Hum… Peço mil desculpas! Pensei que fossem mendigos!

O trio ficou em silêncio por um momento. Felix e Lyra piscaram, processando a ofensa, enquanto Grindor cruzava os braços, claramente ofendido.

Mas o guarda não percebeu o impacto de suas palavras, pois logo soltou uma nova bomba:

— Mas por que falaram que o banquete é daqui a três dias? Ele é hoje! Começa em uma hora!

A tensão ficou tão densa que parecia possível cortá-la com uma faca. Os três se entreolharam, trocando olhares desesperados.

— Como assim?! — protestou Lyra. — Nós chegamos três dias antes!

— Não, chegaram exatamente no dia marcado — corrigiu o guarda, com um tom de evidente impaciência. — Podem passar. Mostrem o convite na entrada lateral do castelo, os criados os levarão aos seus aposentos.

Antes que o grupo pudesse fazer mais perguntas, o guarda saiu correndo para apartar uma briga entre dois velhos que acontecia na praça em frente ao castelo.

— A única explicação para isso… — começou Grindor, estreitando os olhos. — É que ficamos presos naquela névoa espectral por três dias.

— Mas parecia que foram só alguns minutos! — disse Felix, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

— Magia espiritual… — murmurou Lyra, cruzando os braços. — Odeio quando isso acontece.

Mas não havia tempo para lamentações. Outro guarda se aproximou e, com um tom apressado, os empurrou em direção à entrada.

— Vamos, vamos! O banquete começa em menos de uma hora!

E assim, sem tempo para refletir sobre a distorção temporal, os três se dirigiram ao castelo para se arrumar.

Um Banquete… e um Problema

O Palácio Real era tudo o que Felix esperava — e mais um pouco. Pilares de mármore reluzentes, grandes janelas que refletiam a luz das estrelas, tapeçarias finíssimas e jardins que pareciam ter sido esculpidos por deuses.

Lyra andava de um lado para o outro, maravilhada com a opulência. Felix tentava disfarçar seu nervosismo, enquanto Grindor resmungava sobre a única coisa que realmente lhe importava naquele momento:

— Como um castelo desse tamanho não tem uma latrina decente?! Isso é um ultraje.

Quando finalmente chegaram ao salão principal, encontraram o banquete em plena preparação. O rei de Eldoria, um homem imponente de longos cabelos dourados e uma barba majestosa, os observava de seu trono com um sorriso largo.

— Bem-vindos, heróis de Eldoria! — disse ele, sua voz ressoando pelo salão. — Estou ansioso para conhecer as habilidades dos meus novos aventureiros preferidos!

Felix congelou.

"A-há", pensou. "Lá vem problema."

Porque, entre todas as palavras que o rei poderia ter dito, havia uma que fazia sua alma querer fugir de seu corpo.

Habilidades.

Ele queria ver suas habilidades.

E o que Felix faria? O que poderia mostrar?! Sua magia era, no mínimo, um espetáculo de horrores e caos. Como, em nome dos deuses, ele impressionaria aquele homem sem transformar o salão real em um desastre mágico?

Enquanto todos se acomodavam à mesa, Felix tentava formular um plano. E só havia uma coisa da qual tinha certeza:

Isso ia dar muito errado.

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Comments

Evandro Miranda

Evandro Miranda

kkkkkk

2025-03-11

0

Evandro Miranda

Evandro Miranda

ainda humilha

2025-03-11

0

Ver todos
Capítulos
1 Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2 Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3 Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4 Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5 Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6 Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7 Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8 Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9 Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10 Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11 Capítulo 11 — O Banquete Real
12 Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13 Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14 Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15 Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16 Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17 Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18 Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19 Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20 Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21 Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22 Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23 Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24 Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25 Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26 Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27 Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28 Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29 Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30 Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31 Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32 Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33 Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34 Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35 Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36 Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37 Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38 Capítulo 38 — O Pagamento
39 Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40 Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41 Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42 Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43 Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44 Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2
Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3
Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4
Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5
Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6
Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7
Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8
Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9
Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10
Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11
Capítulo 11 — O Banquete Real
12
Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13
Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14
Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15
Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16
Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17
Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18
Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19
Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20
Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21
Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22
Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23
Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24
Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25
Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26
Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27
Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28
Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29
Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30
Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31
Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32
Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33
Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34
Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35
Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36
Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37
Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38
Capítulo 38 — O Pagamento
39
Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40
Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41
Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42
Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43
Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44
Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival

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